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Olá, me chamo Pedro Nogueira Varotti e vou contar brevemente sobre como foi a

minha vida até aqui.

Nasci em São Bernardo do Campo em 2004 mas nunca morei lá, sempre vivi em São
Caetano do Sul, cidade que vivo até hoje, meus pais me tiveram cedo e ambos ainda
estavam se desenvolvendo profissionalmente e buscando seu espaço no mercado, e
por isso eles nunca pararam de trabalhar, uma história interessante que me contaram
pois eu era muito novo para me lembrar é que como a minha mãe havia acabado de
comprar sua primeira clínica odontológica quando eu nasci e não havia a possibilidade
dela conseguir manter a clínica sem trabalhar lá como dentista eu vivi boa parte dos
meus primeiros 6 meses de idade na clínica sendo cuidado por uma babá enquanto
minha mãe atendia os pacientes, ela fazia pausas para me amamentar quando
necessário. Apesar de me parecer uma rotina caótica, minha mãe me disse que foi um
dos melhores momentos da vida dela. Com um ano de idade meus pais se separaram
e eu já não ia todos os dias para a clínica, minha mãe manteve a mesma cuidadora,
porém agora em casa enquanto ela trabalhava nesse período, também tive muito
contato com meus avós que se mudaram de Santos para São Caetano para ajudar a
minha mãe, acredito que nesse período criei minhas primeiras memórias a longo
prazo. Nesse mesmo ano meus pais se separaram, porém não foi um grande
problema para mim, talvez por eu ser muito novo, mas meu pai sempre se manteve
presente.

Entrei na escola ou maternal muito cedo, com 2 anos, e lá criei minhas primeiras
amizades e algumas mantenho até hoje, no início eu odiava ir para a escola, claro,
preferia passar meus dias com os meus avós, mas em algum momento apenas
aceitei, não diria que eu gostava de ir, apenas não pensava sobre e seguia minha
rotina, tenho memórias que me fazem pensar que não fui uma criança muito
inteligente, me lembro que sempre perdia meus materiais e também apresentava
dificuldades na escrita, eu sabia juntar as letras mas realmente não sabia o porquê eu
fazia aquilo, acho que parte da minha dificuldade é devida a falta do estímulo em casa
pois ninguém da família escreve ou tem o costume de ler algo a não ser que seja
necessário, por outro lado me lembro de ir muito bem na questão da fala em
comparação aos meus colegas, lembro de momentos em que eu via eles com
dificuldade de pronunciar palavras e não entendia como isso poderia ser difícil, afinal
era necessário simplesmente repetir o ‘que ouviu, nessa escolinha passei dos 2 aos 5
anos.

Quando acabou me vi entrando em uma nova fase, me lembro de visitar novas


escolas, mas não me lembro o porquê escolhi a escola que estudei dos 6 aos 17 anos,
mas acredito que tenha sido uma boa escolha. Entrando nessa nova fase me vi em um
local mais disciplinado e por algum motivo a primeira coisa que me marcou nessa
nova fase foi uma frase da minha primeira professora: “não me chame de tia, não sou
a tia de vocês, me chamem de professora” o primeiro ano do fundamental passou
batido não me lembro de ter dificuldades, no segundo ano a história muda, foi o ano
que conhecemos a matemática e a escrever de letra cursiva, eu não aprendi muito.
Dito isso é claro que quando cheguei ao terceiro ano tive dificuldades, nesse período
eu já tinha 8 anos e já era mais consciente do que acontecia à minha volta, por ser um
dos alunos que tinham dificuldade em se desenvolver eu recebia mais atenção, era
obrigado a sentar na frente, se eu me distraísse era puxado de volta ao assunto, como
qualquer criança eu não estava muito interessado em estudar, então essa atenção
demasiada me incomodava muito e como retaliação me tornei um aluno que respondia
muito e contestava tudo que a professora dizia, no quarto ano eu já não tinha
dificuldade, acredito que a atenção realmente funcionou, nesse período eu já tinha
alguma personalidade e muita habilidade social, era o amigo engraçado e os
professores gostavam de mim, o quinto ano foi parecido, pouca dificuldade e bem
sociável, assim acabou o fundamental 1.

O início do fundamental 2 foi uma surpresa para mim, mesma escola, porém tudo
diferente, novos professores e novas matérias, com esse avanço os alunos seriam
mais cobrados e isso foi um problema para mim, estava acostumado a tirar boas notas
mesmo estudando pouco, ter a simpatia dos professores. Isso tudo havia acabado, fui
o primeiro aluno da minha turma a ser expulso da sala por não estar fazendo nada na
aula, isso me assustou muito, mas em pouco tempo se tornou normal, me tornei um
aluno de nota média para baixa em todas as disciplinas mas isso não me incomodava,
nunca fui preocupado com o futuro e dito isso, é claro que peguei recuperação final,
novamente me assustei, vi meus pais desapontados e meus amigos entrando de
férias, claro que o susto durou pouco, quando fui para a primeira aula de recuperação
percebi que o buraco não era tão fundo e que eu apenas precisava estudar um pouco
já que eu não tinha dificuldade em aprender. Passei de ano sem problemas. Com isso
eu já sentia que dominei essa nova fase da minha vida e não pretendia me dedicar
mais do que me dediquei no sexto ano. Os próximos anos da minha vida foram assim,
sempre deixando para depois e sem preocupações. Peguei a recuperação final do
sexto até o nono ano e passei em todos.

Novamente uma nova fase e um novo susto, professores novos, mais matéria e mais
responsabilidades, logo no início do ensino médio percebi que mesmo eu tendo
passado todos os anos do ensino fundamental ileso, não havia valido a pena e
finalmente as consequências que eu acreditava que eram inexistentes chegaram. eu
não conseguia entender nada das matérias novas pois eu não tinha a base que foi
dada no ensino fundamental. mesmo com essa dificuldade eu mantive a mesma
mentalidade de sempre e não estudei o suficiente para acompanhar as matérias sem
dificuldades. continuei procrastinando e curtindo a parte divertida do ensino médio
enquanto ignorava as responsabilidades, quando começou a primeira semana de
provas também houve o início da pandemia, mais especificamente aqueles primeiros
15 dias, que se tornaram 30 dias…

Com a questão do isolamento, minha escola decidiu adiantar as férias de julho com
esperança de que em um mês tudo estaria de volta ao normal. Eu adorei as férias em
casa sem preocupação alguma, após o fim das férias já estava confirmado que as
aulas voltariam online. Com a minha falta de dedicação eu não assistia nem uma aula
sem perceber estava entrando na pior fase da minha vida, dormia mal, comia mal e
não fazia nenhuma atividade física, mas sinceramente eu não me incomodava estava
fazendo apenas o que eu queria e nada para o meu bem. um tempo depois, porém na
mesma rotina minha mãe começou a ficar muito doente, tendo muitas dores, fazia
exames e não indicava nada, estava emagrecendo, se sentindo muito cansada até
que um dos médicos resolveu realizar um exame muito caro que só é recomendado
em casos específicos como o dela. após o resultado do exame recebi a pior notícia da
minha vida, minha mãe descobriu um câncer em estado avançado no colo do útero,
um momento muito difícil para todos mas vou focar em como isso me afetou, nunca
demonstrei preocupação extrema ou desespero mesmo em momentos difíceis para
não deixar o que já era difícil para ela pior. Para mim o foco e os cuidados de todos
deveriam estar voltados para ela. Durante esse início do tratamento me isolei, não
buscava saber detalhes sobre o tratamento, apenas dava meu máximo para tentar
demonstrar que eu estava bem e que estava lá para ela, comecei a trabalhar meio
período a tarde por opção e foi muito bom para mim, me manter ocupado e focado em
algo me ajudou muito a passar por essa fase que foi um divisor de águas onde percebi
como a vida é frágil e quanta pressão consigo aguentar, essa experiência dura me
tornou quem sou hoje. Estou no mesmo trabalho e minha mãe curou o câncer em
2023 após 2 anos lutando.
Narrativa Pessoal – Vida e Carreira – Pedro Varotti RA 12523122026

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