Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
McLURKIN
• g
CDU 316:37
acontece todos os dias, mas eles sempre reagem como se fosse novidade. O aluno
não identificado continua: “Aqui é o Steven 'Espertinho', da maravilhosa turma do
6o ano do Sr. Malone”. Steven “Espertinho” continua: “Temos alguns anúncios hoje”.
Então, o ouvimos mexer em papéis e fazer perguntas enquanto tenta tapar o
microfone. Acho graça e me questiono o quão “esperto” o Steven “Espertinho” é.
Nesse momento, ele volta a falar. “OK, pessoal. Não se deixem enganar por esse
pequeno faux pas”, ele diz, enfatizando faux pas. “Para aqueles que não sabem, um
faux pas é um erro em francês”. Então, ele ri e continua: “Viram, Steven 'Espertinho'
está aqui até para ajudar a ensinar uma nova língua”. Todos podemos escutar sua
risada, e o Sr. Simpson, nosso diretor, diz: “Vamos logo, Steven”. Limpando sua
garganta, Steven diz: “Na cafeteria, vocês podem escolher cachorro-quente ou
pretzel de presunto e queijo. O bar de saladas está fechado hoje”. Ouço alguns alunos
reclamarem da notícia. “O ensaio da banda também é hoje. Por favor, vão ao ginásio
às 13h20min em ponto. Segundo o Sr. Kietz, quem chegar mais cedo ou mais tarde
volta para a sala de aula.”
Então, como se estivesse lendo suas anotações, Steven “Espertinho” final
mente diz: “E assim termino os anúncios do dia. Por favor, levantem-se para a
oração”. Assim, todos os meus alunos se levantam e começam a fazer a oração com
Steven. Ao olhar para a turma, vejo nosso aluno novo, Terry, balançando sua cabeça
sentado com braços cruzados. Quando a oração termina, Terry olha em volta e diz
em voz alta: “Não preciso fazer a oração porque não acredito em Deus. Não sei
como vocês acreditam em um Deus que não podem ver. Vocês são uns idiotas!”.
Meus alunos me olham completamente chocados.
Exigências razoáveis?
Pare de olhar
LaShayla, que está olhando pela janela, diz: “Acho que o diretor está chegando”.
Ela se vira e grita: “Quem andou aprontando?”. Peço silêncio para a turma. “Só porque
o diretor está vindo até a nossa sala não significa que alguém será castigado”, digo aos
alunos. Alguns me olham com sorrisos marotos, como se não acreditassem em nada
do que eu disse. O Sr. Clark abre a porta e diz: “Olá, Sra. Phelps e alunos do 2o ano”.
Meus alunos sabem o que fazer. “Olá, Sr. Clark”, eles dizem em coro. Segurando a
respiração, fica claro que esperam para saber quem o Sr. Clark chamará para o
corredor. Ele me olha e diz: “Eu poderia falar rapidinho com você no corredor, Sra.
Phelps?”. A expressão de surpresa dos meus alunos é hilária. Alguns até exclamam,
“Oooohhhh!”. Para manter a ordem, viro-me para a turma e digo: “Meninos e meninas,
vocês sabem que não serei castigada. Então, voltem a ler e cuidem dos seus problemas”.
Alguns começam a rir, enquanto outros me olham descrentes.
Quando saímos da sala, o Sr. Clark diz: “Por que eles achariam que você
será castigada?”. Balanço a cabeça. “É uma longa história. Eles acham que sempre
que o senhor ou a Sra. Simms vão a uma sala, alguém andou aprontando.” O Sr.
Clark balança a cabeça e solta uma risadinha. “Esses pequenos sempre me
surpreendem.” Então, limpa a garganta e continua: “A razão pela qual vim aqui é
para informá-la que consegui uma monitora de meio expediente para você. Seu
nome é Farzana Akbar, e ela está prestes a se formar em artes liberais. Ela quer se
tornar professora”. Recuperando o fôlego, ele continua: “Ela irá trabalhar com
você durante a manhã, antes do almoço”. Estou chocada. Tenho solicitado assis
110 Denise L. McLurkin
tência para a minha turma desde que cheguei ao trigésimo quarto aluno. Acho
que isso é ilegal, e o sindicato não aceitaria. Finalmente tudo deu certo. “Quando
ela começa? Ela é casada? Tem filhos?”, pergunto. O Sr. Clark pensa um pouco e
diz: “Ela chegará amanhã cedo, não é casada, não tem filhos”. Então, ele sorri e
diz: “Meus parabéns”, e vai embora.
Quando volto para a sala, meus alunos estão com os olhos arregalados.
Obviamente, meu breve discurso não acalmou a ideia de que alguém seria
castigado. Então, anuncio: “Amanhã, teremos uma assistente de professora na
sala. Seu nome é Sra. Akbar. Ela quer se tornar professora, como alguns de vocês”.
Alguns alunos comemoram. Olho pela sala e vejo Josh com a mão levantada. “Sra.
Phelps”, ele começa, “Por que nunca temos assistentes meninos?”. Penso um pouco
e respondo: “Novamente, uma boa ideia. Tomaremos providências para isso
também”. Josh sorri orgulhoso.
À noite, quando chego em casa, faço ginástica, como um sanduíche de
queijo, tomo banho, corrijo alguns trabalhos e caio exausta no sofá. Quando meu
alarme toca, sinto que vou desmaiar. Estou tão cansada! Mas então me lembro da
Sra. Akbar e pulo da cama, empolgada. Soube que ela já terminou o magistério,
então deve saber sobre a oficina de leitura, a oficina de escrita e afins. Essas áreas,
junto com matemática, são fundamentais, e é muito difícil ensiná-las para 34
alunos.
Quando chego, percebo que há uma pessoa em minha sala com uma
vestimenta toda preta. Olho para a minha mesa e vejo o Sr. Clark desligando o
telefone. “Olá, Sra. Phelps.” Ele olha para a moça e diz: “Mônica, esta é Farzana
Akbar, sua nova assistente”. Estendo a mão para cumprimentá-la, e sua mão está
coberta por uma luva preta. De frente, consigo ver seu rosto e algumas mechas de
cabelo. Fora isso, tudo está coberto. “Bom, vejo que você pôde ver as histórias em
quadrinhos que as crianças estão fazendo”, digo apontando para a parede que ela
estava admirando quando cheguei. “Ah, sim”, ela diz sorridente. “São tão boni
tinhas.” O Sr. Clark, que observava toda a conversa, encosta sua mão em minhas
costas e diz: “Vou deixá-las sozinhas. Sei que precisam se organizar”. Assim, ele
sai da sala.
Farzana e eu olhamos para o relógio e percebemos que temos 20 minutos
antes de os alunos chegarem. Explico brevemente nossas oficinas de leitura e
escrita e fico bastante impressionada com os seus conhecimentos. Enquanto
rimos e conversamos sobre a profissão, a campainha toca. Meus alunos formam
uma fila na frente da sala e, logo antes de abrir a porta, viro-me para Farzana e
pergunto: “Como você quer que as crianças lhe chamem?”. Farzana pensa um
pouco e responde: “Sra. Akbar está bem”. Concordando, abro a porta, cumprimento
todos e deixo-os entrar na sala. Enquanto cumprimento os alunos de trás, percebo
que a fila está parada lá na frente. Para a minha surpresa, a maioria dos alunos
está observando a Sra. Akbar com olhos arregalados. Ela está tentando cumpri
mentá-los com a mão estendida. Mas ninguém corresponde. Nesse momento,
ouço Jonathan dizer: “Ela é terrorista?”.
Questões sociais desafiadoras na escola 111
mos profissionais, não o fazemos. O que dizemos é que sua exigência não é sensa-
ta porque, muitas vezes, o ensino depende tanto do momento, especialmente nas
leituras em voz alta, que seria impossível ficarmos informando-os todos os dias. No
entanto, garantimos que, caso seja selecionado um livro ou outro recurso possivel-
mente incômodo para a criança, nós a levaremos para outra turma.
• Se uma criança está em jejum e começa a chorar ou fica fraca, você precisa conta-
tar a enfermaria da escola o quanto antes. A enfermeira, então, deve contatar os
pais para discutir melhor essa situação. Também sugerimos que você pergunte à
enfermeira como deve lidar com a situação no momento se a criança estiver em
sua turma.