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1 - APRESENTAÇÃO
2 - A EXPERIÊNCIA
O Tribunal do Mérito
Choque de Realidade
Um conselho de fato
Uma das principais ideias que está por trás do pensamento meritocrático é o
conceito de Capital Humano. Este conceito, criado no universo da Economia, afirma
que todo indivíduo devidamente treinado e preparado é capaz de gerar bons
resultados. Segundo Bourdieu:
“Até o final dos anos 50, as instituições de ensino secundário conheceram uma
estabilidade muito grande fundada na eliminação precoce e brutal (no momento da
entrada em sixieme) das crianças oriundas de famílias culturalmente
desfavorecidas. A seleção com base social que se operava, assim, era amplamente
aceita pelas crianças vítimas de tal seleção e pelas famílias, uma vez que ela
parecia apoiar-se exclusivamente nos dons e méritos dos eleitos, e uma vez que
aqueles que a Escola rejeitava ficavam convencidos (especialmente pela Escola) de
que eram eles que não queriam a Escola.” (Bourdieu, 2014, página 219).
Apesar desta citação ser um pouco longa, ela é riquíssima e demanda pelo
menos um minuto de reflexão. O peso, a profundidade e a precisão cirúrgica desta
crítica escancara a consequência imediata da meritocracia na educação. Quando
um aluno se considera inapto para o jogo escolar, sua reação automática é se
ausentar da escola. Ainda essa semana um aluno me disse: “a escola não é pra
mim. A escola faz a gente não gostar de estudar”.
Quando um Conselho de Classe se transforma num tribunal de méritos, ele
se torna uma ferramenta de exclusão dos alunos e opera para a reprodução da
sociedade tal como ela é. Quando a escola opera no paradigma meritocrático, ela
se afasta do ideal para o qual ela deveria existir, que é formar cidadãos críticos para
o pleno exercício de sua cidadania.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 - REFERÊNCIAS