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IME - Instituto de Matemática e Estatística

USP - Universidade de São Paulo


Vitor Hugo Nascimento Santos - 10392511

Cartas para Thomas


Uma releitura dos temas abordados na disciplina EDF0289 –
Introdução aos Estudos da Educação: Enfoque Sociológico

São Paulo
2020
Vitor Hugo Nascimento Santos - 10392511

Cartas para Thomas


Uma releitura dos temas abordados na disciplina EDF0289 –
Introdução aos Estudos da Educação: Enfoque Sociológico

IME - Instituto de Matemática e Estatística


USP - Universidade de São Paulo

Releitura dos temas abordados na disciplina de


EDF0289 – Introdução aos Estudos da
Educação: Enfoque Sociológico, que tem como
objetivo servir como objeto de avaliação da
disciplina ministrada pela Profª Dra. Fabiana
Augusta Alves Jardim.

São Paulo
2020
Sumário
PREFÁCIO.…………………………………………………………………………...3
Carta 1 – Como vão os estudos?.……………………………………………………..4
Carta 2 – O tempo é engraçado né?.…...…………………………………………….5
Carta 3 – Sua família está gostando?………………………………………………...6
Carta 4 – Lembra da nossa infância?....……………………………………………..7
Carta 5 – As coisas aí são muito diferentes?....……………………………………...8
Carta 6 – Você está bem?....…………………………………………………………..9
Carta 7 – Nossa que alívio..…………………………………………………………10
PREFÁCIO

Como forma de trazer uma releitura de temas abordados nas aulas de EDF0289 -
Introdução ao Estudo da Educação: Enfoque Sociológico, esse conjunto de cartas, traz
de delírios desse autor, a história de Vitor e Thomas, dois amigos que cresceram e
passaram a infância e adolescência juntos, unidos pelo fato de sempre terem estudado
na mesma escola durante toda a formação.
Porém foram separados, por decisões pessoais, pois mesmo fazendo o mesmo
curso superior, um passou para fazer na Universidade de São Paulo, no Brasil, e o
outro foi para Portugal por conseguir uma bolsa na Universidade de Coimbra.
Mesmo vivendo em pleno ano de 2021, com todas as tecnologias que os cercam,
os amigos optaram por se comunicar por cartas, pois, por mais que fosse muito mais
fácil outros tipos de comunicação, eles queriam passar pela ansiedade de aguardar a
resposta um dos outros.
Nas cartas é buscado tratar os temas abordados em aula, mas não de forma
didática, porém integrado à vivência dos personagens. Espero que essa seja uma leitura
gostosa e que possa trazer conhecimento dos temas da disciplina.
Carta 1 – Como vão os estudos? 4

São Paulo, 30 de abril de 2021

Olá Thomas,
Há quanto tempo que não nos falamos, tudo bem? Me mande notícias.
Eu estou muito feliz, pois comecei esse mês a estudar a minha primeira
disciplina de educação, o nome dela é Introdução aos Estudos da Educação: Enfoque
Sociológico.
Você sabe que sempre sonhei em ser professor, e após um ano de curso vendo
matérias puramente matemáticas, fazer a primeira matéria pedagógica dá uma aliviada
e me coloca na realidade do ensino finalmente.
Você sabia que temos uma grande discussão no Brasil sobre a educação em que
muito se discute a experiência escolar, o que acaba nos trazendo a temas recente, ou
nem tanto, como o homeschooling (que é quando a criança estuda em casa, sem
precisar ir à escola), Escola sem partido, e considerando esse tempo de pandemia até
coisas mais complexas com se as aulas deveriam ou não voltar.
Tudo isso afeta diretamente a experiência dos estudantes, como se já não
bastasse as dificuldades cotidianas que as escolas já enfrentavam antes de toda essa
confusão, como as discutidas no livro de Émile Durkheim “A Educação - sua natureza
e função”.
É meu amigo, a coisa não está fácil, então precisamos buscar a melhor forma de
trazer as melhores experiências para nossos alunos, pois a escola é o momento em que
eles estão se desenvolvendo como cidadãos, e é algo que eles vão levar para o resto da
vida, então estudar conceitos que já deram certos e/ou errados, nos ajudam a buscar
isso.
E você? Como está sendo sua experiência aí na Universidade de Coimbra?
Deve estar se achando com essas capas que tem nos uniformes né, haha? Me mande
notícias, vou aguardar ansiosamente.

Um abraço.
Vitor H. N. Santos
Carta 2 – O tempo é engraçado né? 5

São Paulo, 10 de maio de 2021

Oi Thomas,
Recebi sua carta e fico muito feliz de você estar gostando muito do seu curso,
me conta mais como é fazer matemática aí em Portugal.
Essa semana na aula de educação, estudamos sobre o Tempo, e o quanto é
possível refletir sobre ele na nossa sociedade. Você já parou para pensar que o tempo é
muito relativo dependendo do local, situação ou necessidade que você tem?
Por exemplo, quando eu estou esperando suas cartas, parece uma eternidade, que o
tempo parou e que elas não vão chegar nunca, talvez isso seja intensificado pela
saudade. Porém, se preciso fazer uma prova dentro de duas ou três horas, parece que
em minutos já não tenho mais tempo para responder às questões.
Da mesma forma, o tempo acaba influenciando muito na sociedade e em sua
modificação, e quando menos nos damos conta, já estamos em uma nova era, com
tecnologias que mudam totalmente nosso modo de viver. Por exemplo, você já parou
para pensar o quão é antiquado esse nosso método de comunicação, mesmo sendo
extremamente emocionante? Porque se quisermos, podemos nos falar
instantaneamente por WhatsApp por mensagens ou até mesmo Videochamada. Ou
então, poderíamos usar o e-mail, ao invés de enviar pelos correios, seria muito mais
rápido. Porém a algumas décadas atrás, esse era o modo mais eficiente de
comunicação. Mas apesar de tudo, não posso negar que é gostosa a sensação de abrir
uma carta, após a apreensão da espera. É engraçado como as coisas evoluem rápido na
nossa geração.
Bom meu querido, aguardo seu retorno, e não deixe o tempo ser maior do que o
necessário para eu receber sua carta.

Um beijo.
Vitor H. N. Santos
Carta 3 – Sua família está gostando? 6

São Paulo, 20 de maio de 2021

Olá Thomas,
Tudo bom? Como você está? E seus pais, o que estão achando daí? O Arthur
deve estar achando graça em tudo no vocabulário daí né haha.
Nossa Thomas, você tem uma família maravilhosa que sempre te apoia e te
ajuda muito para você concluir seus estudos e alcançar seus objetivos, até para
Portugal eles foram juntos para te dar suporte, eu acho isso muito bonito.
É uma pena que ao mesmo tempo que a família pode ser um suporte muito
grande, quando se trata do tema educação, ela muitas vezes acaba sendo o motivo de
desânimo e abalo de muitos professores.
Eu estou tendo uma experiência maravilhosa com meus alunos do 6º ano, mas
tenho visto muitos relatos de colegas que têm sido perseguidos por pais de alunos que
às vezes não entendem o assunto da aula e por algum motivo não gostam do jeito que
aula está sendo dada, ou o assunto que está sendo abordado, e isso acaba gerando
muitos atritos. É como se esse período de pandemia tivesse feito com que a cultura
escolar e a cultura familiar entrassem em choque, e muitas vezes por não estarem em
sintonia, acaba gerando muitas discussões e brigas, onde os mais prejudicados acabam
sendo os alunos e principalmente os professores que acabam tendo uma carga muito
grande para carregar, fazendo com que muitos repensem a profissão.
A família queira ou não, é o meio de socialização primária de um indivíduo,
mas, o que muitas vezes acontecem, é que ou elas acham que essa função primária é da
escola, ou então querem assumir a função que realmente é da escola, havendo assim
esses choques. Aí em Portugal você está notando isso também? Como as escolas estão
enfrentando essa pandemia aí? Aguardo resposta.

Com muito carinho.


Vitor H. N. Santos
Carta 4 – Lembra da nossa infância? 7

São Paulo, 30 de maio de 2021

Ei Thomas,
Você se lembra que quando éramos crianças? A aula dessa semana me fez viajar
no tempo, e lembrar de quando corríamos brincando na rua, se machucando às vezes,
mas sempre se divertindo.
Foi uma época muito boa que não volta mais, apenas sinto pelas vezes que eu
tinha que te consolar ao te pegar chorando nos cantos, só porque você gostava do
Otávio, e os meninos da turma ao descobrirem ficaram caçoando de você, acho que foi
nessa época que mais nos aproximamos né, quando tínhamos cerca de 9 anos.
Lembro da vez que a professora Marieta fez um verdadeiro seminário na sala
falando o que eram coisas de meninos e o que eram coisas de meninas, e ficou falando
que de não era natural um menino se interessar por outro menino ou uma menina por
outra menina, porque “Deus fez o homem para a mulher, e a mulher para o homem”,
lembro que você ficou muito para baixo nesse dia, se não fosse aquele croissant de
chocolate, acho que não ia conseguir fazer você parar de soluçar.
Eu sempre estive do seu lado nessa época, pois não entendia o porquê das
pessoas se importarem tanto com o interesse alheio, como se fosse mudar alguma coisa
na vida dessas pessoas. Bom, mas no final falei tudo isso, pois gostaria de agradecer
por da mesma força você ficar do meu lado quando me aceitei bi, e tive que enfrentar o
julgamento da sociedade. Seria tão bom que a gente não precisasse passar por isso, e
pudéssemos ter o direito de simplesmente ser o que somos né?
Muito se fala de proteger as crianças, de proteger a infância, mas quem te
protegia quando você sofria ataques constantes deste sistema que dizia zelar pela
juventude? É no mínimo contraditório, não acha?
É Thomas, eu tenho muita vontade de ter um filho, mas gostaria de ajudar a
construir um mundo melhor, onde meu filho possa bater no peito e dizer “eu sou, o que
sou”, sem precisar passar pelo julgamento alheio. Vamos lutar por isso juntos.

Agradecido
Vitor H. N. Santos
Carta 5 – As coisas aí são muito diferentes? 8

São Paulo, 05 de junho de 2021

Olá Thomas,
Ainda não recebi sua última carta, apesar que me adiantei na data dessa vez.
Thomas, estou curioso, será que existe uma grande diferença entre o ensino
praticado aí em Portugal com o daqui do Brasil? Eu sei que você ainda não começou a
estagiar, mas queria muito que quando você começasse, me contasse da principal
diferença que você identificou, porque eu tenho certeza que a construção do saber
pedagógico de ambos os países foi bem diferente, e isso deve ter um impacto grande
na forma que as coisas se consolidaram.
Qual via filosófica será que eles adotaram? Será que eles tem um olhar para a
via sociológica também?
As vezes eu fico pensado Thomas, o quanto a diferença de um currículo escolar
pode diferenciar uma sociedade, pois uma vez que este se adequa às necessidades da
sociedade, a própria sociedade acaba se moldando conforme o currículo adotado em
cada geração, pois como já conversamos antes, o período escolar é o momento da vida
em que o caráter civil das crianças está em desenvolvimento, e o currículo acaba tendo
um grande impacto em cima disso, da mesma maneira se aplica a formação com a
pedagogia e a didática.
Como você bem sabe, aqui no Brasil temos uma separação de conteúdos
classificados por ciências, que visam aglomerar algumas disciplinas em comuns, como
a Ciências Humanas, da Natureza, Linguagem e Matemática, e da mesma forma que
isso pode facilitar a absorção dos conteúdos, acaba prejudicando um pouco a
interdisciplinaridade entre as matérias num geral. Aí em Portugal eles dividem as áreas
do conhecimento assim também? Estou ansioso pela sua resposta.

Com saudade.
Vitor H. N. Santos
Carta 6 – Você está bem? 9

São Paulo, 10 de junho de 2021

E aí amigo, aconteceu alguma coisa?


Faz um tempo que não recebo mais suas cartas, está tudo bem? Saiba que você
tem um amigo aqui para te ajudar.
Você sempre esteve do meu lado, e na escola, você sempre foi o cara que estava
ali junto comigo, não importando a minha origem. Economicamente falando, éramos
dois opostos, você de uma família comerciante dona de vários negócias na cidade, e eu
de um família mais humilde, aproveitando cada gota de suor para sobreviver, e nem
por isso você me tratava como um diferente, muito pelo contrário, quando os outros
tiravam sarro da minhas coisas velhas, você me defendia, sempre me tratou como um
irmão.
Agora parando para pensar, como na escola muitas vezes acaba sendo o
encontro de várias pessoas de realidades tão diferentes né. Pelo menos na nossa escola
era assim, por ser uma escola pública técnica, tinha gente de todas as classes da cidade,
e eu achava isso ótimo porque abria muito os nossos horizontes e nos fazia sair da
nossa bolha social.
Seria tão bom que essa fosse uma realidade de todas as escolas, mas
infelizmente, às vezes as escolas acabam servindo como espaços ainda mais
segregadores onde juntos filhos de pessoas de classes sociais específicas, fazendo com
que cada um desenvolva a própria bolha social e crie uma grande disparidade quando
comparado a qualidade de ensino e oportunidades de desenvolvimento.
É Thomas, vou dar um tempo nas cartas aguardando as suas chegarem, me de
novidades para me deixar despreocupado.

Com amor.
Vitor H. N. Santos
Carta 7 – Nossa, que alívio 10

São Paulo, 30 de junho de 2021

Oi Thomas,
Desculpa pelas minhas neuroses, pensei que você tinha ficado chateado com
alguma coisa, e no fim, você apenas estava em período de provas. Fazia alguns dias
que não recebia suas cartas, por isso fiquei desse jeito, mas realmente fico aliviado.
Mas isso serve de lição, muitas vezes a gente acaba nos colocando no centro de
observação e esquece de olhar para o outro, e isso acaba fazendo com que tomemos
conclusões precipitadas.
Entender e buscar saber o lado do outro é um exercício que temos que fazer
todos os dias, e no mundo da educação principalmente, pois cada um tem um vicência,
tem suas experiências, e generalizar uma situação não é boa para ninguém. Temos que
nos unir para tornar a escola um ambiente mais justo, que busca igualar os outros com
equidade, tenho uma maior atenção aqueles que precisam de atenção e de liberdade
aqueles que precisam dela. Esse é o berço das novas gerações e de pessoas com
grandes potenciais de mudança, e trabalhar para que isso torne nosso mundo melhor.
Thomas, estive pensando, acho melhor voltarmos a nos falar por telefone ou
outros meios, de vez em quando enviamos uma carta ao outro, mas agilizar nossa
comunicação pode ajudar a desfazer mal entendidos. Eu também vou entrar em
período de provas, e queira ou não, fazer essas cartas e depositar no correio demanda
bastante tempo haha. O que você me diz?

Com muito alívio


Vitor H. N. Santos

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