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ERRO Nº 02 – BATENDO BOCA COM OS ALUNOS

Quer você seja um Professor recém formado ou veterano, tenho certeza que já vivenciou,
alguma, ou várias situações envolvendo ” bate boca” com aluno. Provavelmente você ficou
estressada, perdeu tempo, atrasou o planejamento , desentendeu-se com os Pais do aluno,
levou bronca da Coordenação, desgastou-se e…. não chegou a lugar nenhum.
Na verdade, essas situações potencializam a indisciplina já existente na sala de aula, pois
drena todas as forças, motivação, interesse e paciência do Professor.
Mas, para compreendermos como lidar com situações de “bate boca” é preciso conhecermos
como elas se desenrolam e o que as desencadeia, para que possamos definitivamente
combatê-las e extirpa-las.
O que é o “bate-boca” ?:
Coloquialmente denominamos de “bate boca” toda discussão verbal, que ocorre de forma
acalorada com a troca de palavras ásperas, e no final das contas não se resolve nada,
portanto mostram-se inúteis. Quando discussões deste tipo ocorrem na sala de aula servem
para tumultuar e deixar todos de ânimos exaltados.
Tipos de bate boca:
Existem três grandes gatilhos que prenunciam que um “bate boca” vai começar, são eles:
1)Fazer perguntas redundantes:
Átila, porque você está conversando? Já não falei que é para fazer a lição ? “
Parece familiar ? Pois é, eu também já fiz perguntas desse tipo. Quando fazemos perguntas
redundantes é como se, implicitamente, disséssemos aos nossos alunos :
“ Átila, farei uma pergunta redundante para que você possa distorcê-la e manipular-me e
quem sabe até ficar com o controle da situação, talvez a sala inteira até divirta-se às minhas
custas se você complementar com alguma gracinha no final “.
Ao fazer uma pergunta redundante, que tipo de resposta você acha que obterá do aluno ?
“ Sabe “Pro”, converso porque eu não estou a fim de assistir sua aula, então prefiro “papear”
com os meus colegas ao invés de prestar atenção no que você fala”.
Com certeza não era a resposta que você esperaria receber ! No entanto é a resposta que
você obterá na maioria das vezes.
Usar perguntas redundantes, achando que estará disciplinando efetivamente, é uma ilusão, e
o que é pior, você abrirá uma brecha para ser manipulada e tornar-se o alvo das chacotas por
parte dos alunos.
2)Argumentar com aluno
Professor: “ Atila, já falei que você não pode sair da sala ”
Átila: “ mas por quê não ? “
Professor: “ Porque você tem de esperar o horário do intervalo”
Átila: “ porque então você deixou o Ivan sair ? “
Professor: “ Porque o caso dele é diferente “
Átila: “ diferente por quê? Eu também preciso ir .
Qualquer situação onde o Professor entra em uma argumentação sem fim, inevitavelmente,
acabará em “bate boca”. Não demorará muito para ambos os lados estarem exaltados, com
voz alterada e trocando ofensas.
3)Pedir justificativas
Quando o Professor exige que o aluno justifique o injustificável, está pedindo para ouvir o
que não quer.

Professor: “ Atila, porque você colou chiclete no cabelo da colega ? “


Átila: “ Porque ela é uma chata”
Professor: “ Ivan, porque você colou na prova ? “
Ivan: “ Não era cola, foi só um lembrete caso eu esquecesse das respostas”
Professor: “ Porque você estava brincando na aula de Matemática ? “
Ivan: “ Eu não estava brincando, estava explicando para meu amigo um novo passo de
dança “.
Situações que provocam o aparecimento do “bate boca”:
Como já foi dito anteriormente, algumas situações de indisciplina são potencializadas pela
nossa postura, no entanto outros fatores também contribuem para o aparecimento do “bate
boca” dentro da sala de aula entre aluno e Professor, tais como:

- aluno chega irritado de casa ou da rua


- aluno que ouve os Pais depreciarem o trabalho do Professor
- Professor que já está esgotado de dar várias aulas seguidas
- quando a turma ignora o Professor
- quando o trabalho do Professor é depreciado pela Direção/Coordenação
- quando o Professor demonstra-se inseguro ao entrar na sala de aula
- quando o Professor é permissivo ou quando é autoritário
- quando o aluno sabe que os Pais virão à Escola para reclamar do Professor com a Direção

Como agir :
Por muito tempo eu ficava aflita e apreensiva, pois essas situações me angustiavam. Com o
passar do tempo e depois de muito tropeçar e cair cheguei a constatação que lidar com tudo
isso requeria um conjunto de medidas que não estavam em minhas mãos, e sim nas mãos do
Gestor, e até do Poder Público.
Seria ótimo se na minha Escola eu pudesse contar com:

- Um Orientador Educacional
- Um Programa de Saúde/Qualidade de Vida para Professores
- Um salário digno que possibilitasse que eu permanecesse em dedicação exclusiva em
apenas uma Escola
- Que a minha Escola tivesse implantado uma Escola de Pais, onde as Famílias aprenderiam
mais sobre educar os filhos e seriam cobradas por isso.
- Que os Gestores tivessem mais preparo técnico quanto a gestão administrativa e
pedagógica da Escola
Mas, como boa parte destas medidas, infelizmente, ainda é uma utopia, até mesmo para os
dias de hoje, resolvi investir em medidas em que EU pudesse controlar e implantar.
Assim, além de evitar tudo o que foi exposto acima, passei a dar ao aluno a DIREÇÃO do
que ele deveria fazer.
Ao constatar que o Átila estava conversando, eu não perguntava, não queria mais
justificativas, e muito menos entrava em argumentação com o aluno. Simplesmente ele era
informado do que deveria fazer.
Professor: “Átila, este não é o momento para conversa. Retome a sua tarefa, pois dentro de
X minutos, você e mais 5 colegas realizarão a correção dos exercícios no quadro negro “
A minha dica é, diariamente temos de aprender com nossos erros e procurar tirar proveito
deles para criar novas ferramentas, estratégias que nos auxiliem a implementar as mudanças
em nossa postura, e principalmente revermos e ampliarmos nosso conhecimento técnico
sobre gerenciamento da sala de aula, relacionamento interpessoal, resolução de conflito e
novas práticas de ensino.

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