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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PEDAGOGIA
DA
VERGONHA
A ESCOLA NÃO É CASA DA MÃE JOANA

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

FICHA TÉCNICA:

TITULO: PEDAGOGIA DA VERGONHA: A ESCOLA NÃO É CASA DA MÃE JOANA.

AUTOR: FEFI GONGA

EDITORA: MAURICIO EDITORA

CAPA: C2D - CAJIMOTO DOMINGOS

DIAGRAMAÇÃO: C2D - CAJIMOTO DOMINGOS DESIGN

REVISÃO: ARIETE CANETA

ANO: 2021.

EDIÇÃO: Iª.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

DEDICATÓRIA

Para o mestre Trindade Kalumbondjambondja Ndelomufaia (tio Kalú); e o professor Edgar


Dala (Mister Biologia).

Para os meus estudantes de Direito e os de D.E.S, no Curso de Ciências Económicas e


Juridicas.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

SUMÁRIO:

 Prefácio ……………………………………………………………………. 6
 Abertura …………………………………………………………………… 7
 Pedagogia da vergonha, o que é? ................................................................... 8
 Cultura de escola ………………………………………………………….. 11
 Jovem isso é escola, não a casa da mãe joana ……………………………. 14
 Sobre vestimenta ………………………………………………………….. 17
 Àlcool e fumo na escola ………………………………………………….. 19
 Assédio e corrupção na escola ……………………………………………. 22
 Salários atrasados, professores desmotivados …………………………….. 25
 Ditar não é uma boa ideia... ……………………………………………….. 28
 Provas que não provam nada ……………………………………………... 32
 Problemas na familia e no boletim de notas ………………………………. 34
 Apto ou não apto? esse reprova, aquele não! ……………………………... 36
 Professores nas redes sociais ……………………………………………… 39
 Estudantes nas redes sociais ……………………………………………..... 42
 Assassinos do ensino ……………………………………………………… 45
 Uma breve história sobre os melhores estudantes do mundo ……………... 50
 Considerações finais ………………………………………………………. 53
 Agradecimentos …………………………………………………………..... 54
 Contactos do autor ………………………………………………………… 55

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PREFÁCIO

Não sei quantas vezes eu vou ter de agradecer pelo que o professor fez comigo e com
muitos outros estudantes. Deus me ouve neste preciso momento, eu quero um dia conquistar
minhas coisas e numa entrevista dizer assim:

´´Olha, se eu não tivesse esse senhor a puxar-me pelas orelhas e dizendo-me todos os santos dias
na aula que temos de mudar a nossa mentalidade, que temos de mostrar também que conseguimos
criar algo nosso, e que para isso basta esforço, sacrifício e dedicação, não sei onde estaria hoje,
de verdade. ´´

Sinto-me lisonjeado pelas palavras iniciais neste E-book, a minha satisfação nesse
momento é maior. Fiquei a espera e ansioso para ler este livro. Sei que haveria criticas se o
professor colocasse neste manual, tudo como estava no princípio, antes das retificações a este
manual, e as criticas sempre vão existir, mas naquele saco de pancadas sairia algumas coisas boas,
os pais europeus conversam muito, mas os nossos pais africanos vão buscar o fio, o lemo (como
nós do sul falamos) chamam a tia Maria e resolvem as coisas daquele jeito.

Contudo, se este manual estivesse (ou está) muito rígido, seria (e com certeza ainda é)
um puxão de orelha bem dado. Acredito que a escrita é mesmo isso, devemos escrever o que
vivemos, sentimos e pensamos, não devemos inventar coisas.

Nas redes sociais o professor agradeceu-nos e é justo essa gratidão, mas é mais justo nós
agradecermos ao professor; sem mais nada a dizer obrigado por tudo meu mestre.
E estarei sempre com o professor, sempre, sempre.

Floriano Manuel Meti.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

ABERTURA:

Costuma-se dizer que destruir é mais fácil do que construir, é facto. Não é diferente quando se
trata do ensino, muitos dos intervenientes no processo de ensino-aprendizagem fazem mais mal do que
bem, fazem mais o errado do que certo, o resultado é visível na qualidade do nosso ensino, na debilidade
dos nossos estudantes e no desleixo dos professores.

Sempre fui um apaixonado pelo ensino, sempre quis ensinar, sempre acreditei que as ideias dos
professores têm força capaz de tornar o universo um lugar melhor para se viver. Talvez seja só uma
utopia, mas a verdade é que continuo acreditando nisso, sonhando com isso e cada vez mais a minha
paixão pelo ensino cresce, mesmo presenciando cenas chocantes.

Este E-book não é apenas sobre sonhos, mas também, e acima de tudo, sobre a realidade do ensino
nas nossas escolas, realidade que todos nós conhecemos mas preferimos ignorar. É sobre mudança de
mentalidade e atitude por parte de todos os intervenientes no processo de ensino-aprendizagem. Se hoje,
não mudarmos a forma de pensarmos a educação e de agirmos, não vale a pena começarmos a falar de
melhoria das condições materiais, salariais, qualidade do ensino, das escolas, porque tudo isso não fará
diferença alguma enquanto não transformarmos a nossa mentalidade.

Este E-book não é sobre o que o estado/governo faz ou deixa de fazer em prol da educação. É
sobre o que cada um de nós tem feito para que o ensino melhore. É sobre você senhor professor que não
dá o seu exemplo, e tu senhor director que ao invés da qualidade do ensino, focas-te apenas no lucro, é
sobre tu coordenador, tu encarregado de educação que nunca tem tempo para visitar a escola do seu
educando e, claro, é sobre o estudante que tem tudo para aprender, mas simplesmente se desleixa. Este
manual é sobre situações que todos nós podemos evitar, eliminar ou contribuir para melhorar, mas
simplesmente não movemos sequer um dedo, ao invés de fazer acontecer, ficamos a espera que as coisas
aconteçam por si mesmas.

Procuro indicar alguns problemas, sugerir soluções. Analisei a postura do estudante dentro e fora
da escola, toquei no papel das familias, do professor, direcção. Falei sobre a máfia na educação, assédio
sexual, a corrupção, provas que não provam nada, a forma como o estudante deve se apresentar na escola,
a questão das roupas, bebidas e o fumo, redes sociais.

Este livro é resultado de dores e decepções, mas também de alegrias e conquistas agradáveis que
tive durante o meu ainda curto percurso no ensino como formador, professor, educador. É para termos
mas esperança nas pessoas, fé na mudança, certeza que podemos melhorar alguma coisa, por mais
pequena que seja a mudança é sempore válida. Certeza que estudantes e docentes podem ser moldados
para o bem.

Boa leitura.

Atenciosamente, Professor Gonga.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PEDAGOGIA
DA
VERGONHA
O QUE É?

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Pedagogia, no dicionário Lello de Lingua portuguesa, é definida como a ciência da educação. É


pois, o campo do conhecimento que se ocupa do aspecto sistemático da educação, frequentemente é
definida como a ´´arte da educação´´, porque, definitivamente, é preciso ser um artista na sala de aulas.
E pedagogo é entendido como mestre, aquele que ensina, conselheiro.

A Palavra Vergonha tem mais de 50 sinónimos e pode ser entendida em 5 sentidos diferentes, a
saber: Humilhação, constrangimento, receio de se expor, sentimento de pudor, sentimento de honra.
Assim, dependendo do contexto a ser empregue, vergonha poderá ser desonra, humilhação, descrédito,
timidez, pudor, decoro, decência, moralidade, compostura, honra, amor-próprio, integridade, dignidade.

A Pedagogia da vergonha vai ser então entendido aqui, para efeito de leitura e compreensão deste
E-book, como o processo de ensino e aprendizagem que falta com a verdade, a humanidade, o respeito,
dignidade, a honra e a moralidade. É a pedagogia que humilha, indecente, incoerente.
Pedagogia da vergonha é aquele ensino que ocorre numa escola onde professores assediam
sexualmente as estudantes e todos fingem não saber, onde estudantes aparecem vestidos como se
estivessem numa festa Rav e ninguém diz nada, onde estudantes aparecem nas aulas às horas que os
convém, falam com os professores no tom e usando palavras que lhes aprouver.

Pedagogia da vergonha promove um ensino vergonhoso, ensino este que não leva em conta os
sonhos do estudante, que transfere mil matérias para os estudantes sem que eles percebam o porquê de
estudar aquelas matérias ou onde e como aplicar aquele conhecimento teórico na vida prática.
Pedagogia da vergonha dà margem para que exista um ensino falso, uma educação de faz de
contas, apenas ´´para o inglês ver´´. Os Professores fingem que ensinam, os estudantes fingem que
aprendem, nas provas os alunos fingem saber as questões enquanto fazem cábulas grosseiras, por outro
lado, os professores fingem estar a controlar provas e na hora da correcção, aquele estudante que nem
sequer sabe o conceito da disciplina, tem 18 valores, o professor coloca esses 18v na minipauta, deixa o
barco andar no ensino de base e assim por diante, até serem finalistas do ensino médio com enormes
debilidades que depois acarretam até a universidade, e mais tarde, para o mercado de trabalho após a
licenciatura. E todo mundo finge que a coisa vai bem, professores ficam com o salário, alunos com
certificado e donos de escola com lucros e os órgãos oficiais apresentam estatisticas indicando que já
temos milhares de jovens (de) formados, aparentemente toda gente sai a ganhar, todos ficam felizes,
vergonhosamente felizes.
A pedagogia da vergonha tem espaço em escolas que, no fundo, são uma vergonha de escola,
como não não ser uma vergonha de escola se nenhum professor é expulso por falta de capacidade
didática, principios éticos e morais? Uma escola que não adverte professores com indicios de corrupção
e que não os denuncia quando comprovadamente são corruptos, é uma vergonha de escola.
A escola que não valoriza os professores nem outros funcionários, que se recusa a criar as
condições necessárias para um ensino adequado, que se limita a disponibilizar giz, apagador e carteiras
em salas de aulas, essa não é uma escola séria, porque o ensino é muito mais do que ter uma sala com
carteiras e ar condicionado, é preciso criar actividades e programas para que os alunos vejam o mundo

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

além do seu bairro/comunidade, que os permita ter corajem de começar a mudar, não apenas a si mesmo,
mas mudar a todos que os rodeiam, uma escola que não faz isso, promove uma pedagogia da vergonha.
Cabe a nós docentes, pais, encarregados, directores, estado e a sociedade em geral, a missão
de, ao menos, tentar mudar esse quadro, não podemos ficar parados, o professor deve ser exemplar,
ìntegro, competente, exigindo diariamente aos seus estudantes que se dediquem aos estudos, e quando
assim não acontece, peça que o encarregado de educação apareça. Encarregados devem dar uma passada
na escola de quando em vez, e não apenas no final do ano lectivo com a intenção de pedir ao professor
que o seu educando transite para a classe seguinte.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

CULTURA
DE
ESCOLA:

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Cultura é o conjunto de hábitos, costumes e práticas reiteradas de um determinado povo ou região.


Cada grupo social tem hábitos próprios. De modo individual podemos olhar para a cultura inerente a
cada indivíduo. Todas as pessoas, por influência do ambiente social ou familiar, acabam absorvendo
determinados hábitos que fica evidente no modo de pensar, agir, falar.
Eu chamo cultura de escola ao conjunto de hábitos que os estudantes adquirem ao longo dos anos
de escolaridade. Sempre que começo com uma nova turma, a primeira preocupação é entender a cultura
de escola dos estudantes: como encaram a escola, que vícios e virtudes carregam? Estão predispostos
para fazer as tarefas ou têm de ser obrigados a faze-las? São voluntários nas actividades extras? Como
eles vejam os professores, como dirigem-se a eles.
Entender os hábitos dos estudantes em relação aos estudos é fundamental para poder encaminha-los
para uma educação adequada.

Via de regra, estudantes de Angola, Luanda em particular, carregam uma cultura de escola muito
débil, mediucre nalguns casos. Não vão a bibliotecas por anos, não fazem dowloads de livros, ler o
conteúdo das aulas somente 24 horas antes das provas, estão sempre atrasados, a indumentária é
indecente, provas sempre fazendo na colectividade, trabalhos em grupo nunca é de facto elaborado em
grupo, pois ninguém pesquisa, pelo contrário, pagam para alguém fazer e nem se dão ao trabalho de
revisar o conteúdo.

Não têm o bom hábito de emprestar livros aos 15, nem aos 19 e aos 22 anos de idade ainda não
leram sequer 5 livros na vida, anualmente não passam de 1 livro lido na íntegra. No início de cada
temporada escolar peço sempre aos meus estudantes para trazerem pendrives, pc ou qualquer outro
dispositivo para receberem livros eletrónicos, tutoriais e muito conteúdo bom, sem cobrar absolutamente
nada. Quantos trazem? Custa crer, é inacreditável, nem preciso dizer.

Uma maneira clássica de revelar a cultura de escola dos estudantes é quando têm um professor
rigoroso; que cumpre horários, cobra tarefas, exigente, que sanciona mesmo, ìntegro, anticorrupção,
anti-assédio. A reação da maioria dos estudantes nesses casos é considerarem o professor ´´armado´´ ou
´´mau´´. Eles dizem entre si que aquele professor está ´´se fazer´´ de bem-mau. Isso acontece porque os
estudantes foram habituados a terem docentes muito permissivos, que aceitam qualquer forma de
tratamento por parte dos estudantes, que bebe com os miúdos e miúdas em festas, bares. A forma como
alguns estudantes tratam os próprios professores é procupante, e isso acontece em todos os níveis do
ensino, meninos e meninas de 13/14 anos de idade dirigem-se ao professor como se tivessem a mesma
idade.

Quando o professor trabalha com o rigor necessário, acaba ganhando muitos ´´minimigos´´ dentro
da turma. Alguns procuram boiocotar as aulas, outros fomentam boatos para desacredita-lo. Era suposto
eles estarem felizes com o rigor do docente, porque quem sai a ganhar são os próprios estudantes,
facilidades e moleza nunca foram amigas do sucesso escolar.

Numa tarde de Março cheguei cedo, como habitual, no colégio havia somente duas estudantes na
turma. Cinco minutos depois comecei a aula e os outros estudantes ficaram intrigados, motivo: eles

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

acham que devo esperar a turma ficar lotada para começar a leccionar, para eles, agora o professor é
quem tem de ficar esperando pelos estudantes.

Tem graças que, nas instituições onde leccionei, os estudantes finalistas são sempre os que têm a
pior cultura de escola, as razões ainda precisam ser pesquisadas. Isso tem dificultado bastante o trabalho,
meu desafio como docente é fazer com que os caloiros e pré-finalistas cheguem ao último ano com uma
óptima cultura académica, e os colegas professores deviam fazer o mesmo, porque é complicado
encontrar estudantes no último ano com debilidades e vicios que deviam ser sanados já nos anos
anteriores. É importante moldar a cultua deles nos anos iniciais para que não sejam finalistas imbuídos
de preguiça mental. Se o estudante tem uma boa cultura de escola, por mais complexo que seja o
conteúdo, ele supera.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

JOVENS ISSO
É ESCOLA,

NÃO É A CASA DA
MÃE JOANA
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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Em uma das minhas publicações no facebook, referindo-me ao comportamento de alguns estudantes da


12ª Classe, escrevi: ´´Alguém precisa explicar a essa geração de estudantes, a diferença entre a escola
e a casa da mãe Joana´´.
Nos comentários alguém escreveu, de forma imperativa, que devia ser o professor a explicar
isso, por acaso até não deixa de ter razão. Mas o comentário sugere que eu ensine a um estudante finalista
do ensino médio a comportar-se dentro da sala de aulas, tantos anos de escola e ainda não sabe? A partir
do momento que for preciso explicar a um jovem de mais de 20 anos de idade, com mais de 10 anos de
escolaridade, como deve comportar-se em sala de aulas, vai significar que falhamos, que temos um
ensino falho, porque senão, como é que alguém chega a 12ª sem sequer saber qual a postura adequada
dentro da escola?

Lecciono no ensino médio, antes dos estudantes chegaram lá, tiveram 10 ou mais anos de
escolaridade, tiveram a disciplina de E.M.C (Educação Moral e Civica) durante anos, e também F.A.I
(faculdade de atitudes integradores) onde se ensina respeito, também fazem parte de uma Igreja, onde
se ensina a respeitar os outros e a comportar-se bem, são membros de uma familia, onde se ensina as
primeiras noções decerto ou errado, a respeitar os mais velhos, têm pais, tios, avôs, tanta educação
recebida desde criança, nas escolas de base, secundárias e ainda não sabem a diferença entre o bar da
esquina e a sala de aulas? Não aprenderam que a maneira como se dirige ao Professor não deve ser igual
a aquela com que se dirigem aos seus amigos? Que tipo de profissionais estamos a formar afinal? Que
futuro do amanhã estamos a projectar?

Sou do tipo de professor sem papas na lingua, não tenho problemas de dizer aos meus
estudantes que ´´quando estiverem a vir para a escola, devem deixar o bairro no bairro´´. Uma pessoa
que tem avô, tios, mãe, pai, que ja frequenta a escola, não pode, jamais, ter um comportamento de quem
só andou nas esquinas do mundo, nos cantinhos e paradas, e por mais que o docente haja como irmão
mais velho, dificilmente substituirá aquelas figuras chaves da educação do jovem (progenitores,
encarregados), para mim estudante tem de sair de casa bem consciente que está a ir a escola, portanto,
quer queira quer não, quer goste ou não, deve comportar-se como estudante ou então saia da escola e
vira animador de festas, lá é onde se faz vandalismo, lá é onde faz-se de tudo.

Uma amiga1 minha, formada com louvar no Instituto superior de Educação, viveu uma situação
caricata. Aborrecida com o constante comportamento de indisciplina dos estudantes do ensino primário,
convocou uma reunião particular com dos encarregados, um pai apareceu e depois de ouvir as queixas
da Professora respondeu:

- O meu filho é indisciplinado, não respeita os colegas nem a professora, culpa é dos
professores, é vosso trabalho educa-lo, eu já pago propinas, trabalho o dia todo, tu deves resolver isso...

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Noémia Salipa. Uma das académicas e pedagogas mais brilhantes que conheço. Uma mistura de técnica e talento.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

E naquele mesmo instante, os alunos gritavam descontraladamente correndo de um lado para


o outro, e outros, incluindo o filho do senhor que conversava com a professora, saiam pela Janela, mesmo
a porta estando aberta.

Esse pai e outros encarregados, confundem os papéis. Eu fui educado pela minha familia e
Igreja, a escola me instruiu, me preparou para ser um bom profissional. Ser bem formado, ser um bom
técnico, não é mesma coisa que ser uma boa pessoa, um óptimo ser humano, pai é pai, professor é
professor, vários estudantes olham para alguns professores como pai e isso é muito e muito bom, mas
ainda assim, o pai biólogico não deve deixar toda responsabilidade de educar apenas para o ´´pai
professor´´. Os mais indisciplinados do bairro, também são os mais indisciplinados da escola onde
estudam. Crianças que não respeitam os pais, tios e vizinhos, não vão respeitar o professor.
Toda educação começa na familia. Papás e mamás, a escola educa sim e deve continuar a faze-
lo, mas a educação da familia é fundamental. Que tipo de estudante seu filho será se em casa tudo lhe é
permitido, se não apanha quando erra, se os pais fazem todas as suas vontades. Precisam ensinar os
vossos filhos a respeitarem não apenas os familiares próximos, mas a todos, não permitam que eles usem
qualquer tipo de roupa. É como tenho dito aos meus estudantes:
´´A escola não é casa da mãe Joana, comportem-se ´´.
Apesar do rigor do discurso apresentado nos parágrafos anterior, entendo que, antes de
aplicarmos medidas disciplinas precisamos chamar o estudante e conversar, numa segunda fase podemos
chamar o encarregado de educação para saber se o comportamento dele tem alguma relação com
problemas no seio familiar. É importante darmos oportunidades de mudança ao estudante, ele precisa
saber que acreditamos nele, que queremos e esperamos o melhor dele. Ele precisa saber que nós o vemos
como uma pessoa boa e capaz. Por vezes eles só precisam de um abraço, de alguém para conversar sobre
a avalanche de incertezas que os persegue nessa fase da vida, esse alguém pode ser você professor.

É muito bom quando um professor não desiste dos seus estudantes problemáticos logo de inicio. É
claro que não depende só do professor, o estudante precisa querer, ele tem de se esforçar, caso contrário
de nada adiantará o esforço do professor. Porque é preciso sermos honestos, tem estudante que
simplesmente não quer melhorar.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

SOBRE

VESTIMENTA

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Ninguém vai a Igreja de colâ Xuxuado, nem de Shortinho, nem de ´´partesScorno´´, as pessoas
quando vão a Igreja vestem-se de uma maneira que não é igual a maneira que vestem-se quando vão a
uma balada, rav, farra. Existe forma apropriada de vestir-se para cada lugar, incluindo a escola.

Alguns estudantes não entendem que, pese embora não seja um lugar sagrado como a Igreja,
na escola também precisam escolher bem a roupa para usar. O estudante não pode sair de casa, indo para
escola como se estivesse a ir ´´numa ideia´´ com os amigos, não se pode tolerar que o estudante apareça
para uma defesa de trabalho com calças rasgadas mostrando partes do corpo, saias curtas que se baixar
para pegar o giz tudo ficará a mostra, estudantes niggas mostrando cuecas e, por vezes, as próprias
nádegas.

As raparigas não podem vestir-se como se tivessem intenção de seduzir os colegas ou


professor. Sentam-se na carteira da frente e criam constragimentos ao docente. Os rapazes, além
daqueles cortes extravagantes ao extremo, calças rasgadas, ainda pintam o cabelo loiro com riscas em
toda cabeça. Penso que as escolas devem mesmo proibir determinados tipos de indumentária, não apenas
escrever no papel, mas impedir mesmo que os estudantes entrem no recinto escolar mal apresentados.

No bairro, apenas pela vestimeta, é fácil distinguir meninas ´´da Igreja´´ e ´´zaranzas´´, rapazes
de familia e os de ´´grupo´´. É claro que não podemos julgar toda gente pela aparência, mas o facto é
que existe roupa de jogador de futebol, que é diferente dos de jogador de basquete, existe roupas de
padres, de gansta, de rapper e assim por diante, cada grupo social veste-se de acordo a sua função,
profissão ou crença. O bailarino veste-se como bailarino, o presidente veste-se com tal, a mulher solteira
veste-se como solteira, a casada veste-se como casada, porquê raio o estudante não veste-se como
estudante? Pelo menos dentro da escola deve vestir-se como tal. Professores devem expulsar estudantes
mal vestidos, isso é escola, não é discoteca.

Um problema comum, nas escolas é a quantidade do cabelo dos rapazes, que para uns era
permitido, e para outros não. Nas nossas escolas, os rapazes com tom de pele mais claro podiam deixar
o cabelo crescer, mas os de tom de pele escuro não lhes era permitido, esta é uma das maiores injustiças
da história do ensino, é descriminação, é racismo, é crime, o pior é que em algumas escolas isso ainda
acontece nos dias hoje.

Este é um daqueles assuntos que precisamos sentar e analisar com calma. Eu penso que a quantidade
de cabelo não devia ser o problema, mas sim a maneira como o estudante trata o cabelo e o tipo de corte.
Trabalhei em colégios onde permitia-se ´´cabeleiras´´ e os meninos eram asseados e higiénicos com
cabelo, e desse jeito organizado ´´criar´´ cabelo, não vejo problemas.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

ÀLCOOL
E
FUMO
NA
ESCOLA

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Junto a residência onde vivo actualmente, tem um Colégio2 que suspendeu um dos estudantes
porque consumiu bebidas alcoólicas na festa da escola, no dia 16 de Junho, dia da criança africana, achei
óptimo, foi boa a atitude da direcção, significa que este colégio prima pelo rigor, a mensagem que passou
para este estudante e para sociedade em geral é a de que não tolera atitudes que não se coadunam com a
ciência, ensino e ética educacional dentro do recinto escolar.

Por outro lado, algumas instituições de ensino, quando trata-se de festas, permitem um banho
de àlcool e um festival de fumo. E tem mais, com ou sem festas os estudantes assistem aulas
embriagados. Já vivi situações que precisei ficar ao pé da janela porque, em plena prova dos professores,
a sala estava abafada com cheiro de liamba. Penso que, se pretende-se uma educação séria, o estudante
não pode entrar no recinto escolar embriagado nem fumado. A escola nunca, jamais pode
incentivar/permitir o consumo de bebidas alcoólicas nas festas que acontecem dentro da instituição.

Numa tarde calma, sentei-me junto a janela do 2º andar de uma instituição onde leccionava,
e ali mesmo, em frente da instituição, um grupo de estudantes, a maioria menores de idade, consumiam
bebidas alcoólicas bem no nariz da escola, ao ar livre, havia 3 meninas entre eles, também estudantes.
Fiquei decepcionado principalmente porque era mesmo quase ao portão de entrada da escola, com o
uniforme escolar, sem esconderem-se dos professores, como se fosse normal.

Hoje em dia, os estudantes pensam que podem fazer tudo desde que seja fora da sala, não é
problema do professor, mas isso não é verdade por completo. Um dia, um estudante caloiro duma
instituição onde trabalhei, consumia caipirinha em horário escolar, no pátio externo da escola, a dois
metros da porta de entrada, seguranças, directores e professores olharam e fingiram não ver, esse mesmo
estudante entraria depois para sala e todos continuariam fingindo que é normal, não acham que já é hora
de criar regulamentos internos que proibam a entrada de estudantes que tenham ingerido bebidas
alcoólicas? Que atitudes devem ser tomadas para colmatar este problema? Seria errado ou anti-
pedagógico proibir esses estudantes de entrarem na sala de aulas? Não é dever do professor chamar o
encarregado desses ´´miúdos´´ e conversar? A escola deve mesmo permitir o consumo de bebidas nas
festas que organiza?

Não sei se o leitor tomou conhecimento, mas um dos Directores do mausoléu António
Agostinho Neto, foi exonerado do cargo porque permitiu que numa festa realizada naquele local as
pessoas consumissem bebidas alcoólicas. Maria Eugenia, a viúva de Neto, disse e muito bem, que aquele
é um lugar solene, festa sim, mas álcool não, ali é para educação e cultura. E se pensassemos como Maria
Eugénia, não seria mais adequado? Nem todos lugares servem para consumirmos determinadas bebidas.
Escola é lugar para produzir conhecimento, cultura e não jovens alcoólatras.

Se o estudante consome livremente álcool na festa da escola onde o director, coordenadores e


professores fazem-se presente, é claro que não vai achar errado beber no intervalo maior, ali pertinho da
escola, ou na parte de trás das salas de aulas.

2
Colégio Israel.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

E tem mais, senhores professores, em horário escolar, ainda que seja no intervalo maior, não
podem sentar-se com os estudantes naquela esquina da bebida. Se o professor bebe na hora do intervalo
para relaxar a mente, é óbvio que o estudante vai fazer o mesmo. Precisamos ser um exemplo colegas,
parem de beber a torta e a direita com os estudantes, isso não ajuda na conduta deles, ainda mais aqueles
que os senhores sabem muito bem que ainda são menores de idade. Não adianta dizerem-me que isso é
ser moderno, pois considero atraso.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

ASSÉDIO

E
CORRUPÇÃO

NA
ESCOLA
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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Assédio sexual e corrupção todos nós sabemos que existe, sempre existiu. Deixar de existir,
talvez nunca, essa é a realidade. Mas fechar os olhos enquanto estudantes são vítimas de professores
predadores, também não é a melhor coisa a ser feita.

Ninguém gostaria de ter uma filha assediada num lugar onde julgamos ser o mais improvavél de
acontecer uma coisa dessas, por pessoas que, supõe-se, serem idóneas. Pessoalmente fico chocado e
revoltado toda vez que ouço por alto, vejo na televisão ou mesmo quando a vítima vem directamente ter
comigo, para dizer que está sendo perseguida por professor sicrano ou fulado. Alguns professores ligam
para estudantes, avisam que não estão bem na disciplina e que praticamente estão reprovadas, elas
assustadas estão dispostas a tudo, pensam em dinheiro, mas não, o professor prefere não o dinheiro delas,
mas elas mesmas, pede para elas irem em casa ou num lugar no minimo suspeito e....enfim, a história
termina daquele jeito que todos vocês já sabem. Essa é a realidade das nossas escolas. Professores não
têm vergonha de dizer às estudantes que querem ter ´´intimidades´´ em troca de notas 10.

Algumas têm medo, sabem que se denunciarem de nada vai adiantar, até porque, as outras que
denunciaram ao invés de protecção foram completamente ignoradas pela direcção da escola e no ano
seguinte o professor continuou ali, impune, fazendo novas vítimas. A denúnica só não avança porque,
escolas há, que funcionam como uma máfia, todos sabem o que acontece e conhecem os predadores, a
direcção quando recebe a denúncia ao invés de chamar atenção ao professor com rigor e formalidade,
chama o professor em particular e avisa que determinada estudante denunciou-o, este vai até a estudante
e diz: ´´Agora vais reprovar, não só na minha disciplina, mas em todas´´, os outros professores
solidarizam-se com o colega, como se ele fosse a vítima, porque também são como ele – assediadores -
e portanto, têm de proteger-se uns aos outros. Membros da direcção também têm seus pecados, portanto,
não têm nem moral nem coragem de demitir ou sancionar um professor por assédio e isso torna-se em
um ciclo vicioso; estudantes presos e sem saber o que fazer, docentes vão somando vitimas, a direcção
finge não ver, finge não saber. Que educação é essa, que escola é essa, que professores são esses, que
tipo de director dirige a escola onde nossos filhos estudam? Isso é uma máfia. E não basta estes absurdos,
os professores ainda têm a coragem de perseguir os rapazes estudantes que, supostamente, têm casos
com suas namoradas, amantes ou simplesmente vitimas, quanto cinismo.

Em quase todas as escolas, os professores conversam abertamente sobre ´´levar as miúdas´´,


como se fosse normal. Acho que numa escola que está a beira de tornar-se um prostibulo o ideal é
começar por expulsar aqueles que comprovadamente são assediadores, a seguir, criar um departamento
para cuidar das denúncias dos estudantes que permite que as queixas sejam feitas de forma anónima, a
seguir a denúncia, esse departamente vai recolher provas, depois numa reunião com professor suspeito
serão analisados os factos e caso seja necessário exlpusa-se o docente, é obvio que demitir um
funcionário deve respeitar e seguir todos os procedimentos da Lei Geral do trabalho. Quando dois
professores forem expulsos, as estudantes vão sentir-se mais seguras, mais confiantes, mais acolhidas e
poderão dizer NÃO sempre que um professor sugerir indecências.

Quanto a corrupção, o tratamento deve ser o mesmo, porém, tudo isso só vai funcionar se os
membros da direcção não estarem também envolvidos em casos comprometidores, pois, como dizem os

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

mais velhos ´´Quem tem telhado de vidro, não atira pedras ao ar´´. Na verdade, o envolvimento de
membros da direcção tem sido um dos maiores empecilhos para mudança deste quadro dramático.
Conheço um monte de colegas directores e subdirectores pedagógicos que não têm pudor de assediar
sexual e moralmente raparigas da instituição que dirigem, chegando ao absurdo de se envolver com elas
no próprio recinto escolar, eles transam com estudantes no gabinete de uma instituição de ensino. Assim
fica difícil.

Outra medida para prevenir estes casos, é não nomear para o cargo de director de turma ou
coordenador aqueles docentes com histórico de assédio ou corrupção, os que têm integridade moral
duvidosa. Estes individuos, quando ocupam algum cargo, agem como vampiros numa festa noturna: Um
banquete de vítimas infinitas.

O assédio sexual e a corrupção, são facas de dois gumes. É moeda com cara e coroa. Não
podemos olhar e analisar apenas o lado do professor, é preciso também admitirmos que algumas
estudantes são dadas a relação com professores. Algumas em troca de notas, outras por pura aventura,
gosto ou prazer. Professores jovens, populares, com boa aparência e os que são titulares de cadeiras
chaves, coordenador de disciplina, director de turma, sofrem constantes assédios por parte das
estudantes, cabe ao professor como uma pessoa adulta, preparada e responsável evitar cair nestas
armadilhas. No facebook, whatsapp e outras redes sociais, devemos ter cautela, não precisamos ser frios,
mas saber colocar-se na sua posição de docente é fundamental.

O professor é um pai, um irmão mais velho, um exemplo. Somos um modelo para os mais novos,
ser bom na nossa área de formação não basta, é preciso também ter principios éticos e morais. Crescer
na carreira, ter mais prestígio e dinheiro exige sacrificio. O nosso ensino precisa de docentes coerentes.
É triste ver jovens professores com mais dedicação nas ´´pequenas´´ do que na própria matéria. A nossa
missão é formar essas meninas e não traumatiza-las.

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SALÁRIOS
ATRASADOS,

PROFESSORES
DESMOTIVADOS

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

´´A conta na qual os estudantes depositam as propinas, tem um multicaixa, que o director usa´´.

Frase como essa, soa a cómico, como é que o director de uma escola vai usar o dinheiro da conta
oficial da instituição para gastar deliberadamente? Essa forma de gestão reflete-se nos famosos
´´atrasados´´. As escolas particulares sofrem com o vício de consumo desenfreado dos seus proprietários.
A péssima gestão acaba prejudicando os funcionários, professores chegam a ficar 3 meses sem salários.
O que mais admira é o facto de os estudantes pagarem propinas adiantado e ainda assim o salário dos
professores não ´´cair´´ atempadamente. Os colégios ganham dinheiro de mil maneiras, conheço
instituições que só com folhas de provas, ganham a cada trimestre mais de 500 mil kuanzas. Ganham
também com os ditos exames especiais, provas de recuperação e outras artimanhas para retirar dinheiro
do bolso dos encarregados de educação. A despeito desses ganhos, alguns ao invés do dia 28, 31, 1 ou
5, pagam no dia 20 do mês seguinte, outros pagam depois de 2 meses, e pagam apenas um salário,
mantendo assim uma divida eterna para com os professores.

Teve casos de Pedagógico que pagou salário dos professores numa barraca de bebibas, no meio de
uma maratona. Tem instituições que, como diz um amigo meu garimpeiro, ´´pagam nos becos´´, chamam
dois professores e são pagos em segredo, sem que os outros saibam. Primeiro é que o mundo está
moderno, salário é via banco e não em mãos, segundo é que pagar salário tem de ser conforme a lei geral
do trabalho. Terceiro é que os professores devem ganhar bem, e quando não ganham muito, pelo menos
devem receber seus salários a tempo e horas. As mais velhas dizem: o pouco, é nosso.

Outro facto bizarro e ridiculo que acontece frequentemente é o ´´roubo´´ do salário de Novembro
e Dezembro. Muitas instituições escolares não pagam aos professores o salário desses meses, é paradoxal
essa atitude, porque os estudantes pagam até o mês de Dezembro. Em Dezembro os professores
trabalham; exames, recursos, correcção e alaboração de provas é trabalho. Uma amiga minha, na altura
leccionando em um dos colégios mais antigos e famosos de Luanda3, apenas recebeu o salário do Mês
de Novembro porque se dirigiu ao gabinete do director geral e proferiu algumas palavras duras, naquele
ano muitos docentes daquele Colégio ficaram sem o Novembro.

Acho que a direcção dessas instituições acham que ainda estamos no tempo da escravatura, onde
era permitido explorar qualquer um, eles esquecem-se que existe uma Lei Geral do Trabalho e que existe
tribunais, eles esquecem que professores são individuos formados, licenciados. NÃO, ELES NÃO
ESQUECEM...OS DOCENTES É QUEM PERMITEM QUE ELES SE ESQUEÇAM.

Eu penso que, como docente, não trabalho de ´´faz favor´´, consigo o emprego porque sou
competente, chego cedo, falto pouco, cumpro o expediente, alcanço as metas e objectivos traçados, eu
faço a minha parte, então não preciso pedir favor ou suplicar pelo salário, porque o salário é um direito
meu, conquistado com o meu trabalho muito bem feito, portanto, não tenho de pedir coisa alguma, devo
é exigir que me paguem atempadamente.

3
Prefiro não mencionar o nome da instituição nem o da profesora em causa.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Infelizmente o medo e, verdade seja dita, a cobardia e hipocrisia de alguns docentes dão asas para
que isto continue acontecendo, medo de perder o emprego, cobardia porque nem sequer coragem de
exigir o que lhes é merecido eles têm. Hoje em dia temos centenas de jovens advogados, amigos, primos
e vizinhos, então porquê não começar a mostrar para esses senhores que professores merecem respeito,
respeito é condições de trabalho e dinheiro na conta bancária a tempo e hora.

Meu Colega de universidade e amigo4, um rebelde crónico (como eu), trabalhou no ´´Colégio da
Tia´´ em 2018, logo no primeiro ano como funcionário liderou um movimento de pressão a direcção
que, apesar de não resolverem todos problemas, fez com que a direcção passasse a respeitar o corpo
docente. Às vezes, o importante é respeito, a direcção não pode ver os professores como pedintes ou
mendigos, o salário não pode atrasar 2 ou 3 meses sem nenhum esclarecimento da direcção da escola.
Quando alguns Professores juntam-se para reclamação (direito consagrado na Lei Geral do Trabalho), a
direcção deve recebe-los e trata-los com dignidade e não como um bando de forasteiros mortos de fome.

Outra questão que precisamos abordar é a dos docentes que estão sempre desisitindo ou evitando
aderir a reclamações. Numa instituição de ensino, em um único ano lectivo fez-me mais de 6 tentativas
de greve/manifestação, nunca deu certo, porque algumas pessoas sempre desistiam, medo no olhar,
cobardia nas atitudes. Ninguém precisava temer, era apenas uma reivindicação dos Direitos deles, se a
direcção demitir um docente porque reclamou salário, seria despedimento sem justa causa, então,
garimpeiros, nada a temer, valorizem o vosso estudo. Nessa mesma instituição, em pleno dia 21 de
Dezembro não tinham ainda pago os salários do mês de Outubro e Novembro, depois de muita pressão
dos professores a direcção da Escola sugeriu pagar o mês de Outubro mas só a metade do salário. Eles
deviam Outubro e Novembro, já estavam no final de Dezembro e diziam que só podiam pagar metade
do salário de Outubro, sendo que os estudantes pagaram até Dezembro, e tem mais, naquele dia haveria
uma festa de arrumba na instituição, em outras palavras estavam a chamar os professores de miseráveis.
Docentes com dignidade recusaram a ´´esmola´´, mas por incrivel que pareça quase todos aceitaram essa
humilhação, dìvida de 3 meses e só recebem metade de um desses meses, cientes que o resto da divida
seria pago só no ano lectivo seguinte e depois de mais lutas. É triste, tão jovens e já tolerando serem
pisoteados, se formaram para quê? Cadê o respeito que eles próprios deveriam ter pelos anos todos de
formação? Se eles próprios não se respeitam como esperam ser valorizados pelos donos de colégios.
Tanta humilhação por quase nada.

Cabe a nós docentes, mudar esse quadro, a culpa não é só de quem explora, é também de quem
deixa-se explorar pelos outros. Conheço um professor que lecciona na mesma instituição a mais de 10
anos, sempre a reclamar pelos corredores, nunca vai ter directamente com a direcção, sempre dizendo
que vai sair, nunca sai, assim jamais será valorizado, assim não vai crescer profissionalmente, e é o
mesmo docente que vai às redes sociais reclamar questões salariais, virando piada dos estudantes. Por
vezes precisamos sair para que surjam novas oportunidades, ficar no mesmo lugar 10 anos permitindo
ser explorado não é uma ideia muito inteligente. O conhecimento é o produto mais valioso do século

4
Cardeal Mateus.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

XXI, precisamos aprender a vende-lo, mas antes, valorizar, nós devemos valorizar o nosso conhecimento
só depois é que os outros passarão a valorizar também.

É triste a forma como alguns professores são tratados, como desdém, com desprezo.

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DITAR
NÃO ÉUMA
BOA IDEIA
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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Na novela Juvenil Brasileira, Malhação, de 97, século XX, ambientando no colégio ´´Multipla
Escolha´´, vi várias vezes professores pedirem aos estudantes para abrirem as ´´apostilas´´ (fasciculos)
em determinada página e depois os professores se limitavam a explicar as matérias. Em 97, escolas
médias brasileiras já não perdiam tempo desnecessário com ditados e nós, em pleno século XXI, ainda
passamos a maior parte da aula ditando.

Temas há, que se forem ditados jamais serão terminados, pois, a explicação exige tempo, muito
tempo, aos invés de estarmos a ditar não seria mais prático e eficiente passar um fasciculo, que em casa
os estudantes poderão ler e, na sala aulas, discutir o conteúdo entre professor e estudantes e no final
apresentar dúvidas? Assim seria mais célere, deviamos ditar apenas o essencial. No ensino médio, não
é mais para reproduzir conhecimento, é para discutir ideias. Quando se dita, o estudante fica calado
recebendo monte de matérias durante 45 ou 90 minutos. Na maioria dos planos de aulas apresentado
pelos docentes reserva-se apenas 10 a 15 minutos para dúvidas e discussão de ideias, mas se queremos
mesmo formar pessoas que pensam, devemos usar a maior parte do tempo incitando-os a pensar, discutir
conceitos, ideias. Ditar de forma exagerada só ajuda o estudante acanhado a falar menos ainda, já o
debate dá a possibilidade de o estudante desenvolver a sua capacidade de reflexão rápida e coerente,
ajuda muito o estudante a desenvolver a sua oratória. Um estudante de direito (futuro advogado) ou
filosofia, a título de exemplo, precisam aguçar a oratória, a argumentação, o debate livre. A pedagogia
moderna abre margens para o debate na sala de aulas e já não aceita que o professor, com o seu livro ou
fasciculo, seja o detentor absoluto do conhecimento. Muita das vezes, o tal livro/caderno do professor é
usado há mais de 3 anos, do mesmo jeito, sem aumentar ou reduzir uma vírgula sequer, ou seja, ele passa
um conteúdo desactualizado.

É preciso falar mais, é preciso ouvir dos estudantes o que pensam, se focarmos apenas em ditar,
será impossivel criar ideias e conceitos novos, vamos acabar parados no tempo, a escola é para pensar e
avançar, não apenas para escrever tudo que os outros já pensaram.

Como docente, prefiro que meus estudantes tenham um fasciculo, para lerem em casa ou nas
bibliotecas, e eu, como professor, sabendo que eles já leram a aula do fasciculo, não vou-me limitar
naquilo que escrevi no fasciculo, serei então forçado a ir buscar ainda mais conhecimentos, postos na
sala de aula, alunos vão dizer o que aprenderam e quais são as suas dúvidas, vão apresentar sugestões e
criticas em relação ao tema lido, juntos, estudantes e professores, terão 45 minutos, uma aula inteira,
para ´´pensarem´´ sobre o tema. Pensar na verdade é a principal missão da escola, estimular pessoas a
pensarem de forma crítica e criativa. Escrever o que já existe é tarefa secundária, não deve ser prioridade.

O problema é que pensa-se que escrever na aula é o que mais interessa, o mais importante é
pensar, transformar esse pensamento em ideia objectiva, organizada em palavras, palavras que vão se
transformar em projectos, e estes serão concretizados, vão mudar a realidade do mundo. O estudo é
activo e não deve ser encarado de forma passiva, ou seja, o estudante vem, senta, escreve e vai embora
para casa: Assim isso é mesmo estudar? O que escreve-se na aula, hoje em dia pode ser encontrado nas
livrarias, bibiliotecas e internet, ao passo que o que o professor fala, aquela análise crítica, aquele tema

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

bem argumentado, não se encontra em qualquer lugar do mundo. A estudante5 que obteve melhores
notas na minha cadeira, Introdução ao Estudo do Direito, em 2018 e 2019, no primeiro e segundo ano
do IIº Ciclo, nunca escreveu na prova nenhuma linha do que eu ditava ou do que constava dos meus
materiais de apoio, e ainda assim, superou a todos, porque se preocupava com o mais importante: pensar,
aprender a pensar, a analisar de forma crítica e exaustiva. Escrever é secundário, e verdade seja dita, o
que se escreve nas nossas escolas não é melhor do que aquilo que o pai Google oferece, então vamos
parar de encher a cabeça dos estudantes com tanto conteúdo teórico.

Em 2018 tive uma experiência a respeito deste subtema que chamou minha atenção,
disponibilizei um fasciculo nas 10ª e 11ª Classe, ambas as turmas leram os materiais, e na sala de aulas,
me limitava a explicar, tirar dúvidas, debater com os estudantes e saber qual a posição deles em relação
ao tema, isso obrigava-os a lerem antes das aulas, obrigava-os a terem opiniões próprias e a
apresentarem-na nas aulas, e como docente, tive oportunidade de testar a capacidade de argumentação
dos meus estudantes, a maioria envolveu-se de verdade, foi bonito de se ver. Na 12ª decidi coloca-los a
prova, pedi que fizessem uma votação, entre fasciculo e ditado, a maioria votou em ditado, respeitei a
posição deles, mas fiz questão de dizer o que pensava: Absurdo. Resultado, foram ficando cada vez mais
relaxados, participação nas aulas bastante reduzida, comparando as semanas que usamos fasciculos e
aquelas do pós-fasciculo a diferença foi abismal, e assim, reforcei a ideia que já corroborava: Ditar é
fonte de preguiça, fasciculo motiva o estudante a ler, pensar, refletir, opinar. Mas a culpa não foi só dos
estudantes da 12ª, o problema é que a cultura de escola que lhes foi incutida nas classes anteriores
ensinou-os que ditar é melhor, pensamento bem refletido nas palavras de uma estudante: ´´Todos os
professores ditam, sempre ditaram, já nos habituamos assim´´. Alunos que lêem pouco a matéria, com
pouca capacidade de reflexão e análise, geralmente preferem que o professor dite a matéria. Estudantes
com uma base de conhecimento técnico e geral sólido, que têm o hábito de leitura e de partilhar ideias,
geralmente preferem ter um fasciculo. O mesmo ocorre com os docentes, professores com um dominio
absoluto da sua matéria e do mundo, sabem que ditar excessivamente não ajuda muito a desenvolver o
potencial intelectual dos estudantes ou deles próprios. Ditar de forma excessiva emburrece. É muita
passividade.

5
Sónia Mayembe, sala 6, 10ª e 11º, 2018 e 2019.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PROVAS
QUE NÃO
PROVAM
NADA

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

De todas as coisas que envolvem a escola, as provas são as mais falsas. A maioria dos estudantes
nunca tira 10v sozinho, na nota 10v tem 2v do colega de trás, 2v do colega da frente, 2v resultado da
cábula e apenas 4 valores fruto do que o estudante realmente estudou.

As provas são feitas em salas abarrotadas de estudantes, uns próximo aos outros, na sala apenas
um professor para vigia-los, professor este que, ao invés de fazer o seu trabalho devidamente, coloca-se
em conversa com os próprios estudantes, ficam na porta da sala conversando com outro professor e por
mais incrivel que pareça alguns professores, além de ensinar as respostas, ainda permite que os meninos
façam cábulas. É claro que essa prova não vai provar absolutamente nada.

As nossas escolas nunca estão preparadas para avaliação escrita, por isso sugiro o seguinte:

No dia da prova dividir a turma em três e coloca-los em diferentes salas, separar as carteiras, colocar
dois ou mais vigias, telefone desligado, conversa com o colega dá expulsão. Na verdade, todas essas
regras existem, mas os docentes não cumprem. Nas escolas onde trabalhei fiquei rotulado como o
´´professor que controla bwé´´, tanto que, quando eu fosse para uma sala, os estudantes fugiam para
outra, porque eu levo a sério as provas, não importa se é ou não é avaliação da minha cadeira, o rigor é
igual. Professores há que, quando não é avaliação da sua disciplina autorizam os estudantes a abrirem
caderno, falta de seriedade.

Numa das instituições onde leccionei, o director apenas aparecia para falar com os estudantes no
dia e hora da prova, os estudantes tinham de ficar divididos entre ouvir as piadas sem graça do director
e se concentrar na resposta das provas. É o mesmo director que no dia da prova, entrava na sala de aulas
e entre gritos e ameaças retirava da sala e no meio da prova estudantes que não tinham propinas
regularizadas. Conseguem imaginar o tumulto ou o quanto isso atrapalha o processo de avaliação?

As perguntas da prova, têm de ser mesmo peguntas de prova, o objectivo é ´´botar´´ o aluno para
pensar, é um teste, se quiser facilidades, desiste da escola.

Essas provas que os nossos estudantes fazem, não passam de uma pouca-vergonha. E as notas não
dizem absolutamente nada a respeito da capacidade do estudante. Os colégios geralmente estão filiados
a uma escola pública, e é de lá onde vêm as provas de exame, e sinceramente, é uma tremenda decepção.
Parece estar claro que os responsáveis pelo ensino não estão minimamente interessados em melhorar a
qualidade do ensino, não desafiam os estudantes a pensarem de jeito nemhum.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PROBLEMAS
NA FAMILIA
E
NO BOLETIM
DE NOTAS.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Alguns estudantes entendem que por terem problemas familiares, todos os docentes devem aprova-los,
ainda que não tenham a nota mínima exigida para tal.

Uma vez, um grupo de 3 estudantes, donas de casa, com filhos e marido, defendiam que eu devia
atribuir nota positiva a elas pelo facto de terem responsabilidades, disseram-me que não é fácil conciliar
familia e escola, marido e professor, apresentaram-me muitos problemas como justificativa. Olhei para
elas e disse: Existe várias formas para superar esse problema mas se não têm tempo, então desistam de
estudar. Imaginem uma estudante de medicina que anda sempre com problemas familiares, vai passar
de classe sem entender a matéria, terá um diploma, quando chegar ao hospital para trabalhar vai dizer o
quê aos pacientes, que não aprendeu a dar injecção porque tinha problemas familiares? E se for um
engenheiro de construção civil, vai dizer que não pode construir pontes porque tinha problemas
familiares no ano que ensinaram os principios básicos?

O professor não pode aprovar pessoas por pena ou caridade, ser profissional é fazer bem o seu
trabalho independente dos problemas com amigos, mulher ou vizinhos. Quando o professor reprova um
estudante nessas condições, está ensinar-lhe que a vida é dura e temos de aprender a superar-se, que não
devemos permitir que os nossos problemas de casa atrapalhem nossa vida académica ou laboral. Hoje,
todo e qualquer problema é motivo para o estudante não estar bem para um aula, prova ou defesa de
trabalho. É claro que temos de atenuar em alguns casos excepcionais, se o estudante rendeu no primeiro
trimestre e no segundo baixou porque teve problemas familiares, podemos dar uma oportunidade,
excepcionalmente, e nunca como regra.

Das três estudantes que conversaram comigo a respeito, aprovei uma porque esforçou-se muito, as
outras foram reprovadas, porque elas não rendaram o ano lectivo completo, se de Fevereiro a Novembro
não superaram problemas, então porquê estudar? Ou aprendam a conviver com problemas ou desistam,
não posso aprovar estudante só porque cuida de filhos e maridos. É justamente por causa do filho que
ela não deveria exigir/pedir facilidades. E tem graça que, alguns meses depois, deparei-me com uma
dessas estudantes, fazendo exercícios físicos, com pernas e todo corpo bem estruturado, para ter um
corpo como aquele, exige-se muito tempo de ginásio, ou seja, tempo para cuidar da aparência física tem,
mas para ler 10 páginas do conteúdo da minha cadeira não tem e ainda tenho mesmo de aprova-la? Não
é assim que funciona. Construir uma sociedade nova não é assim.

Na universidade, quando passei para o periodo noturno, tive colegas que com os seus cerca ou mais
de 50 anos de idade, saiam 4h da manhã, iam ao trabalho, às 15h saiam do trabalho, suportavam um
congestionamento tremendo para chegar até a Universidade, eram mães com mais de 5 filhos, tinham
afilhados, marido, netos, participavam de actividades na Igreja, trabalho, bairro, pedidos e casamentos na
familia, essas senhoras tinham uma vida cinco ou seis vezes mais recheadas do que das minhas estudantes,
mas nem por isso viveram de reclamações, se esforçaram e hoje são licenciadas. As opções são duas: 1 - ou
estuda, 2- ou estuda

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

APTO OU
NÃO APTO?

ESSE REPROVA,
AQUELE NÃO!

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Determinar quem transita e quem reprova é fácil, bastava olharmos para o que os estudantes
produziram ao longo do ano lectivo, devidamente registado nas provas e mini-pautas, mas essa missão
torna-se bem dificil quando, movidos por interesses estranhos, alguns professores atribuem (inventam)
notas para estudantes que deviam estar ´´não apto´´.

Professores ajudam estudantes porque: São óptimos estudantes mas a prova correu-lhe mal, porque
são disciplinados e presentes, porque pagaram dinheiro ou envolveram-se intimamente. O triste é que,
de um tempo a esta parte, os professores estão mais interessados em ´´fazer passar´´ por motivos
obscuros, os estudantes tomam conhecimento e ficam preguiçosos, porque sabem que o Professor
sicrano ou fulano aceita dinheiro no fim do ano lectivo.

Participei de alguns conselhos de notas no qual, os docentes só vinham em defesa das raparigas,
nem sequer tinham a decência de fingir, assumiam abertamente que estavam a ajuda-las em troca de
sexo, os outros docentes achavam normal, que paìs queremos construir com professores que pedem aos
colegas para dar nota positiva a uma estudante porque dormiu ou quer dormir com a mesma? Amanhã
que histórias contaremos aos nossos filhos, que fomos professores integros e coerentes ou que fomos
uma vergonha de docentes? Que lembranças os estudantes terão de nós no futuro?

Outro grande problema da reprovação tem que ver com o interesse financeiro das instituições
privadas. Nos colégios não se pode reprovar mais de 5 alunos. Se a turma tiver 50 estudantes, não importa
quantos estejam mal, nunca reprova mais de 5. Eles dizem que se reprovarem muitos, os estudantes vão
fugir, irão para outro colégio, e assim acabam aprovando estudantes sem minimas condições de passar
para a classe seguinte. Tive estudante na 10ª que nem escrevia bem o próprio nome, na 12ª estudante
erra 13 palavras num texto que contém 15. Estudantes que estudam determinada disciplina há mais de 2
anos mas nem sequer sabem o conceito. Estudante incapaz de apresentar um trabalho na frente da turma
e defender seu ponto de vista. Estudantes que nem sabem o porquê que estudam. Esses estudantes
parecem ´´irreprováveis´´, basta pagarem as propinas já está garantido. Acho que os colégios devem
procurar mudar a sua maneira de tratar esse assunto, estamos a mutilar uma geração inteira que daria
bons frutos no futuro. Estamos a ensinar aos nossos jovens que estudando ou não, estarão aptos. Sou de
opinião que não deveria existir ´´pedidos especiais´´, estudante que não rendeu, não transita mesmo, se
é sobrinha ou prima do professor, amigo, namorada ou vizinho, isso não deve jamais influenciar nas
notas. Ninguém deve solicitar ao professor para ajudar este ou aquele estudante. É chato, é triste, é
catastrófico.

A reforma do ensino tem culpa no cartório, criou as ditas classes de transição onde todo e
qualquer estudante passa, mas isso - desculpem o palavrão - é uma merda, prontos, falei, a reforma é
uma merda. Em 2015, 2016 e 2017 dei aulas num Projecto solidário para estudantes do ensino primário
e Iº ciclo, a maioria deles não sabia ler e escrevia muito mal, não conheciam grámatica, nem um minimo
de história ou geografia de Angola, não sabiam quase nada de cultura geral. Antes, na segunda ou terceira
classe aprendia-se a ler, todos já sabiam que quarta classe era duro, ninguém passava para quinta sem
dominio da leitura e interpretação do texto, hoje isso ficou para história, os meninos sabem que
estudando ou não vão para a classe seguinte. Essa educaçao é de faz de contas, é falsa, é uma pedagogia

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

da vergonha, com docentes que importam-se com tudo, menos com o desenvolvimento intelectual dos
seus estudantes

Era para atribuirmos a cada um o que lhe é devido. Era para valorizarmos as pessoas em função
do mérito próprio, tanta gente passando sem mérito e essa mentalidade é arrastada para fora da escola,
em casa, no trabalho. Por isso é que vimos tantos profissionais desqualificados exindo salários altos,
posição de chefia e outros benefícios mesmo não tendo mérito para tal. As pessoas passaram a achar
normal não trabalhar e ganhar, trabalhar pouco e ganhar muito, não pesquisar ou escrever e ainda ser
considerado Doctor, mestre, académico, autor, escritor, as pessoas na nossa sociedade querem tudo sem
dar nada. Querem troféus sem suar a camisola no relvado. A escola deve ser o primeiro lugar para os
jovens estudantes entender que para chegar lá é preciso foco, dedicação, coragem e justiça.

Devo dizer que, ao contrário dos colégios, as escolas técnicas e públicas do ensino médio reprovam
mesmo, antes eu achava que eles faziam isso de forma abusiva, mas não, os estudantes vêm crú, as
classes de transição incutem na cabeça deles que reprovar é impossivel, relaxam, ficam preguiçosos e
quando dão por si, estão reprovados no fim do ano. Os estudantes têm a mania de procurar culpados,
mas esquecem-se de si mesmos, do que eles poderiam ter feito, do quanto deviam se esforçar, dos
trabalhos não defendidos, das leituras não feitas, dos atrasos incontáveis. Tem casos de estudante que
quando reprova, não importa quem ele acusa, deve ser sempre o principal suspeito, até prova em
contrário a culpa é dele, como dizia a minha professora6 de Civil ´´in dúbio pro professor´´7.

6
Mestre Eli (zandra).
7
Em alusão ao brocardo latino ´´in dúbio pro réu´´, ou seja, em caso de dúvida o Juiz deve decidir a favor do réu.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

PROFESSORES
NAS

REDES SOCIAIS

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Hoje por hoje, é impossível pensarmos o mundo e as relações humanas sem a internet, sem as redes
sociais. Antigamente víamos os nossos professores na escola, os pensamentos deles, palavras, atitudes,
todas as memórias que envolviam os nossos professores eram somente as do recinto escolar.

Mas hoje o mundo mudou, através das redes sociais temos acesso a vídeos, dezenas de imagens e
frases que nossos professores publicam diariamente, sua família, casa, carros, amigos é fácil saber mais
sobre a vida privada e profissional dos professores.

Porém, uma pergunta não se quer calar: Como deve ser a relação professor-aluno nas redes sociais?
E mais uma: Qual deve ser a postura do professor nas redes sociais? O professor nas redes ainda é
professor ou deve ser visto e tratado apenas como mais um usuário?

Professor, a tua postura nas redes sociais, o que tu publicas ou partilhas pode ajudar-te a crescer
mais como académico ou a seres muito desrespeitado pelos estudantes. Pode-te ajudar a valorizar mais
a tua marca, a tua imagem perante a sociedade, a conseguires novos empregos ou a perderes o que já
conquistaste. A postura do professor nas redes pode-lhe render convites para seminários, palestras,
cursos e parcerias.

Alguns docentes ainda acham que quando saiem da escola o comportamento deles não importa,
porque dali em diante já não são professores, isso não é verdade, a sociedade ainda espera que os
professores sejam um exemplo ético-moral até mesmo nas redes sociais. O que adianta o professor falar
de ética e boas maneiras na sala de aulas se nas redes sociais publica disparates, obscenidades,
futilidades, fotos com bebidas alcoólicas nas mãos. Os encarregados também não esperam isso de
alguém com quem eles estão a contar para educar seus filhos.

Tu não estás sozinho nas redes, as pessoas observam-te, como professor tua missão é ensinar,
educar, ser um exemplo, para que isso seja possível tenta fazer publicações adequadas, pode não ser
sobre a disciplina que lecionas, pode não ser um conteúdo académico, o importante é que não seja
também aquelas futilidades que não vai acrescentar nada na tua vida ou na vida dos outros. Evita Fotos
semi-nu, partilha de nudez, saia de grupos de ´´obscenidades´´ e não entre em nenhum sem antes
investigares do que se trata, não caia em qualquer febre ou polémicas da net.

Sobre a relação com os estudantes, se será mais benéfica ou mais prejudicial, tudo vai depender de
como o professor vai direccionar esta interação. Primeiro, deixa que seja o estudante a fazer o pedido de
amizade ao professor, porque nem todos jovens sentem-se confortáveis tendo seus professores vendo as
suas publicações e partilhas, pelo mesmo motivo que alguns bloqueam os pais. Se o estudante interessar-
se por uma interação com o professor vai dar iniciativa, tanto ao solicitar o pedido de amizade como
enviando mensagens.

O que conversar? Tudo vai depender do grau de intimidade que já têm no mundo real, se além de
professor também tens desempenhado papel de conselheiro, orientador, irmão mais velho, é óbvio que
não tem problemas de continuar a dar aquele suporte através da rede social. Porém, a prioridade deve
ser sempre conversas construtivas para a vida académica e social do estudante. Se for um estudante

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

tímido, que não fala muito na aula, aproveite a rede social para que ele ou ela conheça o seu outro lado
e esteja mais a vontade nos dias de aula. Caso um estudante peça conselhos sobre a vida pessoal, ajude.

As turmas são geralmente muito lotadas, então apoveite conhecer os estudantes a partir da rede
social em que são amigos, principalmente aqueles estudantes que não destacam-se, que não sentem-se a
vontade para falar em público. Aquele estudante indisciplinado podes cativa-lo a partir das redes sociais,
se terem uma interação salutar nas redes, na sala de aulas esse estudante vai melhorar o seu
comportamento.

Evite fotos que podem viralizar como memes e te tornar vítima de bulling na internet. Não faça
publicações com muitos erros ortográficos. Publique conteúdos relevantes, que além de ti, também vai
ajudar os estudantes na vida académica. Professor, a tua vida pessoal, é mesmo pessoal, os estudantes
não precisam e nem querem saber, então pode parar de exibir-se.

Crie grupos para interagir com estudantes, dar explicações, fornecer conteúdos, disponibilizar
livros, receber dúvidas dos estudantes. Não seja um professor metido, que quer comentar tudo que os
estudantes publicam; nas fotos, vídeos, memes, piadas, brigas. Não te metas na vida ´´facebookiana´´ do
seu estudante a não ser que sejas convidado ou que seu comentário possa ajudar de alguma forma.
Escolha bem a publicação que deves comentar, de preferência naquelas que tenha teor académico ou
social relevante.

Use teu perfil para divulgar suas teorias, publicar eventos, participar de palestras e workshops, use
facebook, instagram e whatsapp para fortalecer teu status e não para te vulgarizares e seres banalizado
pelos seus estudantes.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

ESTUDANTES

NAS
REDES
SOCIAIS

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Ao contrário da sala de aulas onde existe uma infinidade de regras a serem obedecidas, as redes
sociais, na óptica dos estudantes, é considerada a terra de ninguém, onde tudo é permitido, cada um é
dono de si e nenhum professor poderá proibir alguma coisa. Sim, é difícil para os pais, quanto mais para
os professores, regularem comportamento dos estudantes nas redes.

As redes sociais dão acesso directo dos estudantes aos professores, mas os estudantes de hoje
simplesmente disperdiçam essa grande oportunidade que os estudantes do passado não tiveram.
Antigamente, contactar um professor fora da escola era um festival de ida e vindas, era muito difícil
sentar com o professor para conversar, as redes sociais vieram facilitar, mas os estudantes não querem
saber.

A dica que posso dar aos estudantes é:

Aproveitem as redes sociais para estreitar laços com o professor. Se interagirem muito nas redes,
na sala de aulas o docente vai-lhe prestar mais atenção. Faça perguntas sobre a matéria, pergunta sobre a
saúde do professor, demonstra interesse em saber mais sobre os conteúdos e projectos da disciplina. Mesmo
no final do ano, no conselho de notas, o professor vai lembrar de ti como aquele estudante que sempre
expõe dúvidas, avaliação continua conta.

Na universidade, fui dispensado de uma prova oral em função dos inúmeros pareceres jurídicos que
apresentei no facebook. É através da internet que chamei atenção do professor mais rigoroso da minha
faculdade, devido as minhas publicações notou que realmente entendi a matéria e acabei dispensado com
15 valores, numa cadeira que chegar a 10v era como pisar o solo lunar, de realçar que os tais 15 valores
não ofertaram-me, apenas tive chance de mostrar o meu verdadeiro potencial académico de um jeito
diferente.

Vocês podem usar as redes sociais como a continuação da aula, ganhar pontos lá, tem professor como o
Gonga que valoriza o que tu fazes em prol da ciência nas redes, na comunidade.

Outra dica: Seja um divulgador de conteúdos académicos. É isso, se usares o teu perfil para partilhar,
ensinar e aprender, a comunidade virtual vai-te respeitar mais, poderás conseguir estágios, emprego. Os
teus professores que também estão nas redes, vão olhar para ti de outra forma.

Lembro-me que, ainda na facudade, tinha problemas sérios na área administrativa, meu problema foi
resolvido por alguém com quem eu não tinha uma amizade pessoalmente, porém, era um apreciador das
minhas publicações jurídicas e sociais.

Dei aulas a um estudante super talentoso, bem-humorado, educado e inteligente, mas eu não conhecia
essas qualidades dele mesmo sendo meu estudante por meses. Eu tentava e nunca conseguia penetrar no
mundo dele, fizemos amizade no facebook e depois nos ligados no whatsapp, descobri nele um ser humano
incrível. Ele, acabou conhecendo o lado humano do professor, hoje temos o cuidado de falarmos sempre

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

que possível através de áudios e texto. Contei isso para mostrar que as redes sociais deviam ser aproveitadas
pelos estudantes para mostrarem o seu melhor lado ao professor e ao mundo.

Não adianta pensar que vocês deixam de ser vocês quando estão nas redes sociais. O vosso perfil é
continuação da vossa personalidade, por isso existem crimes cyberneticos (cometes no mundo virtual,
porém, pagas numa prisão de verdade).

Sugiro que criem grupos de estudos virtuais para maior partilha de conhecimento, como fez a
estudante Florinda Salles criando o Grupo ´´Direito curso da minha vida´´. No facebook tem muitas
páginas interessantes para estudantes. Sugiro que façam publicações para vocês mostrarem o vosso melhor
lado. O vosso melhor lado não são aquelas fotos obscenas, mostrando tudo e mais alguma coisa. O vosso
melhor lado não são os memes, piadas e conteúdos que não ajudam em nada na vossa imagem como
estudantes, como irmã da Igreja, como noiva, esposa, como filha. Definitivamente vosso melhor lado não
é esse.

Se porventura o professor precisar contactar alguém para um projecto académico, como escrever um
livro, colóquio ou palestras, vai convidar alguém com uma imagem pública boa, não aquele estudante que
so publica futilidades.

Costumo dizer que opinião e conta no facebook cada um tem a sua e usa como quiser. Mas um conselho
cai sempre bem: aproveitem o lado bom das redes, usem as redes sociais para ganharem pontos na escola e
na sociedade, não esteja no ´´face´´ ou no ´´whatts´´ apenas para exibir o que ninguém quer ver, falar de
coisas que ninguém quer ouvir, de pessoas assim o mundo já está cheio e farto. Seja e faça a diferença que
o mundo precisa.

Vocês podem transformar-se em alguma coisa, em qualquer coisa a partir das redes sociais. O que
queres ser? Como queres que o mundo lhe veja?

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

ASSASSINOS
DO
ENSINO

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Estamos a matar a educação, sim isso é um facto, mas quem especificamente tem contribuído para
tal? Embora já esteja claro quem tem sacrificado a qualidade da educação em detrimento dos próprios
interesses, achamos por bem listar aqui, de forma resumida, os assassinos mais comuns do nosso ensino:

1 – Encarregados de educação: Não sabem mais qual é o seu papel na vida do seu educando.
Raramente aparecem na escola, quando são chamados, enviam representante, muita das vezes da idade
do próprio educando.

Eles não têm a mínima ideia de como o filho comporta-se na escola, com a pandemia, muitos
encarregados, auxiliando os filhos nas aulas on-line e tele-aulas, perceberam quão difícil tem sido o
trabalho dos docentes.
A despeito do comportamento inadequado dos educandos, ainda aparecem na escola com intenção
de ameaçar professores porque o seu educando fez queixinhas ou para corrompe-lo porque o seu
educando se deu conta que está a beira do precipício (reprovação).

É triste o facto de, quase nunca, aparecerem voluntariamente na escola. Até aos sábados não têm
tempo para reuniões. Eles matam a qualidade do ensino a partir do momento que não fazem o seu papel
no processo de ensino-aprendizagem. E o papel deles não é apenas comprar materiais e pagar propinas,
vai muito além disso.
Os encarregados de educação, não costumam ter problemas de enviar recado aos professores
alegando falta de tempo para conversar com a pessoa que passa horas, dias, meses e anos ensinando o
seu filho. Não tem sequer noção se o filho passa os dias recebendo ensinamento de um psicopta ou
pervertido. Se não tivessem tempo apenas uma vez, seria compreensível, mais eles não estão disponíveis
para atender as necessidades educacionais dos filhos o ano lectivo inteiro.

2 – Estudantes desleixados: Esses reclamam sempre dos professores, para esses estudantes a culpa
nunca é deles. Mas a verdade é que milhares de estudantes não dão sequer o mínimo para seu próprio
crescimento académico.

Chegam muito atrasados. Lembro-me de dar aulas numa instituição no período da tarde, e em dois
anos, nunca encontrei 10 estudantes na sala de aulas no primeiro tempo. Era frequente eu, enquanto
docente, estar sozinho na sala, na hora do início das aulas.

Estranho também é o facto dos estudantes finalistas do ensino médio nunca terem frequentado uma
biblioteca. Aparecem na defesa do trabalho sem terem lido o tal trabalho, e pasmem, algumas vezes nem
sequer sabiam o tema do próprio trabalho. Apenas revisam a matéria na semana de provas, fazem cábulas
constantemente, não participam em grupos de estudo. Tem graça que todo conhecimento hoje em dia
está na internet. Estudantes vivem na internet, baixam músicas e filmes, porém, nunca mostram
disposição para conteúdos académicos. Estudantes desleixados são dos maiores assassinos do ensino.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Eles saem de casa para a escola, mas sem intenção de estudar, os famosos turistas. Desculpa a
sinceridade, mas preciso vos dizer: Vocês são assassinos do ensino.

3 - Professores despreparados: Vamos englobar aqui aqueles que não preparam a aula
antecipadamente, os que não têm conhecimento e domínio da disciplina que leccionam e os que não
sabem quase nada de didáctica.

Devido ao desemprego, muitos acabam contratando amigos para ocupar vagas, mesmo cientes que
não têm conhecimento suficiente para serem chamados de professor daquela cadeira, e acontece aquela
chatice de o professor leccionar química, porém, entende apenas Biologia, por essa razão acabam
aparecendo na aula com tantas dúvidas quanto os estudantes, ao invés de esclarecedor, o próprio
professor torna-se complicador. Devo dizer que, alguns professores enfrentam este desafio e conseguem
surpreender pela positiva e, passado alguns anos, acabam sendo expert na área. O conselho para quem
lecciona uma disciplina na qual não formou-se ou que ainda não domina é: busque actualizações
constantes, participa de workshops, palestras, formações, treinamentos e cursos de qualidade, compre
muitos livros e mantenha-se ligado a internet para poderes estar por dentro da disciplina que leccionas.
Outra dica valiosa é interagires com pessoas que leccionam a mesma disciplina há mais tempo, não
tenhas vergonha de perguntar o que não sabes. Se fazeres tudo isso, em alguns meses, dependendo do
teu empenho, poderás ser um professor com bases sólidas e conteúdo. Ou estude para estar preparado
ou desista para não passar vergonha na frente dos estudantes, manchar o teu bom curriculum, sujar teu
cadastro.

Outro grande problema é a falta de didáctica. Não basta saber, é preciso saber ensinar. Nem todos
podem leccionar, independente de terem muito conhecimento sobre a matéria, pedagogia/didáctica é
ciência, existem técnicas para se ensinar, o curso de pedagogia de duas semanas naqueles centros não
capacita ninguém para dar aulas, até porque a maioria é 100% teórico. Precisamos ser honestos connosco
e principalmente com os estudantes, se não estamos capacitados para leccionar convém deixar o lugar
para quem sabe. Compreendo que precisamos de ganhar algum dinheiro, mas a educação não deve ser
encarado como ´´biscates´´, igual concerto de telefone, todos consideram-se mestres, isso é ´´pecado
académico´´ meus senhores.
Alguns professores chegam sempre em cima do tempo, suados, empoeirados, por vezes sujos, tantas
folhas misturadas, procura listas, conteúdo, não sabe em que lição parou, enfim, uma trapalhada. Na
hora de ensinar, mostra insegurança, ou seja, ele não preparou a aula, não tem planos de aula. São esses
docentes que fazem falar mal de todos. Ser professor vai muito além de estar em pé numa sala e falar,
falar e falar mais. Já tive professores que passavam a maior parte do tempo falando de si mesmo, quando
no fundo o objectivo sempre foi ensinar.

Parafraseando o Dr. Filpe Zau: ´´…esses são os kimbadeiros da educação, não sabem o que fazem,
só advinham…´´.

4 – Professores ´´antiquados´´: Alguns professores pararam no tempo. Recusam-se a aplicar a


tecnologia em benefício do ensino. É comum o professor orientar trabalhos e dizer aos estudantes:

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

´´Ninguém vai a internet pesquisar´´. Mas afinal, qual é o problema de buscar matéria na net? Lá tem
muito conteúdo bom, será que esses docentes nunca ouviram falar de E-book? Nunca ouviram falar de
EaD? São muitas as instituições que ensinam a distância, que disponilizam conteúdo via internet. Fazer
Copy/Past não pode, isso não concordo também. Porém, tem aulas como as de D.E.S e Informática que
sinceramente flui melhor quando os estudantes têm aparelhos na mão com acesso a Internet. Podemos
usar a net como aliado e não como inimigo.

Professores antiquados são aqueles desactualizados, que retiram o conteúdo da disciplina no


caderno dele do tempo de estudante. Já passaram-se 5 ou 10 anos e ele continua lecionando as mesmas
coisas, como se o mundo não tivesse mudado. Se queremos chamar atenção dos miúdos para as aulas,
vamos faze-lo não com ferramentas do tempo dos nossos avôs, mas da era dos nossos filhos. Ou usamos
a tecnologia deles (dos jovens estudantes) para ensina-los nossas teorias ou simplesmente vamos passar
a vida reclamando de distracções e falta de interesse da parte dos estudantes.

O conselho é: Professor actualiza-te, acorda, desperta para o novo, para o moderno. Ou abraçamos
as tecnologias ou seremos ultrapassados. Meu colega, amigo e advogado Cardeal Mateus não cansa de
dizer: ´´O progresso é inevitável´´.

5 – Professores corruptos e assediadores: Já abordamos o suficiente a respeito disto, porém, fica


a questão: E se sua filha fosse vitima de assédio por parte do Professor? Como pai, qual seria a sua
reacção? O que não gostas que lhe façam, não faça aos outros.

Assédio e corrupção não cria danos apenas no sistema de ensino, deixa também sequelas no carácter
e personalidade das vítimas. Para uns a experiência chega a ser dramática/traumática.

6 – Directores de escola/colégio: Nas escolas públicas estão muito preocupados em apresentar


dados ao ministério, ignoram as reais necessidades da escola, dos professores e estudantes. Funcionam
quase de forma mecânica, são anti-inovação, contra tudo que não vem de ´´cima´´, vivem pelas ordens
superiores quando devia ser pelo ensino.

Os directores de escolas particulares (colégios e complexos) têm muitos ´´pecados´´, focam-se


muito no negócio e deixam a questão pedagógica a mercê da sua própria sorte. Contratam professores
sem nenhum critério qualitativo, toleram atitudes inadequados no recinto escolar, encobrimento de
assédio e corrupção, e nalguns casos, participam destes escândalos. Priorizam as suas necessidades
materiais e financeiras, ignorando a dos professores que também são chefes de família.
Alguns directores de colégios, ainda não entenderam que lecionar é trabalho, é emprego, eles não
entendem que professores são professores e portanto merecem todo respeito. Tratam muito mal os
professores além de não oferecerem condições de trabalho dignas, pagam mal e ainda agem de forma
inapropriada quando os docentes tentam conversar sobre salário, direitos laborais e outros tópicos afins.
Rotulam alguns docentes como indisciplinados, não disponibilizam contratos de trabalho. Alguns
chegam ao ponto de chamar ´´nomes feios´´ aos docentes, gritar com eles na frente dos estudantes,
rebaixa-los. ´´cala boca´´´+ ´´vai a merda´´ + ´tu és muito burro´´: acreditem ou não, já presenciei cenas
onde o director proferiu essas expressões contra um colega professor.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Como evitar ser tratado dessa forma? Auto-valorização é o segredo. Nunca fui destratado por
nenhum coordenador, pedagógico, director ou dono de colégio, porque sempre deixei claro que o salário
que me pagam, está longe, muito longe, de comprar minha dignidade. Basta deixar isso claro desde o
primeiro dia que começares a leccionar naquela instituição e terás o respeito dos seus superiores.

7 – Ministério da Educação: Seria injusto se não colocássemos nessa lista o nosso ministério, eles
estão no topo dos principais assassinos do ensino. Concursos públicos desorganizados, compra de vagas,
provas para ingresso sem fiscalização, pessoas que nem fizeram prova entram no ministério, indivíduos
formados em Direito são postos a leccionar química, licenciados em física leccionando no ensino
primário, formados pelo magistério leccionando no último ano do médio; é tanta confusão.

Há muita coisa a ser dita sobre este Ministério, tenho apenas três recados: Reformem a reforma o
mais rápido possível; Parem de mutilar a minha geração com estes conteúdos dos manuais totalmente
desactualizados e descontextualizado; Sejam sérios, educação é mesmo para ser levada a sério.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

UMA BREVE HISTÓRIA


SOBRE OS MELHORES
ESTUDANTES DO MUNDO:

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

Este capítulo é uma singela homenagem para os melhores estudantes do mundo, os meus estudantes
dos anos 2018 e 2019.
Trabalhei com eles 2 anos na cadeira de Introdução ao Estudo do Direito. No Iº, IIº e último ano do
ensino médio, nunca haviam estudado Direito de facto, e portanto, tinha mil e uma dúvidas sobre a
disciplina, muitos conceitos errados. A maioria não acreditava na justiça em Angola, no direito. Eles
tinham aquela ideia de que para os pobres a justiça nunca seria feita.

Como todo estudante angolano, vieram com diversas lacunas académicas e na questão da postura
adequada enquanto estudantes. A cultura de escola deles também não era das melhores. Comecei a ficar
encantado com eles muito rapidamente, em cada aula, colocavam 25, 30 ou mais questões, me apaixonei
por eles.
Mas o que os torna especiais é o facto de eles acreditarem em si mesmo, no professor e na cadeira.
Mais do que isso, eles acreditaram que podiam superar-se, acreditaram que podiam mudar alguma coisa,
são apenas jovens, pré-jovens e vários adolescentes, mas tiveram a ousadia de acreditar que podiam
melhorar o meio que os rodeava, o paìs, o mundo. Eles inspiraram colegas de outros cursos, de outras
escolas, vizinhos e familiares, professores e direcção. Lembro-me de, juntos, cunharmos o termo
´´aventuras académicas´´, muitas coisas que as instituições do ensino médio deveriam ter feito e não
fazem, realizamos graças a garra, o suor e a coragem desses estudantes.
São vivas na minha memória os dias que estivemos com eles em diferentes partes de Luanda para
doar bens a meninos de rua e lar de deficientes físicos, realizamos tribunais simulados, nos quais eles
envolveram-se tanto, tanto que vi neles o ideal de juristas e professores que Angola precisa para um
futuro próximo. Não aceitam a injustiça de forma passiva, são rebeldes, no bom sentido da palavra, como
Ghandhi, Mandela, Luther King, Luthero, Luaty.

Sendo um professor muito exigente, as vezes levo os estudantes ao limite para alcançarem o máximo
do seu potencial, não sendo por isso, para alguns, fácil lidar, mas eles compreenderam muito rápido o
porquê do Professor Gonga ser tão exigente, eles nunca olharam para isso como chatice, mas como uma
forma de fazerem o seu melhor, e fizeram. Após um ano de bases, fundamentos e experimentos dentro
e fora da sala de aulas, chorei de emoção no dia 10 Julho de 2019, após a bela performance dos estudante
(acusação e defesa) no tribunal simulado. Chorei de alegria, e eu nem chorava a uns 5 anos, por nada.
Mas naquele dia, eu vi o resultado do trabalho de um ano e meio, trabalho intensivo, mas sem abdicarmos
da delicadeza que o processo ensino-aprendizagem exige, foi um sentimento de cumprimento do dever,
já participei e assisti diversos tribunais simulados de estudantes universitários, e essa turma não deixou
nada a desejar. Realizamos mais tribunais simulados, palestras, Chá-Juridico, acompanhamos audiências
no tribunal dona Ana Joaquina, fomos a museus. Todas essas actividades académicas e extras, jurídicas
e solidárias, criaram bases sólidas no ´´edificio´´ que estávamos construindo na vida académica dos mais
novos.
Na disciplina de Desenvolvimento Económico e Social perguntei aos estudantes porquê passarem a
vida reclamando do governo se cada um de nós é um agente de mudança social e os desafiei a criar um
projecto que ajudasse as pessoas que precisassem mais do que eles. Naquela mesma aula uma das
estudantes (Elsa Graciano) mostrou-nos a publicação de um centro para deficientes que solicitavam

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

apoio, telefonamos no mesmo instante a pedir mais informações. E assim nasceu O PROJECTO
ESCOLA SOLIDÁRIA: Estudantes de diferentes níveis e escolas fazem doações para ajudar. Passamos
em diversas instituições de ensino e juntamos uma quantidade considerável de bens e alimentos que
doamos naquele Lar que acolhe deficientes físicos (no cacuaco), outro que acolhe crianças dependentes
químicos (em Viana), também realizamos o MATABICHO SOLIDÁRIO com os meninos de rua do
1º de Maio, outra parte dos donativos ofertamos a um Grupo coral da Igreja metodista que fez a entrega
na província do Bengo. Este projecto foi um trabalho extra-escolar, deu trabalho, mais moldou a
consciência deles, eles fizeram acontecer, gostaria de destacar aqui os estudantes Evandro Cassungo que
na altura era o delegado da turma, Elisandra Gonçalves que foi a secretária, Tanilia Marina, Changani
Sungo, Arão Emilia que foi o capitão da equipa do Futebol solidário para angariação de fundos e Elsa
Graciano a nossa relações pública, fazendo sol ou chuva, de manhã, a tarde ou de noite, na cidade ou
nos musseques, com muita ou pouca saúde, ela esteve sempre ali, disponível para tornar possível o
PROJECTO ESCOLA SOLIDÁRIA, mostrando um sentido de humanidade além do normal.

O resultado dessas dinâmicas ficou notável no seio familiar e comunidade onde estes jovens estão
inseridos. E a ideia do ensino é essa: impactar. Eles são os melhores estudantes do mundo sim, porque
não amaldiçoavam o professor quando fosse necessário sanciona-los, eles nunca hesitaram diante de
qualquer desafio proposto pelo professor, foram sempre educados, respeitosos. Estiveram sempre a um
passo a frente em relação a estudantes de outras instituições do mesmo curso e classe. Aprenderam
muito, e ensinaram-me muito, muito mesmo sobre ser professor.
Por tudo isso e muito mais, obrigado; talvez não tenham tido o melhor professor do mundo, mas
vocês, com certeza, foram OS MELHORES ESTUDANTES DO UNIVERSO. Eu dei aulas aos
melhores estudantes do mundo e isso me orgulha. Que vossos sonhos e crenças nunca sejam abalados.
Que a vossa coragem nunca seja reduzida em nenhum momento da vossa vida.
Vocês fizeram história, e farão ainda mais: Apenas precisam continuar a acreditar! Quem acredita,
sempre alcança.
Gravando vossos nomes para a posteridade; Conceição Donga, Afonsa Ndereta, Luis Cateco, Elsa
Graciano, Elisandra Gonçalves, Tanilia Marina, Gideão Bill João, Cecilia Pambo, Maria Isabel, Florinda
Sales Nery, Esperança Miranda, Sónia Mayembe, Guilherme Campos, João Cristovão, Alberto Tomás,
Josefina Ngueve, Gemima Luvuezo, Helena Neto, Paulino Zua, Juliana Paulo, Maria Binda, Laura
Lucas, Debora, Jureuma, Mawete Josué, Genilson, Agos Malamba, Maria do Céu, Sandro Domingos,
Naomi Eliza, Bruna dias, Eunice meio-dia, Felicia Tanganhica, Camoni Bula, Changani Sungo, Ageu
Sampaio, Carmelino Tavares, Patricia pólo, Maria Eugenia, Auridice Petra, chimuco, Flávio das neves,
Madruga Munjambo, José Garcia, Nelson Ngola, Antonio Van-Dúnem, Aminata Quituxe, Noé
Francisco, Felizandra Manuel, Gabriela Watela, Jisela, Arão Emilia, Tanilia Marina, Leonardo Manuel,
Manuela Dala, Evandro Cassungo, Salém Dias, Rosa Maria, Paula, Suzana, Critina, Quintas Muzenena,
Panzo, Carmém Barata, Vilma Solene, Bernardo Máquina, Manuela Dala, Eliane Manuel, Maira Matias,
Cheila Carina, Tio Meti, Lorença, Sandro Pinto, Ageu André, Margareth, Patricio Laperta, Carina
Joseline, Zeferino, Benevuto das Neves, Mauro Fancisco, Pedro André, Leticicia Correia, Manuela
Luciano, Amaral, Josefa, Rafael Jesus, Ana Inês, Stevio Apresentação, Moisês Ebo, Ernesto Silva, Luis
Alfredo, Mauro Francisco, Dorivaldo, Núria Cateco, Viviane, Verónica, Claudio Cassoma, Lando,
Eufrásio Manuel Bigórnia.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Para os colegas especialista em pedagogia ou para os aspirantes a professores, possivelmente
estavam a espera de conceitos técnicos, científicos e académicos. Pode ser que alguém tenha iniciado a
leitura deste E-book com a intenção de aprender a fazer planos de aula, mini-pauta, planeamento
educativo, não é para isso que escrevi Pedagogia da Vergonha, possivelmente, em um outro trabalho
apresentarei uma abordagem mais técnica, aqui queria apresentar apenas as premissas de assuntos que
precisamos começar a falar, a discutir, sem nemhum tabú. A ideia é fazer com que as pessoas estejam
preparadas para começarmos esta conversa, o mais rápido possivel.

Não esqueçam-se que este esboço não é um livro de conclusões, mas de indagações, não encara
nada que escrevi aqui como verdade absoluta, como o certo ou errado, encara apenas como opinião,
reflexão, exercício mental, ideias, construção de teorias, provocação, quero provocar as pessoas para
olharem para o que fingem não existir, não ver. Desafiar as pessoas a mudarem sua atitude.

Sobre os assuntos abordados aqui, acredito que cada individuo já tem a sua opinião formada. Os
estudantes, os professores, os coordenadores, os directores, donos de escolas, todos têm alguma coisa a
dizer, em sua defesa.

A minha verdade pode não ser a sua, vivemos experiências e vivências diferentes, trabalhamos
em lugares e com pessoas distintas, não é estranho que cada indivíduo pense diferente, que discordem
entre si sobre o tópico educação, estranho seria se todos pensássemos igual, por tudo isso e mais alguma
coisa, todas as opiniões diferente das minhas serão super bem-vindas.

Estou aberto a sugestões, criticas, debates, palestras, colóquios, mesas redondas ou qualquer outro
formato no qual possamos falar com ´´urbanidade´´ sobre os tópicos abordados aqui. Acredito e espero
que estejam todos preparados para esta conversa.

E não te esqueças de partilhar este E-book com os teus colegas, amigos e familiares. Envia de
presente para aquele teu professor ou coordenador que tens certeza que precisa ler, eu sei que conheces
alguém que tem mesmo de ler esse E-book antes de o mundo acabar e o mundo não pode acabar sem 10
contactos teus terem esse E-book.

Este ebook não deve ser comercializado, porém, pede-se a cada leitor para fazer uma doação a fim
de apoiar o projecto ´´Escola Solidária´´, composto por estudantes, e tem como missão ajudar crianças,
idosos e deficientes físicos em situação de carência.

O debate está aberto.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

AGRADECIMENTOS

Escrever um livro envolve muitas pessoas, desde a ideia, escrita, Design e a divulgação.

Aos meus Pais e todos meus irmãos, que ensinaram-me desde cedo, com palavras e exemplos, a
andar no caminho da retidão. Grato por tudo e mais alguma coisa.

Alice Gonga, sócia, amiga e companheira, sou grato por estares aqui sempre disposta a tudo, e
naquele dia que precisei revisar detalhadamente o E-book do inicio ao fim, ficaste (mais um vez) ao meu
lado até depois das 3h:00 da madrugada, tomando café e mais café para que eu não ficasse escrevendo
e lendo sozinho, na solidão da noite.

Ao casal João e João por me terem proporcionado aquela oportunidade formativa de ´´sonhos´´
que tornou-se num divisor de águas e a base mais sólida na minha carreira docente.

Os meus colegas e amigos Miguel Vunge, Edgar Camalandua, Kimi Quissanga, Marcos Beltran,
Sabalo Cabinda; vocês sempre aturaram minhas conversas e reclamações (por vezes chatas, eu sei) sobre
a postura de alguns docentes e estudantes.

Noémia Salipa, quando iniciei a carreira docente precisava de orientação, levar os primeiros CVs,
participar dos testes, onde entregar, o que fazer, como fazer, os primeiros planos de aula ela orientou-
me, até hoje, tua opinião em relação a tudo que envolve o ensino, tem um valor imenso para mim.
Maurício-Editora gratidão por terem acolhido e abraçado esse projecto no momento certo.
O Design é parte fundamental do processo, e a C2D- CAJIMOTO DOMINGOS DESIGN,
surpreendeu-me com a rapidez, eficiência e qualidade dos serviços prestados, a capa, contra capa e toda
parte gráfica foi feita por essa equipa nota 10, sou grato a todos eles, e particularmente ao C.E.O da
C2D- CAJIMOTO DOMINGOS DESIGN, José Cajimoto Domingos. Desde o primeiro momento que
apresentei-te o projecto aderiste sem pestanejar. Foste a mola que deu impulso para que este projecto
desse os primeiros saltos. O vosso profissionalismo e paciência foram marcantes.
Grato ao CEO da Conceitus, Nicolay Quissanga, Designer, fotógrafo e vídeo Maker talentoso,
sempre disposto a ajudar, participar, apoiar.

Zoe Vip – Plataforma Digital: Gratidão por terem feito um trabalho de publicidade e marketing
digital completo.
Meus estudantes, que estão sempre a apoiar cada iniciativa minha, muito obrigado pelo vosso amor
incondicional, gratuito e imensurável.

Imensamente grato a todos que tornaram isso possível e que estão ao meu lado nessa nova fase da
minha vida académica e com certeza darão o seu máximo para levar mais adiante o projecto ´´Pedagogia
da vergonha: a escola não é casa da mãe Joana´´.

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PEDAGOGIA DA VERGONHA

CONTACTOS DO AUTOR:

Fefi Gonga

Professor, Formador, Educador.

 Facebook – Fefi Gonga Castro.

 Whatsapp – 926 472 145.

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