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- "Assim como a vontade ( ָרצֹון- ratzon) de uma pessoa transcende qualquer aspecto
particular de seu ser e a envolve toda, não há órgão ou membro que seja a sede da vontade.
Assim também, a vontade e o propósito do Criador em produzir um plano de realidade é
transcendente e envolve toda a estrutura interna desse mundo." (Chabad.org)
- Começando pelo conceito, se relacionarmos cara sephira ao corpo humano por exemplo,
Kether é a coroa, algo que fica acima da cabeça, logo, não faz parte do corpo. Intelectualmente
inalcançável.
- É por esse motivo que alguns sábios não incluem Kether como uma sephira, que não participa
desse conjunto da mesma forma que as demais. Sendo Daat a sephira que completa as 10
sephiroth
- Toda sephira recebe algo, uma informação/ordem que traduz dentro de si, a sua própria luz,
e que transmite para a sephira seguinte.
- Kether não funciona dessa maneira. Nem na parte de receber algo, nem na parte de
transmitir, pois não faz isso de forma direta para Chochma.
- As relações de causa e efeito entre as demais sephiroth são mais "diretas", como no exemplo
de um pensamento gerar uma imagem, que gera uma emoção e por fim uma ação
( basicamente o caminho de Chochma até Malchut). Essas relações em Kether estão muito
distantes e abstratas para serem tratadas e entendidas da mesma forma.
- Kether possui duas divisões, interna e externa (pnimi - ;פנימיe chitsoni - )חיצוני. Dois níveis de
revelação da vontade de Deus em criar o mundo, um nível revelado (externo), e outro menos
revelado (interno)
- O nível interno - פנימי, o mais elevado, é chamado também de prazer - ( תענוגta'anug). Sendo
o seu significado relacionado ao prazer divino na criação do mundo, que por sua vez está
relacionado ao amor do criador, algo que transcende toda lógica e intelectualidade. Hashem
criou o mundo por bondade/prazer, os dois conceitos estão relacionados, pois no pensamento
judaico, não há bondade maior de Hashem que dar o prazer de existir, que intrinsecamente é
dar a possibilidade da união ao criador. Ou seja, a raiz de toda a criação é
bondade/prazer/amor.
- Esse prazer é revelado nos primeiros estágios da criação, o Ohr Ain Sof - ( אור אין סוףa luz
sem fim, que não é luz nem infinita, o próprio Sol surge apenas no quarto dia). Hashem criou
essa luz no primeiro dia, e depois ela some, não se fala mais dela.
- Essa luz, segundo o maior comentarista da Torah - Rashi, Hashem a criou, viu que era boa, e a
ocultou da criação. Essa luz de que se fala ( Ohr Ein Sof) é trazida por Kether, e que será
revelada no futuro. E essa luz infinita é o que revela esse prazer, para nos mostrar que nele
não há limites.
- Há como trazer esse conceito para o ser humano, se investigarmos o motivo de nossas ações
a fundo, refletindo sobre o que veio antes da ação e o que te levou a realizá-la, se chegará ao
nível externo de Kether, a vontade. Esse seria o limite do que se pode entender sobre esse
aspecto de Kether.
- Existe uma passagem no Zohar, que diz o seguinte: “ ( ”החכמה מאין תמצאHa’chochma m’ain
timatse - Onde a sabedoria se encontra). מאין- M’ain significa literalmente “de onde”, mas sua
raiz é אין- Ain, o “nada” ( o mesmo em Ohr Ain Sof). Logo, essa passagem na verdade quer
dizer que a sabedoria ( Chochma - )חכמהvem do “nada”, da luz de Kether, ou seja, de onde
não se consegue alcançar. Chochma é iluminada (lampejo) por Kether.
- Por fim, o Kether é a raiz de tudo e o ponto mais alto, até mesmo no ser humano. Pode ser
visto como a vontade, força motriz da alma, do sentido de vida e da existência. Nela, há a
possibilidade maior de conexão com o Criador. Essa vontade inicial vai chegar até o último
estágio da Malchut, o reinado, que por um lado traz Hashem para esse mundo e por outro lado
para dentro do ser humano.