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A ética kantiana é proposta para responder aos problemas tomistas relacionados à ética
aristotélica.
Kant – imperativo categórico
Imperativo – razão me manda fazer as coisas, que é o dever.
Imperativo hipotético – quando a ordem da razão se volta para um fim além da razão,
como alguém que salva o outro porque vai ganhar uma recompensa, então não é ação
moral.
Imperativo categórico – faço algo porque a razão me manda fazer, não necessito de
nada externo para fazer. Age de acordo com a máxima de forma que possa querer que a
máxima da sua ação se transforme em lei universal. Máxima – princípio subjetivo do
querer.
Felicidade é quando: “tudo ocorre segundo o desejo da vontade”.
Se eu posso querer que todos façam algo porque a razão me mandou fazer (como ajudar
alguém em perigo de vida), então é um imperativo categórico e é uma ação moral. Se eu
não posso (como alguém que só ajuda outra pessoa se for recompensado), então não é
uma ação moral.
A moral kantiana é universalista, não relativista.
Crítica da razão prática – tenta responder a pergunta: como devemos agir? A saída é
agir de acordo com o imperativo categórico. Problema: agir moralmente não nos garante
a felicidade. Agir de acordo com a razão não vai necessariamente me trazer a felicidade.
Às vezes inclusive a pessoa pode até estar infeliz.
A ética aristotélica é calcada na felicidade. Kant se pergunta como calcar a ética em
uma fundamentação subjetiva. Aristóteles – viver uma vida virtuosa e todos
compartilham as virtudes com o outro (felicidade).
Deus e a imortalidade da alma são postulados da razão.
Postulado – eu não provo os postulados racionalmente. Se eu não consigo provar, eu
postulo.
Cristianismo acredita na ressurreição do corpo e não na imortalidade da alma. Mas a
imortalidade da alma é um postulado (não tem como provar), assim como a existência
de Deus.
Sumo bem – conciliação entre moralidade e felicidade.
Como conciliar uma lógica objetiva com uma subjetiva. Problema que Deus irá
resolver.
AULA DIA 11/08
Por um lado, nós temos a lei moral (objetiva – ordena pelo simples fato de ser uma lei
da razão, não dependendo da natureza), e por outro a felicidade (adequação à natureza e
é subjetiva). Estabelece-se uma tensão entre a lei morar e o conteúdo da lei moral e
felicidade e conteúdo da felicidade.
Na lei moral não há conexão com a natureza (o fato de eu agir moralmente é uma
decisão minha de obedecer às ordens dada razão – nada vinculada a natureza humana).
Mas obedecer a ordem da razão não implica nenhuma obediência à natureza. A
felicidade, no entanto, tem ligação com a natureza. O homem se encontra no meio
desses dois “reinos”, mas não há conexão necessária entre os dois reinos.
O ser humano não é causa nem da natureza e nem da lei moral, estando, contudo, entre
os dois. Não tem como conciliar os dois registros. Mas do ponto de vista da razão, nós
queremos, sim, vincular os dois (ser feliz obedecendo a lei moral, ser moral construindo
uma felicidade). A conexão postula como necessária.
Sumo bem: vinculação entre moralidade e felicidade (primeiro postulado).
Existência de uma causa da natureza: para que haja acordo entre os dois reinos, é
preciso postular um fundamento/causa da natureza como um todo. Deve estar para além
da natureza e da lei moral.
A causa superior não pode ser submetida à moralidade. Deus não é um ser moral para
Kant (não está submetido a nenhuma lei) assim como não é um ser emocional (não está
submetido à natureza – não existe a necessidade do sumo bem).
A síntese entre lei moral e felicidade é necessária, mas o ser humano não consegue fazer
essa síntese. Então deve haver alguém que consiga fazer essa síntese e que não esteja
sob o “domínio” desses dois reinos.
Deus – tem que ser uma inteligência, um ser racional, capaz de representar leis,
coincidindo com sua própria vontade, e deve ser pressuposto para que a união possa ser
possível. Ele não está vinculado/submetido a nenhum dos dois reinos, e deve ser
postulado para que o sumo bem seja possível. Sumo bem = Reino de Deus.
A razão pura vai demandar a existência de Deus, então postula-se a existência d’Ele,
mas isso não quer dizer que pode ser provada sua existência.
Então Deus é capaz de unir os dois reinos (felicidade e lei moral).
Deus: distribuidor da felicidade para aqueles que se tornarem dignos da felicidade. Para
se tornar digno da felicidade, é preciso agir moralmente (doutrina da felicidade). Mas
agir moralmente não garante a felicidade, pois é Deus quem distribui a felicidade. Não
devo, no entanto, agir moralmente em vista da felicidade, mas agir moralmente pela
moral mesma.
Não é Deus que me dá a lei moral, mas sim a razão. Deus não é o fundamento dessa lei,
mas como dito, a razão. Por isso Deus aparece como postulado para a lei moral, mas
como distribuidor da felicidade.
A crença não pode ser a base para a moralidade porque é subjetiva, mas a moral é
objetiva.
Ler:
Pg. 51 – 52 / pg 213 – 215 Fisosfía de la religión
Texto problema das preleções – artigo.
AULA DIA 31/08
Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Hegel nasceu na Alemanha e sofreu influência da França, porque ele viveu na época da
Revolução Francesa, além de um novo espírito que está tomando toda a Europa.
A teologia (católica e protestante) está muito forte na Alemanha, inclusive Hegel vai
fazer teologia em uma famosa faculdade, chamada Tubigen Stiff.
Hoderlin e Schelling são duas pessoas que influenciaram Hegel e seu pensamento.
Nessa época a Alemanha vivia o idealismo alemão, do qual Hegel será o pensador mais
famoso.
Nos escritos de Hegel pode-se perceber filosofia religiosa e política. Elas não são
antagônicas, mas são duas faces de uma mesma moeda. Elas se ajudam mutuamente.
Na sua juventude, seus escritos são fortemente influenciados por Kant, que são escritos
kantianos (Religião popular e cristianismo, (1792) Vida de Jesus, (1795), A positividade
da religião cristã (1796/1797). Mas há também escrito anti-kantianos (O espírito do
cristianismo e seu destino, (1798/1799) Fragmento de sistema, (1801), Reelaboração da
positividade).
Para Hegel, se a religião é vista apenas pelo lado da moralidade, então o que nos resta é
dizer: “Deus está morto”, pois a religião perde sua vivacidade.
Para as ciências há algo antecedente e imediato do qual se parte (como a geometria com
a linha, o ponto etc.). Na filosofia não existe algo imediato ou qualquer coisa que
antecede. Há apenas pensamento (puro pensar).
Mas a filosofia da religião não começa desde o início. A religião é a última de todas as
ciências porque pressupõe a consciência de todas as outras áreas. E para falar da
religião, deve-se partir da religião, e seu ponto de partida é o conceito de Deus
(qualquer que seja a religião), pois Ele é a fonte dela.
A verdade, para Hegel, sempre se apresenta no processo (o que é verdadeiro sempre vai
se colocando sempre que a consciência da razão vai avançando). No começo tenho
conhecimento turvo, mas à medida que a razão vai se colocando as questões, a verdade
vai sendo criada pelo sujeito. A história é um processo de conhecimento de Deus, pois
Ele se faz história (não é possível conhecer Deus fora da história).
Para Hegel o protestantismo é a religião mais bem acabada porque entendeu Deus como
puro conceito, sem interposição de imagens ou qualquer outra coisa.
Deus tem que criar a natureza, pois o Espírito deve se manifestar de alguma maneira,
pois como foi dito, Ele se coloca na história.
Sistema Hegeliano:
AULA 21/09
Hegel propõe que a filosofia quer conhecer o absoluto, o todo. Se eu não posso
conhecer as coisas metafísicas eu não consigo conhecer esse absoluto. E para isso ele
cria uma dialética (hegeliana).
“Essa lógica deveria mostrar como os conceitos do entendimento
necessariamente se contradizem a si mesmos e como suas contradições
somente podem ser resolvidas por considerá-los como partes de um todo mais
amplo. Mais especificamente, a dialética deveria prosseguir por três momentos:
(a) algum conceito finito, verdadeiro apenas para uma parte limitada da
realidade, deveria ultrapassar seus limites na tentativa de conhecer toda a
realidade. Esse conceito deveria asseverar-se adequado para descrever o
absoluto porque, assim como o absoluto, ele possui um significado completo,
ou autossuficiente, independentemente de qualquer outro conceito. (b) Essa
alegação entra em conflito com o fato de que o conceito depende, para seu
significado, de algum outro conceito, possuindo significado somente em
contraste com sua negação. Haveria, então, uma contradição entre a alegação
de independência e sua dependência, de fato, em relação a outro conceito. (c) A
única maneira de resolver a contradição seria reinterpretar a alegação de
independência, de modo que ela possa ser aplicada não apenas a um conceito,
por exclusão do outro, mas à totalidade de ambos os conceitos. Ora, esses
mesmos momentos poderiam ser repetidos em um nível superior, e assim por
diante, até chegarmos ao sistema completo de todos os conceitos, o qual é o
único adequado para descrever o absoluto. Embora a lógica precoce contivesse,
en nuce, o germe da dialética, Hegel não escreveu sua lógica madura senão
posteriormente a seus anos em lena. O plano para uma dialética que conduz ao
conhecimento absoluto foi completado na Fenomenologia do Espírito.”