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Em Kant, para encontrar as condições de possibilidade da lei moral em relação à qual que
se julga a moralidade do agir humano, procura estabelecer o que permite a possibilidade do
imperativo categórico que é uma lei moral universal, mas baseada segundo o uso da razão.
A ética formal que Kant elaborou constitui uma vasta reflexão, contudo, nós aqui, dedicar-
nosemos à analise do Dever kantiano, tendo para isto que realizar uma pequena exposição
da boa vontade como pressuposto e os princípios práticos como execução de seu rigorismo
ético.
Segundo Kant (2005) a ação humana deve basear-se na boa vontade. Deve-se salientar que
Kant propõe quase todos os elementos essenciais da sua moral e coloca a possibilidade de
se inventar uma nova moral, mas tão-somente de deslindar pela análise o princípio supremo
da moralidade”, (Kant, 2005, p. 118).
Em termos de poder compreender o conteúdo desta boa vontade que seria boa em si mesma
deve-se estudar o conceito de dever em Kant, onde afirma que “a boa vontade é a vontade
de agir por dever” (idem). Assim como afirma “ a boa vontade é o ponto de partida de toda
reflexão ética, pois sem a boa vontade, que é tal em si, sem nenhuma limitação, nada mais
pode ser dito bom moralmente” (Kant, 1999, p. 337).
Segundo Paton (2005), A boa vontade é boa sem limites. Mas em nós, seres finitos: “ela
não representa uma vontade santa ou inteiramente perfeita como a de Deus, por estar sujeita
às influencias das paixões e inclinações sensíveis” (Paton (2005), apud Maritain, 1973, p.
121).
Para Maritian (1973), em Kant, a boa vontade só é boa quando se submete a uma educação
e lei que coage essas inclinações dos sentidos e da nossa natureza empírica. Kant, com esta
teoria, “se glorifica de ter fundado uma moral autônoma” (Maritian, 1973, p. 118).
Contudo, esta teoria da boa vontade se torna muito mais compreensível quando leva em
consideração suas convicções e inspiração pietistas, onde há uma supremacia desta boa
vontade absolutamente dependente dos atributos morais, sendo até mesmo revestida de um
caráter sagrado.
Para Silveira (2004), em Kant, só a vontade humana é boa ou má, e afirma que “toda
matéria, conteúdo das ações em si não podem ser consideradas nem boas e nem más, pois
só os princípios podem ser considerados dessa maneira” (Silveira, 2004, p.57).
Em resumo, deve-se perceber a etica kantiana como uma ética formal, onde a vontade é
boa em si mesma, independendo do conteúdo, apenas valorizando a norma pela norma, que
se percebe como o dever ou imperativo e diferindo de uma ética material, que privilegiaria
a finalidade e conteúdo da ação meramente material.
A ética em Aristotélica
“Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos homens, bem como ao fim
que através dessa conduta eles querem alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto
fazendo parte de uma sociedade, sobretudo da sociedade política” .
A etica em Locke, deve ser percebida como uma ciencia baseada em direitos naturais
(humanos).
John Locke (1632-1707), além de ser um dos principais fundadores do empirismo inglês e
autor de importantes tratados de fi losofi a política, geralmente é considerado um dos
primeiros fi lósofos utilitaristas, embora, como diria Sidgwick (1892, p. 178), seu
utilitarismo permanecesse “latente e inconsciente”. Para o autor de Outlines of the History
of Ethics, isso significa que Locke não justifi ca sempre as regras morais por sua tendência
geral de produzir a felicidade, mas também sustenta que são “intuições” no sentido de
serem proposições que qualquer ser racional verá que são auto-evidentes ao contemplá-las.
Assim como Hobbes, Locke não escreveu obras de caráter eminentemente ético, mas seus
trabalhos sobre o governo e suas discussões políticas sobre o problema da tolerância entre
sistemas de crenças divergentes etc. possuem muitos pressupostos morais que contribuíram
para a formação de uma ética moderna. A principal contribuição de Locke nesse domínio,
como veremos, são seus estudos sobre direitos naturais. Por conseguinte, enquanto Hobbes
fundava eticamente seu contratualismo em leis naturais, Locke fundamenta o
contratualismo político nos direitos naturais. Não trataremos aqui, todavia, das idéias
políticas de Locke. Os direitos naturais são o padrão de correção das regras. Em outros
termos, podemos julgar se uma lei de um determinado país é justa (ou não) referindo-a aos
direitos naturais. Direitos naturais são, enfim, direitos morais, e não direitos legais. Para
começar, é importante salientar que, para Locke, há três tipos principais de ciência: 1.
aquelas que tratam da natureza das coisas como são em si mesmas, suas relações e suas
maneiras de operação; 2. aquelas que tratam do que o próprio homem deve fazer, como
agente racional e voluntário, para a obtenção de algum objetivo, principalmente a
felicidade; e 3. aquelas que tratam dos meios pelos quais o conhecimento das duas
primeiras pode ser apreendido e comunicado. Entre as do segundo grupo, segundo Locke,
está a ética, que “consiste na procura de regras e medidas das ações humanas que levam à
felicidade e os meios para praticá-las. O fim disso não é simples especulação e
conhecimento da verdade, mas o correto e a conduta que lhe é adequada” (LOCKE, 1980,
p. 343). Desse modo, a ética poderia derivar regras de conduta a partir de proposições auto-
evidentes por suas conseqüências necessárias, “tanto incontestáveis quanto aquelas da
matemática”. Geralmente, os intuicionistas consideram as verdades éticas, tais como “não
torture uma pessoa inocente desnecessariamente”, como verdades tão exatas quanto as da
aritmética. Locke critica, no Ensaio sobre o entendimento humano, a doutrina das idéias
inatas de Descartes e defende que todo conhecimento está fundado na experiência, por isso,
também não há poder inato e de origem divina, como mostra no Primeiro tratado, o que
conduz a uma posição política diferente do absolutismo hobbesiano. Todavia, a ética, tal
como foi definida acima, é uma ciência dedutiva sobre regras de conduta. Como isso pode
ser o caso? Não há contradição aqui, pois o fim de todas as ações, o prazer ou a É
necessário mencionar, contudo, que Locke esteve diretamente envolvido em vários
acontecimentos políticos da Inglaterra, tendo inclusive que se refugiar na Holanda.
Somente voltou à Inglaterra em 1649, após a Revolução Gloriosa que marcou o início do
domínio burguês no país. Lembremos, também, que, em 1649, o Rei Carlos I fora
condenado pelo Parlamento e executado.
felicidade, é descrito por conceitos que são derivados da experiência, mas cujas relações
lógicas são encontradas por análise reflexiva. Desse modo, não existem princípios práticos
inatos (LOCKE, 1980, p. 148). Locke sustenta, então, que a virtude moral é uma
conformidade aos costumes e à lei e que esses podem ser valorados por padrões mais
fundamentais, principalmente por sua utilidade (ou não) e a partir dos direitos naturais.
Vamos aprofundar aqui, então, sua concepção de direitos naturais.
____. Fundamento da Metafísica dos Costumes. (Trad. Lourival de Queiroz Henkel). São
Paulo: Ediouro, 1981. (Col. Universidade de Bolso)
Cf. MANFREDO ARAÚJO DE OLIVEIRA, Ética e sociabilidade, São Paulo, Loyola,
1993, p. 55. 2 GIOVANNI REALE, História da Filosofia Antiga, V II, São Paulo, Loyola,
1994, p. 405. 3