Você está na página 1de 53

PÓS GRADUAÇÃO EM

DOENÇAS RARAS
DISCIPLINA: ESPIRITUALIDADE E SAÚDE
Prof.ª MS. RENATA SHIRLEY DA SILVA FERREIRA
FORMAÇÕES ACADÊMICAS:

• Doutoranda e Mestra em Ciências


das Religiões (Espiritualidade e
Saúde)
• Especialista em Naturologia
• Bacharel em Filosofia
• Terapeuta integrativa / Doula
RENATA S. S. FERREIRA
Email: renatashirley@hotmail.com
Telefone: (83) 9 8838-6248
O CONCEITO DE SAÚDE

“Health is a state of complete physical, mental and social well-being and not
merely the absence of disease or infirmity” (WHO, 1999, p 4).

“Health is a dynamic state of complete physical, mental, spiritual and social


well-being and not merely the absence of disease or infirmity” (WHO, 1999,
p. 4, grifo nosso).

Fonte: https://pxhere.com/en/photo/626294
AS DIMENSÕES DO SER

Partindo dos conceitos estabelecidos pela Organização mundial de saúde, a


saúde então se caracteriza pelo bem estar de aspectos físicos, mentais,
espirituais, e sociais.

Segundo Rörh (2013) as dimensões básicas são aquelas que constituem o ser
humano, e que são indispensáveis para sua realização. São elas a física,
sensorial, emocional, mental e espiritual:

A dimensão física diz respeito da corporalidade físico-biológica. A sensorial


são as sensações físicas, as percepções através dos cinco sentidos: tato, visão,
audição, olfato e paladar. As duas dimensões podem ser pensadas como uma
só.
AS DIMENSÕES DO SER
A dimensão emocional diz da nossa psique, estados emocionais (medo,
ansiedade, tristeza, euforia, etc).

A dimensão mental está relacionada com a parte racional e lógica, aquilo que
pensamos. Também diz respeito da capacidade de reflexão, recordação,
memória, imaginação, fantasia, etc.

A dimensão espiritual não deve ser confundida com a religião, ou dimensão


religiosa. Essa dimensão transcende a realidade empiricamente verificável.
Podem ser considerados parte da dimensão espiritual os valores éticos e
metafísicos.

O ser é biopsicossocioespiritual

Fonte http://saudedoadultoenfermagem.blogspot.com/2012/08/cuidado-integralholistico.html.
AS DIMENSÕES DO SER
As primeiras três/quatro dimensões são consideradas por Rörh (2013) como
imanentes, ou seja, diz do âmbito da captação da realidade através dos
sentidos, da experiência possível. A dimensão espiritual é considerada uma
dimensão transcendente, que excede os “limites normais”, é metafísico.

Contudo, é importante ressaltar que não podemos pensar tais dimensões


como “fechadas”, limitadas, isoladas, ou estabelecer um limite entre uma
dimensão e outra. “Mesmo sendo fácil, normalmente, fazer diferença entre
uma sensação física e uma emoção, existem situações em que a emoção
pode ser tão intensa que se aproxima de uma sensação física, ou uma
sensação física expressa uma emoção” (Rörh, 2013, p. 27).
AS DIMENSÕES DO SER

Portanto, é preciso pensar no ser integral fora dessa tradição dicotômica


matéria/espírito.

É possível também perceber que as dimensões mais densas influenciam mais


facilmente as dimensões mais sutis. Isso não quer dizer que as mais sutis não
influenciam as dimensões mais densas, mas “o mais comum é constatar que
desarmonias e bloqueios nas dimensões mais densas impedem as atividades e
manifestações das esferas mais sutis. Uma alimentação deficitária, por
exemplo, pode prejudicar capacidades de aprendizagem intelectual. O estado
emocional de ira pode impedir a conexão com valores éticos relacionados à
dimensão espiritual” (Rörh, 2013, p. 28-29).
AS DIMENSÕES DO SER

Com isso é perceptível a relação de hierarquia e interdependências entre


essas dimensões. Portanto é preciso levar em consideração que uma
dimensão pode interferir nas demais, pois um desequilíbrio em uma pode
ocasionar no desequilíbrio das outras. “Naturalmente, o desequilíbrio de
uma dimensão mais densa expressa-se de forma mais imediata e
perturbadora do que o de uma mais sutil” (Rörh, 2013, p. 29).
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
Abordagem integral:
Para Hipócrates os fatores físicos afetam os estados psicológicos (teoria dos
fluidos).
A doença tinha influência do ambiente, do clima, da dieta e modo de viver (Bloise,
2011).
Abordagem do indivíduo em sua totalidade, integrando as diversas instâncias que
o compõem (Kabat-ZIinn 2017).
Portanto, é preciso pensar no ser integral fora dessa tradição dicotômica
matéria/espírito ou mente/corpo:
- a relação do indivíduo consigo mesmo (as dimensões do ser);
- e a relação desse mesmo ser integrado e articulado as diferentes “esferas” em
que faz parte (Toniol, 2015).
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
Abordagem transdisciplinar
Encontro da ciência moderna com a Tradição.
Avanço além da inter, pluri e multidisciplinaridade.
Visão inclusiva.
Transcende o enfoque disciplinar, reatando laços
entre ciência, espiritualidade, sabedoria, Tradição,
numa relação de complementariedade (Crema,
2015).
Conceito de complexidade dentro da
transdisciplinaridade: permitir que várias
possibilidades de entendimento sejam levadas em
consideração em um determinado processo,
evitando assim, uma postura reducionista (ou isto,
ou aquilo) (Bloise, 2011);
Fonte https://pxhere.com/en/photo/774947
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS

“A finalidade da nova transdisciplinaridade não é, evidentemente, a de


construir uma nova utopia, um novo dogma na pesquisa do poder e da
dominação. Como toda ciência, a nova transdisciplinaridade não veiculará
certezas absolutas mas, através de um questionamento permanente do
“real”, ela levará à elaboração de uma abordagem aberta, em permanente
evolução, que se nutrirá de todos os conhecimentos humanos e que
recolocará o homem no centro das preocupações do homem (Nicolescu
apud Crema, 2015, p. 129).
ESPIRITUALIDADE / RELIGIÃO
RELIGIÃO

“[…] um Sistema de crenças e práticas observado por uma comunidade,


apoiado por rituais que reconhecem, idolatram, comunicam-se com ou
aproximam-se do Sagrado, do Divino, de Deus […] ou da Verdade Absoluta,
da Realidade ou do nirvana […]. A religião normalmente se baseia em um
conjunto de escrituras ou ensinamentos que descrevem o significado e o
propósito do mundo, o lugar do indivíduo nele, as responsabilidades dos
indivíduos uns com os outros e a natureza da vida após a morte. A religião
costuma oferecer um código moral de conduta que é aceito por todos os
membros da comunidade que tentam aderir a esse código” (Koenig, 2012b,
p 11).
ESPIRITUALIDADE / RELIGIÃO
ESPIRITUALIDADE

Espiritualidade como “...aquilo que produz dentro de nós uma mudança”


(Boff, 2016, p. 12).

“Espiritualidade é a propensão humana para encontrar um significado para a


vida através de conceitos que transcendem o tangível, um sentido de
conexão com algo maior que si próprio, que pode ou não incluir uma
participação religiosa formal. Espiritualidade é aquilo que dá sentido à vida,
e é um conceito mais amplo que religião, pois esta é uma expressão da
espiritualidade. Espiritualidade é um sentimento pessoal, que estimula um
interesse pelos outros e por si [...]” (Saad et al, 2001, p. 108).
ESPIRITUALIDADE / RELIGIÃO
ESPIRITUALIDADE

“Espiritualidade é o conjunto de todas as emoções e convicções


de natureza não material que pressupõem que há mais no viver
do que se pode ser percebido ou plenamente compreendido,
remetendo o indivíduo a questões como o significado e o sentido
da vida, não necessariamente a partir de uma crença ou prática
religiosa” (WHO apud Neri, 2005, p. 71)..
EVIDÊNCIAS DO IMPACTO DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE
Espiritualidade aplicada à medicina
Autor(a): Khemilly Bernardino do Carmo

Objetivos: abordar, secularmente, como a espiritualidade é vista na medicina, sua


influência na saúde e a percepção de profissionais e pacientes acerca desse
assunto.
Revisão narrativa que priorizou buscas na plataforma PubMed por meio dos
seguintes descritores: “medicine and spirituality and secularismo” e “placebo
effect and spirituality and medicine”.
Analisadas fontes referenciadas pela leitura dos artigos primordiais.
Percebeu-se que há confusão quanto ao uso do termo espiritualidade e que a
capacidade e efetividade do cuidado espiritual prestado por profissionais da saúde
são débeis, contrastando com inúmeros benefícios oferecidos por essa atenção,
que é uma ferramenta para um trabalho mais ético e humano.

Fonte: Rev. bioét. (Impr.). 2022; 30 (4): 870-82


EVIDÊNCIAS DO IMPACTO DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE
Influência da religiosidade/espiritualidade em cuidadores informais de crianças
com leucemia
Autores: Francely Tineli Farinha, Camila Fernandes Paixão Araújo, Paula Volpe
Vitorino Mucherone, Nayara Tomazi Batista, Armando dos Santos Trettene.

Perante diagnóstico e tratamento de doença grave em crianças, incluindo a


oncológica, os pais, em especial as mães, tendem a assumir integralmente as
demandas de cuidados, necessitando desenvolver estratégias de enfrentamento
situacional.
Nesse sentido, este estudo descritivo e transversal objetivou identificar o uso do
coping religioso/espiritual em cuidadores informais de crianças com leucemia
linfoide aguda mediante aplicação da escala de coping religioso/espiritual breve.
Participaram 30 cuidadores informais, que apresentaram coping religioso/espiritual
alto (média=3,90; Dp=0,34) na modalidade positiva (média=3,67; Dp=0,48).
EVIDÊNCIAS DO IMPACTO DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE

Por fim, identificou-se que as mães utilizam coping religioso/espiritual para lidar com
a demanda de cuidados a elas imposta, vinculada à condição de saúde da criança.
Com isso, reforça-se a possibilidade de utilizar a espiritualidade e/ou a religiosidade
como indicadores de bem-estar físico e mental, visto que a qualidade dos cuidados
prestados está intimamente relacionada à saúde de quem cuida.

Fonte: Rev. bioét. (Impr.). 2022; 30 (4): 892-9.


ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
“A espiritualidade é definida pela OMS como um conjunto de emoções e convicções
de natureza não material, pressupondo que há mais do que pode ser percebido ou
plenamente compreendido, remetendo o indivíduo a questões como o significado e
o sentido da vida. É a busca de significado para a vida, por meio de conceitos que
transcendem o tangível, que se manifesta na vida do ser humano de acordo com
idade, religião, cultura e estado de saúde. A espiritualidade configura-se como parte
integrante daqueles que prestam cuidados, com caráter benéfico na saúde e na
qualidade de vida.” (Barreto et al, 2023, p. 2).

“A qualidade de vida é definida como a percepção de uma pessoa quanto à sua


posição no contexto da cultura e no sistema de valores nos quais ela vive, e em
relação aos objetivos, às expectativas, aos padrões e às preocupações dela. Trata-se
de um conceito complexo, pois abrange saúde física, estado psicológico, nível de
independência, relacionamentos sociais, crenças espirituais, religiosas e pessoais, e
relação com o ambiente” (Plauto, 2022, p. 5).
ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
“Segundo estudo em consonância aos conceitos da OMS sobre espiritualidade e
qualidade de vida, a espiritualidade pode ser uma dimensão da saúde mental, um
fator protetivo de saúde e um vetor indicativo de qualidade de vida” (Barreto et al,
2023, p. 8).

Os profissionais da área da saúde, devido às suas condições de trabalho, no que diz


respeito à carga horária, a responsabilidade diante do cuidar do outro, o contato
constante com a dor e o sofrimento humanos, dentre outros fatores, podem ter
afetadas sua maneira de viver e consequentemente a qualidade de suas vidas.

O mesmo ocorre com os pacientes. Em relação entre a espiritualidade e a QV, os


pacientes relatam que quando as suas necessidades espirituais não são atendidas,
isso repercute na sua qualidade de vida (Koenig, 2012b).
ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
Associação da espiritualidade, qualidade de vida e depressão em familiares de
idosos com demências
Autores: Luana Vitro Barreto, Maria Goreti da Silva Cruz, Meiry Fernanda Pinto
Okuno, Ana Lúcia de Moraes Horta

Objetivo: Associar a espiritualidade com a qualidade de vida e a depressão de


cuidadores familiares e compreender a dinâmica familiar quando há um integrante
com demência no domicílio.
Métodos: Estudo misto, com estratégia sequencial exploratória. Na etapa
quantitativa, foram usados os instrumentos questionário sóciocontextual,
World Health Organization Quality of Life – BREF, Inventário de Depressão de Beck e
World Health Organization Quality of Life – spirituality, religiousness and personal
beliefs. Na etapa qualitativa, 35 participantes responderam a uma entrevista
semiestruturada. As duas etapas foram on-line na plataforma Google Forms e Meet.
ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
Resultados: A amostra foi composta de 100 participantes, dos quais 83% eram do
sexo feminino com idade entre 18 e 76 anos. Na correlação entre WHOQOL-BREF,
WHOQOL-SRPB e BDI os resultados evidenciaram que quanto menor o escore de
depressão, maiores os escores de espiritualidade e qualidade de vida. Dos resultados
das entrevistas emergiram três categorias: Reorganização familiar na promoção do
cuidado à pessoa com demência; Espiritualidade e suas implicações no
enfrentamento da demência; Espiritualidade e rede de apoio como fator de proteção
à saúde do cuidador familiar.
Conclusão: A espiritualidade configurou-se como importante fator de enfrentamento
para os cuidadores familiares de idosos com demência, bem como um fator redutor
do risco de depressão e de melhora da qualidade de vida.

Fonte: Acta Paul Enferm. 2023; 36:eAPE03061


ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
Espiritualidade e qualidade de vida em médicos que convivem com a finitude da
vida
Autores: Monique Sá e Benevides de Carvalho Plauto, Catarina Calábria Figueirêdo
Cavalcanti, Arturo de Pádua Walfrido Jordán, Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa.

Objetivo: analisar a relação entre espiritualidade, práticas religiosas e qualidade de


vida de profissionais médicos da área de oncologia e cuidados paliativos que
convivem diariamente com a finitude da vida em hospital de referência do Nordeste
brasileiro.
Método: estudo transversal, analítico e quantitativo com amostra intencional e por
conveniência. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário
sociodemográfico, e adotaram-se os seguintes instrumentos: World Health
Organization Quality of Life-bref (WHOQOLbref), Escala de Coping (Enfrentamento)
Religioso-Espiritual Abreviada (CRE-Breve) e Spirituality Self Rating Scale (SSRS).
Participaram do estudo 20 médicos oncologistas e paliativistas.
ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE VIDA
Participaram do estudo 20 médicos oncologistas e paliativistas: a maioria sendo
mulheres (55%), brancos (60%), católicos (80%) e casados (70%). A SSRS identificou
um escore médio de 21,75. Na Escala CRE-Breve, o aspecto positivo ficou com
pontuação de 2,64, o aspecto negativo em 1,47 e o aspecto total com 2,04. Houve
associação positiva significativa entre os resultados da SSRS e CRE (p = 0,0). Quando
se associou a WHOQOL-bref com a CRE-Breve, foi obtida relação direta com
significância estatística do domínio psicológico com CRE total (p-valor: 0,01) e com o
CRE negativo (p-valor: 0,03)

Conclusão: O estudo apontou uma relação entre a espiritualidade e a qualidade de


vida, assim como aspectos positivos da fé para o enfrentamento do estresse
cotidiano, corroborando com a discussão da importância de incluir a espiritualidade
como fator protetor na saúde.

Fonte: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA | 46 (1) : e043, 2022


ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DA VIDA
“O vivenciar da espiritualidade e da religiosidade pode promover a busca do sentido
da existência a partir das práticas utilizadas, noções do sagrado e do exercício da fé.

A fé, como representação expressiva de ambos, pode também favorecer a busca do


sentido da vida em situações cotidianas do ser humano ou, ainda, na busca mais
íntima e subjetiva da sua singularidade, coincidindo com o Sentido Último.

O Sentido Último é caracterizado pelo sentido do todo, do sentido da vida como um


todo. O caminho para o homem encontrar o seu Sentido Último ou supra-sentido
pode estar vinculado à análise existencial, ou através de situações vitais, [...]. Pode
ser observado, também, na transitoriedade essencial da existência humana, na sua
atitude frente à vida e nas situações de sofrimento, como a morte e a angústia
existencial.
ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DA VIDA

O alcance do super-sentido da vida humana torna-se possível através do exercício


contínuo da fé, compreendida como uma categoria transcendental, que proporciona
a ideia do sentido da vida frente às questões últimas da existência.

Embora possua diversas acepções, a fé consente a vontade de sentido de cada


pessoa; nos cenários espirituais, pode ser vislumbrada como um direcionamento,
uma confiança do ser homem voltada e depositada no transcendente; no sagrado,
pode dar novos significados às suas vidas” (Moura et al, 2020, p. 2).
ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DA VIDA

Fé e espiritualidade no sentido da vida do idoso com insuficiência renal crônica


Autores: Halanna Carneiro Gumarães Bastos Moura, Tânia Maria de Oliva Menezes,
Raniele Araújo de Freitas, Fabiana Araújo Moreira, Isabella Batista Pires, Amélia
Maria Pithon Borges Nunes, Marta Gabriele Santos Sales

Objetivo: compreender a fé e a espiritualidade no sentido da vida do idoso com


Insuficiência Renal Crônica.

Métodos: trata-se de uma pesquisa qualitativa fundamentada na logoterapia e


Análise Existencial de Viktor Emil Frankl. Foram entrevistadas 20 pessoas idosas,
entre agosto de 2018 e janeiro de 2019, com idade entre 60 e 79 anos, que realizam
hemodiálise em uma unidade privada, referência em Nefrologia na cidade de
Salvador, Bahia, Brasil.
ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DA VIDA

Resultados: desvelaram-se duas categorias de análise: Significado da fé no vivido do


idoso com insuficiência renal crônica; Fé como precursora do sentido da vida.

Considerações finais: a fé e a espiritualidade foram compreendidas como alicerce


fundamental na busca do sentido da vida dos participantes do estudo, além de se
desvelar como importante estratégia de resiliência frente ao vivido da pessoa idosa
com Insuficiência Renal Crônica.

Descritores: Idoso; Espiritualidade; Religião; Insuficiência Renal Crônica;


Enfermagem.

Fonte: Rev Bras Enferm. 2020;73(Suppl 3): e20190323


RELIGIÃO E SAÚDE
• - A religião como comportamento de enfrentamento:
• “Estudo que analisou 330 pacientes que foram admitidos, de maneira
consecutiva, aos serviços médicos, neurológicos e cardiológicos de um hospital
universitário de grande porte. Os pesquisadores verificaram que 42% deles
relataram – de forma espontânea e sem estímulo – que as crenças e práticas
religiosas eram o principal fator que lhes permitiu enfrentar a situação” (Koenig,
2019a, p. 55);
• A oração também é considerada como uma forma de enfrentamento, inclusive
como uma terapêutica não convencional para dor;
• “Se as crenças e as práticas religiosas, como a oração, ajudam as pessoas a
enfrentar e reduzir o nível de estresse, então tais atividades devem estar
relacionadas à saúde física, considerando o que sabemos sobre os efeitos do
estresse psicológico e da depressão sobre o corpo” (Koenig, 2019a, p. 56);
RELIGIÃO E SAÚDE
- A religião como fonte de suporte social:
Estudos mostam que o envolvimento religioso está relacionado a quantidade de
suporte social e à qualidade desse suporte:
“Eu e meus colegas constatamos que, para a maioria dos pacientes clínicos idosos,
80% ou mais de seus amigos mais próximos vinham de congregações religiosas”
(Koenig, 2019a, p. 57);

- A religião como modificador comportamental:


“As decisões diárias e habituais que fazemos em respostas às tentações e aos desafios
da vida são muitas vezes influenciadas por crenças religiosas. Isso é valido sobretudo
quando tais decisões têm implicação éticas e consequências potencialmente
estressantes. [...]
O treinamento religioso [...] ajuda a infundir honestidade, confiabilidade, pureza,
responsabilidade e preocupação com os outros que podem influenciar decisões
futuras no decorrer da vida” (Koenig, 2019a, p. 557, 58 e 59);
RELIGIÃO E SAÚDE
• - A religião como agente pró-social:
• Por incentivar o amor ao próximo pela maioria das religiões, o envolvimento
religiosos das pessoas promovem atos de altruísmo e voluntariado
• “Uma coisa é certa: as pesquisas são unânimes em constatar que o
envolvimento religioso está por trás de boa parte de comportamento altruísta
que ocorre nos Estados Unidos e em todo o mundo” (Koenig, 2019a, p. 65);
• E o comportamento altruísta, a ajuda ao próximo está relacionada com a
melhoria na saúde mental das pessoas (Koenig, 2019a);
• “É comum as pessoas dependerem de crenças e de práticas religiosas para lidar
com circunstâncias estressantes da vida, perda de entes queridos e perda de
saúde [...]. Com frequência, elas dizem que tais crenças e práticas oferecem um
senso de controle e as ajudam a se adaptarem mais rapidamente a situações
difíceis. A religião também é uma fonte de suporte social, sobretudo para
idosos, minorias e pessoas com problemas de saúde” (Koenig, 2019a, p. 67);
ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA
• Motivos:
• - Muitos pacientes são religiosos, e gostariam de ter suas necessidades religiosas
reconhecidas e encaminhadas nos atendimentos;
• - A religião influencia no enfrentamento da doença, que consequentemente afeta
na motivação para auto tratamento, na cooperação e adesão das terapias médicas;
• - As crenças e práticas religiosas podem influenciar os resultados médicos (uma vez
que o estresse causado pelo não atendimento das necessidades espirituais dos
pacientes, isso pode influenciar no organismo como um todo);
• - Os pacientes ficam muito isolados, quando hospitalizados, de ajuda religiosa, de
suporte espiritual. A necessidade de um suporte adaptado à sua condição
específica;
• - As crenças e rituais religiosos podem, em virtude de algum conflito, influenciar
decisões médicas que os pacientes podem tomar (exemplos: testemunhas de
Jeová, que não aceitam tratamentos que façam transfusão de sangue), etc.
(Koenig, 2012b).
ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA: Como fazer isso?
• - Breve histórico espiritual (Identificar necessidades espirituais que possam
influenciar no tratamento médico do paciente):
• Suas crenças religiosas/ espirituais oferecem conforto ou são uma fonte de
estresse?
• Você tem crenças espirituais que possam influenciar suas decisões médicas?
• Você é membro de alguma comunidade espiritual, e ela oferece suporte a você?
• Você tem alguma outra necessidade espiritual que gostaria de ser atendida por
alguém?
• Contexto hospitalar, quem poderá fazer isso? 1º: Médico. Se não, Enfermeiro. Se
não, Assistente social. Se não, pessoa envolvida no tratamento do paciente.
Explicar com cuidado o porquê do questionário para histórico espiritual:
oferecer atendimento sensível às crenças espirituais e culturais do paciente e
atender a JCAHO (Comissão Conjunta de Certificação de Organizações de
Assistência à Saúde).
ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA: Como fazer isso?
Contexto não hospitalar:
O histórico espiritual pode ser obtido durante consultas médicas (checkup), ou
quando há um diagnóstico estressante ou prognóstico grave é discutido
- Encaminhamento:
Clérigo ou Capelão. Capelães, profissional treinado para lidar com pacientes de
origens religiosas distintas, com as necessidades espirituais e emocionais dos
pacientes;
Apoiar e encorajar as crenças ou atividades religiosas dos pacientes;
“[...} A maioria dos pacientes (e, [...], profissionais de saúde) considera que um
capelão é apenas um ministro que ora com os pacientes, conversa sobre religião,
realiza rituais religiosos, ouve confissões, ministra a última unção e conduz serviços
na capela. Embora possa ser tudo isso [...], o capelão também faz muito mais [...].
Entre elas podem estar questões sociais, psicológicas e espirituais, tópicos para os
quais a maioria dos profissionais de saúde hoje em dia não tem tempo” (Koenig,
2012b, p. 164).
ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA: Como fazer isso?
• - Oração com os pacientes:
• Se o profissional estiver aberto e disposto, souber do histórico espiritual do
paciente, perguntar as intenções pelas quais ele quer orar. Não coagir o paciente à
oração, só quando solicitado pelo paciente.

• - Relações com comunidades de fé:


• Se possível, conhecer tais comunidades, facilita o entendimento sobre as mesmas, e
promove redes de encaminhamento (Koenig, 2012b).

• Pacientes não religiosos:


• Como você lida com a doença? O que dá significado e propósito à sua vida? Quais
recursos sociais estão disponíveis em casa para apóiá-lo? (Koenig, 2012a).
ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA: Como fazer isso?
• - O profissional de saúde:
• Não deve prescrever religião (caso dos pacientes não religiosos), ou convertê-
los, nem prosseguir com o histórico espiritual, caso perceba que o mesmo se
sente desconfortável;
• Não orar sem ter o histórico espiritual em profundidade e somente quando
solicitado;
• Profissional sem treinamento religioso, recomenda-se não oferecer
aconselhamento espiritual;
• Discutir sobre crenças religiosas, mesmo que as mesmas entrem em conflito
com o tratamento. O respeito pelas crenças torna o paciente mais receptivo o
que pode ocasionar na adesão do tratamento recomendado (Koenig, 2012b).
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• Deriva do grego ethos;
• Podendo ser éthos (costumes, uso, hábito);
• Ou êthos (caráter, índole, maneira de ser, disposição natural de uma pessoa de
acordo com o seu corpo e alma);
• O primeiro termo está ligado ao conceito legal e o segundo a um conceito moral
(Negreiros, 2019);

• Ética então é um conjunto de regras e princípios de ordem valorativa e moral, que


disciplina ou orienta o comportamento humano, refletindo normas, valores em
nossa realidade social. Portanto não é só um conceito, mas uma atitude diante da
vida (práxis) (Negreiros, 2019);
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• Tem uma relação com a coletividade;

• “... nossas escolhas afetam o coletivo e, por


isso, é necessário conduzir-se eticamente para
que nossas escolhas possam atingir
positivamente a comunidade na qual estamos
inseridos...” (Negreiros, 2019, p. 24);

• Ética e moral: ética é um conjunto de valores e


princípios e moral é a prática que se desdobra a
partir desses princípios e valores (Cortella,
2015);

Fonte: https://pxhere.com/en/photo/954284
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• A distinção aristotélica entre as virtudes morais e as intelectuais:
• A virtude intelectual é gerada e cresce através do ensino, requer experiência e
tempo. A virtude moral é adquirida pelo hábito (Negreiros, 2019);

• Justo meio aristotélico e seu conceito de excelência moral, virtude:

• “... a excelência moral é a virtude disposta na alma para realizar o que é justo.
Mas agir com justiça implica na prática da justiça do ethos, ou seja, no habituar-
se à prática do ato justo para com o outro e, para isso, é necessário conhecer o
meio termo segundo a reta razão, também chamada por Aristóteles de justo
meio” (Negreiros, 2019, p. 26);
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• "Em âmbito geral, podemos afirmar que a Ética é, na verdade um ramo da
filosofia, no entanto, é antes uma postura do indivíduo diante da vida e de si
mesmo” (Negreiros, 2019, p. 27);

• O campo ético é constituído pelos valores e obrigações que formam o conceito


das condutas morais, das virtudes. A construção da Ética parte das exigências ou
das necessidades da natureza humana (Negreiros, 2019);

• Ação individual, mas que se relaciona com o coletivo, regulamentando valores ou


comportamentos que são considerados legítimos numa época e sociedade
(Negreiros, 2019);

• Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética (Chauí,


2000);
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• A visão platônica sobre ética:
• “Ética tem como finalidade conduzir o homem à
pratica do bem, sendo o bem a base para se
conhecer a Ética e a Política. O bem, na concepção
platônica, não são as coisas materiais, mas tudo
aquilo que permita o engrandecimento da alma.
Platão ensina que o homem deve desprezar os
prazeres, as riquezas e as honras em vista da
prática das virtudes, ou seja as ações humanas na
polis devem ter por fim o bem. A visão ética
platônica é que esta deve ser ensinada a partir da
prática cotidiana, pois assim o indivíduo poderia
saber distinguir uma boa de uma má ação”
(Negreiros, 2019, p. 31). Fonte: https://pxhere.com/en/photo/731496
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• Platão e Aristóteles: o bem como um
fim e não um meio;
• O homem, ao praticar o bem, de acordo
com a razão, age com justiça, que é a
mais elevada forma de excelência
moral;
• O homem justo pratica equidade, a
disposição de reconhecer igualmente o
direito de cada um, exercitando a
virtude e tornando-se um bom
homem/cidadão;
• “A finalidade para a práxis humana para
Platão é o bem, para Aristóteles é a
felicidade” (Negreiros, 2019, p. 32); Fonte https://pxhere.com/en/photo/662079
O juramento original (Corpus hippocraticum)
“Juro por Apolo médico, por Asclépio, Higeia e Panaceia, e por todos os deuses e todas as deusas,
fazendo-os testemunhas, que cumprirei, de acordo com a minha capacidade e o meu discernimento,
este juramento e este compromisso: Considerar meu mestre nesta arte igual a meus pais, partilhar meu
sustento com ele e, se ele precisar, dar-lhe uma parte dos meus bens. Estimar seus descendentes como
meus irmãos e ensinar-lhes esta arte, se quiserem aprendê-la, sem pagamento ou compromisso.
Compartilhar os preceitos, as instruções orais e todos os demais ensinamentos com meus filhos e com
os do meu mestre, e, também, com os aprendizes que se comprometeram e juraram a lei médica, mas
com nenhum outro.
Prescreverei dietas em benefício dos doentes de acordo com minha capacidade e meu discernimento:
trabalharei contra seu prejuízo e injustiça. Não darei qualquer droga fatal a ninguém se solicitado, nem
encaminharei um conselho como este. Tampouco darei um pessário abortivo à mulher. Pura e
devotamente observarei minha vida e minha arte. Não cortarei nem mesmo pacientes com pedra, mas
darei vez aos homens que exercem essa prática.
Em quaisquer casas em que entrar, entrarei em benefício dos doentes, abstendo-me de toda injustiça
intencional, de qualquer outra ação destrutiva e, também, das relações amorosas com os corpos das
mulheres e dos homens, livres ou escravos.
Aquilo que eu vir ou escutar, durante o tratamento ou mesmo fora do tratamento, a respeito da vida
das pessoas, de modo nenhum divulgarei adiante, mas me calarei, considerando serem sigilosas essas
coisas.
Se este juramento eu cumprir até o fim, sem o quebrar, que eu colha os frutos da minha vida e da
minha arte, obtendo fama entre todos os homens para sempre, mas, se o transgredir ou descumprir,
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• “O benefício do paciente é o primeiro e maior objetivo da atuação médica, [...].
• [...] a orientação da conduta médica em benefício do paciente, contra seu
prejuízo e contra a injustiça, definiu os padrões éticos atuais” (Brener,
Lichtenstein, 2023 p. 519).

• “Embora seja muito difundido entre faculdades do mundo ocidental, o


Juramento de Hipócrates não é o único, pois, a partir dos julgamentos de
Nüremberg, novos juramentos surgiram. O mais emblemático é a Declaração de
Genebra, que elimina as principais polêmicas do juramento original: retira os
trechos religiosos e obrigações financeiras com o mestre e sua família; inclui
cláusulas de respeito às diversidades racial, política, sexual e religiosa, de
atenção aos direitos humanos em qualquer circunstância e de cuidado com a
própria saúde; e é retirado o aceno à fama e ao prestígio” (Brener, Lichtenstein,
2023 p. 522).
COMPROMISSO DO MÉDICO (Versão de outubro de 2017, da Associação Médica Mundial)

membro da profissão médica:


EU PROMETO SOLENEMENTE consagrar minha vida ao serviço da humanidade;
A SAÚDE E O BEM-ESTAR DE MEU PACIENTE serão as minhas primeiras preocupações;
RESPEITAREI a autonomia e a dignidade do meu paciente;
GUARDAREI o máximo respeito pela vida humana;
NÃO PERMITIREI que considerações sobre idade, doença ou deficiência, crença religiosa, origem
étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, estatuto social ou qualquer
outro fator se interponham entre o meu dever e meu paciente;
RESPEITAREI os segredos que me forem confiados, mesmo após a morte do paciente;
EXERCEREI a minha profissão com consciência e dignidade e de acordo com as boas práticas
médicas;
FOMENTAREI a honra e as nobres tradições da profissão médica;
GUARDAREI respeito e gratidão aos meus mestres, colegas e alunos pelo que lhes é devido;
PARTILHAREI os meus conhecimentos médicos em benefício dos pacientes e da melhoria dos
cuidados da saúde;
CUIDAREI da minha saúde, bem-estar e capacidades para prestar cuidados da maior qualidade;
NÃO USAREI os meus conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades civis,
mesmo sob ameaça.
FAÇO ESTAS PROMESSAS solenemente, livremente e sob palavra de honra.
Juramento da Enfermagem:

“Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro: Dedicar minha vida profissional a
serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a
Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados;
respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que
coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de
saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de
minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu
prestígio e suas tradições”.

Juramento da Fisioterapia:

Juro, por Deus e minha família, diante de meus mestres que me dedicarei à Fisioterapia com
honra dignidade, respeitando a vida humana desde a concepção até a morte, jamais
cooperando em ato que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque em risco a
integridade física, psíquica e social do ser humano; dispondo todo meu conhecimento, talento e
inteligência para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Repassarei meus
conhecimentos sempre que se fizer necessário e agirei com humildade e honestidade.
Assim, eu juro.
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• “[...] a primazia em uma técnica subordinada crescentemente ao lucro privado e
não a uma concepção de saúde verdadeiramente pública e plena de valores e
significados” (Bloise, 2011, p. 50);

• - Foco na doença, e não no doente. O doente como porta-voz dos sinais de sua
doença, seus sintomas;

• - O imperativo da medicalização (tudo é passivo de tratamento com drogas


químicas);
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• “Nós médicos devemos re-enfatizar como fator básico da nossa profissão
racional o princípio racional ético de minimizar o sofrimento. No curso de nosso
treinamento e prática, que nós não fiquemos tão intrigados com as satisfações
intelectuais de entender uma doença de modo que esqueçamos a prioridade do
princípio humanitário e a consideração de pacientes como pessoas. Em nosso
papel como especialistas, tenhamos empatia com nossos pacientes. Possamos
nós ver as potencialidades da saúde física, mental e espiritual [ênfase colocado]
de cada pessoa e família na sociedade. Nós tentaremos novas terapias e novos
procedimentos somente nas áreas em que somos especialistas e em consulta
com outros especialistas e apenas quando, na opinião desses especialistas, os
possíveis benefícios se sobrepunham aos riscos. Na medida em que cresce a
eficácia de nossos serviços, vamos cumprir cada vez mais com nossa
responsabilidade de torna-los mais disponíveis a um maior número de pessoas.
FUNDAMENTOS DA ÉTICA
• Na medida em que aumenta o custos dos nossos serviços, que são cada vez mais
eficazes, vamos tentar prestá-los com mais eficiência. A pretensão não irá entrar
em nossa prática. Falta de habilidade de ajudar muitos de nossos pacientes
evocará nossa humildade. O sofrimento deles será atendido com compaixão. Em
nossa reverência pela vida, não venhamos confundir a vontade de minimizar o
sofrimento, aumentando-o ao prolongar a vida, nem dar prioridade à
quantidade em detrimento da qualidade de vida. Ao colocarmos em práticas os
princípios éticos benéficos ao homem, possamos fazer aos outros o que
gostaríamos que fizessem por nós, nossos filhos e a descendência humana”
(Butler apud Koenig, 2012a, p. 75 e 76).
• Modelo de Edmund Pellegrino da prática médica (Koenig, 2012):
• Profissão (competência na prática), paciência (pela condição de sofrimento e
vulnerabilidade), compaixão (convite a dividir a situação existencial, cuidado
compassivo) e consentimento (informações dadas livremente, sem pressão).
AUTOCUIDADO
• - Riscos do profissional de saúde:

• Relações de trabalho (entre elas a competição, remuneração, sobrecarga);


• Riscos biológicos (exposição a fluídos, sangue, etc);
• Riscos físicos (exposição a radiações, etc);
• Riscos quimicos (exposições a componentes químicos);
• Riscos ergonômicos (condições precárias de trabalho, iluminação, etc);
• Riscos psicossociais (contato com o sofrimento e dor, desgaste emocional,
pacientes de difícil manejo, medo de cometer erros, privações de sono, etc).

• Esses fatores podem ocasionar:


• Consumo excessivo de álcool e drogas psicoativas, raiva crônica, ceticismo,
coisificação, estresse, burnout, etc (Bloise, 2011).
AUTOCUIDADO
“[...] todo e qualquer profissional da área da saúde tem de se preocupar consigo, para
então ter condições de cuidar do outro. [...].
Quando relacionamos as práticas de cuidado de si com a promoção da saúde,
salientamos que no momento em que utilizamos medidas de cuidado de si, estamos
adotando um comportamento ético pela vida, despertando a responsabilidade e a
preocupação com o viver. Agindo assim estamos promovendo saúde.
Dentre as estratégias para o cuidado de si, recomendamos algumas, tais como:
descansar, comer adequadamente, fazer exercício regularmente, dançar, caminhar,
abraçar, beijar, cantar, orar, trabalhar criativamente, ter relacionamento saldável, entre
outras. [...]. (Silva et al, 2009, p. 700 e 701).

Prevenção primária (promoção de saúde e proteção específica), secundária


(diagnóstico e tratamento precoces e limitação de capacidade) e terciária (reabilitação
e readequação ocupacional) (Bloise, 2011).
REFERÊNCIAS:
BARRETO, Luana Vitro; CRUZ, Maria Goreti da Silva; OKUNO, Meiry Fernanda Pinto; HORTA, Ana Lúcia de
Moraes. Associação da espiritualidade, qualidade de vida e depressão em familiares de idosos com
demências. Acta Paul Enferm. 2023; 36:Eape03061. Disponível em: https://acta-ape.org/wp-
content/uploads/articles_xml/1982-0194-ape-36-eAPE03061/1982-0194-ape-36-eAPE03061.x54727.pdf.
Acesso em: 14 set. 2023.
BLOISE, Paulo. Saúde integral. A medicina do corpo, da mente e o papel da espiritualidade. São Paulo: Ed
SENAC, 2011.
BOFF, Leonardo. Espiritualidade: um caminho de realização. Rio de Janeiro: Mar de Ideias, 2016.
BRENER, Pedro Zanetta; LICHTENSTEIN, Arnaldo. Juramento de Hipócrates: análise crítica. Rev. Bioét. vol.30
no.3 Brasília Jul./Set. 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/bioet/a/hs97HyDW3bhdrfjS8vD73tK/?lang=pt. Acesso em: 14 set. 2023.
CARMO, Khemilly Bernardino do. Espiritualidade aplicada à medicina. Rev. bioét. (Impr.). 2022; 30 (4): 870-
82. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bioet/a/QDxjsmPfF6DK7cYCd4fXrYb/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 14 set. 2023.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
CORTELLA, Mário Sérgio. Educação, convivência e ética: audácia e esperança. São Paulo: Cortez, 2015.
CREMA, Roberto. Introdução à visão holística. Breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. São
Paulo: Summus, 2015.
FARINHA, Francely Tineli; ARAÚJO, Camila Fernandes Paixão; MUCHERONE, Paula Volpe Vitorino; BATISTA,
Nayara Tomazi; TRETTENE, Armando dos Santos. Influência da religiosidade/espiritualidade em cuidadores
informais de crianças com leucemia. Rev. bioét. (Impr.). 2022; 30 (4): 892-9. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/bioet/a/Tgm9wMwnVcKYcQxjL8R8Srz/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 set.
2023.
REFERÊNCIAS:
KABAT-ZINN, Jon. Viver a catástrofe total: como utilizar a sabedoria do corpo e da mente para enfrentar o
estresse, a dor e a doença. São Paulo: Palas Athena, 2017.
KOENIG, Harold George. Espiritualidade no cuidado com o paciente: por quê, como, quando e o quê. São
Paulo: FE Editora Jornallística Ltda, 2012a.
____. Medicina, religião e saúde: o encontro da ciência e da espiritualidade. Porto Alegre: L&PM, 2012b.
MOURA, Halanna Carneiro Gumarães Bastos; MENEZES, Tânia Maria de Oliva; FREITAS, Raniele Araújo de;
MOREIRA, Fabiana Araújo; PIRES, Isabella Batista; NUNES, Amélia Maria Pithon Borges; SALES, Marta
Gabriele Santos. Fé e espiritualidade no sentido da vida do idoso com insuficiência renal crônica. Rev Bras
Enferm. 2020;73(Suppl 3): e20190323. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/wph5TxmPsM7MNH936fm9GrF/?lang=pt. Acesso em: 14 set. 2023.
NEGREIROS, Regina. Éthos, educação e serviço público: uma tríade basilar. Curitiba: Apris, 2019.
NERI, Anita Liberalesso. (Org.) Palavras-chave em gerontologia. 2.ed. Campinas: Alínea, 2005. 214 p.
PLAUTO, Monique Sá e Benevides de Carvalho; CAVALCANTI, Catarina Calábria Figueirêdo; JORDÁN, Arturo
de Pádua Walfrido; BARBOSA, Leopoldo Nelson Fernandes. Espiritualidade e qualidade de vida em médicos
que convivem com a finitude da vida. Revista Brasileira de Educação Médica 46 (1) : e043, 2022. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/KhxQCkhmQkj6xzF7JvwQCxH/?lang=pt. Acesso em: 14 set. 2023.
ROHR, Ferdinand. Educação e Espiritualidade. Contribuições para uma compreensão multidimensional da
realidade, do homem e da educação. Campinas: Mercado das Letras, 2013.
SAAD, Marcelo; MASIERO, Danilo; BATTISTELLA, Linamara Rizzo. Espiritualidade baseada em evidências. Acta
Fasiátrica. São Paulo, v. 8, n. 3, p. 107-112, 2001. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/102355>. Acesso em: 17 out. 2022.
REFERÊNCIAS:
SILVA, Irene de Jesus; OLIVEIRA, Maria de Fátima Vieira de; SILVA, Silvio Éder Dias da; POLARO, Sandra
Helena Isse; RADÜNZ, Vera; SANTOS, Evanguelia Kotzias Atherino dos; SANTANA. Mary Elizabeth de.
Cuidado, Autocuidado e cuidado de si: uma compreensão paradigmática para o cuidado em enfermagem.
Rev. Esc. Enferm. USP 2009; 43(3): 697-703. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/S6s3fgFMbtMjMRfwncZ7WrP/. Acesso em: 14 set. 2023.
TONIOL, Rodrigo. Espiritualidade que faz bem. Pesquisas, políticas públicas e práticas clínicas pela promoção
da espiritualidade como saúde. Sociedad y Religión, nº43, Vol XXV, p. 110-143, 2015.
Word Healh Organization. Amendments to the Constituiton, 1999. Disponível em: <
https://apps.who.int/gb/archive/pdf_files/WHA52/ew24.pdf>. Acesso em: 17 out. 2022.

Você também pode gostar