O documento discute os seis gigantes da alma segundo o Espiritismo: medo, ira, amor, dever, egoísmo e orgulho. O texto explica que embora Freud e Mira Y López tenham identificado apenas quatro gigantes, o Espiritismo reconhece que existem também o egoísmo e o orgulho. Ainda resume como o Espiritismo pode ajudar no combate a esses males através do autoconhecimento e da educação moral.
O documento discute os seis gigantes da alma segundo o Espiritismo: medo, ira, amor, dever, egoísmo e orgulho. O texto explica que embora Freud e Mira Y López tenham identificado apenas quatro gigantes, o Espiritismo reconhece que existem também o egoísmo e o orgulho. Ainda resume como o Espiritismo pode ajudar no combate a esses males através do autoconhecimento e da educação moral.
O documento discute os seis gigantes da alma segundo o Espiritismo: medo, ira, amor, dever, egoísmo e orgulho. O texto explica que embora Freud e Mira Y López tenham identificado apenas quatro gigantes, o Espiritismo reconhece que existem também o egoísmo e o orgulho. Ainda resume como o Espiritismo pode ajudar no combate a esses males através do autoconhecimento e da educação moral.
O eminente professor de psicologia e psiquiatria Emilio Mira Y Lpez afirmou que o medo, a ira, o amor e o dever so os quatro gigantes da alma, estudando cada um deles com rigor cientfico impressionante, valendo-se de slidos estudos psicolgicos, psicanalticos e psiquitricos para embasar e construir o seu admirvel livro sobre o assunto, modificando inclusive diversos dogmas freudianos at ento vigentes, alm de municiar o leitor com vrios segredos de sua estratgia blica, descrevendo algumas de suas batalhas mais freqentes. 1
Lamenta-se apenas que tanto Freud quanto Mira Y Lpez, embora escrevendo suas obras aps o advento do Espiritismo, no se dignaram a examin-lo com a devida ateno, porque ento saberiam que existem mais dois gigantes, o egosmo e o orgulho. Desse modo, em vez de quatro, na verdade temos seis gigantes da alma: o medo, a ira, o amor, o dever, o egosmo e o orgulho. Mas tal lacuna no desmerece de todo a obra de Mira Y Lpez. Com efeito, dela podemos tirar enorme proveito, sobretudo porque ele tambm admite que a mxima conhece-te a ti mesmo, gravada no frontispcio do orculo de Delfos e recomendada por Scrates, uma poderosa arma para enfrentar todos aqueles gigantes do Esprito. Tambm dele a seguinte advertncia: Dois grandes obstculos, entretanto, dificultam este autoconhecimento, que Scrates j reclamava como princpio de toda atuao: o primeiro deles consiste na prpria Pgina 2 proximidade, que dificulta enormemente todo intento introspectivo (do mesmo modo que quanto mais aproximamos um objeto de nossa vista pior o vemos); o segundo deriva das modificaes constantes de nosso tonus vital refletidas em nosso humor e em nossa autoconfiana que nos levam a tingir sempre o autojuzo estimativo, dando-lhe uma exagerada colorao rsea ou um injustificado tom de obscuro pessimismo. De fato, o homem, depois de considerar-se o Rei da Criao, passa, quase que sem meio- termo, a julgar-se simples barro; umas vezes se considera como esprito prximo de Deus e outras como mquina de reflexos. 2
Dessa forma, prosseguindo com a nossa meta de pesquisar assuntos de interesse geral nas obras de Allan Kardec, encontramos em Obras Pstumas 3 e na Revista Esprita 4 farto material sobre orgulho e egosmo - suas causas, seus efeitos e os meios de destru-los. Vejamos a seguir algumas consideraes que dali extramos, usando o mtodo de perguntas e respostas:
P. Qual a causa do orgulho? De onde se origina o egosmo? R. A causa do orgulho est na crena, em que o homem se firma, da sua superioridade individual. Ainda a se faz sentir a influncia da concentrao dos pensamentos sobre a vida corprea. Naquele que nada v adiante de si, atrs de si, nem acima de si, o sentimento da personalidade sobrepuja e o orgulho fica sem contrapeso. O egosmo, por sua vez, se origina do orgulho. A exaltao da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver,
1 MIRA Y LPEZ, Emilio. Quatro gigantes da alma: trad., ver. e pref. Por Cludio de Arajo Lima.- 16 ed., Rio, Jos Olympio, 1994, 224 p. 2 Idem, pp. 2/3. 3 KARDEC, Allan. Obras pstumas: trad. Guillon Ribeiro, 22 ed., Rio, FEB, p. 225-232. Pgina 3 constitua ofensa a seus direitos. A importncia que, por orgulho, atribui sua pessoa, naturalmente o torna egosta.
P. E de onde nascem esses escolhos? R. O egosmo e o orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservao. Todos os instintos tm sua razo de ser e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito de intil. Ele no criou o mal; o homem quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbtrio. Contido em justos limites, aquele sentimento bom em si mesmo. A exagerao que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece com todas as paixes que o homem freqentemente desvia do seu objetivo providencial. Ele no foi criado egosta, nem orgulhoso por Deus, que o criou simples e ignorante; o homem que se fez egosta e orgulhoso, exagerando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservao.
P. O orgulho pode atrapalhar um mdium? R. Muitas vezes o orgulho se desenvolve no mdium medida que cresce a sua faculdade. Esta lhe d importncia. Procuram-no e ele acaba por sentir-se indispensvel. Da, muitas vezes, um tom de jactncia e de pretenso ou uns ares de suficincia e de desdm, incompatveis com a influncia de um bom Esprito. Aquele que cai em tal engano est perdido, porque Deus lhe deu sua faculdade para o bem e no para satisfazer sua vaidade ou transform-la em escada para a sua ambio. Esquece que esse poder, de que se orgulha, pode ser retirado e que, muitas vezes, s lhe foi dado como prova, assim como a fortuna para certas pessoas. Se dele abusa, os bons Espritos pouco a pouco o abandonam e o mdium se torna um joguete de Espritos levianos, que o embalam com suas iluses, satisfeitos
4 KARDEC, Allan. Revista Esprita: trad. Jlio Abreu Filho, Sobradinho, EDICEL, 1859, p. 36-37, Pgina 4 por terem vencido aquele que se julgava forte. Foi assim que vimos o aniquilamento e a perda das mais preciosas faculdades que, sem isso, se teriam tornado os mais poderosos e os mais teis auxiliares.
P. Quais so as principais conseqncias sociais do orgulho e do egosmo? R. Eles sero sempre os vermes roedores de todas as instituies progressistas; enquanto dominarem, ruiro aos seus golpes os mais generosos sistemas sociais, os mais sabiamente combinados. belo, sem dvida, proclamar-se o reinado da fraternidade, mas, para que faz-lo se uma causa destrutiva existe? edificar em terreno movedio; o mesmo fora decretar a sade numa regio mals. Em tal regio, para que os homens passem bem, no bastar se mandem mdicos, pois que estes morrero como os outros; insta destruir as causas da insalubridade. Para que os homens vivam na Terra como irmos, no basta se lhes dem lies de moral; importa destruir as causas de antagonismo, atacar a raiz do mal: o orgulho e o egosmo.
P. O Espiritismo pode possibilitar a destruio desses males? R. O Espiritismo , sem contradita, o mais poderoso elemento de moralizao, porque mina pela base o egosmo e o orgulho, facultando um ponto de apoio moral. H feito milagres de converso; certo que ainda so curas individuais e no raro parciais. O que, porm, ele h produzido com relao a indivduos constitui penhor do que produzir um dia sobre as massas. No lhe possvel arrancar de um s golpe as ervas daninhas. Ele d a f e a f a boa semente, mas mister se faz que ela tenha tempo de germinar e de frutificar, razo por que nem todos os espritas j so perfeitos. Pgina 5
P. Por que o Espiritismo ainda no logrou fazer perfeitos todos os espritas? R. Ele tomou o homem em meio da vida, no fogo das paixes, em plena fora dos preconceitos e se, em tais circunstncias, operou prodgios, que no ser quando o tomar ao nascer, ainda virgem de todas as impresses malss; quando a criatura sugar com o leite a caridade e tiver a fraternidade a embal-lo; quando, enfim, toda uma gerao for educada e alimentada com idias que a razo, desenvolvendo-se, fortalecer, em vez de falsear? Sob o domnio destas idias, a cimentarem a f comum a todos, no mais esbarrando o progresso no egosmo e no orgulho, as instituies se reformaro por si mesmas e a Humanidade avanar rapidamente para os destinos que lhe esto prometidos na Terra, aguardando os do cu.
P. E como Espiritismo poder auxiliar os pais na educao moral dos filhos? R. Por um novo ponto de vista, do qual faz observar a misso e a responsabilidade dos pais; fazendo conhecer a fonte das qualidades inatas, boas ou ms; mostrando a ao que se pode exercer sobre os Espritos, encarnados e desencarnados; dando a f inquebrantvel, que sanciona os deveres; enfim, moralizando os prprios pais. Ele j prova sua eficcia pela maneira mais racional por que so educadas as crianas nas famlias verdadeiramente espritas. Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira; sendo o seu objetivo o progresso moral da Humanidade, forosamente dever iluminar o grave problema da educao moral, primeira fonte da moralizao das massas. Um dia compreender-se- que este ramo da educao tem seus princpios, suas regras, como a educao intelectual, numa palavra, que uma verdadeira Pgina 6 cincia; talvez um dia, tambm, ser imposta a toda me de famlia a obrigao de possuir esses conhecimentos, como se impe ao advogado a de conhecer o Direito.
o
(coluna originalmente publicada na Revista Internacional do Espiritismo em Maro de 1998)