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01 – Moral – Introdução
Noção
A moral cristã é una moral revelada. Deus criou o homem e a mulher: sabe o que é bom
e mau para eles.
As acções são boas ou más não porque Deus o determina, mas porque Deus as
impõe ou proíbe por serem boas ou más para a pessoa. As leis morais da Bíblia
brotam da própria natureza humana: o mal deteriora o ser humano, e por isso
Deus o proíbe; o bem aperfeiçoa-o, e por isso Deus o impõe.
2 Fim: a primeira propõe que o homem se aperfeiçoe como pessoa e que seja feliz na
sua existência terrena, enquanto que a segunda persegue a perfeição sobrenatural (de
um filho de Deus pela graça) e busca a felicidade terrena e da vida eterna.
O cristão recebeu uma nova vida: é filho de Deus, Cristo vive nele Jn 15, 4: o
que me ama está em Mim e Eu nele”. Esta nova riqueza de vida implica um
novo modo de se comportar.
Poderia haver uma ética não religiosa baseada numa concepção racional da
dignidade da pessoa humana. Mas é difícil fundamentar valores universais
válidos para todos os povos e que todos se sintam obrigados a praticá-los, sem
recorrer a Deus.
João XXIII: “A base dos preceitos morais é Deus. Se se nega a ideia de Deus,
tais preceitos necessariamente se desintegram por completo” (Mater et
magistra 208).
O homem distingue-se dos outros animais porque pensa, é social e deve viver
eticamente. Sendo um ser inteligente e livre, deve orientar os seus actos de
modo racional, com pleno uso da sua inteligência e da sua liberdade
responsável.
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Quando se considera que as normas morais estão impostas por agentes externos
(família, sociedade, Estado, Religião, etc.) e tiram assim a liberdade, então ou
se nega a ciência moral, ou se propõe uma doutrina ética que faz depender o
juízo moral das circunstâncias, do fim que se tem ao actuar, das consequências
que advêm da acção, dos costumes de cada sociedade ou das valorações sociais
de cada época histórica.
Existe uma íntima relação entre Ética e Antropologia: a conduta que se proponha e
exija ao homem depende do conceito que se tenha dele.
→ Antropologia cristã:
1 “O homem reflecte no seu próprio ser a “imagem” de Deus (criação). Tem de actuar
em conformidade com esta dignidade.
c O homem foi redimido e elevado à vida divina. A adopção filial torna o homem
“capaz de actuar rectamente e de praticar o bem. (...) O discípulo alcança a perfeição da
caridade, a santidade. A vida moral, amadurecida na graça, culmina em vida eterna”
(CCE 1709).
A liberdade: sem ela as acções não seriam ”morais”, pois não se poderiam
imputar à pessoa.
“Em qualquer campo da vida pessoal, familiar, social e política, a moral, que se
baseia na verdade e que através dela se abre à autêntica liberdade, oferece um
serviço original insubstituível e de enorme valor, não só para a pessoa e para o
seu crescimento no bem, mas também para a sociedade e seu verdadeiro
desenvolvimento” (Veritatis splendor 101).
Jo 15, 8: “meu Pai é glorificado se dais muito fruto e sois meus discípulos”.
C Permite que o baptizado possa comunicar com Deus; mais ainda, que participe da
vida Trinitária.
2 Ajuda a rejeitar todo o pecado, e o amor a Deus com que se levam a cabo as
obras em si boas engrandece-as.
3 Dá lugar a uma moral de altos valores éticos porque se põe Deus como fim da
existência.
4 Além de projectar para a vida um ideal mais elevado, conta-se com a graça de
Deus para o alcançar.
os que afirmam que o homem não tem em si mesmo uma entidade que lhe
permita realizar actos verdadeiramente responsáveis;
os que reduzem o homem a pura matéria (materialismo dialéctico,
defensores do acaso, etc.);
Definições possíveis:
Liberdade e verdade, 1
Liberdade e verdade, 2
Liberdade e verdade, 3
Fides et ratio 90: “uma vez tirada a verdade ao homem, é pura ilusão
pretender fazê-lo livre. (...) Verdade e liberdade, ou estão bem juntas ou
juntas perecem miseravelmente”.
Liberdade e bem
Fazer o mal, não é próprio da liberdade, nem sequer uma parte dela, mas
tão só é sinal de que o homem é livre.
CCE 1733: “Na medida em que o homem faz mais o bem, vai-se
tornando também mais livre. Não há verdadeira liberdade senão ao
serviço do bem e da justiça. A eleição da desobediência e do mal é um
abuso da liberdade e conduz à escravidão do pecado”.
Liberdade e graça, 1
Liberdade e graça, 2
Liberdade e graça, 3
Actos livres
A vida moral há-de partir de quatro notas que definem o ser humano:
Veritatis splendor 71: “Os actos humanos são actos morais, porque
expressam e decidem a bondade ou malícia do mesmo homem que
realiza esses actos”. Quando estes actos são bons, tornam a pessoa boa;
quando são maus, fazem-na má.
“Actos do homem” são aqueles que se realizam sem que medeie nem a
advertência do entendimento nem a decisão da vontade.
Não existe moral sem liberdade => alguns “chegaram a pôr em dúvida
ou inclusive a negar a própria realidade da liberdade humana” => crise
actual sobre a liberdade.
Defeitos de conhecimento, 1
Defeitos de conhecimento, 2
Deficiências na liberdade, 1
Deficiências na liberdade, 2
Acção de duplo efeito: caso em que de uma só acção seguem dois efeitos, um
bom e outro mau.
3 que o efeito primeiro e imediato que se segue seja o bem e não o mal;
O juízo moral das acções humanas deve-se emitir a partir de três critérios que
se hão-de pesar conjuntamente:
2 O fim que se busca (intenção): tendo em conta o fim, uma acção em si boa
pode converter-se em má quando o sujeito se propõe um fim mau (ex.: uma
gratificação pode dar-se como esmola ou com a finalidade de receber elogios ou
para receber benefícios). Além disso hão-de ter-se em conta os meios que se
usam para obter o fim desejado: o fim não justifica os meios.
O juízo moral das acções humanas deve-se emitir a partir de três critérios que
se hão-de pesar conjuntamente:
b “A razão pela qual não basta a boa intenção, mas é também necessária a
recta eleição das obras, reside no facto de que o acto humano depende do seu
objecto, ou seja se este é ou não ordenável a Deus, àquele que ‘só é bom’,
e assim realiza a bondade da pessoa” (Idem).
Princípios morais, 1
7 A consciência é livre, pelo que não deve ser violentada por ninguém: O
próprio Deus respeita a liberdade da pessoa humana. Mas o homem não é livre
para não formar a sua consciência: está obrigado a usar os meios necessários
para formar uma consciência recta.
Consciência e verdade, 1
e O Sacramento da Penitência.
f A direcção espiritual.
A ‘regra de ouro’: ‘Tudo (...) o que queirais que vos façam os homens,
fazei-o a eles também vós’ (Mt 7, 12).
A caridade deve actuar sempre com respeito pelo próximo e pela sua
consciência: ‘Pecando assim contra os vossos irmãos, ferindo a sua
consciência, pecais contra Cristo’ (1 Co 8, 12). ‘O bom é (...) não fazer
coisa que seja para teu irmão ocasião de queda, tropeço ou debilidade’
(Rm 14, 21)”.
3 Para ser norma que vincule, deve ser estabelecida por quem tem autoridade
para tal na comunidade.
4 Para ser norma que vincule, deve ser estabelecida por quem tem autoridade
para tal na comunidade.
Divisão da lei: - eterna
- divina: natural / divino-positiva
- humana: civil / eclesiástica
1 Lei divina positiva: tem Deus por autor. São os Dez mandamentos no AT e o
preceito do amor no NT.
2 Lei eclesiástica: tem por legislador a Hierarquia da Igreja. É o caso de
muitas leis que regulam o matrimónio e, no seu conjunto, as leis do Código de
Direito Canónico.
Lei nova
7 Todos e só os baptizados, a partir dos sete anos e com o uso da razão, estão
obrigados a cumprir as leis da Igreja, excepto para aquelas que exijam outra
idade determinada.
10 Podem ser objecto de lei civil as acções externas, e somente aquelas que, por
execução ou omissão, contribuem ao bem comum.
Liberdade e lei
A lei moral não significa uma limitação da liberdade, mas antes, indica
ao sujeito o caminho que há-de seguir para fazer uso inteligente e lúcido
dela. Do mesmo modo que as normas de circulação não coarctam a
vontade do condutor, a lei divina não só não limita a liberdade do
homem, mas guia-o para que possa orientar a sua existência por uma rota
que o leve à salvação.
Consciência e lei
CCE 1800: “O ser humano deve obedecer sempre ao juízo certo da sua
consciência”. Pois é a lei que ajuda o homem a emitir esse “juízo certo”
sobre o que há-de fazer ou deve omitir, se quer ter uma conduta digna da
pessoa humana.
08 – Moral - Virtudes
No Baptismo comunica-se uma nova vida: o cristão “participa da vida
divina” (2 P 1,4) e pode dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que
vive e mim” (Gal 2, 20). Para nos identificarmos com Cristo é necessário
a acção do Espírito Santo. Esta identificação abarca todo o ser espiritual:
razão, vontade, vida afectiva.
Importância da virtude:
4 impede que a pessoa se deixe levar pela espontaneidade, que por vezes a faz
actuar como os animais;
5 1 As virtudes morais estão unidas entre si: se uma cresce, também acontece o
mesmo às outras; se uma falta, nenhuma outra é perfeita.
III As virtudes teologais têm relação directa com Deus. São específicas da
moral cristã. Não são fruto do esforço humano, mas são virtudes infusas. O seu
fundamento é a “participação na natureza divina” (2 P 1, 4).
1 Fé: virtude teologal pela qual cremos em Deus e nas verdades que Ele
revelou, segundo os ensinamentos da Igreja.
Há-de ser guardada (não a pôr em perigo), aumentada (pela oração e os
Sacramentos), defendida (estar atento aos erros) e estendida (propagá-la entre
quem desconhece a mensagem cristã).
09 – Moral - Pecado
Duas definições:
Efeitos:
1 CCE 1871: “O pecado é uma ofensa a Deus. Eleva-se contra Deus numa
desobediência contrária à obediência de Cristo”.
Divisão:
1 Condições para que exista pecado mortal: matéria grave, advertência plena,
consentimento perfeito.
3 Para que se cometa pecado venial requer-se o seguinte: matéria leve, certa
advertência e algum consentimento.
4 Um pecado leve pode dar lugar a um pecado grave: pelo fim, por desprezo da
lei que só obriga levemente, por escândalo, por ser ocasião de pecado grave,
por acumulação de matéria.
a. Distinção específica:
- um só acto pode constituir diversos pecados, porque falta contra
virtudes diversas ou quebra vários preceitos simultaneamente;
- por razão do objecto há vários pecados quantas vezes se decide
a execução do mesmo acto;
b. distinção numérica (numero concreto de actos):
- para serem vários pecados devem tratar-se de actos humanos
diferentes (certo espaço de tempo entre estes pecados);
- com um só acto podem-se cometer vários pecados (vários mortos
num atentado).
=>para a validade da confissão requer-se que se confessem todos os
pecados mortais segundo a espécie e segundo o número.
Princípios morais, 1
Princípios morais, 2
Princípios morais, 3
10 – Moral - Conversão
Disposições que há-de ter o pecador para obter o perdão na confissão (actos do
penitente):
1 Exame de consciência.
2 Dor dos pecados (contrição, atrição).
3 Propósito de emenda: não pactuar com o mal; estar disposto a mudar de vida.
4 Confissão: individual, auricular e secreta, é o modo ordinário de confessar-
-se na Igreja.
5 Satisfação ou penitência: oração ou outra boa obra que impôs o confessor.