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UNIVERDADE DO ESTADO AMAZONAS

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITACOATIARA

Curso de Licenciatura em Pedagogia PARFOR - UEA

RESUMO

Itacoatiara – AM

2022
Dayanni Kelly de Araújo
Jozilanda Da Costa Abidom
Maria Ivanildes Nascimento
Rosiely Gentil da Silva

RESUMO

Trabalho solicitado pelo Professor


Dr. Roberto Sanches Mubarac
Sobrinho para obtenção de nota
da P1 deste semestre na
disciplina de Teoria e Prática do
Ensino Fundamental.

Itacoatiara – AM

2022
RESUMO
O objetivo das pesquisas foram explicitar questões históricas referentes à
organização do ensino fundamental no Brasil, em especial a legislação mais recente
que delineou a atual configuração desse nível de ensino em 9 anos, com ênfase
para os aspectos relacionados à realidade do estado do Paraná.
As autoras destacam a importância do assunto quando afirma que a
ampliação do ensino fundamental de 8 para 9 anos regulamentada pela Lei 11.274
em 2006, onde embora já indicada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) 9394, gerou muitas controvérsias e desafios tanto aos sistemas de
ensino quanto para as crianças. E que do ponto de vista organizacional, no contexto
brasileiro, o ensino fundamental integra a educação básica, juntamente com a
educação infantil e o ensino médio, e esse nível de ensino faz parte do sistema de
ensino brasileiro, sendo que sua estrutura e funcionamento são regulamentados
pelos órgãos superiores, dentre eles o Ministério da Educação (MEC), as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (CEE).
A Lei de n. 11.114, aprovada pelo Senado Federal em 16 de maio do
corrente ano – ao que se sabe, por descuido do MEC – e que altera artigos da LDB,
com o objetivo de tornar obrigatório, para todas as crianças de 6 anos de idade, o
início no ensino fundamental. Essa lei, que não foi discutida sequer pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE), gera problemas dos quais o autor certamente não se
deu conta, uma vez que, ao vetar o artigo 30 da LDB, que estabelecia a existência
de creches e pré-escolas para crianças de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos,
respectivamente, deixa sem especificação que instituições educacionais deverão
atender a educação infantil. A lei prevê que essas mudanças já devem entrarem
vigor no ano de 2006, mas não define também se a educação infantil será destinada,
dessa data em diante, às crianças da faixa etária de 0 a 5 anos. Essa lei não
pretende a instalação de um ensino fundamental de nove anos, à semelhança da
proposta constante do PNE, mas, simplesmente, o início desse ensino aos 6 anos
de idade – não mais aos 7.
No seguimento de ampliação do ensino fundamental, em 2001, o Plano
Nacional da Educação, Lei 10. 172, estabeleceu como uma de suas metas para a
década 2001-2010, a duração do ensino obrigatório com início aos seis anos de
idade, à medida em no decorrer do tempo sendo universalizado o atendimento na
faixa etária de 7 a 14 anos. E em 2004, o Conselho Nacional de Educação, em
conjunto com a Câmara de Educação Básica, iniciou uma série de encontros
regionais referente a ampliação do Ensino Fundamental até então com 8 anos de
duração para 9 anos.
Tendo em vista, em 2005, houve homologação do parecer 6/2005 no qual
reexaminou o parecer 24/2004, acrescentando a ampliação do ensino fundamental
obrigatório para 9 anos, a partir dos seis anos de idade. O primeiro parecer (6/2005),
esclarece a obrigatoriedade da matrícula aos seis anos de idade e a duração de 9
anos do ensino fundamental.
Posteriormente, houve os pareceres CNE/CEB nº 6/2005, nº 18/2005, nº
5/2007 e nº 4/2008, no qual regulamentam a data corte para o ingresso no ensino
fundamental como o início do ano letivo. No parecer 5/2007, foi mencionada a
dificuldade de compressão dessa regulamentação, questiona a respeito das
possíveis indefinições sobre data de corte, instinto que o texto é claro e não pode
alimentar dúvidas mediante aos seis anos completos ou a completar até o início do
ano letivo.
E mediante a esse quadro diferenciado regionalmente em relação à data
corte, houve a necessidade de compreender como o Estado do Paraná
regulamentou e implantou o ensino fundamental de 9 anos, incluindo a data corte
vigente. Com isso, a primeira deliberação do Estado do Paraná regularizando e
estabelecendo normas para a implantação do ensino fundamental de 9 anos no
Sistema Estadual de Ensino do Estado, com a deliberação 03/06, aprovada em 09
de junho de 2006.
Contudo, mesmo no amparo legal suficiente para fazer valer a entrada das
crianças apenas com seis anos completos ou seis anos a completar no início do ano
letivo como prevê a LDB 9394, o estado do Paraná cedeu à pressão imposta pelas
escolas, como fica claro no depoimento emitido pelo Presidente do CEE, Romeu de
Miranda, em nota de esclarecimento de 12 de novembro de 2008.
O referente artigo segue pauteando a LDB 4024/61, a LDB 5692/ 96: do
ensino primário ao ensino de primeiro grau para o ensino fundamental; a ampliação
do ensino fundamental: como passamos de 8 para 9 anos; o corte etário para a
matrícula das crianças no primeiro ano do ensino fundamental: diversidade e
controvérsias; além disso refere-se como que muda nas orientações do estado do
Paraná em relação às orientações Federais.
De acordo com os autores, as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
Lei 4024, estabeleceu diretrizes para o então chamado ensino primário no qual era
composto no mínimo por quatro séries, onde estas podem ser ampliadas para até
seis séries, seguindo o nível correspondente ao ensino fundamental hoje. Além
disso, a LDB 4024, não solucionou as questões da descontinuidade entre o ensino
primário e ensino médio, sendo que o último continuava se configurando como um
problema na extensão e continuidade do processo de escolarização da época.
Em vista disso, o ensino fundamental no Brasil tem como pressuposto
verificar se os direitos constitucionais, garantidos na Constituição Federal de 1988
(CF/88), em especial nos artigos 205 a 208, estão sendo perseguidos pelas políticas
educacionais implementadas no país prelo Poder Público. A CF/88 estabelece a
educação como direito de todos e dever do Estado, e declara como princípios do
ensino não só a igualdade de condições de acesso e permanência, mas a
correspondente obrigação de oferta de uma escola com um padrão de qualidade,
que possibilite a todos os brasileiros e brasileiros – pobres ou ricos, do sul ou do
norte, negro ou branco, homem ou mulher – cursar uma escola com boas qualidades
de funcionamento e de competências educacional, em termos pessoal, material,
recursos financeiros e projeto pedagógico, que lhes permita identificar e reivindicar a
“escola de qualidade comum” de direito de todos os cidadãos.
Dessa forma, é importante destacar as dificuldades que poderão advir dessa
decisão política, pois dos 34,5 milhões de alunos matriculados no ensino
fundamental regular do Brasil, somente 520 mil deles já vêm iniciando seus estudos
aos 6 anos de idade. O que gera dois tipos de questões: a primeira, sobre a origem
dessa proposta, defendida pelo governo anterior e expressa no Plano Nacional de
Educação (PNE), plano este elaborado por esse mesmo governo e aprovado nas
férias docentes de 2001 (Lei n. 10.172, de 9/1/2001). Se o governo anterior não
defendia a educação infantil, como responsabilidade do Estado, propondo inclusive
que as parcerias com a comunidade fossem a forma de expansão desse
atendimento, é possível que, assumindo um ano a “mais” no ensino fundamental, os
outros anos dela – de 0 a 5 – eventualmente pudessem ser pelas comunidades.
Contudo, mesmo no amparo legal suficiente para fazer valer a entrada das
crianças apenas com seis anos completos ou seis anos a completar no início do ano
letivo como prevê a LDB 9394, o estado do Paraná cedeu à pressão imposta pelas
escolas, como fica claro no depoimento emitido pelo Presidente do CEE, Romeu de
Miranda, em nota de esclarecimento de 12 de novembro de 2008.
A obrigatoriedade do ensino fundamental, em contrapartida, para além de
impor que os pais ou responsáveis pobres, na totalidade das vezes matriculem seus
filhos nas escolas, exige que o Poder Público pela 1ª vez, na história republicana, ao
garantir o direito de todos à escola, seja responsabilizado inclusive por sua oferta
irregular, imputando-se a responsabilidade à autoridade competente, seja do âmbito
estadual ou municipal.
Conforme se detalham os dados, a “desigualdade” na permanência volta a
aparecer, e esta situação não é homogênea nas regiões brasileiras e, portanto, nas
regiões mais pobres no caso, as regiões Norte e Nordeste, essa defasagem
aumenta. Uma segunda questão que os dados nos apontam é o vertiginoso
processo de municipalização de todo o ensino fundamental. A outra constatação
sobre o processo de municipalização do ensino público fundamental é que as séries
iniciais (de 1ª a 4ª séries) já são responsabilidade indiscutível das redes municipais
de ensino no Brasil.
Mesmo que se pondere que a municipalização das séries iniciais do ensino
fundamental da Região Nordeste teve um processo antecipado, com relação ao
conjunto das regiões brasileiras, pois esta teve seu início de municipalização
incentivado nos anos de 1970, quando da implementação do Projeto
PROMUNICÍPIO fruto de acordo internacional do Brasil com o Banco Mundial
(1974), o qual, à semelhança do atual FUNDEF, significava algum aporte de
recursos aos municípios (pobres e muito pobres) da região, sem a adesão ao qual
tais recursos não seriam repassados.
Processo de municipalização do ensino fundamental é bastante significativo,
sendo que em alguns estados ela já corresponde a mais de 80% do atendimento do
ensino fundamental e, portanto, é impossível discutir a questão da qualidade de
ensino sem conhecer qual a distribuição dos municípios no Brasil, pelas diferentes
regiões, e como e onde vivem os cerca de 170 milhões de brasileiros neste país-
continente.
Estudos da organização política e social de diferentes países demonstram
que, quando o município na qualidade de esfera pública depende, como fonte
principal de recursos, das transferências federais no caso do Brasil, o FPM –, não
possuindo fonte de recursos próprios mínimos, ele não teria condições de se
viabilizar como “ente” público autônomo, lembrando que a Constituição Federal de
1988, e foi a primeira vez na nossa história federativa, estabeleceu o município
como esfera pública, politicamente autônoma.
A repercussão desse desequilíbrio econômico-financeiro entre os entes
públicos se faz sentir na área educacional, especialmente quando se discutem as
possibilidades efetivas de se construir uma escola pública “decente”, em termos de
qualidade de atendimento.
É evidente que, nos últimos 15 anos, o empenho do governo federal, a partir
dos compromissos internacionais assumidos com a assinatura da “Declaração
Mundial da Educação para Todos”, em 1990, concentrou seus esforços para superar
o “fosso” estatístico do atendimento educacional do Brasil, apontado como um dos
sete piores do mundo, em qualquer nível ou modalidade de ensino.
Os avanços das ciências pedagógicas vieram socorrer o governo na
superação de seus índices estatísticos negativos, e, apesar de se encontrar no
Brasil experiências positivas, do ponto de vista da adoção de “ciclos escolares” entre
as quais Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte podem ser citadas como cidades
que experimentaram, com competência e bons resultados pedagógicos, essa
organização de ensino que, além de científica, viabiliza o direito democrático ao
ensino fundamental, também encontraram oportunidade histórica de “maus exemplo.
Isso nos permite supor que, também nesse estado, para além das alterações
dos índices estatísticos, um outro objetivo pretendido com a radicalidade política da
medida implementada poderia ser, tão-somente, o gosto pela adoção da promoção
automática. Mas o objetivo maior era outro. Era promover municipalização sumária
das séries iniciais do ensino fundamental razão pela qual os dois blocos eram de
quatro anos, compromisso assumido pelo Brasil em acordos internacionais, com a
transferência, para os municípios, de parcela significativa da responsabilidade pela
manutenção do ensino fundamental.
A produção acadêmica na área da educação nos últimos 15 anos, no Brasil,
consultando-se os diversos estados da arte disponíveis, da qual foram analisados,
especialmente, as dissertações, as teses, os livros e artigos publicados no período,
permite constatar que o tema “ensino fundamental” e, nele, de forma especial, o
ensino público fundamental representam parte significativa dessa produção, uma
vez que aquele representa quase metade do total das publicações.
As reflexões, os diagnósticos e as propostas de formação de professores
não escapam, com freqüência, dessa contradição: a abordagem de análise é
setorizada e a justificativa do projeto fundamenta-se na complexidade do cotidiano
escolar e das multivariáveis internas e externas que interferem no processo
ensino/aprendizagem. Isso nos permite afirmar, em conseqüência, a idéia de que a
“democratização” do ensino fundamental, como (quase) universalização do
atendimento da demanda escolar, na faixa etária de 7 a 14 anos de idade, para
os/as e os pesquisadores/as em educação, foi realizada com a obtenção estatística
de matrícula escolar, e, portanto, a exigência da melhoria “por dentro” dessa mesma
escola foi-se constituindo no desafio atual das ciências pedagógicas.
Os estudos sobre o direito social à educação e dos direitos humanos como
expressão de cidadania, crescentes após a Constituição Federal de 1988, vão
disputar com as novas tendências, que dão ao consumidor e ao seu padrão de
consumo o status de “critérios objetivos” para avaliação do índice de cidadania a
chamada visão mercantilista a sua permanência na agenda acadêmica.
E sobre memória educacional e escolar começam a ficar cada vez mais
presentes, a partir de pesquisas diversificadas e coletas de documentos e materiais
e a gestão escolar, em especial as questões do planejamento escolar, entendidos
como os projetos pedagógicos elaborados pelas escolas os projetos político-
pedagógicos, PPEs ou PPPs, como são chamados são encontrados, muitos deles
motivados pelos PCNs, que consideram esses planejamentos a expressão da
competência escolar.
Outro conjunto de pesquisas realizadas no período foi o dos referentes aos
projetos e processos de descentralização, desconcentração e municipalização do
ensino, com ênfase especial ao ensino municipal após a criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEF), e sua implantação, a partir de 1998.
Mesmo assim, ou por isso mesmo, pode-se afirmar que o desejo científico-
pedagógico de “decodificar” a escola nos seus mais diferentes aspectos, e nela o
ensino fundamental público, está presente nessas pesquisas. Isso nos poderia levar,
no entanto, a uma conclusão apressada, de que as condições de “transformação” e
mudança da escola pública já estivessem dadas. E de que, de certa forma e em
algum grau, essas pesquisas traduzis sem uma (forte) expectativa dos e das
trabalhadores/as da educação e dos usuários das escolas por mudanças
significativas no seu cotidiano escolar.
Portanto, a contribuição esperada para essas pesquisas são as discussões
ora apresentadas ganham importância uma vez que os conhecimentos das questões
legais devem vir acompanhado da necessária reflexão crítica acerca dos
encaminhamentos tomados e dos desdobramentos das políticas educacionais que
envolvem o ensino fundamental.

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