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2. Contextualização
O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tem se constituído como a fronteira mais
recente da democratização da escolarização obrigatória (de 4 a 17 anos no Brasil). Os dados
disponíveis nas bases oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio
Teixeira – Inep indicam que cerca de 7,7 milhões de brasileiros frequentavam o Ensino Médio
em 2021. A maioria deles, em escolas públicas vinculadas aos sistemas estaduais de ensino:
O esforço pela democratização do acesso ao ensino médio ganhou maior envergadura a partir
dos anos 1990, com a sanção da Lei Federal 9.394/96 e, principalmente, a partir da redefinição
do conceito de Educação Básica obrigatória, como direito público e subjetivo, dos 4 aos 17 anos
de idade. Assim, as primeiras duas décadas do século XXI sinalizam uma evolução significativa
da cobertura escolar para os estudantes de 15 a 17 anos, tanto do ponto de vista da taxa de
matrícula bruta quando do ponto de vista dos jovens que, nesta faixa etária, estão matriculados
especificamente no ensino médio:
Se é verdade que, em média, 75,5% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados no ensino
médio no Brasil, entre os 20% mais pobres, esse patamar só alcança 66,5%, enquanto entre os
20% mais ricos, o percentual de matrícula alcança 91,3%. Quando o recorte é por raça/cor, 81%
do jovens brancos de 15 a 17 anos estão matriculados no ensino médio, enquanto apenas
71,1% dos jovens pretos estão nessa condição.
Nossa trajetória de expansão das matrículas nas últimas duas décadas deve ser reconhecida
como resultado de um esforço importante da sociedade brasileira. Entretanto, é importante,
também, reconhecer que há muito trabalho a ser feito e que é fundamental posicionar a
equidade no centro da tomada de decisões para a universalização da matrícula dos jovens no
ensino médio.
Com a expansão da oferta, esses problemas se tornaram ainda mais agudos, uma vez que o
processo de democratização do acesso aconteceu sem o enfrentamento de uma lógica de
subfinanciamento, constrangendo os sistemas públicos de ensino a universalizar o
atendimento sem uma ampliação compatível dos fundos públicos alocados para esse esforço.
Após a aprovação das DCNEM de 2012 e a partir da necessidade de uma transformação que
lidasse com outras dimensões, iniciou-se um esforço legislativo em torno da produção de uma
reforma mais ampla do ensino médio. A instalação da Comissão Especial destinada a promover
estudos e proposições para a reformulação do Ensino Médio (CEENSI), no Congresso Nacional,
é um marco importante desse deslocamento. Os esforços da CEENSI permitiram aos
legisladores acessar e dialogar com gestores públicos, especialistas no tema, representações
de professores e estudantes. O trabalho desenvolvido na CEENSI permitiu aos legisladores a
formulação de um Projeto de Lei (PL 6840/2013) que propunha transformações bastante
amplas na organização do ensino médio.
A tramitação do PL 6840/13 caracterizou-se por um debate legislativo no qual parte dos sujeitos
individuais e coletivos que compõem o ecossistema do Ensino Médio enxergava problemas de
concepção em algumas propostas. Os tensionamentos deram origem à substitutivos que
passaram a compor a tramitação do Projeto de Lei. Até o final da legislatura em questão (2014),
não houve consenso que permitisse sua aprovação pelo Congresso Nacional. A situação
permaneceu indefinida no primeiro ano da legislatura 2015-2018 e foi impactada, também,
pela ocupação da pauta do legislativo em torno do processo de impeachment da então
presidenta Dilma Rousseff.
Durante o governo do Presidente Michel Temer, o Poder Executivo decidiu propor uma
Reforma do Ensino Médio com muitos dos elementos do PL 6840/13 utilizando o instrumento
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de Medida Provisória. Tal expediente permitiu que o debate legislativo fosse deslocado para a
análise da MP e não para a aprovação de um texto próprio do Congresso Nacional, acelerando
a tomada de decisão. Posteriormente a Medida Provisória foi convertida em Lei, com a
tramitação de um Projeto de Lei de Conversão. A Lei 13.415/17 é fruto dessa tramitação. A
partir dela, uma série de instrumentos normativos complementares foram estabelecidos pelo
Ministério da Educação e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, com vistas à
implementação do chamado Novo Ensino Médio.
• Definir, à luz da BNCC, que a área curricular de ciências humanas e sociais aplicadas
deverá ser composta, no mínimo, pelos componentes curriculares de Sociologia,
Filosofia, História e Geografia, com oferta obrigatória no Ensino Médio.
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• Definir, à luz da BNCC, que a área curricular de ciências da natureza e suas tecnologias,
deverá ser composta, no mínimo, pelos componentes curriculares de Biologia, Química
e Física.
• Definir, à luz da BNCC, que a área curricular de Linguagens e suas tecnologias deverá
ser composta, no mínimo, pelos compenentes curriculares de Lingua Portuguesa,
Lingua Inglesa, Artes e Educação Física.
( ) Concordo com a proposição
( ) Discordo da proposição
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IV – A flexibilização curricular do ensino médio é uma proposição importante que vem
sendo proposta no debate epistemológico e de gestão pública há algumas décadas. Em
nível internacional, tal mecanismo é uma tendência consistente e tem revelado efeitos
importantes na melhoria do engajamento, da permanência e da percepção de satisfação
dos jovens com o Ensino Médio. Todavia, os processos de flexibilização curricular
precisam ser pensados com muito cuidado em contextos nos quais há forte desigualdade
educacional e forte desigualdade de capacidades estatais. Caso contrário, a flexibilização
curricular pode produzir mais desigualdades e prejudicar os estudantes que estão em
condição de maior vulnerabilidade. A experiência de implementação do Novo Ensino
Médio no Brasil tem revelado a necessidade de enfrentarmos essa contradição, pois a
elevada heterogeneidade de modelos de flexibilização curricular e o regramento
insuficiente das formas de composição de disciplinas eletivas e optativas pode estar
produzindo distorções graves na oferta. Nesse sentido, é muito importante:
• Definir que a Formação Geral Básica – FGB deve ser feita exclusivamente na
modalidade presencial.
( ) Concordo com a proposição
( ) Discordo da proposição
Comentários (definir um nº de caracteres)
VI – A oferta da educação técnica e profissional de nível médio dentro do ensino médio
apresenta desafios importantes para as redes de ensino. Um deles está relacionado à
formação pedagógica dos professores e professoras. Em variadas situações, os
profissionais das áreas técnicas não realizaram percursos formativos em cursos de
licenciatura e, por isso, não possuem habilitação específica para a docência na educação
básica, embora possuam conhecimento aprofundado de sua área de atuação. Permitir
que se faça o reconhecimento de notório saber, mediante critérios rigorosos e na
perspectiva da excepcionalidade, ajuda as redes de ensino a enfrentar esse desafio.
Todavia, há interpretações mais amplas da lei que tem permitido que esse dispositivo
seja utilizado de forma muito ampla, provocando problemas de regulação do exercício
da profissão docente. Assim, é importante:
( ) Discordo da proposição
Comentários (definir um nº de caracteres)
VIII – Parte das transformações propostas no Novo Ensino Médio dependem da melhoria
substancial das condições de infraestrutura física e pedagógica das escolas. Tal processo
tem sido liderado pelas redes estaduais de ensino, com diferentes graus de velocidade
e capacidade de execução. Nessa arena, o esforço que precisamos fazer para tornar as
escolas de ensino médio ambientes potentes de aprendizagem deve considerar: