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Resumo

Este artigo almeja realizar um estudo comparado internacional a respeito da implantação


do Ensino à Distância, na Universidade de Simon Fraiser (SFU) no Canadá e a
Universidade Aberta do Brasil (UAB) com destaque a Universidade de Brasília (UNB).

Palavras chave: Estudo comparado – EAD - UAB/UNB – SFU-

Introdução

A Educação a Distância (EAD) está inserida dentro deste contexto atual de


educação tecnológica e globalizada. Realizou-se investimentos em tecnologia nos
últimos anos para equipar as escolas, como objetivo de transformar o ensino
sintonizando-o às crescentes expectativas sociais e econômicas.
Esta ação tem como objetivo criar uma base de cidadãos que saibam
aproveitar as oportunidades da sociedade do conhecimento e contribuam como
trabalhadores ao desenvolvimento econômico de sua comunidade e país.
Neste novo contexto globalizado, as habilidades começando pelas digitais
constituem uma nova forma de capital. A modernização da educação escolar
contribui para a melhoria das oportunidades ao uso apropriado da tecnologia
como recurso pedagógico.
O Governo Federal Brasileiro, mediante vários órgãos nacionais,
estabeleceu juntamente com uma política do Ministério da Educação – (MEC),
Decreto nº 9.057 de 25 de maio de 2017, em que a educação a distância
configura-se como uma
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com
políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre
outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais
da educação que estejam em lugares e tempos diversos (DECRETO nº
9.057 de 25 de maio d e 2017, Art. 1º) 

Neste contexto, considerando o processo evolutivo da EAD no Brasil, esta


modalidade de ensino avança em sua institucionalização e reconhecimento, no
tocante a oferta no ensino superior.
Com o intuito de expandir e interiorizar a educação superior pública no
país, o MEC instituiu o Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB – por meio
do Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, que segundo Dias e Leite (2010), visa à
oferta de cursos e programas de educação continuada superior, na modalidade à
distância, pelas Universidades públicas brasileiras.
Neste sentido, as autoras explicam que o Sistema UAB não deve ser
compreendido como uma nova Instituição de Ensino, ele se articula com os
governos estaduais, municipais e instituições públicas de Ensino Superior,
priorizando a formação inicial e continuada de professores para educação básica.
No ano de 2007, houve a implementação do processo de
institucionalização da EAD como modalidade de ensino de graduação viabilizada
pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) na Universidade de Brasília (UNB). O
primeiro curso ofertado através de processo seletivo - vestibular, foi o curso
superior Administração; uma parceria entre o MEC e o Banco do Brasil.
Em contrapartida a implementação da EAD no Canadá, ocorreu de forma
totalmente diferenciada, não como o Brasil por um projeto de governo, mas sim,
indo ao encontro da necessidade real daquele país, tendo em vista que algumas
regiões do Canadá impossibilitam aos alunos terem acesso à escola, devido as
situações climáticas.
Este processo de implementação da EAD no Canadá, aconteceu de forma
muito simples, disponibilizando o material didático para os alunos via correio, isto
já no século XIX.
O real objetivo era democratizar o acesso à educação em todos os
territórios, consolidando a EAD neste país, ofertando a todos condições iguais de
desenvolvimento. A promoção desta modalidade sucedeu desde o ensino
primário ao ensino superior. Em decorrência deste processo, em 1999, 65 mil
alunos já utilizavam a EAD1.
Para compreendermos melhor e termos uma visão macro e micro em
alguns aspectos, propomos aprofundar neste artigo um estudo comparativo entre
a implantação da EAD na Universidade de Simon Fraiser e a UAB ofertado pela
UNB.

REFERENCIAL TEÓRICO

Análise histórica a respeito do estudo comparado

1
Informação disponível em uma entrevista com o professor Lúcio França Teles, no site Folha de São Paulo.
O campo da educação comparada tem se preocupado com a questão de
abordagens e metodologias.

Em uma perspectiva histórica, Rumo a uma ciência de educação comparativa


(NOAH; ECKSTEIN, 1969), a primeira etapa proposta foi a de que viajantes leigos
apresentavam informações sobre o modo de educar de outros povos, como parte
de descrições mais amplas de práticas em outros países. A segunda etapa, veio
no início do século XIX, foi a de empréstimos educacionais. A terceira, trabalhos
enciclopédicos analisando outros países com o intuito de obter entendimento
internacional. A quarta etapa no início do século XX, tratou de identificar as forças
e fatores que moldam sistemas de educação nacionais, seguida por uma etapa de
explicações, que utilizam métodos empíricos e quantitativos de ciência política,
economia e sociologia, para esclarecer as relações entre a educação e a
sociedade.

Constatou-se que estas etapas apresentadas acima, não correspondiam a linha


do tempo exata em que foi mencionada, mas sim que cada uma dessas linhas
tem persistido até os dias de hoje e podem ser identificadas na literatura
contemporânea.

É importante acrescentar que o campo de estudo permanece eclético com


evidentes disparidades entre as abordagens e entre os graus de sofisticação. O
campo de educação comparada, embarcou num período de considerável debate
a respeito da metodologia. Vale destacar, que os países de língua inglesa
exerceram um papel de liderança. Uma das razões fora que o inglês estava se
firmando como língua preferencial para o discurso internacional de acadêmicos.

Em 1971, houve um marco histórico, um estudioso japonês de educação


comparada Tetsuya Kobayashi, promoveu juntamente com a UNESCO um
encontro que reuniu participantes da Alemanha, França, Israel, Polônia, Suíça,
Suécia, Canadá, Reino Unidos, Estados Unidos. Este encontro resultou em um
livro intitulado Métodos Pertinentes na Educação Comparativa, o qual contribuiu
para as discussões sobre a metodologia na educação comparada. Algumas
coleções também fizeram parte, desta história, vale destacar Educação
Comparativa (1933), A nova era na educação (1955), entre outras.

Cabe destacar, que o ano 2000, houve a publicação de uma revista britânica
intitulada, Educação Comparada para o século XXI, que tinha como proposito
avaliar a educação comparada até 1977, um artigo de CROSSLEY E JARVIS
(2000, p.261), destacaram alguns pontos, vale mencionar entre eles, a robustez
multidisciplinar e de aplicação deste campo; as complexidades deste tipo de
estudo; os perigos inerentes à aplicação errônea das constatações; a importancia
de analise teórica e de rigor metodológico; entre outras.

Os autores também destacaram que neste novo século o campo é mais


promissor, mas também mais problemático, devido a fatores como (p. 261)

“crescimento exponencial e à expansão do interesse em pesquisa


comparativa internacional, o impacto das tecnologias digitais de
comunicação, maior reconhecimento da dimensão cultural da
educação e à influência da intensificação dos processos de
globalização sobre todos os aspectos da sociedade e políticas
sociais no mundo inteiro”.

Esta análise também incluía, “novos tópicos substantivos e a possibilidade de


unidades de análise mais variadas e em muitos níveis, inclusive comparações
globais, intranacionais e micro. ”

Para finalizar esta análise histórica a respeito do estudo comparado, a figura


abaixo, ilustra um cubo apresentado por BRAY e THOMAS, (1995, p. 475).

Figura 1- Quadro referencial para análises na educação comparada.


Na face dianteira do grupo estão sete níveis geográficos para comparações,
vejamos: Nível 1: Regiões Mundiais/Continentes, Nível 2: Países. Nível 3:
Estados/Províncias. Nível 4: Distritos. Nível 5: Escolas. Nível 6: Salas de Aula.
Nível 7: Indivíduos.

A segunda face do cubo corresponde a grupos demográficos não vinculados a


locais grupos: Étnicos, Etários, Religiosos, Gênero, Outros Grupos e Populações
Totais.

A terceira dimensão refere-se aos aspectos da educação e da sociedade:


Currículos, Métodos de Ensino, Financiamento Educacional, Estruturas
Administrativas, Mudanças Políticas e Mercados de Trabalho.

Muitos estudos contemplam estas três dimensões e assim podem ser mapeados
nas células correspondentes. Por exemplo, a célula em destaque representa um
estudo comparativo de currículos para a população inteira de duas ou mais
províncias.

Este cubo representa as possibilidades de análises em estudos comparativos com


múltiplos níveis, o que torna o estudo com uma visão integral e com um
entendimento geral do fenômeno de forma multifacetada.

Os autores, Bray e Thomas sugerem que os pesquisadores devem reconhecer as


limitações das suas focalizações e a influência mútua de outros níveis sobre os
fenômenos educacionais, mesmo que seja para conduzir a pesquisa em um só
nível, devido a restrições de finalidade e disponibilidade de recurso.

Este cubo foi citado e aceito por muitos estudiosos em educação comparada,
servindo como base para guiar, fundamentar a pesquisa pretendida.

Educação a Distância e a experiência da Universidade Aberta do Brasil na


Universidade de Brasília
A Universidade de Brasília – UnB – foi inaugurada em 21 de abril de 1962,
projetada por mentes geniais, tais como, o antropólogo Darcy Ribeiro com as
definições basilares, o educador Anísio Teixeira com o projeto pedagógico e o
arquiteto Oscar Nyemeyer, com o desenho dos prédios.
De acordo com Darcy Ribeiro (1978) a UnB foi pensada como uma
Fundação, um serviço público e autônomo, liberta da opressão e do burocratismo
ministerial. Quanto a tradição da UnB no ensino presencial não há o que se falar,
pois ocupa a 19ª posição em ranking de universidades da América Latina,
divulgado pela revista Times Higher Education, no corrente ano.
Sobre a trajetória da UnB na educação a distância, pode-se afirmar seu
pioneirismo no Brasil, de acordo com Pereira e Moraes (2003), a Universidade de
Brasília, é pioneira nas iniciativas de EAD na forma de ensino superior no Brasil.
Em 1979, a universidade assinou um convênio com a Open University da
Inglaterra, com o intuito de ofertar cursos de extensão na modalidade a distância,
essa parceria durou até 1985 (Jesus e Araújo, 2012).
Quando em 2006 firmou uma parceria com o Ministério da Educação para
ofertas mais amplas, como graduação, por meio do Sistema Universidade Aberta
do Brasil – UAB.
O primeiro curso ofertado na UnB foi de administração em 2007, como
parte de um projeto piloto que previa uma parceria com o Banco do Brasil. Sendo
assim, no segundo semestre de 2007 a UnB lança seu primeiro vestibular com
oferta de cursos a distância para as licenciaturas.
A Faculdade de Educação da UnB, iniciou as ofertas do curso de
pedagogia na modalidade a distância com o princípio básico de que o conteúdo
ministrado fosse o mesmo praticado no presencial, como afirma Coutinho (2012).
De acordo com o Ministério da Educação – MEC – o objetivo do sistema
UAB é interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior, na
modalidade a distância.
A oferta prioritária de cursos de licenciatura se alicerça na necessidade de
formação inicial de professores que estejam em efetivo exercício da educação
básica pública e que ainda não tenham graduação.
Ainda segundo o site da Capes o Sistema UAB sustenta-se em cinco eixos
fundamentais:
 Expansão pública da educação superior, considerando os
processos de democratização e acesso;
 Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de
ensino superior, possibilitando sua expansão em consonância com as
propostas educacionais dos estados e municípios;
 Avaliação da educação superior a distância tendo por base os
processos de flexibilização e regulação implantados pelo MEC;
 Estímulo à investigação em educação superior a distância no País;
 Financiamento dos processos de implantação, execução e
formação de recursos humanos em educação superior à distância (Portal
da capes, acesso em 04 de dezembro de 2017)

Atualmente, o Sistema UAB/UnB, oferta os seguintes cursos de


licenciatura: Administração, Artes Visuais, Biologia, Educação Física, Geografia,
Letras, Música, Pedagogia e Teatro.
Esses cursos estão distribuídos nos 29 polos, localizados em várias
cidades do Brasil, cada polo possui a oferta de alguns cursos e o calendário
depende de muitas questões, que podem ser tanto com relação a infraestrutura,
quanto orçamentárias. Infelizmente não foi possível coletar as informações
referentes aos cursos ofertados em cada polo devido à dificuldade de acesso aos
dados.
Observa-se a seguir a distribuição atual dos polos:

Estado Polo
Acrelândia
Brasiléia
Cruzeiro do Sul
Feijó
Rio Branco
Sena Madureira
Acre Tarauacá
Xapuri
Águas Lindas
Alexânia
Alto Paraíso
Anápolis
Goiás Goiás
Posse
Cavalcante
Buritis
Coromandel
Minas Gerais
Ipatinga
Bahia Carinhanha
Piritiba
Mato Grosso Barra dos Bugres
Primavera do Leste
São Paulo Barretos
Itapetininga
Tocantins Palmas
Porto Nacional
Paraíba Duas Estradas
Roraima Boa vista
Alagoas Santana do Ipanema
Tabela 1: Distribuição de polos Sistema UAB/UnB
Fonte: Elaborada pelos autores
Os polos são importantes para que os estudantes possam expressar e
desenvolver a vida universitária como afirma Coutinho (2012), pois estes propõem
atividades que compõem o tripé da educação superior, ou seja, ensino, pesquisa
e extensão.
No que se refere aos recursos tecnológicos, vale citar que o a UAB/UnB,
utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle, que se configura como
um Software livre, segundo Sabbatini (2007), consiste em “uma plataforma de
aprendizagem a distância baseada em software livre” (p.1).
O Moodle um ambiente modular de aprendizagem dinâmica orientada a
objetos. Foi desenvolvido e continua sendo atualizado por uma comunidade de
centenas de programadores em todo o mundo, que também constituem um grupo
de suporte aos usuários.
Atualmente conta com uma das maiores bases de usuários do mundo. Por
ser um software livre a Plataforma Moodle pode ser configurada e customizada de
várias maneiras, a depender do objetivo e da concepção adotada pela equipe
responsável pelo curso.
Quanto aos recursos utilizados na UAB/UnB, podemos citar os originários
do Moodle, uma vez que devido as questões orçamentárias, não é possível a
implementação de soluções customizadas.
Portanto, podemos citar como exemplos os seguintes recursos:

 Tarefas: consiste na construção de um texto/atividade escrito, que pode


ser enviado em formato digital por meio do ambiente virtual de
aprendizagem - AVA.
 Fórum: consiste em recurso que possibilita a interação e discussão entre
os alunos do curso sobre determinado assunto. É uma atividade bastante
utilizada, uma vez que permite estabelecer discussões prolongadas sobre
determinado tema ou conteúdo.
 Chat: atividade de bate-papo que permite a realização de uma discussão
textual em tempo real (sincronia).
 Lição: consiste em um recurso interativo composto de certo número de
páginas. Cada página, normalmente, termina com uma questão e
alternativa de resposta. Dependendo da resposta escolhida pelo estudante,
ele prossegue para a lição seguinte ou pode retornar para a mesma
página.
 Pesquisa de avaliação: É um questionário que contém perguntas já
programadas e não permite criação de novas perguntas ou alteração das já
existentes.
 Glossário: consiste em recurso que permite aos alunos do curso criar e
manter uma lista de definições como em um dicionário. Ao colocar uma
palavra no glossário, é possível criar automaticamente link nos textos do
curso que levam aos itens definidos no glossário.
 Questionários: consiste em um instrumento de composição de questões
de múltipla escolha e dissertativas. As questões são arquivadas por
categorias em uma base de dados e podem ser reutilizadas em outros
cursos.
 Wiki: consiste em recurso que permite aos alunos interação colaborativa
em uma página web, de modo que possam construir coletivamente um
determinado conteúdo.

Santos-Lima (2012) realizou um estudo que avaliou a ergonomia do


trabalho no ambiente virtual da UAB/UnB, com o intuito de verificar a
adaptação do ambiente às características do seu usuário final.
Entre itens estudados pode-se destacar a percepção de vários pares, entre
eles, dos tutores presenciais, da equipe interna, dos professores, dos
coordenadores e dos alunos.
Ressaltam-se alguns resultados, referentes aos recursos e ferramentas do
Moodle, uma vez que os tutores avaliam o chat como ineficiente, o fórum
como uma boa ferramenta se bem utilizada e a wiki como um recurso
complexo, em que os estudantes possuem dificuldades em trabalhar
colaborativamente.
O estudo também avaliou a percepção dos professores que relataram
problemas com a usabilidade e interface do ambiente virtual, já para os
alunos, tendo em vista sua falta de experiência com o Moodle, não foi possível
identificar grandes problemas de interatividade e interface.
A respeito da procura dos cursos da UAB/UnB, não encontramos dados
que colaborassem com o estudo. No entanto, podemos traçar um comparativo
sobre a evasão, com base nos resultados apresentados pelo estudo realizado
por Jesus e Araújo (2012), destacando que os cursos de Música e Teatro
referente as turmas que entraram no segundo semestre de 2007, apresentam
o maior percentual de evasão e são superiores a 50%.
O menor índice de evasão foi no curso de Pedagogia com um valor de
(35,3%). Quanto as turmas do primeiro semestre de 2009, observa-se que o
curso de Biologia se destaca com um percentual de 66,3% de alunos evadidos
e o curso de Educação Física apresenta o menor percentual, sendo 35,8%.
As últimas turmas analisadas pelo estudo são referentes ao primeiro
semestre de 2011 e apresentam perfil diferente dos demais semestres
analisados com baixos índices de evasão, ficando com média inferir a 15% de
alunos evadidos, com destaque para o curso de Pedagogia com apenas 4,6%
de evasões.

Conhecendo Canadá e seu sistema de educação

O Canadá é uma federação composta por dez províncias e três territórios,


sendo que o seu espaço geográfico é aproximadamente de 10 milhões de km²
possuindo seis fusos horários e com uma densidade populacional de 3,9
habitantes por quilômetros quadrado, conforme censo de 2016 (CANADÁ, 2016).
Outros dados são apresentados neste censo, como por exemplo o idioma, no qual
74,80% fala somente o inglês, 22,16% o francês e os 3,04% da população estão
divididos entre os que falam dois idiomas ou que falam algum idioma que não seja
o oficial.
Diferente do Brasil, o Canadá não possui um sistema nacional único de
educação que tenha a função de normatizar o ensino. Em todo o seu território
canadense é outorgado as províncias e territórios a gestão de seus sistemas
educacionais (CANADA, 2016; STATISTA, 2016). Ainda que exista esta
independência entre os governos regionais, as políticas públicas educacionais no
Canadá não se diferenciam muito entre as regiões. As divergências refletem mais
sobre as características regionais, culturais e fatos históricos específicos de cada
região em que o estudante esteja inserido. Como no Brasil e muitos outros países
o Canadá divide o sistema educacional em ensino primário, secundário e pós-
secundário, este último corresponde ao ensino superior brasileiro.
No ano de 2014 o Canadá destacou-se nos relatórios da Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) por apresentar uma
média de desempenho elevado entre os adultos que concluíram os estudos no
ensino médio e superior (STATISTA, 2016).
Para a população que concluiu o ensino superior o percentual é de 54%
superando a média da OCDE em vinte pontos percentuais, que é de 34%. Outro
índice em destaque é o percentual de adultos que concluem o ensino médio que é
de 90% e a média da OCDE é de 76%. Como podemos observar no gráfico
abaixo.
O Gráfico 1 mostra a participação dos territórios canadenses neste
percentual, o qual está organizado por gênero masculino e feminino e também por
faixa etária, correspondente entre 25 a 64 anos.
Notamos outro dado relevante que a província de Colúmbia Britânica, é a
que mais forma seus alunos, é justamente nesta província que se encontra a
Universidade de Simon Fraser, que é um dos objetos comparativos de estudo
aqui apresentado.

Gráfico 1: Percentual de adultos que concluíram o ensino médio em 2015

Fonte: Site www.statista.com, gerador por StatCan. 2017

História da educação à distância no Canadá


O surgimento da educação à distância no Canadá coincide com a
expansão dos serviços de correspondências no país. Em 1889, a Queen's
University, instituição pública, localizada em Kingston na província de Ontário,
promoveu seus primeiros cursos a distância por correspondência (CANADA,
2016).
Este movimento foi ganhando força entre todas as instituições do país. A
partir do ano de 1960 a maioria das instituições de ensino superior decidiram
aumentar seus esforços para atender os estudantes que residiam em locais de
difícil acesso à universidade ou longe dos grandes centros urbanos.
Entre estas universidades está a Simon Fraser, a qual iniciou sua
expansão para o ensino a distância a partir dos 70.
Conhecida pela sigla SFU - Universidade de Simon Fraser, concentrou
seus esforços na melhoria de suas estruturas organizacionais com o objetivo de
oferecer recursos inovadores e com qualidade para o ensino à distância (MORAN,
1993).
Em 1973 os cursos semipresenciais de educação profissional
correspondiam a 19% do total de matrículas na universidade. Inicialmente os
materiais utilizados nos cursos à distância eram apresentados de forma impressa
e foram sendo substituídos por novas tecnologias, esta era uma preocupação
constante da instituição estar sempre inovando neste seguimento.
Sendo assim em 2012, a SFU foi considerada a instituição com o maior
programa de educação à distância da província de Colúmbia Britânica, totalizando
mais de doze mil inscrições (CONTACTNORTH, 2012).

Universidade Canadense Simon Fraiser

A história da Universidade Pública de Simon Fraiser (SFU) inicia-se a partir


de um plano para o futuro da educação superior da província de Colúmbia
Britânica (BC) em janeiro de 1963. O Dr. JB Macdonald propôs a criação de uma
nova universidade na Assembleia Legislativa da BC (SFU, 2017).
As atividades do primeiro Campus da nova universidade iniciaram em 9 de
setembro de 1965, ao noroeste da cidade Burrard Inlet. Após dezoito meses de
construção e conseguiu ofertar inicialmente 2.500 vagas.
A partir de uma forte parceria com a iniciativa privada em 1989, inaugurou-
se o segundo Campus da SFU na cidade de Vancouver - hoje sede principal da
universidade - oferecendo diversos programas direcionados ao crescimento
científico tecnológico de nível nacional e internacional.
Atualmente o Campus de Vancouver atende 23.000 estudantes
anualmente, formando aproximadamente 2.134 graduandos e 592 pós-
graduandos (SFU, 2017).
A terceira expansão da SFU ocorreu em 2002, com a construção do
Campus de Surrey.

Estudo comparado UAB/UnB e Simon Fraiser/ Canadá

Após realizar um levantamento de informações por meio de documentos, bem


como portais governamentais e artigos científicos, aqui já apresentados.
Traçamos algumas categorias de análise que nos permitem realizar um estudo
comparado entre a experiência da Universidade de Brasília com o Sistema
Universidade Aberta do Brasil e a Universidade Simon Fraiser, localizada no
Canadá.
Por meio dessas observações, propõem-se o seguinte quadro analítico:

Categoria UAB/UnB Simon Fraser


Início da EAD 2006 1975
Objetivo do Programa Interiorizar a oferta de cursos e Oferecer ao aluno a possibilidade de
programas de educação superior, na cursar uma graduação
modalidade a distância. A oferta independentemente de onde ele
prioritária de cursos de licenciatura se esteja, seja em casa, trabalhando ou
alicerça na necessidade de formação até mesmo em seus momentos de
inicial de professores que estejam em lazer. Iniciou com cinco cursos,
efetivo exercício da educação básica sobre ópera, ciência política,
pública e que ainda não tenham química, criminologia e estudos de
graduação. cinesiologia em saúde e aptidão.
Cursos ofertados 9 cursos: Administração, Artes Visuais, 119 cursos de graduação e 45 de
Biologia, Educação Física, Geografia, pós-graduação.
Letras, Música, Pedagogia e Teatro
Polos de apoio 29 polos distribuídos em 10 estados Não há referência a utilização de
polos, o atendimento é
preferencialmente on-line.
Aporte Financeiro Não referenciado Não referenciado
Ambiente virtual de Moodle Canvas, LON-CAPA, Odysseas e o
aprendizagem Blackboard Collaborate em conjunto
com os três anteriores para
atividades de web conferência e sala
virtual.
Recursos tecnológicos Originários do Moodle Em todas as plataformas
(computadores e dispositivos
móveis)
Matriculas Não referenciado 13.819 nas ofertas de 2016/17.
Evasão Índices que estão entre 55% nos anos O índice foi de 8,18% nas ofertas de
de 2007 e 2009 e caem bruscamente 2016/17, considerando as matrículas
para uma média de 15% no ano de canceladas durante o curso e os que
2011. não concluíram o curso e
mantiveram as matrículas ativa.
Quadro 1: Categorização do estudo comparado UAB/UnB e Simon Fraiser
Fonte: Elaborado pelos autores

Quanto a categoria “Objetivo do Programa” observa-se uma grande


diferença entre as duas instituições, infere-se que isso decorre das diferenças
estruturais de configuração dos países, uma vez que o Canadá é um país grande
em extensão, mas possui uma população muito inferior ao Brasil, o índice de
desenvolvimento humano (IDH) também pode ser uma inferência, de acordo com
o IBGE em 2016 o IDH do Canadá era de 0,913 enquanto que o do Brasil era de
0,755. Assim, enquanto o Brasil está preocupado em formar seus professores e
interiorizar a educação o Canadá preocupa-se em permitir maior flexibilidade
educacional a seus estudantes. No que consiste a categoria cursos ofertados,
observa-se que a Simon Fraiser possui uma grande gama de cursos, sendo 100
cursos de graduação e 45 de pós-graduação, enquanto que a UAB/UnB,
atualmente conta com 9 cursos de graduação, os cursos de pós-graduação, não
estão especificados no portal do programa UAB/UnB.
Sobre os polos de apoio, observa-se uma diferença na estrutura
administrativa das Universidades no que diz respeito aos processos de gestão e
coordenação operacional das ofertas dos cursos. A Simon possui estrutura
prioritariamente online, enquanto o Sistema UAB exige, com base nas orientações
e diretrizes do MEC polos presenciais de apoio aos estudantes.
Vale ressaltar a escolha dos ambientes virtuais de aprendizagem, a UAB
opta pelo ambiente Moodle, por seu um software livre, já a Simon Fraiser já
utilizou vários ambientes, este estudo julga interessante um diálogo com a
Universidade do Canadá para possíveis parcerias que possibilitem a
implementação de novos recursos tecnológicos nos cursos ofertados pela
UAB/UnB.
Por fim, os dados de evasão apontam para índices muito baixos na Simon
Fraiser, enquanto que na UAB/UnB, estamos caminhando para diminuição destes
índices, uma inferência é a rede de acesso a internet, pois o Canadá possui uma
resolução governamental que garante a toda a população taxas de internet por
atacado e qualidade de serviço, assim o Canadian Radio-television and
Telecommunications Commission (CRTC), estabelece que todos os cidadãos
canadenses tenham acesso ter acesso a serviços de voz e serviços de acesso à
Internet de banda larga em redes sem fio fixas e móveis em áreas rurais e
remotas, bem como em centros urbanos - devem ter acesso a serviços de voz e
serviços de acesso à Internet de banda larga em redes sem fio fixas e móveis 2,
essa ação favorece o acesso e possibilita ao estudante maior autonomia nos
estudos.

Considerações Finais

Acredito que com base nos documentos encontrados poderíamos estabelecer


categorias de análise comparativa.

Desenvolvimento tecnológico e pedagógico a partir dos anos 90 para o ensino


EAD desde o primário – superior.

2
Informação retirada do portal oficial do CRTC: http://www.crtc.gc.ca/eng/internet/role.htm
Referências

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FERNANDES, L.B.F (Org.) Educação a distância no Ensino Superior:
interlocução, interação e reflexão sobre a UAB na UnB, Brasília: Editora
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