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Faculdade Luciano Feijão – FLF

Aluna – Ana Lílian Osterno


Professor – Francisco Eliandro Souza
Disciplina – Estudos integrativos
Curso – Administração

Ensino, pesquisa e extensão

Sobral, 2022
INTRODUÇÃO

A educação superior atualmente encontra-se atrelada à globalização,


novas tecnologias e fomento para formação de profissionais preparados para o
mercado de trabalho, enquanto em séculos anteriores apresentavam caráter
humanístico e poucos brindavam a oportunidade de ingresso em uma
universidade (PRANDI, 2009). Hoje a integração ao ensino superior é acessível,
pois, além da existência de universidades públicas, o Brasil possui inúmeras
faculdades particulares com programas governamentais que facilitam a inclusão
de pessoas de baixa renda.
Segundo Severino (2017) O ensino superior historicamente advindo da
tradição ocidental, tem por objetivo 3 premissas:
1. formação profissional dentro de diversas áreas e técnicas,
resultantes do ensino/aprendizagem;
2. formação de cientistas como produto do conhecimento
metodológico e de conteúdos de múltiplas especialidades de
formação;
3. formação de pessoas com senso social e reiterado de sua cultura
histórica e social. O autor destaca que através desses objetivos a
educação superior demanda em prol da sociedade. Além de
fornecedora do conhecimento, a universidade comunga em prestar
serviço à sociedade inserida.
As transformações no ensino de forma geral foram acontecendo de
acordo com as novas necessidades de mercado e também da população, já que
a universidade só é legitimada quando envolvida em atividades voltadas para os
anseios da sociedade em que se encontra (DURHAM, 1989). O ensino, pesquisa
e extensão forma um tripé obrigatório nas universidades e são indissociáveis
através do artigo 207 da Constituição de 1998 (BRASIL, 1998). A tríade além de
contribuir para a produção universitária, contempla o papel solidário, social e
cultural para com a sociedade (MOITA e ANDRADE, 2005).
Referente à importância dos 3 elementos fundamentais para a formação
superior é necessário metodologias que contribuam para um equilíbrio interativo
entre os mesmos, de maneira que os alunos absorvam os benefícios da tríade.
Severino (2017) Aponta que o ensino e o aprendizado resultam no
conhecimento, tal conhecimento implica em uma construção do objeto, logo o
objeto precisa ser investigado de maneira sistemática e metodológica,
evidenciando o quão importante o papel da pesquisa. Basicamente toda ideia
fundamentada através do empirismo ou experiência vivida não é o bastante para
qualquer comprovação científica e sim na abordagem dos objetos através de
fontes primárias. O autor aponta também que os objetos a serem pesquisados
devem estar inteiramente interligados à sociedade, mantendo uma prática
resultante à reflexão social, não somente com preceito técnico/científico.
Estudos de diversos autores como Cunha, (1996); Pimenta, (2002); Moita
e Andrade, (2005); Esteves, (2008); Sônego, (2015); Severino, (2017) afirmam
que os professores precisam estar pedagogicamente preparados, se tornando
motivadores do aluno, aplicando metodologias de ensino que cumpram os
requisitos curriculares e a aplicação indissociável do ensino, pesquisa e
extensão de maneira transformadora contribuindo para a formação da sociedade
do conhecimento.
A compreensão do tripé nem sempre se consolida, pois ao ingressar em
um curso de graduação superior os alunos se deparam com diversas
dificuldades, bem como a adaptação a um novo sistema de ensino, relação entre
professor e aluno, grade curricular do curso pretendido entre diversos aspectos
(OLIVEIRA et al., 2014). Ao sair do ensino médio alguns alunos não sabem ao
menos o significado da palavra ensino, além de não assimilar o porquê de
determinadas disciplinas ou metodologias ao deparar com o currículo do curso
escolhido. Além dessa problemática a compreensão da pesquisa e extensão,
carece de um melhor esclarecimento.
Oliveira et al (2014) afirmam que é necessário metodologias de ensino
aplicadas de forma efetiva, assumindo o professor um papel essencial no
processo de adaptação do estudante. Sendo assim o presente estudo objetiva
em analisar o ensino, pesquisa e extensão na formação do aluno do ensino
superior no qual se ramifica 2 objetivos específicos:
1- Esclarecer o que é ensino, pesquisa e extensão, para maior
entendimento dos termos.
2- Investigar como o ensino pesquisa e extensão pode ser abordado de
modo a contribuir para a inclusão do aluno em seu ensino/aprendizagem.
A metodologia utilizada para a realização da pesquisa é de abordagem
qualitativa para realização da análise ao tema, baseado em fundamentos de
autores especialistas.
Segundo Gerhardt e Silveira (2009) a pesquisa qualitativa não objetiva em
uma abordagem com representação numérica e sim em uma compreensão
aprofundada do objeto a ser estudado, portanto referente ao objetivo utilizou-se
a pesquisa exploratória de levantamento bibliográfico. O procedimento técnico
de cunho bibliográfico orientou na formulação da conclusão, baseada nos
esclarecimentos dos termos ensino, pesquisa e extensão e na investigação de
como o tripé pode ser abordado pelos professores de maneira que possa incluir
seus alunos conduzindo para uma melhor efetividade ao ensino/aprendizagem.
Consulta bibliográfica fundamentada em fontes como artigos científicos e
livros correspondentes ao tema ensino, pesquisa e extensão, de autores
familiarizados pela experiência adquirida no decorrer do curso de mestrado em
Ciências da Educação.

O que é considerado ensino?

Para atender aos anseios da nova elite que se formava no país, em 1808
foi estabelecido o ensino superior do Brasil. O Rio de Janeiro foi o primeiro
estado a sediar uma IES, que contava com três campos de conhecimento:
Engenharias, Direito e Medicina.
A ideia era formar os “doutores” nativos brasileiros, para atender as
demandas profissionais internas. Essa seria uma forma de promover ascensão
social e até mesmo política. Para tal, a Universidade do Rio de Janeiro continha
programas de educação profissionalizante, extremamente voltados para a
técnica necessária para exercer as funções pretendidas.

O ensino era, neste caso, a forma utilizada para promover a transmissão


de conhecimento aos futuros médicos, engenheiros, advogados, juízes, etc.
Essas três escolas superiores, criadas inicialmente na UFRJ, contavam com
autonomia didática e administrativa, e não havia um compromisso em promover
o ensino por meio da pesquisa.
Hoje, o objetivo do ensino superior é “estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo”, premissa
garantida pela Lei 9.394, de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. A ideia é que essas instituições formem pessoas capazes de
participar no desenvolvimento da sociedade brasileira, por meio de formação
contínua.
Segundo a lei de diretrizes e bases da educação nacional, é preciso
estimular os alunos a se aperfeiçoar, cada vez mais, com as ferramentas de
conhecimento adequadas à sua geração. Dessa forma eles poderão criar
conexões com o mundo, para se tornarem verdadeiros especialistas nas
questões que envolvem a sociedade.
Essa mesma lei ampliou o leque de instituições capazes de atuar no país
com a disseminação de conhecimento a nível superior. A partir dela pôde haver
maior enfoque nas atividades de ensino, rompendo, dessa forma, o princípio de
indissociabilidade, que ainda faz parte da realidade das instituições federais.

O que é pesquisa?

É possível definir a pesquisa, no contexto das IES, como um dos


processos de ensino, concretizado a partir da proposição de novos
conhecimentos. Esses saberes são pensados a partir da observação da
sociedade, de seus problemas e práticas sociais, que configuram um modo de
vida particular a um recorte de tempo e espaço.
Isso quer dizer que uma pesquisa, com as mesmas diretrizes, se aplicada
em diferentes épocas ou localidades, colherá resultados díspares. A pesquisa é
uma forma de ensino aplicada, em que a delimitação de um problema ou questão
de pesquisa pode culminar na formação de novas formas de aprender o mundo
em que vivemos.
A incorporação de práticas científicas no ensino tem o poder de aproximar
o conhecimento da sociedade em que está inserido, além de promover a
formação crítica dos discentes que delas participam. Isso porque os métodos
científicos são voltados para observação, experimentação, teste de teorias e
uma constante atualização a partir dos trabalhos desenvolvidos por outros
pesquisadores.
Pesquisar é colocar o conhecimento à prova em busca de novas formas
de ver o mundo, que sejam mais adequadas, que dêem passos mais assertivos,
em direção às respostas que buscamos. E para isso é preciso que a pesquisa
seja uma das pontes entre o conhecimento a nível superior e a comunidade, que
não necessariamente comunga desses mesmos entendimentos.
A Lei 9.394, de 1996, entende que o incentivo à pesquisa e à investigação
científica é uma forma de o homem entender a si próprio e o meio em que vive
por meio da ciência, tecnologia, e da criação e difusão cultural. É uma forma de
documentar o conhecimento, como patrimônio da humanidade. Além disso, é
preciso comunicar esses processos e achados científicos para que sejam
incorporados à sociedade.

Como funcionam a extensão?

Podemos entender a extensão como um processo de conexão das IES


com a sociedade através de iniciativas educativas, culturais e científicas. Por
meio dela é possível diagnosticar problemas e características sociais, de forma
a criar projetos capazes de mitigar as dificuldades e de se encaixar na realidade
das pessoas da comunidade.
De acordo com a Lei 9.394, de 1996, a educação superior deve promover
a extensão. Essa abertura tem como objetivo compartilhar as conquistas e
conhecimentos que são gerados a partir do conhecimento técnico e científico
produzido nas universidades, faculdades e centros universitários. Isso porque o
conhecimento deve ser universalizado, revertido em função da sociedade.
A partir das discussões para a criação da primeira Lei de Diretrizes
Básicas da Educação Nacional, no final da década de 1950, foi levantada a
seguinte questão: para quem e para que serve a universidade? Com o decreto
da legislação em questão em 1961, ficou estabelecida a extensão no ensino
superior. Importante ressaltar que a extensão não é apenas a transmissão de
saberes, mas uma troca de conhecimento entre a IES e a sociedade.
A partir disso se estabelece a formação, baseada nas questões
contemporâneas aplicadas. Os atendimentos jurídicos e de saúde gratuitos,
rádios educativas, museus, aulas de esporte e projetos em escolas são
exemplos de extensão universitária. É a vivência dos processos sociais em sua
manifestação mais pura, onde é possível trabalhar a educação na resolução de
problemas ou na proposição de um projeto.
Segundo o Plano Nacional de Educação (2014/2024) a extensão é uma
atividade que deve fazer parte da matriz curricular do ensino superior para
promover o ensino interdisciplinar, político educacional, cultural, científico,
tecnológico, por meio da aplicação do saber na sociedade. Sendo assim, as
atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária
curricular estudantil.
É uma excelente forma de compreender as dinâmicas de funcionamento
da sociedade a partir do olhar técnico que o ensino profissionalizante e científico
promovem. Dessa forma, torna-se um grande atrativo para empregadores
quando o discente conclui sua formação acadêmica.

Como ensino, pesquisa e extensão se integram?

A articulação adequada desses três pilares da educação universitária é


muito importante para a formação nas IES além. Isso porque é possível produzir,
transmitir e interagir socialmente com o conhecimento. É uma forma de integrar
a comunidade aos saberes acadêmicos, por meio de serviços e descobertas,
fazendo com que essa população se torne familiarizada com o ambiente de
ensino.
Mesmo que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão seja
prevista em lei apenas para as universidades, é possível desenvolver iniciativas
espontâneas nas faculdades e centros universitários. Essas atividades podem
ser chamariz para o segmento pretendido.
A possibilidade de traçar conexão com a realidade dos estudantes, seja
na produção científica, no ensino ou na extensão, é um modo de formar bons
profissionais, aptos para compreender e propor soluções para as questões que
se colocam em suas trajetórias.
Para aqueles alunos que desejam seguir carreira acadêmica ou têm
interesse em pesquisa, ser parte de uma IES que valoriza esse caminho e
oferece recursos nesse sentido pode ser um fator de retenção do discente, que
vê suas necessidades atendidas no escopo da instituição.
O ensino atualizado a partir de dados, evidências científicas, e conectado
com questões sociais é sempre uma boa pedida. A capacidade de atualização
da formação é, definitivamente, um indicador de qualidade da formação proposta
pela instituição.

REFERÊNCIAS –

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (organizadoras).


Métodos de Pesquisa. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf.
Acesso em: 09 de Agosto. 2019.
MARCONI, Marina Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MARTINS, L. M. Ensino-Pesquisa-Extensão como fundamento
metodológico da construção do conhecimento na universidade. UNESP – São
Paulo. Acesso em: 29 de Julho de 2019. Disponível em:
file:///C:/Users/Miriam/Downloads/Martins_-_Ensino_-_Pesquisa_-
_Extensa771o%20(1).pdf
MOITA, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro; ANDRADE,
Fernando Cézar. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: o caso
do estágio de docência na pós-graduação. Olhar de Professor, Ponta Grossa v.
8, n. 2, p. 77-92 Jul./Dez. Acesso em: 04 julho de 2019 Disponível em:
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/1441
NUNES, Ana Lúcia de Paula Ferreira; SILVA, Maria Batista da Cruz. A
extensão universitária no ensino superior e a sociedade. Mal-Estar e Sociedade
- Ano IV - n. 7 - Barbacena - julho/dezembro 2011 - p. 119-133 Acesso em: 02
de Agosto de 2019 Disponível em:
http://revista.uemg.br/index.php/malestar/article/view/60/89
OLIVEIRA, Clarissa Tochetto; WILES, Jamille Mateus; FIORIN, Pascale
Chechi; DIAS Ana Cristina Garcia. Percepções de estudantes universitários
sobre a relação professor-aluno. Psicol. Esc. Educ.[online]. 2014, vol.18,
n.2, pp.239-246. ISSN 2175-3539. Acesso em:02 de agosto de 2019
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2175-3539/2014/0182739.

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