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EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO:
MÉTODOS DE ENSINO UTILIZADOS NO
PROJETO ADMINISTRAÇÃO PARA TODOS
Tereza Evâny de Lima Renôr Ferreira1

RESUMO
A extensão universitária revela-se como elo dessa proposta, encontram-se os alunos do
entre a universidade e a sociedade, socializando Curso de Administração, que atuam como
e democratizando o conhecimento disponibili- instrutores ministrando os cursos disponibili-
zado em Instituições do Ensino Superior – IES. zados no projeto. Os alunos aplicam métodos
O presente trabalho apresenta contribuições de ensino em busca da aprendizagem na área
do projeto de extensão Administração para Todos, de Administração, com o intuito de qualificar
realizado no Curso de Administração de uma os jovens da comunidade para o mercado de
Instituição de Ensino Superior, na cidade de trabalho. A pesquisa se configurou como qua-
João Pessoa/PB, no que se refere à aplicação litativa e quantitativa, de caráter exploratório.
das práticas metodológicas de ensino. Diante Foi aplicado questionário com os instrutores

1 - terezarenor@yahoo.com.br - História/UFRN

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do projeto para coletar informações sobre os o estudo de caso, a aula expositiva e a discussão
métodos de ensino-aprendizagem utilizados no em grupo, ao contrário do ciclo de palestras,
projeto. O resultado da pesquisa revelou que que apresentou um percentual baixo de desco-
os instrutores empregam métodos de ensino de nhecimento e aplicabilidade.
forma sistematizada, por meio da qualificação
que recebem durante o processo de execução Palavras-chave: Extensão
do projeto e aplicam, de forma consciente, os universitária. Conhecimento acadêmico.
métodos estudados nessa pesquisa, em especial, Ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO
Ao falar sobre as transformações humanas, não tem acesso a ela, consoante os próprios
estamos nos reportando às transformações interesses dessa mesma comunidade. O com-
realizadas por meio do conhecimento e de suas partilhamento desse conhecimento com a co-
ações. É a partir do conhecimento adquirido munidade sugere uma proposta crítica a partir
pelo homem que a história é construída. A dos questionamentos que envolvem uma série
educação, processo pelo qual o conhecimento de fatores sociais, políticos e culturais. E para
é produzido, compartilhado, disseminado e que a prática extensionista se torne realidade, é
transformado, exerce um papel fundamental na importante o envolvimento do corpo docente e
sociedade do conhecimento e da informação, do discente, a partir de metodologias desenvol-
responsabilizando-se pelo exercício da cidada- vidas para a prática de ensino-aprendizagem.
nia. É com o conhecimento que o ser humano Nesse contexto, surgiu a seguinte questão de
adquire a possibilidade de ampliar os próprios pesquisa: qual a percepção e o uso dos métodos
horizontes, formulando pensamentos críticos de ensino adotados pelos instrutores do projeto
e interferindo nas relações sociais, políticas, de extensão Administração para Todos mediante a
econômicas e culturais. Considerando esses aplicação do conhecimento acadêmico?
aspectos, observa-se que a extensão universitá- Assim, o presente estudo se reveste de sig-
ria funciona como elo entre a universidade e nificativa importância, uma vez que tem como
a comunidade onde está inserida. Essa relação objetivo avaliar a prática da extensão univer-
recebe influxos positivos, como retroalimenta- sitária por meio da produção e reprodução
ção advinda das reais necessidades, dos anseios do conhecimento universitário, levando em
e das aspirações de pessoas da comunidade. consideração a metodologia de ensino-apren-
Por meio da prática de extensão, a uni- dizagem aplicada aos discentes, composto pela
versidade tem a oportunidade de levar até a comunidade carente, envolvidos no projeto de
comunidade os conhecimentos de que é deten- extensão Administração para Todos.
tora, produzidos através da pesquisa do ensino Para a Academia, o tema apresenta rele-
superior, buscando socializar e democratizar vância, tanto no aspecto didático-pedagógico
o conhecimento aos jovens que não tiveram quanto no social. A ponte construída pela
acesso à universidade. Assim, o conhecimento extensão representa o conhecimento em ação,
não se traduz em privilégio apenas da minoria que ultrapassa os muros das universidades,
que é aprovada no processo seletivo univer- em prol de uma sociedade capaz de rever seus
sitário, mas difundido pela comunidade que conceitos e lacunas.

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A UNIVERSIDADE E O CONHECIMENTO
Na sociedade atual em que vivemos, o futuro. A falta de investimento social e a divisão
conhecimento tem sido atualizado a cada ins- interna influenciam o Brasil no cenário inter-
tante, e o conhecimento universitário atravessa nacional. Dessa maneira, a universidade tem
gerações. O aluno que, há anos, levava o conhe- papel importante nessa construção, porquanto
cimento adquirido em seu curso superior para contribui para:
o resto da vida profissional hoje passou a ser a. criar as bases científicas e tecnológicas
um eterno aluno, e o profissional recém-saído necessárias para enfrentar o futuro;
da universidade precisa estar constantemente b. compreender as relações internacionais,
estudando e pesquisando o que há de mais num mundo em que hoje só existe uma
novo, o que não acontecia antes. grande potência;
Segundo Buarque (2003, p. 31), c. compreender a realidade de um mundo
a velocidade atual do avanço do conhecimen- globalizado, onde há exclusão e divisão;
to não permite que um ex-aluno permaneça d. contribuir para a definição de formas de
preparado, a não ser que ele se atualize cons-
tantemente. Nenhum profissional continua defesa de nossa soberania num mundo
fazendo pleno jus o seu diploma depois de globalizado.
cinco anos de formado. Em alguns casos, essa
Dentre os quatro pontos elencados pelo
desatualização ocorre até mesmo ao longo do
curso, quando muito do que foi aprendido autor, destacamos a responsabilidade da
rapidamente se torna obsoleto, sendo substi- universidade de compreender a realidade
tuídos por novas teorias, novas informações e
novos conhecimentos. do mundo e contribuir com a inclusão dos
indivíduos que se encontram à margem da
A universidade tenta congregar esses conhe- sociedade. O papel da extensão universitária
cimentos, mas a duração dos doutorados e as tem proporcionado essa contribuição, estrei-
limitações dos departamentos vêm impedindo tando os laços do conhecimento universitário
que o conhecimento seja disseminado com a com a comunidade.
mesma velocidade de fora dela. Os centros de Os conhecimentos necessários ao mundo,
pesquisas públicos auxiliam a estudar os diver- no futuro, terão que ser definidos, e a univer-
sos campos do conhecimento, oferecendo ensi- sidade e a Coordenação de Aperfeiçoamento
no superior sem passar o mesmo conhecimento do Pessoal de Nível Superior (CAPES) têm essa
que as universidades tradicionais. Para Buarque capacidade de definir os conhecimentos que já
(2003), a universidade tem compromisso com o deveríamos estar praticando.

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EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
O termo extensão significa estender-se algo representavam uma força democrática que
para algum lugar ou até alguém, o que denota reivindicava a necessidade de uma unidade
que o ato de estender pode ser considerado latino-americana no combate ao imperialismo
uma continuação ou contribuição para a cons- e à ditadura. Segundo Sousa (2000), a proposta
trução de algo, em algum lugar, para alguma de Córdoba vincula a extensão universitária
pessoa que necessita dessa contribuição. No à sociedade. Esse manifesto foi responsável
caso da extensão universitária, o termo estende pela influência efetiva dos discursos oficiais e
o conhecimento produzido por uma camada as propostas dos segmentos componentes da
privilegiada que tem como objetivo colaborar estrutura universitária na questão da missão
com o desenvolvimento social. social da Universidade. Assim, abriu espaços
No Brasil, a extensão começou a escrever que possibilitam uma universidade mais crítica,
sua história com as contribuições do Manifesto com uma visão de instituição que mantivesse
de Córdoba, caracterizado pelo movimento um compromisso com a sociedade, não só em
estudantil surgido na Argentina, em 1918, con- direção ao seu desenvolvimento, mas também
siderado por alguns autores, em especial, por à sua transformação.
Gurgel (1986, p. 35), como a “primeira mani- No primeiro Estatuto das Universidades
festação estudantil de significação acontecida Brasileiras, publicado na legislação de 1931,
[...]”. Esse movimento influenciou os estudan- a extensão se destaca como um organismo da
tes brasileiros a darem início à Universidade vida social da Universidade pelo fato de ofe-
Popular, que ressurgiu no Plano de Sugestões recer cursos e conferências com características
da União Nacional dos Estudantes – (UNE) educacionais. Somente em 1968, através da Lei
em 1938, como bandeira de luta de democra- 5.540/68, a extensão foi considerada obrigató-
tização da Universidade e de sua autonomia e ria nas Instituições de Ensino Superior do país.
da reorganização da vida acadêmica. Gurgel A nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB – Lei
(1986, p.36) ainda assegura que o movimento n° 9.394/96) apresenta a extensão como um
de Córdoba dos fins da universidade de democratizar as
pleiteava a gratuidade do ensino; a pe- aquisições e os benefícios que são frutos de
riodicidade da cátedra, a reorganização resultados da criação cultural e da pesquisa
acadêmica em seus métodos, conteúdos
e técnicas; uma melhor qualificação dos científica e tecnológica produzida na institui-
docentes; um processo democrático de in- ção. A consolidação das atividades de extensão
gresso do estudante na universidade e uma
universitária, em nosso país, veio através do de-
articulação orgânica entre o nível superior e
o sistema de educação regional. senvolvimento do Plano Nacional de Extensão,
elaborado pelos pró-reitores das universidades
Esse documento promoveu a extensão uni- públicas brasileiras, hoje, apoiado pelo
versitária e o fortalecimento da universidade, Ministério da Educação e Cultura – MEC. De
por meio da projeção da cultura universitária acordo com esse documento,
para o povo e da preocupação com os pro- a extensão é uma prática acadêmica que
blemas nacionais. Segundo Gurgel (1986), a interliga a universidade nas suas atividades
de ensino e de pesquisa, com as demandas da
extensão propiciaria, portanto, uma projeção maioria da população, possibilita a formação
do trabalho social da universidade ao meio e do profissional cidadão e se credencia, cada
vez mais, junto à sociedade como espaço
sua inserção em uma dimensão mais ampla.
privilegiado de produção do conhecimento
O documento denominado de Manifesto rei- significativo para a superação das desigualda-
vindicava uma universidade democrática e com des sociais existentes (MEC, 1996).
autonomia política de docência. Os estudantes

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na perspectiva da sua didática. As atividades
Ao ensino é proposto o conceito de sala de desse espaço curricular devem buscar promo-
aula que vai além do tradicional espaço físico ver a articulação das diferentes práticas, com
ênfase nos procedimentos de observação e
e compreende todos os demais, dentro e fora
reflexão para compreender e atuar em situa-
da universidade, em que se realiza o processo ções contextualizadas, tais como o registro de
histórico-social com suas múltiplas determi- observações realizadas e a resolução de situ-
ações-problema características do cotidiano
nações, que passou a expressar um conteúdo profissional (BRASIL, 2001, p. 57).
multi, inter e transdisciplinar, como exigência
decorrente da própria prática. O estágio curri- O artigo 207 da Constituição Brasileira de
cular é alçado como um dos instrumentos que 1988 dispõe que “As universidades gozam de
podem ser utilizados para viabilizar a extensão autonomia didático-científica, administrativa
no momento da prática profissional, da consci- e de gestão financeira e patrimonial e obede-
ência social e do compromisso político (Fórum cerão ao princípio da indissociabilidade entre
de Pró-Reitores de Extensão das Universidades ensino, pesquisa e extensão”. Esse é o tripé em
Públicas Brasileiras – Brasil 2000/2001). que a universidade se encontra apoiada e que
Nesse mesmo sentido, poderão ser articuladas constitui as funções básicas da universidade.
a prática, como componente curricular, e as A partir da extensão é formada a integra-
outras formas de atividades de enriquecimento ção da dinâmica pedagógica do processo de
didático, curricular, científico e cultural. formação e de produção do conhecimento,
Considerando a articulação entre teoria e em interação constitutiva e permanente com
prática, as Diretrizes incorporam as normas o ensino e a pesquisa, de forma a contribuir
vigentes cujo princípio metodológico geral
é de que todo fazer implica uma reflexão e para uma educação crítica, ética e cidadã do
toda reflexão implica um fazer, ainda que corpo acadêmico. As universidades brasilei-
nem sempre esse se materialize. Nesse senti-
ras descrevem um perfil para as práticas de
do, a dimensão prática deve ser trabalhada
continuamente tanto na perspectiva da sua extensão apresentadas a seguir, segundo a
aplicação no mundo social e natural quanto tipologia de Silva (2003):

PRÁTICAS DE DESCRIÇÃO
EXTENSÃO
É a forma como a universidade procura atender às demandas através de atividades de ensino,
pesquisa, consultoria, assistência técnica e profissional, utilizando a disponibilidade de seus
Prestação de serviços recursos humanos e materiais, em parceria com entidades públicas ou privadas, por meio de
convênios, acordos, contratos ou outros instrumentos legais, e recebendo a devida contrapartida
pecuniária para ressarcir seus custos e captar recursos para o fomento de suas atividades.
É a forma como a universidade busca atender às necessidades da comunidade ou à demanda
Assistência técnica específica, por meio de atividades técnicas especializadas, sem contrapartida pecuniária, pois
utiliza a disponibilidade de seus recursos humanos e materiais.
Atividades desenvolvidas sob a forma de programas de educação continuada, cursos ou
apresentação de palestras, conferências e discursos em eventos (encontros, congressos,
Ensino de extensão
simpósios, jornadas, colóquios, oficinas de trabalho, seminários, ciclos de palestras, convenções,
debates ou outros) e estágios curriculares.
Atividades desenvolvidas sob a forma de exposições, espetáculos, recitais, exibições, concertos,
Difusão cultural performances ou audições de cunho científico, tecnológico, desportivo, filosófico, social,
educacional, artístico e cultural.
Quadro 1 – Tipos de práticas de extensão desenvolvidas nas universidades brasileiras.
Fonte: SILVA (2003).

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A prática de serviço caracteriza o tipo de eventos dessa natureza. O foco dessa prática
extensão em que se usam recursos humanos está em preparar o aluno extensionista da
e materiais das universidades com parcerias comunidade para desenvolver um pensa-
de entidades, a fim de promover para a socie- mento crítico, a fim de que se sobressaia na
dade serviços voltados para as necessidades sociedade, com a qualificação que recebeu
sociais. A extensão de assistência técnica mediante as práticas desenvolvidas durante
atende às necessidades específicas da socieda- o contato com a extensão.
de sem usar de pecúnia, disponibilizando os A difusão cultural visa possibilitar à comuni-
recursos humanos e materiais da universida- dade a oportunidade de desenvolver ações cul-
de. No ensino de extensão, as atividades são turais, sensibilizando, propagando e instruindo
voltadas para a produção de conhecimento, as pessoas que não tiveram acesso a atividades
suscitando a proposta de expandir os aspec- socioculturais dessa natureza. Ressalta-se que
tos cognitivos do aluno por meio de cursos, qualquer uma das práticas extensionistas con-
palestras, seminários, educação continuada e tribui com as necessidades da sociedade.

APRENDIZAGEM
Alguns autores afirmam que as teorias da Na visão do biólogo Piaget, a aprendizagem
aprendizagem são uma subclasse da ciência tem base na Biologia, e os atos biológicos se
cognitiva. Na realidade, a ciência do compor- adequam ao equilíbrio do meio físico e às orga-
tamento humano se preocupa em mostrar a nizações do meio ambiente. Do ponto de vista
importância dessas teorias para a ciência cog- biológico, a organização é inseparável da adap-
nitiva. É a partir dessa relação que poderemos tação. Eles são dois processos complementares
construir uma ponte para compreender essas de um único mecanismo, porém o primeiro é
correntes. Gardner (1996, p. 20) refere que, o aspecto interno do ciclo do qual a adaptação
“atualmente, a maioria dos cientistas cogniti- constitui o aspecto externo (PIAGET, 1952).
vistas é proveniente das fileiras de disciplinas Ainda segundo Piaget (apud PULASKI,
específicas – em especial, da filosofia, da psi- 1986), a adaptação é a essência do funciona-
cologia, da inteligência artificial, da linguística, mento intelectual, assim como a essência do
da antropologia e da neurociência”. funcionamento biológico. É uma das tendências
As teorias de aprendizagem procuram reco- básicas inerentes a todas as espécies. A outra
nhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar tendência é a de organização, que constitui a
e de aprender, partindo do reconhecimento da habilidade de integrar as estruturas físicas e
evolução cognitiva do homem, e tentam expli- psicológicas em sistemas coerentes. O autor
car a relação entre o conhecimento preexistente acrescenta que a adaptação acontece através
e o novo. A aprendizagem não seria apenas da organização. Assim, o organismo discrimina
inteligência e construção de conhecimento, mas, entre a miríade de estímulos e de sensações com
basicamente, identificação pessoal e relação por que é bombardeado e os organiza em alguma
meio da interação entre as pessoas. É importante forma de estrutura. Esse processo de adaptação
compreender o modo como as pessoas apren- é realizado por meio de duas operações: a assi-
dem e as condições necessárias para isso, pois milação e a acomodação, formando um novo
elas possibilitam a aquisição de conhecimentos, conceito que é chamado por Piaget de esquema.
atitudes e habilidades com as quais poderão O processo de adaptação que dá origem ao
alcançar os objetivos de aprendizagem. esquema deve descrever “como” e “quais” as
formas de ensinar e aprender.

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METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE
ENSINO-APRENDIZAGEM
Na perspectiva de atribuir aprendizado, a agrupar todas as teorias modernas de aprendi-
metodologia de ensino apresenta caminhos di- zagem. “Um professor realmente competente
versos para diferentes situações didáticas, leva jamais aceitaria ser enquadrado numa teoria
em consideração a tendência ou corrente pe- qualquer, porque imagina ser capaz de fazer a
dagógica que irá ser adotada pelo professor e/ própria” (DEMO, 1997, p 31).
ou pela instituição e procura o melhor caminho Vilarinho (1985, p. 52) apresenta os méto-
a ser trilhado pelo aluno para que ele possa se dos de ensino configurados em modalidades
apropriar dos conhecimentos propostos pelas básicas, vejamos.
atividades pedagógicas. Métodos de ensino individualizado: a
Embora muitos professores sintam que ênfase está na necessidade de se atender às
têm um papel importante na determinação de diferenças individuais como, por exemplo,
mudanças significativas no processo de ensino, ritmo de trabalho, interesses, necessidades,
quando, na verdade, sua função é de buscar aptidões etc. Nesse método, predominam o
alternativas, nem sempre conseguem atingir estudo e a pesquisa, e o contato entre os alunos
os objetivos desejados. Se, em sua prática co- é acidental.
tidiana, o professor percebe que a metodologia Métodos de ensino socializado: o objetivo
adotada favorece apenas alguns alunos em principal é o trabalho em grupo, com vistas
detrimento de outros ou da maioria, ele precisa à interação social e mental proveniente dessa
compreender o porquê disso, a que alunos esse modalidade de tarefa. A preocupação máxima
método favorece e porque os favorece. Sem é a de integrar o educando no meio social e
essa compreensão, dificilmente conseguirá de trocar experiências significativas em níveis
mudanças que levem a resultados significativos. cognitivos e afetivos.
E para que esses objetivos sejam alcançados, a Métodos de ensino socioindividualizado:
relação pedagógica deve ser elaborada com procura equilibrar a ação grupal e o esforço in-
base metodológica e planejamento adequado. dividual, no sentido de promover a adaptação do
Ao professor cabe o esforço construtivo de ensino ao educando e de ajustá-lo ao meio social.

MODALIDADES BÁSICAS TÉCNICAS APLICAÇÕES


Estimula o método de estudo e pensamento reflexivo.
Estudo dirigido Leva à autonomia intelectual.
Atende à recuperação de estudos.
Ensino por fichas Revisa e enriquece conteúdos.
Apresenta informações em pequenas etapas e s
INDIVIDUALIZADO equência lógica.
Instrução programada
Dá recompensa imediata e reforço.
Estimula o aluno a caminhar no próprio ritmo.
Leva o estudante a ter responsabilidade no desempenho das
tarefas propostas.
Ensino por módulos
Propõe ao aluno os objetivos a serem atingidos e atividades
variadas para alcançar esses objetivos.
Quadro 2 – Modalidade individualizada.
Fonte: Adaptado de Vilarinho (1985, p. 85).

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MODALIDADES BÁSICAS TÉCNICAS APLICAÇÕES
Troca de ideias e opiniões face a face.
Discussão em pequenos
Resolução de problemas.
grupos
Busca de informações.
Estudo de caso
Tomada de decisões.
Revisão de assuntos.
Discussão 66 ou Phillips 66 Estímulo à ação.
Troca de ideias e conclusão.
Definição de pontos de acordo e desacordo.
Painel
Debate, consenso e atitudes diferentes (assuntos polêmicos).
Troca de informações.
Painel integrado Integração total (das partes num todo).
Novas oportunidades de relacionamento.
Máximo de participação individual.
Troca de informações.
Grupo de cochicho
Funciona como meio de incentivo.
Facilita a reflexão.
Solução conjunta de problemas.
Discussão dirigida
Participação de todos os alunos.
Criatividade (ideias originais).
Brainstorming
Participação total e livre.
SOCIALIZADO
Estudo aprofundado de um tema.
Coleta de informações e experiências.
Seminário
Pesquisa, conhecimento global do tema.
Reflexão crítica.
Divisão de um assunto em partes para estudo.
Simpósio Apresentação de ideias de modo fidedigno.
O grupo faz a conferência do que foi apresentado.
Verbalização.
GVGO ou Grupo na Berlinda Objetividade na discussão de ideias.
Capacidade de analisar e de sintetizar.
Troca de informações.
Entrevista Apresentação de fatos, opiniões e pronunciamentos
importantes.
Intercomunicação direta.
Diálogo
Exploração, em detalhe, de diferentes pontos de vista.
Exposição menos formal de ideias relevantes.
Palestra Sistematização do conteúdo.
Comunicação direta com o grupo.
Representação de situações da vida real.
Dramatização
Melhor rendimento e compreensão dos elementos.
Quadro 3 – Modalidade socializada.
Fonte: Adaptado de Vilarinho (1985, p. 85).

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MODALIDADES BÁSICAS TÉCNICAS APLICAÇÕES
Realiza algo de concreto.
Incentiva a resolução de problemas sugeridos
Método de projetos
pelos alunos.
Exige trabalho em grupo e atividades individuais.
Desenvolve o pensamento reflexivo.
Método de problemas
Desenvolve o pensamento científico.
Compreensão do “todo” a ser estudado.
Incentivo ao aluno, à criatividade e à flexibilidade
Unidades didáticas
nas atividades.
SOCIOINDIVIDUALIZADO
Organização do conteúdo aprendido.
Aplicação dos conceitos teóricos na prática.
Unidades de experiências O aluno pode fazer uma análise crítica e
reconstruir a experiência social.
Desenvolve o gosto pelo estudo científico.
Leva o aluno a distinguir a pesquisa pura
Pesquisa como atividade discente da aplicada.
Utiliza-se de diversas técnicas de coleta de dados.
Utiliza-se do método científico.

Quadro 4 – Modalidade socioindividualizada.


Fonte: Adaptado de Vilarinho (1985, p. 85).

Os quadros 2, 3 e 4 apresentam as aplica- seja, ele tem uma motivação intrínseca, não
ções técnicas em função dos objetivos a atingir, precisa de um ambiente de aprendizagem com
mediante as modalidades básicas apresentadas grandes esforços para ser envolvido. Porém, se
pelo autor. É importante considerar todas as o aluno não estiver intrinsecamente motivado,
modalidades a serem desenvolvidas, já que o ambiente de aprendizagem deve oferecer
a sala de aula é um ambiente contingencial mais aspectos motivacionais para mantê-lo
que apresenta divergências, com momentos e interessado na atividade.
públicos distintos. Por essa razão, é necessário Além das aplicações técnicas usadas nas
conhecer e aplicar alternativas pedagógicas alternativas pedagógicas, as aulas podem
que possibilitem a aprendizagem. receber apoio de recursos para incrementar
Um aluno pode decidir explorar uma e auxiliar o processo de ensino e aprendiza-
atividade de um objeto de aprendizagem pelo gem, tanto por meio do próprio conteúdo
simples fato de se interessar pelo conteúdo, ou quanto do ambiente.

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TIPOS DE RECURSOS AUDIOVISUAIS momento, ao tema e ao público da aula, con-
Existe uma variedade de recursos audivisu- siderando também o ambiente em que a aula
ais que podem auxiliar o professor a expor suas está sendo ministrada.
aulas de forma mais interessante. Cada recurso De acordo com as concepções de Gil (2008)
deve ser adaptado ao foco da aula apresentada, e de Lowman (2004), são apresentados alguns
e o melhor recurso será aquele conviniente ao recursos audiovisuais, conforme quadro abaixo:

RECURSOS AUDIOVISUAIS
Recursos Descrição
Documentos, esquemas, fórmulas, folhetos de
Folhas auxiliares
apresentações, entre outros impressos.
Quadro negro Exposição de aula e esquemas.
Flipcharts Bloco de papel.
Aparelho de DVD Projeção de filmes e documentários.
Retroprojetores Visualização de transparências.
Apresentação em PowerPoint, vídeo, áudio,
Computadores e projetor multimídia (Datashow)
videoconferências, base de dados e internet.
Aparelho de som Áudio.
Quadro 5 – Recursos audiovisuais.
Fonte: Autoria própri com base em Gil (2008, p. 97) e Lowman (2004, p. 147-154).

O uso adequado dos recursos contribui, em Os recursos são suportes tecnológicos que
conjunto com a aplicação dos métodos de ensi- assessoram o professor para facilitar e dinami-
no, para um processo de ensino-aprendizagem zar suas aulas. A condição sine qua non da aula
significativo e favorece a participação do aluno. para alcançar o aprendizado dos alunos se en-
Lowman (2004, p.154) assevera que: contra nas habilidades didático-pedagógicas
Independentemente dos métodos específicos do professor, porque é ele que possibilitará
usados para apresentar visualmente a ma- a melhor forma de lecionar. O tom de voz,
téria, o propósito psicológico e educacional
da aula permanece o mesmo: assegurar que a forma de olhar, de caminhar, de falar e de
os estudantes se concentrem totalmente na se dirigir ao aluno e a propriedade com que
apresentação, que eles a entendam e organi-
expõe o seu conhecimento, entre outros predi-
zem-na do melhor modo possível, e que eles
estejam motivados a aprender por si mesmos cados psicológicos e comportamentais que um
fora da aula... objetivos que também podem professor deve ter, influenciam diretamente
ser alcançados por um professor exemplar
equipado com um único pedaço de giz, um seu desempenho em sala de aula. Portanto,
quadro e um lugar razoavelmente silencioso não são os atributos tecnológicos que irão
onde possa conversar com os alunos. lecionar, mas o professor.

CAMINHOS METODOLÓGICOS
O Curso de Extensão da IES pesquisada foi citadas por Silva (2003), os cursos do projeto
criado em 2003, no Curso de Administração, Administração para Todos se caracterizam como
com o propósito de se estender à comunidade “Ensino de Extensão” e propõem atividades
que não teve acesso aos cursos de nível supe- que sejam desenvolvidas com a comunidade,
rior. De acordo com a tipologia de práticas, com cursos voltados para o mercado de

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trabalho, promovendo a inclusão social da é desenvolvido com o objetivo de mostrar uma
comunidade que se encontra à margem. visão geral acerca de determinado fato.
O método empregado para o desenvolvimen- Em relação ao universo e à amostra da pes-
to desta pesquisa foi a abordagem qualitativa e quisa, a população foi composta pelos discentes
quantitativa, de caráter exploratório. De acordo que desenvolvem atividades como instrutores.
com Laville e Dionne (1999), na abordagem Foram aplicados questionários com todos os
qualitativa, o pesquisador decide prender-se dezesseis alunos que compõem o quadro de
a nuances para mostrar o sentido que existe instrutores, o que a caracteriza como censitária.
entre as categorias que reúnem, visto que a Para a coleta dos dados, foi aplicado um
significação de um conteúdo reside largamente questionário com os instrutores. Os dados
na especificidade de cada um de seus elementos foram analisados de forma quantitativa,
e nas relações entre eles, ao passo que a pesquisa utilizando-se questionários respondidos pelos
quantitativa busca quantificar os resultados alunos do Curso de Administração (instrutores)
apresentados através de percentuais. Já de do projeto de extensão, por meio de medidas
acordo com Gil (1999), o caráter exploratório estatísticas simples, como média e percentual.

ACHADOS DA PESQUISA
Visando atender a uma realidade mercado- mais especificamente, com o oitavo voltado
lógica local, o projeto de extensão Administração para “estabelecer uma parceria mundial para
para Todos disponibiliza para a comunidade cin- o desenvolvimento”. A média de alunos con-
co cursos na área de Administração, visando cluintes nos cinco cursos ofertados é de 640
atender a uma realidade mercadológica local: qualificados por ano, o que dá a essa comuni-
Noções em Gestão de Pessoas, Assistente dade discente uma chance de ser incluída no
Administrativo, Técnicas de Vendas, mercado de trabalho com um conhecimento
Qualidade no Atendimento e Gestão específico adquirido no projeto.
Empreendedora de Micronegócios. Por outro lado, o projeto oferece ao aluno
O projeto é considerado um dos principais de graduação a oportunidade de pôr em prá-
do Curso de Administração, por se entender tica o conhecimento que vem sendo adquirido
que existe uma trajetória de sucesso e realiza- em sala. Oficialmente, a escolha dos alunos
ção em sua atuação. É um projeto que come- para desenvolver as atividades de instrutores
çou com a finalidade de atender à comunidade passa por alguns critérios, como o período em
que fica próximo à IES estudada, mas tomou que se encontram, o coeficiente de rendimento
proporções maiores, levando em considera- escolar (CRE) e o desempenho em sala de aula.
ção a vinda de jovens de outros municípios A pesquisa foi realizada com os dezesseis
circunvizinhos. Isso demonstra sua amplitude instrutores, com os dados coletados por meio
educacional não somente nas comunidades de de um questionário com dez questões de
João Pessoa, mas também de outras cidades, o cunho exploratório. As respostas captadas dos
que torna possível a qualificação profissional questionários contribuíram com informações
e, posteriormente, a inclusão social daqueles relevantes para se analisar a percepção e o uso
que se encontravam às margens da sociedade. dos métodos de ensino e aprendizagem ado-
O projeto está alinhado com os objetivos de tados pelos instrutores do projeto de extensão
desenvolvimento do milênio (ODM), listados Administração para Todos. Também foi aplicada
pela Organização das Nações Unidas (ONU), uma entrevista como o coordenador do projeto.

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RESULTADOS
A princípio, averiguou-se que os instrutores a ser ministrado, visando atingir o seu desem-
recebem orientação didática pedagógica. penho diário em sala de aula. Foi constatado,
De acordo com os resultados da pesquisa, ainda, que 86,7% dos instrutores se preocupam
86,75% dos pesquisados disseram que sim. Isso em preparar suas aulas diariamente. “Para ser
demonstra a preocupação do projeto em capa- inovadora e envolvente e estritamente conec-
citar o instrutor, quanto ao posicionamento e à tada com o tópico anterior da disciplina, cada
qualificação metodológica vivenciados em sala aula deveria ser organizada [...]” (LOWMAN,
de aula no tocante ao ensino e à aprendizagem. 2004, p. 209).
Para Almeida (2001), o atual contexto escolar Na perspectiva de atribuir aprendizado
brasileiro requer dos educadores alternativas à metodologia de ensino, são apresentados
pedagógicas que auxiliem o processo de ensi- caminhos diversos para diferentes situações
no-aprendizagem de forma mais eficiente. As didáticas, tendo em vista a tendência ou
pedagogas pertencentes ao Núcleo de Apoio corrente pedagógica que irá ser adotada pelo
Pedagógico (NAPE), um órgão da IES que professor e/ou pela instituição, procurando o
apoia o projeto fazendo oficinas pedagógicas melhor caminho a ser trilhado pelo aluno para
com os instrutores. O acompanhamento e que ele possa se apropriar dos conhecimentos
a orientação durante o curso são feitos pelos propostos pelas atividades pedagógicas.
professores envolvidos no projeto. Foram apresentados seis métodos de
O curso funciona com todas as peculia- ensino-aprendizagem aos instrutores (aula
ridades de ensino e aprendizagem e requer a expositiva, estudo de caso, ciclo de
necessidade de apresentar um plano de ensino palestras, discussão em grupo, resumo
capaz de direcionar e organizar as ações dos de literatura e seminários), para que
instrutores no curso em que lecionam. Nessa dissessem quantos métodos conheciam. Os
perspectiva, 73,3% afirmaram que preparam o resultados apontaram que 40,0% conhecem
plano de ensino do curso em que lecionam. Gil até quatro métodos de ensino, e 33,3%, até
(2002, p. 32) define o planejamento educacio- cinco métodos. O conhecimento de um maior
nal como o processo sistematizado, mediante o número de métodos proporciona ao instrutor
qual se pode conferir mais eficiência às ativida- mais opções metodológicas a serem utilizadas
des educacionais para, em determinado prazo, em sala de aula, e o número apresentado tem
alcançar o conjunto das metas estabelecidas. O uma boa representatividade, considerando que
autor (GIL, 2002) apresenta, ainda, níveis de a formação dos instrutores não está vinculada
planejamentos, configurados como planeja- diretamente à docência.
mento educacional, curricular e de ensino. O Em relação aos recursos instrucionais, cuja
planejamento de ensino tem sua formação finalidade é de tornar a aula mais agradável
mediante as estratégias de ensino do professor, e auxiliar o instrutor a expor suas aulas,
nas quais estão traçadas as metas e as atividades Lowman (2004, p. 147) afirma que “as ativi-
a serem desenvolvidas durante a carga horária dades de ouvir e de pensar são as principais
prevista pelo planejamento curricular, com o atividades pelas quais os alunos aprendem
objetivo de alcançar os resultados planejados durante a aula, embora eles aprendam mais
pelo professor. com aquilo que vêem”.
Em relação ao plano de aula, é verificada Foram apresentados oito tipos de recursos
a importância de o instrutor prepará-lo dia- (folhas auxiliares, retroprojetores, quadro
riamente. Para isso, deve ter em mãos as ações negro, computadores, flipcharts, projetor
vinculadas às práticas de ensino e o conteúdo multimídia – datashow, filmes e aparelho

42 Revista Extensão & Sociedade - PROEX/UFRN - Volume 8 - No 2


de som), dos quais, 26,7% dos entrevistados representam a variação de apresentação das
afirmaram que conhecem seis. Os demais aulas, o que é favorável à didática do instrutor.
números de conhecimento dos recursos variam A tabela a seguir apresenta a opinião dos
em razão da experiência em sala de aula. O instrutores do projeto sobre a avaliação da
conhecimento de, no mínimo, três recursos foi eficácia dos métodos de ensino em sala de aula.
mencionado por 13,3%, ou seja, dois recursos Foi atribuída nota de 0 a 10 a cada método.

Tabela – Nota atribuída à eficácia dos métodos de ensino utilizados em sala de aula.
MAIS MENOS
MÉTODOS NÃO RESPONDEU
EFICÁCIA EFICÁCIA
Aula expositiva 6,7% 80,0% 13,3%
Estudo de caso 6,7% 86,6% 6,7%
Ciclo de palestras 46,7% 53,3% -
Discussão em grupo 6,7% 80,0% 13,3%
Resumo de literatura 20,0% 53,3% 26,7%
Seminários 33,3% 60,6% 6,1%
Fonte: Autoria própria (2014).

Para Vilarinho (1985, p. 85), “o estudo de o procedimento mais empregado em todos os


caso possibilita a partir da troca de ideias, opini- níveis de ensino no Brasil.
ões face a face, resolução de problemas, busca de O ciclo de palestras foi o método que obteve
informações e tomada de decisões”. Os instru- o maior percentual de ausência nas respostas
tores perceberam que o método de estudo de (46,7%). Esse número sugeriu desconheci-
caso foi mais eficaz na aprendizagem dos alu- mento e, consequentemente, a não utilização
nos, com 86,6% no processo de aprendizagem. do método apresentado em sala de aula. Os
Dando sequência à classificação de eficácia instrutores que o utilizam apontaram 53,5%
na aprendizagem dos alunos, a aula expositi- de eficácia nesse método.
va e a discussão em grupo tiveram 80,0% O resumo de literatura que, segundo
de aprovação no método de ensino respec- Plebani e Domingues (2009), também é
tivamente. “A aula expositiva caracteriza-se conhecido como resumo pedagógico, é o tra-
pela explicação oral dirigida pelo professor balho de resumir os elementos mais impor-
aos alunos e a discussão em grupo apresenta tantes de um texto. Esse método apresentou
um uso isolado ou em conjunto com outros a menor eficácia no aprendizado de ensino
métodos, especialmente o da aula expositiva” com um percentual de 26,7%. Portanto, os
(PLEBANI; DOMINGUES, 2009, p. 57). O instrutores que utilizaram esse método não
resultado confirma o posicionamento de Gil viram resultado na eficácia de sua aplicação
(2006) de que o método de aula expositiva é com ênfase na aprendizagem.

Revista Extensão & Sociedade - PROEX/UFRN - Volume 8 - No 2 43


CONSIDERAÇÕES
O trabalho apresentou a importância da dado uma contribuição de grande relevância para
extensão universitária na formação de uma rede a sociedade, por induzir as práticas metodológi-
de relacionamentos com parceiros preocupados cas ao contexto extensionista de ensino por meio
em desenvolver e inserir pessoas na sociedade e dos instrutores, o que tem resultado em ações
usar a metodologia de ensino-aprendizagem dos didáticas eficazes mediadas pelos professores.
instrutores e dos discentes envolvidos no projeto As contribuições de cunho profissional do
fazendo um trabalho eficiente no âmbito exten- ensino ofertadas pelos cinco cursos disponibi-
sionista. Nesse contexto, considerando a prepa- lizados para a comunidade carente, mediante
ração no âmbito metodológico, o projeto tem a extensão universitária, têm proporcionado
contado com parcerias de ordem pedagógica da à população que se encontra à margem uma
instituição, o que tem possibilitado aos instrutores chance de conquistar um espaço no mercado
empregarem recursos metodológicos em sala de de trabalho e de ser incluída na sociedade e de
aula. Isso demonstra que se preocupam em orga- dar continuidade aos estudos em razão de terem
nizar previamente suas aulas com uma sequência adquirido uma base conceitual das abordagens
lógica e definida com segurança e organização. teóricas administrativas, o que facilitará a apren-
A análise dos questionários mostrou que dizagem de novos conhecimentos.
alguns instrutores não usam métodos de ensino A título de sugestão, seria interessante a
porque não os conhecem, e mesmo com a falta de participação dos instrutores egressos nas reuniões
conhecimento e a aplicação de alguns métodos, pedagógicas, para expor, em palestras e oficinas
os pesquisados apontaram resultados positivos na de práticas, as experiências vivenciadas com
eficácia nos métodos estudo de caso, aula exposi- os alunos do projeto, ao longo de sua trajetória
tiva e discussão em grupo. como instrutores nos cursos de extensão, discutin-
Concluiu-se que o Curso de Extensão do sobre o uso de metodologias em sala de aula,
Administração para Todos da IES pesquisada tem bem como realizando sua avaliação.

UNIVERSITY EXTENSION IN MANAGEMENT COURSE: TEACHING METHODS


USED IN PROJECT MANAGEMENT FOR ALL

ABSTRACT
The university extension is revealed as a link the labor market. The research was configured
between the university and society, socializing as qualitative and quantitative, of exploratory
and democratizing the knowledge available character. Questionnaire was applied with the
in the Higher Education Institutions – IES. project instructors to collect information about
This paper presents extension project contri- the teaching and learning methods used in the
butions Management for All accomplished at the project. The survey results revealed that instruc-
Administration Course of a higher education tors employ teaching methods in a systematic
institution in the city of João Pessoa/PB, re- way through the qualification they receive during
garding the application of the methodological the project implementation process, and apply,
practices of teaching. Faced with this proposal, consciously, the methods studied here, in particu-
are the students of Administration Course, which lar, the case study the class exhibition and group
act as instructors minister the courses available in discussion, unlike the lecture series, which showed
the project. Students apply teaching methods in a low percentage of ignorance and applicability.
pursuit of learning in the Administration area, Keywords: University extension. Academic
in order to qualify the community’s youth for knowledge. Teaching-learning

44 Revista Extensão & Sociedade - PROEX/UFRN - Volume 8 - No 2


EXTENSIÓN UNIVERSITARIA EN CURSO DE GESTIÓN: MÉTODOS DE ENSEÑANZA
USADAS EN PROYECTO GESTIÓN PARA TODOS

RESUMEN
La extensión universitaria se revela como cualitativa y cuantitativa, exploratoria. Se
un vínculo entre la universidad y la sociedad, aplicó un cuestionario a los instructores del
la socialización y democratización del proyecto para recopilar información sobre
conocimiento disponible en las Instituciones los métodos de enseñanza y aprendizaje
de Educación Superior – IES. Este artículo utilizados en el proyecto. Los resultados de
presenta las contribuciones de extensión del la encuesta revelaron que los instructores
proyecto “Gestión para Todos”, celebrado en emplean métodos de enseñanza de una
el Curso La administración de una institución manera sistemática a través de la capacitación
de educación superior en la ciudad de João que reciben durante el proceso de ejecución
Pessoa/PB, con respecto a la aplicación de las del proyecto, y aplicar, de manera consciente,
prácticas metodológicas de enseñanza. Ante los métodos estudiados en esta investigación,
esta propuesta, son estudiantes del Curso de en particular, el estudio de caso la conferencia
Gestión, que actúan como instructores que y grupo de discusión, a diferencia del ciclo de
enseñan los cursos disponibles en el proyecto. conferencias, que mostró un bajo porcentaje
Los estudiantes aplican los métodos de de la ignorancia y la aplicabilidad.
enseñanza en la búsqueda de aprendizaje en
el área de Administración, a fin de calificar a Palabras clave: Educación continua.
los jóvenes de la comunidad para el mercado El conocimiento académico.
laboral. La investigación se configura como Enseñando y aprendiendo.

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