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CENTRO UNIVERSITÁRIO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA – IESB


Disciplina: Projeto de Extensão I
Assunto: A extensão crítica e a interação com a sociedade
Profª. Drª Gabriela R. Cibin

Aula 01 (U2)
A extensão crítica e a interação com a sociedade

Caros alunos (as) extensionistas, vamos falar um pouco sobre mais um tema
muito relevante para a extensão Universitária? A ponte para o diálogo entre a
Universidade e a Sociedade.

Para que a Universidade se torne de fato universal, é necessário desconstruir


muros, e aproximar a Universidade da sociedade possibilitando que essa empodere
da Universidade e é substancial para que a extensão se fortaleça. Diante disso, ao
trazer a sociedade para dentro da Universidade, oportuniza-se o diálogo, a
desconstrução das certezas e dogmas por tanto tempo tidos como substanciais para
manutenção dos modelos existentes e, com certeza, ao partilhar o conhecimento,
constrói-se uma sociedade inclusa na Universidade, incluindo a Universidade na
sociedade. A curricularização da extensão pode propiciar essa aproximação
(ALBRECHT E BASTOS, 2020).

A abordagem teórica que defende a extensão como função acadêmica da


Universidade, objetiva integrar ensino-pesquisa, partem da crítica à extensão voltada
para prestação de serviços em uma perspectiva assistencialista [...] (JENIZE, 2004).

Os autores Paulo Freire e Calipo, mostram os riscos existentes no projeto de


extensão assistencialista quando entra em contato com a sociedade de modo que os
acadêmicos não se sobreponham a comunidade, mas, se igualar a ela para que o
contato seja mais proveitoso.
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Disciplina: Projeto de Extensão I
Assunto: A extensão crítica e a interação com a sociedade
Profª. Drª Gabriela R. Cibin

Calipo, 2009 diz que projetos de extensão universitária crítica facilitam uma
aprendizagem de saberes recíprocos e devem agregar integrantes da universidade e
da comunidade popular, sob uma linha horizontal do conhecimento. Sobre essa
análise, o autor nos mostra que a extensão universitária deve se agregar a
comunidade de forma prática e evolutiva a fim de expor os conhecimentos aprendidos
durante a vida acadêmica.

“O trabalho com os ODS pode ser um caminho possível, de tantos que há,
pelo seu profundo caráter extensionista, bem como na forte relação dialógica
com a sociedade. Neste contexto, a extensão passa a compor o tripé ensino-
pesquisa-extensão, corporificando-se como um dos pilares da Universidade
e sendo um vetor de diálogo, atuando de forma transversal, como termômetro
junto à sociedade para construção de políticas aliadas às necessidades da
sociedade vigente. Os ODS não são a solução definitiva para estas
discussões, mas, podem apontar caminhos para visualizar políticas
extensionistas profundas que a sociedade carece”.(ALBRECHT E BASTOS,
2020)

Após a Reforma Universitária, implementada em 28 de novembro de 1968, a


universidade colocou-se com a sociedade na expectativa de busca e problematização
do mundo, conscientizando-a e despertando-a para a procura de seus direitos,
estabelece-se ao coletivo a apropriação crítica da realidade, seu desvelamento, e
impulsiona os homens a sua assunção enquanto sujeitos da transformação do mundo.
Nesse sentido, em uma perspectiva de interação dialógica, a proposta constituía-se
em construir um trabalho coparticipativo e compartilhado entre universidade e
sociedade, em que o conhecimento produzido contribui para a superação das
desigualdades e dos processos de exclusão social.
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Disciplina: Projeto de Extensão I
Assunto: A extensão crítica e a interação com a sociedade
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Você consegue perceber que os projetos de extensão facilitam uma


aprendizagem de saberes recíprocos?

Neste contexto, as atividades extensionistas realizam a introdução dos


acadêmicos em seus futuros ambientes de trabalho, sendo esta uma oportunidade
ímpar para a construção de saberes e competências.

"O diálogo e a problematização não adormecem a ninguém. Conscientizam. Na


dialogicidade, na problematização, educador-educando e educando-educador vão
ambos desenvolvendo uma postura crítica da qual resulta a percepção de que este
conjunto de saber se encontra em interação." Paulo Freire.

Freire compreende que o diálogo problematizador, por uma perspectiva de


comunicação, forma sujeitos críticos. É preciso atentar para uma prática extensionista
cujo pressuposto de interação entre diferentes saberes gere um conhecimento
dialógico, democrático, comunicativo, transformador.
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Assunto: A extensão crítica e a interação com a sociedade
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Paralelamente, Freire defende que não deveria existir obstáculo entre


conhecimento científico e popular e discute semanticamente a extensão aproximada
à prática, numa relação dialética com a cultura. Historicamente, tal barreira é
provocada por uma concepção de extensão que desconsidera incorporar o acesso da
comunidade ao saber dito científico, para que, em diálogo com os saberes populares,
ambos produzam um movimento dialético de problematização do mundo.

Problematizar a realidade, explicitar contradições é parte da estratégia de


comunicação esposada por Freire, para orientar as práticas extensionistas como
qualificadoras das dimensões técnica, ética e estética da formação universitária, de
forma integrada a esta. Assim, pauta-se a extensão na interdisciplinaridade, na
interprofissionalidade, no protagonismo dos sujeitos, sem assimetrias entre os
diferentes saberes mobilizados e comprometida com o impacto e a transformação
social, bem como com a superação dos muros que um dia separaram universidade e
sociedade.
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Disciplina: Projeto de Extensão I
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O desafio que se coloca para ao que praticam a extensão, é o de desenvolver


e implementar estratégias que possibilitem a integração com as comunidades em seu
entorno, transformando-as em participantes e protagonistas de projetos de mudança,
inclusão social e desenvolvimento sustentável. É preciso resgatar a legitimidade da
universidade perante a sociedade, que sustenta o ensino superior, tornando possível
a realização de uma reflexão crítica para sua transformação, bem como possibilitar
a materialização do princípio constitucional de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.

REFERÊNCIAS

1. Albrecht, E.; Bastos, A. S. A. M.. Extensão e sociedade: diálogos necessários


Revista em Extensão. Uberlândia, v.19, n.1, p.54-71, jan.jun.2020.
2. de Andrade, R. M. M., & Wiebusch, E. M. (2015). A Extensão Universitária na
perspectiva da interação dialógica.
3. Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
docente. 19. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
4. Freire, P. (2014). Extensão ou comunicação?. Editora Paz e Terra.
5. Pivetta, H. M. F. (2010). Ensino, pesquisa e extensão universitária: em busca
de uma integração efetiva. Linhas críticas, 377-390.
6. Rodrigues, A. L. L., do Amaral Costa, C. L. N., Prata, M. S., Batalha, T. B. S., &
Neto, I. D. F. P. (2013). Contribuições da extensão universitária na
sociedade. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-
SERGIPE, 1(2), 141-148.

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