Curso Normal é o curso chamado antigamente de “magistério”. Esse termo
foi usado durante muito tempo no Brasil de acordo com a LDBEN 5.692/71. Hoje ele é denominado Ensino Médio – modalidade Normal. A LDBEN/96 criou o Curso Normal Superior. O Curso Normal, em ambos os níveis, prepara professores para atuarem na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. No entanto, o mais comum é encontrarmos o Curso Normal de Nível Médio e o curso de Licenciatura em Pedagogia de nível superior. A primeira escola Normalista do Brasil foi criada por decreto na cidade de Niterói no ano de 1835 e, a partir desta, várias outras foram sendo criadas nas demais províncias do Império. Depois de Niterói, foram inauguradas Escolas Normais na Bahia (1836), Pará (1939), Ceará (1845), São Paulo (1846), Rio Grande do Sul (1870) e na Capital do Império (1880). Os cursos duravam no máximo dois anos e eram em nível secundário, mas na década de 1880, a Escola Normal de São Paulo já oferecia curso de três anos. As escolas normais tiveram grande crescimento no período republicano. Durante esse período foram criados vários decretos que regulamentaram e fundamentaram vários aspectos relacionados a educação e a forma como ela deveria ser organizada. A mais importante do período foi o Decreto-Lei 8.530, de 2 de janeiro de 1946 – a Lei Orgânica do Ensino Normal. A Lei centralizou as diretrizes, nacionalizando a organização, embora se consagrasse a descentralização administrativa do ensino, pois as escolas eram de responsabilidade dos estados, fixando as normas para a implantação, regulamentação e organização das escolas normais no Brasil. A partir desta Lei que os dois níveis de cursos foram criados, o de 1º Ciclo, que formavam regentes de Ensino Primário, com duração de 4 anos e funcionavam em Escolas Normais Regionais; e os de 2º Ciclo, que eram a continuação dos cursos que já existiam, para formar o professor primário, com duração de 3 anos e funcionavam em Escolas Normais. Além desses cursos e escolas, a Lei cria também os Institutos de Educação, que funcionavam com os cursos de 1º e 2º Ciclos, mas também possuíam o Jardim de Infância e a Escola Primária anexos, e ofertavam cursos de especialização em Administração Escolar e de professor primário. Esses cursos de especialização eram permitidos somente nos Institutos de Educação, pois tinham como objetivo especializar professores para a Educação Pré-Escolar, Primária, Supletiva, Desenho, Artes Aplicadas e Música, e também a formação pessoal habilitado para a administração escolar (direção, orientação, inspeção, estatística e avaliação escolar). Ainda que tivessem alguns pontos negativos, como o currículo (fraco nos conteúdos pedagógicos específicos), o Curso Normal Regional foi por muito tempo a única opção para formação de docentes qualificados para o ensino primário. Durante o período de vigência da LDBEN/71 (Lei no 5.692/71) a mesma alterou a estrutura curricular do Curso Normal, transformando em uma habilitação do 2º Grau: a Habilitação Magistério. Fatores como os baixos salários e ausência de carreira docente, geraram um desprestígio social e a desvalorização do professor formado por tal curso. Essa mudança de prestigio levou a uma desvalorização do Curso Normal que infelizmente dura até os dias de hoje. Na atualidade, o Curso Normal é procurado por pessoas que acreditam ter no magistério a garantia de um emprego certo, tendo em consideração que a demanda por professores nos níveis iniciais de escolarização é muito grande. E ainda que a maioria das escolas e redes de ensino continuam aceitando professores habilitados no nível médio, visto que tais professores, os chamados “normalistas”, têm amparo legal (LDBEN/96, art. 62). O Curso Normal, hoje em dia, é constituído de 4 anos letivos. Está regulamentado pela Resolução − CEB, nº 2, de 19 de abril de 1999, a que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal. No Artigo 1º da Resolução, afirma que o Curso Normal é destinado para a formação de “docentes na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, acrescendo-se às especificidades de cada um desses grupos as exigências que são próprias das comunidades indígenas e dos portadores de necessidades educativas especiais”, sendo que no Artigo 9º da mesma Resolução, ela inclui a Educação de Jovens e Adultos. A pandemia do novo coronavírus nos apresenta um cenário onde estamos vivenciando desafios enormes para a educação como um todo e para os professores em particular. Estamos passando por importantes transformações e não voltaremos ao “normal” que conhecíamos. O mundo, provavelmente, não será o mesmo. A educação e os professores também não. No campo da educação, infelizmente esse cenário evidencia as desigualdades sociais. Com a necessidade de se educar a distância, em todos os níveis de ensino, foi preciso adaptar o ensino a um novo contexto para além do aspecto técnico. Se de um lado existe a realidade de escolas particulares que estão conseguindo manter o vínculo com os alunos com um aparato de soluções tecnológicas – plataformas e aplicativos educacionais – de outro lado, muitos alunos de escola pública estão sem alternativas eficientes de seguirem com as suas atividades. Sendo assim, ao final desse período, estaremos afundados em um país onde as diferenças sociais estarão ainda mais acentuadas e com impactos na vida de toda sociedade. O processo de ensino e aprendizagem acaba sendo transformado por esse contexto. Faz-se necessário rever as metodologias empregadas ao ensino e também é preciso modificar o planejamento pedagógico a fim de encontrar alternativas para envolver, motivar e propiciar o desenvolvimento dos estudantes, mesmo que distantes. Ser professor envolve muito a relação interpessoal e o acolhimento. A falta da convivência e da interação pessoal entre alunos e colegas de trabalho talvez seja a pior das perdas. Um dos principais desafios é a adequação das aulas, materiais e atividades para outra modalidade de ensino. Muitas tecnologias estão criadas e disponibilizadas neste momento de crise. Uma montanha de informações, prestes a desabar, o que acaba tornando difícil encontrar a melhor solução para atender a essa necessidade não planejada de ensinar além dos muros da escola. O profissional da educação, em um momento pós-pandemia, será um profissional mais preocupado com o outro, que valoriza as relações interpessoais.