Neste mês, o teletrabalho contemplou apreciação de alguma obras culturais, minhas
preferidas foram o curta metragem “Marina não vai à praia”, que me fez lembrar de minha prima Ana Clara que também possui síndrome de Down e sempre vai atrás do que deseja (mesmo sendo impedida de comer muito chocolate, sempre dá um jeito de atingir seus objetivos, mesmo que ele esteja muito bem escondido rsrs) e os trechos de “Grande Sertão Veredas” selecionados por Maria Bethânia, que fala sobre as inúmeras sensações que o sentimento de amor nos traz. Iniciando os estudo do mês, no trecho do Currículo Paulista “Os Fundamentos Pedagógicos Do Currículo Paulista - O compromisso com a Educação Integral” (p. 28- 35), há uma retomada do conceito de Educação Integral, visando o desenvolvimento intelectual, socioemocional, física e cultural dos alunos, promovendo competências e habilidades para sua plena atuação na sociedade atual. Dentro deste contexto, em tempos de mudanças tão rápidas em meio à tecnologia, a escola, segundo o documento, se fortalece como um espaço privilegiado para as interações, proporcionando experiências para o desenvolvimento de autonomia, colaboração, criatividade, responsabilidade, habilidades essenciais aos processos cognitivos, ao ato de aprender a ser, onde todo o espaço da escola, é espaço de aprendizagem. Entretanto, os espaços de aprendizagem superam os muros da escola, sendo desenvolvida também em ambientes não formais, tão relevantes para o processo de formação integral dos sujeitos. O documento ainda discursa sobre a indissociabilidade das competências, sendo necessário, entender que as práticas educativas devem articula-las à construção do conhecimento, à centralidade do aluno nesse processo, o que promoveria um impacto positivo para a permanência e sucesso escolar, e consequentemente, com sua saúde, empregabilidade e relacionamentos interpessoais. As práticas escolares que consideram o desenvolvimento integral do aluno, portanto, não devem buscar rotular o buscar um modelo ideal de sujeito, mas devem enxergá-los reconhecendo o seu potencial de desenvolvimento, o que implicaria na adoção de diversas estratégias metodológicas capazes de promover a autonomia e protagonismo desses sujeitos, não só pelos docentes e equipe gestora, mas também pelos estudantes, funcionários e todas as relações estabelecidas no interior da escola e em seu entorno. No trecho do texto do Parecer 20/2009 “Revisão Das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - Objetivos e condições para a organização curricular” (p. 9- 13), destaca-se o direito da criança não apenas à provisão e proteção, mas também o direito de ser respeitada, o de participar na vida cultural e social e o direito de expressar- se livremente, e esses direitos orientam o trabalho na Educação Infantil, estando contemplados, inclusive, na LDB. O documento afirma que a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como seu objetivo principal, a promoção do desenvolvimento integral, garantindo o acesso a aprendizagem de diferentes linguagens, aos processos de construção de conhecimentos, às brincadeiras, à liberdade, às interações com outras crianças, ao respeito, à proteção, à saúde e à dignidade (p. 9). Segundo o Parecer 20/2009, o Currículo para a Educação Infantil seria
um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e
os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades. Intencionalmente planejadas e permanentemente avaliadas, as práticas que estruturam o cotidiano das instituições de Educação Infantil devem considerar a integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as metas educacionais de seu projeto pedagógico. (p. 6)
As práticas educacionais, portanto, devem visar o PPP da unidade escolar, envolvendo
em sua elaboração e reavaliação, professores, equipe escolar, famílias, comunidade, diante de uma gestão democrática. Desta forma, na organização curricular das instituições escolares, deveriam estar contemplados: 1. A Educação Integral, sendo o cuidado (íntimo e afetivo) indissociável ao processo educativo, possibilitando às crianças vivenciar experiências de modo integral, respeitando sua dignidade, sua segurança e, favorecendo sua curiosidade, expressividade, ludicidade. Alimentá-las, dar banho, comida, observar a possibilidade de adoecimento, trocar fraldas, observar e assegurar atenção às especificidades de cada criança, são práticas planejadas e mediadas pelos professores que respeitam direitos da criança. O cuidar deve permear não apenas a Educação Infantil, que possui um contexto mais evidente, mas todos os níveis de ensino, favorecendo a ampliação de suas vivências na infância e possibilitando a ampliação de suas ações no mundo. 2. As ações e práticas educativas devem valorizar, reconhecer e favorecer o respeito à diversidade cultural e étnico-racial, às crianças com deficiências, altas habilidade/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento, ampliando o olhar da criança para uma “visão plural de mundo” por meio do planejamento de situações de aprendizagem e vivências na Educação Infantil (acessibilidade, reestruturação dos espaços, apropriação das contribuições histórico-culturais dos povos, favorecimento das brincadeiras e interações entre as crianças, possibilidade de intervenção na realidade etc.). 3. O reconhecimento da constituição plural do povo brasileiro (identidade cultural, socioeconômica, étnico-racial, linguística, regional, religiosa, de gênero), valorizando as contribuições das famílias e comunidade para a organização do Currículo escolar, através de uma gestão democrática. 4. O respeito à dignidade da criança é imprescindível e deve ser pensado nas práticas ocorridas no interior e no exterior da escola. A criança deve ser protegida contra qualquer forma de violência ou negligência, devendo essas violações serem encaminhadas aos órgãos competentes. 5. Sendo direito da criança e parte integrante da Educação Básica, a oferta de uma educação infantil de qualidade é dever do Estado, sendo as instituições de Educação Infantil, responsáveis pela oferta de espaços seguros, limpos, conservados, acolhedores, inclusivos, desafiadores para as interações, explorações e descobertas pelas crianças, com garantido conforto ambiental (insolação, ventilação, luminosidade, acústica, higiene, estética e dimensões adequadas a cada agrupamento). Devem ainda oferecer contextos que permitam a expressão, criação e efetiva participação das crianças, articulando as diferentes linguagens, favorecendo o contato com aquilo que foi produzido pela humanidade (cultura, objetos, arte) e os elementos da natureza, além de formação continuada de professores e demais profissionais que atuam nas escolas, aprimorando sua prática por meio de reflexões para melhor tomada de decisões diante do coletivo e singularidade de cada criança, sendo esses, segundo o documento, requisitos básicos para uma Educação de qualidade. No Parecer 20/2009, a criança é considerada o sujeito do processo educativo, já que ela é um sujeito histórico e de direitos, que produz cultura em suas interações e expressões. Desta forma, a linguagem, o pensamento, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade se desenvolveriam a partir das interações e não seria algo inato, esperando o amadurecimento. Seria, portanto, por meio da brincadeira que a criança pequena se desenvolveria, com seu próprio ritmo, sua própria forma de interagir com os demais, como manifesta suas emoções e curiosidades e seu jeito próprio de agir nas diferentes situações, se afastando da realidade vivida e ressignificando e revivendo os diferentes papeis e objetos, construindo desta forma, as culturas infantis. Para Nóvoa, no vídeo “António Nóvoa e a importância do território na educação”, a formação de um sujeito é voltada para sua humanidade, promovendo o acesso desse sujeito a todos os bens produzidos histórica e culturalmente, valorizando e respeitando a diversidade que existe no mundo, e não se atendo apenas a sua cultura. “Educar é libertar, e libertar é fazer uma viagem”. Desta forma, o conceito de Educação Integral se apresenta libertador para a formação desses sujeitos, indo de encontro com os pressupostos de Nóvoa, mas ainda inviabilizado pela realidade das escolas atuais em nossa país, como a desvalorização dos professores (ainda considerado cargo de nível médio em concursos públicos), a infraestrutura inadequada dos prédios escolares, a falta de conforto ambiental nas salas de aula. No Currículo Paulista, a concepção de Infância é tida como infâncias, que não se atém apenas a um período da vida, mas é construída simbolicamente nas diferentes culturas. A criança é compreendida como sujeito histórico e de direitos, que na infância desenvolve-se cognitivamente, emocionalmente, socialmente, fisicamente, linguisticamente e culturalmente, por meio das interações e práticas do cotidiano, o que influencia seu modo de ser, estar e agir no mundo. A Educação Infantil desta forma, seria a responsável por garantir o “tempo de vivência das infâncias”, potencializando a formação integral das mesmas (p. 52), por meio da promoção de experiências lúdicas e interações sociais. Ainda segundo o documento, é na infância que as bases para as capacidades emocionais, físicas e intelectuais são formadas. Ainda no documento, o Currículo Infantil deve ser planejado de modo a permitir o desenvolvimento de todas as potencialidades dos sujeitos, possibilitando descobertas e valorizando suas especificidades e interesses. Para tal, seria imprescindível que o foco das práticas educativas esteja voltado para experiências lúdicas e significativas, em que a criança seja capaz de compreender as relações do mundo em que vivem, aprendendo a desenvolver a sua cidadania em contextos que lhe sejam significativos e acolhedores. Enquanto o Estado deve assumir sua responsabilidade na educação coletiva das crianças complementado a educação já ofertada pelas famílias, a escola acaba tendo o papel de promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, cumprindo sua função pedagógica e sociopolítica, através da oferta de espaços privilegiados para construção de identidades coletivas, de espaço de convivência, de oportunidades, de ampliação de saberes e conhecimentos diversos independentemente de sua realidade socioeconômica, étnico-racial, regional, linguística, religiosa, de gênero, mas pelo contrário valorizando essas diferenças em seu processo de ensino-aprendizagem, articulando os saberes e experiências das crianças com os conhecimentos produzidos e acumulados ao longo da história, através das interações entre as crianças e outras crianças e com os professores, o que favoreceria o desenvolvimento e formação de sua identidade (Parecer das DCNEIs 20/2009, p. 5-6). No vídeo “Diretrizes em Ação – Vídeo 1: Concepções e práticas”, como já estudamos anteriormente em outro vídeo no teletrabalho do mês de abril, podemos observar que a criança tem sua linguagem própria, e é preciso estarmos imersos e atentos às suas interações, ou seja, ações, reações, pensamentos, falas para compreendermos, de fato, como ela pensa, o que ela sabe e o que ela quer transmitir, tornando-as dessa forma, por meio de nossas percepções, o centro do processo educativo. A brincadeira, o faz-de-conta, a ressignificação de papeis e situações vivenciadas em novos contextos, que lhe sejam significativos e confortáveis – de modo a favorecer sua liberdade para agir como deseja –, são alguns dos recursos utilizados pelas crianças, para demonstrar aquilo que sabem e compreendem sobre a vida social e o mundo que as cerca. Observamos, portanto, que o que ela vivencia é capaz de ensiná-la muitas coisas e de maneiras variadas, constituindo a sua personalidade, a sua singularidade. Desta forma, comprovamos que não apenas o ambiente institucionalizado ensina, mas o mundo que as cerca também, por isso é necessário pensar um Currículo na Educação Infantil, que valorize esse mundo que as cerca, suas relações sociais, suas famílias, sua comunidade, sua cultura e tudo aquilo que a permeia, considerando cada sujeito como o centro do processo educativos, valorizando seus interesses, sua curiosidades, suas especificidades, enfim, promovendo uma Educação Integral para os sujeitos, formando- os para a vida. No vídeo, uma fala muito tocante da pesquisadora Maria Virgínia Gastaldi, é o fato de que seria muito mais importante valorizarmos nossas observações e o tempo dispendido nas atividades, do que ocupá-las com propostas ou ações que não lhe sejam tão significativas, um equívoco que venho observando e me sentindo muito incômoda em minhas práticas educativas na Educação Infantil. Pela quantidade de ações ocorrendo ao mesmo tempo, necessidades específicas de cada criança, barulho exacerbado pela quantidade de crianças na turma, má acústica e horário muito inflexível, estamos sempre correndo para lá e para cá para cumprirmos as propostas de atividades de rotina ao longo do dia, sem contar a cobrança das famílias, que ainda compreendem muito pouco sobre a importância das interações e brincadeiras na Educação Infantil. Com essas inúmeras questões, fora as não mencionadas, muitos são os desafios para uma prática verdadeiramente voltada para a Educação Integral. Acredito que para a superação desses desafios, é necessário uma mobilização e um novo olhar para a infraestrutura de nossas escolas, a valorização da saúde do profissional de educação, o repensar de uma educação em tempo integral, a proposição de conscientização das famílias sobre a não função assistencialista da Educação Infantil, o número de crianças para o professores, e mais infinitas questões que me fazem crer que ainda temos muitíssimo a melhorar para um dia conseguirmos melhorar a qualidade da Educação em nossa país, dentro do conceito de Educação Integral. Neste relatório volto a ressaltar minhas percepções sobre as dificuldades de se colocar em prática o conceito de Educação Integral diante da realidade que nos permeia nos espaços de educação oferecido nos últimos anos, agora embasados pelo Parecer 20/2009. Se se pretende ofertar uma Educação de qualidade, contemplando o conceito de Educação Integral, nossos governantes devem iniciar uma mudança de pensamento quanto ao que nos é ofertado nas escolas, como salas lotadas de crianças que inviabiliza o contato e interações de qualidade entre professor e alunos (e não concordo com o parecer quando determina a quantidade recomendada de crianças por professor, pois na teoria pode até ser aceitável, mas na prática é enlouquecedor, tamanha a poluição sonora, a necessidade de movimento das crianças, e as peculiaridades e necessidades individuais de cada um), a existência de espaços nos interiores das escolas que não apresentam boa estética ou qualquer conforto ambiental, não havendo boa iluminação, acústica, ventilação, insolação e dimensões adequadas aos agrupamentos e faixas etárias, sendo o agrupamento escolar o responsável por criar diversas situações para arrecadação de recursos próprios para melhoria superficial e adaptada desses espaços, em uma luta constante que não lhe caberia, já que o dever é do Estado, entre tantas outras já mencionadas anteriormente. No momento atual em que estamos vivendo, que há sido um grande desafio para toda a população mundial, o de reaprender a conviver boa parte do tempo com a família, de encontrar no ócio a vontade de realizar atividades que talvez nunca tenha vivido ou proporcionado aos filhos, sem a correria do dia a dia, com as possibilidades de adoecimento emocional pela falta de rotina ou perspectiva, sermos parceiros e estreitarmos os vínculos com as famílias de nossas crianças é um papel fundamental neste momento, já que as mesmas estão responsáveis pela realização das práticas educativas das crianças neste período. Paulo Fochi, no vídeo “Resumo da live Estratégias para a EI em tempos de distanciamento social”, destaca alguns pontos das DCNEIs. Inicia suas constatações afirmando que a criança aprende nas relações e interações da sua vida cotidiana, articulando todas as suas experiências e os seus saberes com o patrimônio construído pela humanidade, desenvolvendo suas competências reflexivas, analíticas, investigativas, argumentativas, o que segundo Fochi, deveria ser preservado e incentivado na Educação Infantil. Sobre o documento, destaca a definição de Currículo pelas DCNEIs, como sendo um conjunto de práticas que objetivam relacionar as experiências e os saberes das crianças com o patrimônio que a humanidade sistematizou, promovendo o desenvolvimento integral da criança. Interessante destacar que Fochi esclarece que tanto o comer, quanto o dormir, o descanso, o fazer o xixi, o ato de ouvir histórias, pesquisar sobre um inseto é Currículo. Um equívoco ainda muito presente tanto entre os profissionais da educação, quanto nas famílias e comunidades, que ainda acreditam que a escola deva ser conteudista. Ele ainda afirma que enquanto educadores, ainda não temos a obrigação de fornecer um conhecimento sistematizado neste momento da educação dos sujeitos, mas devemos propiciar o direito de aprender, numa perspectiva de formação humana. Como educadores, precisamos dar condições para que a criança vivencie, pense, reflita sobre aquilo que vivencia, pois mesmo que o aprendizado final não seja exatamente aquele sistematizado pela humanidade, ela, segundo Fochi, ainda terá inúmeras possibilidades de estudar esse conteúdo em outras etapas do ensino. Por isso, devemos pensá-la como um todo, como o centro do processo educativo, assim como os conhecimentos, que não devem ser encarados de modo fragmentado. As colocações de Fochi convergem com os meus pensamentos neste momento atual, sobre os malefícios do uso exacerbado de telas digitais pelas crianças sendo necessário utilizar com cautela neste momento de isolamento social, minhas preocupações com suas angústias e ansiedades e a possibilidade de estarmos em contato com essas crianças e suas famílias, até mesmo como instrumentos para conscientização da população sobre os cuidados e a necessidade de isolamento, sobre a função das famílias no processo de ensino das crianças. Minha proposta para este momento, volto a dizer, é a de nós, docentes, podermos entrar em contato com as famílias e o agrupamento de crianças por vídeo chamada, sem preocupações conteudistas, de modo a permitir, estimular e permutar experiências no contexto social deste momento, tais como: cuidados com o lar, com a saúde, com a alimentação, histórias, sentimentos, conhecimento de mundo, entre tantas outras questões que envolveriam todos os campos de aprendizagem e nada mais seria, do que o contexto de nossa vida cotidiana, o que se encaixaria no conceito de educação integral, que prepara para o exercício de sua cidadania no mundo. Como diz Fochi no vídeo, neste momento, o importante para as escolas, é pensar formas de manter os vínculos com as crianças e as famílias, mantendo sua parceria, priorizar o desenvolvimento e a formação humana, e a formação continuada dos profissionais da educação, orientando as famílias a criarem espaços de produção simbólica (contar histórias, brincar) para ajudar a lidar com as emoções, incentivando-as a conversar com as crianças sobre seus medos e angústias, assumindo sua função social, enquanto escola. No vídeo “A Escola e a Cultura Digital – Bloco 1 - AUTORES NA WEB”, Marcelo Ganzela do Instituto Singularidades, define cultura como tudo aquilo que é produzido pela humanidade e culturas digitais, como aquilo que é produzido no ambiente digital, com suas particularidades e diversidade, além de ser um ambiente muito amplo, com inúmeras possibilidades de interação. Gazela afirma que devemos ser conscientes ao olhar para o ambiente digital, usando-o com consciência, criticidade, de modo prazeroso, pensando em como podemos torna-la produtiva e qual espaço ela deve ocupar em nossa vida. No Bloco 2, Ganzela discorre sobre o papel da escola sobre o trabalho com as culturas digitais. Inicia falando sobre a BNCC e o seu olhar voltado para as linguagens múltiplas e suas modalidades, de maneira transversal, perpassando todas as áreas do conhecimento. Marcelo afirma que isto é uma adequação ao mundo em que vivemos atualmente, devido à evolução das linguagens. Seria, portanto, dever da escola, ajudar os sujeitos entenderem o mundo em que vivemos. Para inserir as culturas digitais na escola, menciona que devemos ensinar as crianças a usá-las de maneira crítica, devendo, em momento de pandemia, uma ampliação da consciência das famílias também. E nunca desvalorizar outras linguagens ou situações para inserir as culturas digitais nas escolas. No último bloco (3), Marcelo Ganzela fala sobre a preocupação de a relação com o virtual nos afastar de nossa humanidade. Diante desta preocupação, ele fala que devemos dosar o tempo de uso e olhar para as culturas digitais como algo produzido pela humanidade, logo, também é interação humana, e acaba sendo democrático pelas inúmeras possibilidades de acesso aos bens produzidos humanamente e globalmente. Segundo ele, o educador não deve pensar que ele é o detentor do conhecimento e que precisa saber tudo sobre culturas digitais, o papel do professor neste sentido, seria o de mediar e estabelecer relações entre os saberes, questionando e ajudando-os a acessá-la de maneira consciente e reflexiva. Os estudantes, portanto, seriam os protagonistas, sendo ativos e colaborando para o planejamento das aulas. Para estarmos inseridos efetivamente no ambiente digital, penso que as mudanças são muito rápidas em um curto espaço de tempo e, para uma pessoa que não cresceu em um ambiente digital, seria algo muito complexo. E mesmo para aqueles que cresceram em um ambiente digital, a desatualização pode ocorrer muito facilmente. Há a necessidade de formações específicas para o manuseio de diferentes possibilidades de uso de uma ferramenta tecnológica, consciente disso, compartilho minha filosofia de vida, a frase do arquiteto Ludwig Mies Van der Rohe, “menos é mais”. No contexto da Educação, diante das inúmeras situações em que devemos nos debruçar reflexivamente em nossa profissão, ficar tentando acompanhar inúmeras possibilidades de uso das ferramentas tecnológicas e pensar em como aplicá-las em sala de aula não é algo vantajoso, mesmo em período de pandemia, como inclusive menciona Ganzela. Devemos priorizar aquilo que é mais simples, valorizando a qualidade e não a quantidade de ferramentas a serem utilizadas, sendo mediadores e contribuindo para usos críticos e reflexivos das culturas digitais, tão necessários nos dias atuais. Em minha sala de aula, nos últimos 6 anos, vivenciamos inúmeras possibilidades de uso das culturas digitais, tais como: o uso de computadores para pesquisar (ler para pesquisar) e jogar jogos educativos, a fotografia realizada pelos olhares infantis por meio de câmera digital e celular, a produção de vídeos e a filmagem de apresentações musicais e teatrais com apreciação pela turma, o uso de Webcam para se expressar, projetores para assistirmos vídeos, curtas e filmes, além de produzir brincadeiras com sombras, a televisão como meio para apreciação de produções, apresentação de slides e vídeos, inclusive musicais, para aulas de dança e apreciação de diferentes estilos musicais, tudo favorecido pela conectividade, o uso de celular também para pesquisa de curiosidades das rodas de conversa e compartilhamento de imagens, entre tantas outras possibilidades, imergindo-as no mundo das culturas digitais de modo a apresenta-las inúmeras possibilidades de usos significativos e enriquecedores, como mediadores desse processo. Para finalizar os estudos do mês de Maio, além das discussões favorecidas pelos encontros semanais de HTPC por videoconferência, o vídeo e artigo de Silvana Augusto nos trouxe algumas contribuições e reflexões sobre as boas experiências com crianças pequenas, como o ato de contar histórias, de gravar áudios para os amigos, de dar dicas de livros que elas gostam, contar o que estão fazendo em casa, e a possibilidade do compartilhamento da gravação pelas famílias com a turma, reforçando o vínculo entre elas e a participação ativa. Desta forma, poderão observar que não são as únicas a não poderem sair de casa, e que tudo ainda existe, como professores, escola e amigos e que poderão voltar à rotina quando tudo se normalizar, o que com certeza contribuiria para sua autoestima e saúde emocional. Augusto nos atenta para o fato de não deixarmos de lado o protagonismo das crianças, mesmo em tempo de quarentena, sendo um desafio, pensarmos maneiras de mantes a criança como o centro do processo de ensino e aprendizagem, assegurando os direitos apontados pela BNCC. Não só a contação de histórias poderia ser passível de compartilhamento, como também a filmagem da produção de uma receita, de como realizar alguns serviços domésticos como lavar louça (haja vista que ainda nos dias atuais, as meninas ainda são vistas como as responsáveis pelo serviço doméstico, o que não deveria ser ainda valorizado pelas famílias em pleno século XXI), os cuidados com seres vivos em casa, como animais ou plantas, entre outras atividades vivenciadas em suas residências, que possibilitam a ampliação de sua experienciação do mundo e a revisão de valores preconcebidos. Por fim, volto a frisar que, o contato com aqueles que convivíamos diariamente traz uma brisa calorosa à nossa autoestima e esperança. Para isso, ainda julgo de fundamental importância, como não temos previsão de quando voltaremos à nossa rotina, estar em contato, mesmo que brevemente, com nossos alunos e suas famílias, nos abrindo e valorizando mais do que nunca, as famílias, seus contextos e suas contribuições diárias para a formação das crianças como sujeitos. Conversar e discutir o que poderíamos fazer para nos ocupar de maneira produtiva nesses momentos, compartilhando experiências entre as famílias, seria enriquecedor, principalmente, para uma Educação Infantil que se pretenda integral.