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1 O desenvolvimento da criança: o cuidar e educar

Compreender a aventura que todo ser humano faz para aprender é um grande desafio
para todo educador, principalmente aqueles que trabalham com criança pequena. As
pesquisas sobre o desenvolvimento infantil conduzem ao entendimento que a criança é
um sujeito competente, ativo e agente do seu desenvolvimento e, por meio das
interações mobilizam seus saberes e suas funções psicológicas (afetivas,
cognitivas, motoras, lingüísticas) ao mesmo tempo em que as modificam. Sendo assim,
torna-se importante oferecer oportunidades de troca de experiências e conhecimentos
com outras crianças e adultos.
De acordo com a LDB nº 9394/96, o atendimento em Educação Infantil é aquele que se
destina especificamente às crianças de 0 a 5 anos e deve obrigatoriamente, vincular
o binômio cuidar e educar. Porém estas ações acontecem simultaneamente, pois
enquanto se cuida se educa. Nesse sentido levam-se em consideração as normas do
RCNEI:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e


aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso,
pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste
processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das potencialidades
corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir
para a formação de crianças felizes e saudáveis. (RCNEI, pag. 23, 1998)

O cuidado dispensado pelas escolas às crianças deverá pautar-se em ações concretas


em que as mesmas percebam a necessidade de cuidar de si, dos outros e do seu
ambiente. Cuidar inclui acolher, garantir a segurança e alimentar a curiosidade e
expressividade infantil. Nessa visão, cuidar é educar, dar condições para a criança
explorar o ambiente e construir sentido pessoal. Vivenciar situações que lhe
possibilite, além do cuidado com o seu corpo, poder desenvolver a autonomia,
resolver conflitos e lidar com os seus sentimentos permitindo que se torne um
adulto que saiba posicionar-se diante de situações diversas.
De acordo com o as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil
(BRASIL, 2013) em uma rotina integrada , voltada para o desenvolvimento das
crianças, as situações de aprendizagens mediadas devem estar integradas ao conjunto
das experiências: tempo de ser acolhido , de alimentar -se , de repousar , de ser
cuidado , de cuidar de si próprio e do outro é também o tempo de aprender a
expressar-se em diferentes linguagens , a conhecer mais sobre o mundo , sua cultura
e a de outros povos , entre tantas outras aprendizagens importantes na infância.
Cuidar é uma ação complexa que envolve diferentes fazeres, gestos, precauções,
atenção, olhares. É muito importante que o cuidar seja tecido na relação entre
sujeitos que estabelecem intimidade: o professor e as crianças. Assumir a
intrínseca relação entre educar e cuidar é um importante princípio para a definição
de práticas educativas. Envolve acolher a criança nos momentos difíceis, orientá-
la quando necessário, apresentar- lhe o que há de encantador no mundo da música e
das artes, da natureza e dos homens , das letras e dos números, e muito mais , de
modo a enriquecer a trajetória de cada criança e ajudá-la a construir sua história
pessoal. (Oliveira; Maranhão, Abbud; Zurawski; Ferreira e Augusto 2013,p.57)
Faz-se necessário garantir que as crianças tenham experiências variadas com as
diversas linguagens, reconhecendo que o mundo no qual estão inseridas, por força
da própria cultura, que é amplamente marcada por imagens, falas e escritas. Nesse
processo é imprescindível valorizar o lúdico, as brincadeiras e as culturas
infantis (Brasil, 2013, p.93).
Conforme Oliveira; Maranhão; Abbud; Zurawski; Ferreira e Augusto (2013, p. 56), em
relação ao educar e o cuidar compreende:
[...] que as atividades de cuidado não se distinguem das atividades pedagógicas,
posto que ambos são aspectos da mesma experiência, do ponto de vista da criança.
Quando organizamos uma roda de histórias, asseguramos as crianças o acesso de
linguagens escrita diversos gêneros literários a fim de que elas pouco a pouco,
possa apropriar-se desse modo de expressão. Além de que alimenta a imaginação, dar
suporte para elaboração de sentimentos e emoções afetos acolham a criança na sua
experiência existencial.

Cuidar e educar são dimensões indissociáveis de todas as ações educativas e implica


em:
• Acolher a criança nos momentos difíceis, fazendo-a sentir-se confortável e
segura, orientá-la sempre que necessário e apresentar-lhe o mundo da natureza, da
sociedade e da cultura, incluindo as artes e a linguagem verbal;
• Garantir uma experiência bem-sucedida de aprendizagem a todas as crianças sem
discriminar aquelas que apresentam necessidades educacionais especiais, que
pertencem a determinadas etnias ou condições sociais;
• Trabalhar na perspectiva de que as próprias crianças aprendam a se cuidar
mutuamente, busquem suas próprias perguntas e respostas sobre o mundo e respeitem
suas diferenças, promovendo-lhes autonomia.
Ao longo dos anos, o binômio cuidar e educar tem permeado as práticas educativas,
possuindo fundamental importância na edificação da criança, tanto na aprendizagem,
na construção da sua própria identidade, quanto em seu desenvolvimento integral,
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018) faz-se
necessário considerar ambos nas vivencias das creches e pré-escolar :
[...] creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos
pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-
los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de
experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e
consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação
familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem
pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e
escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação.

Nesse ambiente educativo as crianças precisam ser apoiadas em suas iniciativas


espontâneas e incentivadas a: brincar; movimentar-se em espaço amplos e ao ar
livre; expressar sentimentos e pensamentos; desenvolver a imaginação, a curiosidade
e a capacidade de expressão; ampliar permanentemente conhecimentos a respeito do
mundo, da natureza e da cultura, apoiadas por estratégias pedagógicas apropriadas.
E isto se faz em um ambiente escolar parceiro com a comunidade. Este vínculo entre
instituição e comunidade deve servir para que uma aprenda com a outra e juntas
encontrem soluções para os problemas que afligem a infância nos dias de hoje de
forma lúdica e prazerosa.

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