Período: 1° período Disciplina: Fundamentos da Educação Professora: Ana Clara Aluna: Rosilene dos Santos Mateus
Como se fundamentou a sua educação básica?
Minha educação básica foi baseada na educação para resultados, foi
uma educação baseada no conservadorismo, a educação era proporcionada aos alunos da mesma forma, a escola baseia-se na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), e seus professores na grande maioria são apenas transmissores de conhecimento. Lembro-me de poucas vezes que fui instigada a novas formas de aprendizado, e quando isso acontecia era através de eventos específicos: Saraus, Feiras de física, mostras, etc. Lembro-me também de professores excelentes que iam além da aula simplesmente falada, faziam experimentos, atividades extraclasse, foram professores que marcaram a minha jornada. Acredito que disciplinas como física, química, biologia, poderiam ser muito mais atrativas e exploradas dentro de sala de aula, desta forma instigamos as múltiplas aprendizagens e proporcionamos diversas experiências de aprendizado para os alunos. Já no meu desenvolvimento como pessoa, não me recordo da escola, mas sim de uma instituição onde fiz cursos profissionalizantes, lá eu desenvolvi minhas habilidades emocionais, aprendi sobre meus direitos e deveres, aprendi a compreender e controlar os meus sentimentos, aprendi a me posicionar em entrevistas de emprego, a desenvolver minha autoconfiança, a construir um currículo, habilidades que em minha opinião deveriam ser ensinadas na escola, como passamos tantos anos nos dedicando aos estudos e saímos da escola sem saber informações essenciais para conseguirmos seguir a vida após a escola?
Sempre senti na escola uma educação padrão, com métodos
engessados e focados na transmissão apenas de conhecimento. Neste curso já senti uma educação mais centralizada na pessoa, em te ajudar a aprender, desenvolver suas habilidades, em conscientizar os alunos de que estudar é importante e você pode transformar sua vida através do estudo, observei nesta instituição que fiz cursos, uma educação pós-moderna, voltada para desenvolver o censo crítico e levar os alunos a pensarem além do que se é transmitido em sala de aula, questionar seus direitos e lutar por um mundo melhor. Sinto que como pessoa evolui muito graças a essa instituição.
Toda a vida estudei em instituições públicas, no ensino fundamental I,
estudei na Escola Municipal Liliosa Ramos, localizada em Jaboatão/PE. O índice dessa escola pelo IDEB na avaliação de 2021 é de 5,7 com meta de chegar a 6,1. Em 2007 quando eu estava no 5° ano do ensino fundamental o índice esperado pela escola era de 4,0 e o alcançado foi 4,2. Me lembro de uma professora desta época que sempre vivenciava os momentos culturais: dançávamos quadrilha, bumba meu boi, frevo, comemorávamos o dia da bandeira, e com os poucos recursos que a escola possuía, essa professora realizava belíssimas fantasias com papel crepom. Tenho até hoje estas lembranças felizes desta época. Ao sair do Liliosa fui para uma escola estadual, que mais tarde tornou-se escola de referência: Escola de Referência em Ensino Médio Rodolfo Aureliano. Nesta escola cursei o fundamental II e o ensino médio. Acompanhei todo processo de transição da escola, de encerrar o ensino fundamental e passar a trabalhar apenas com o ensino médio na modalidade semi-integral. Para essa escola em minhas pesquisas sobre o IDEB consegui apenas registros a partir de 2017, o período que estudei nesta escola foi de 2008 a 2014. Considerando os anos a partir de 2017 neste ano a avaliação ficou em 4,4, chegando a 4,6 em 2019 e caindo para 4,5 em 2021. Nesta escola em comparação das notas entre português e matemática, as maiores notas são em português. A escola possui uma estrutura maior que a escola Municipal e com mais recursos, dentre eles laboratório de biologia e informática. Me lembro de excelentes professores nesta escola, que através de eventos proporcionados por ela, instigavam as múltiplas formas de aprendizagem. Lembro de fazer experiências nas aulas de biologia, montar equipamentos para as exposições de física, e de uma professora de educação física, que durante todo o ano exploramos lutas, atividades circenses, ginástica e diversos tipos de jogos. Eram professores que você percebia o prazer em ensinar e que iam além de só passar um conteúdo em sala. A instituição onde fiz os cursos profissionalizantes é o Centro Educacional Dom Bosco, uma ONG da rede salesiana. Nesta instituição fiz os cursos de informática básica e assistente administrativo. Estes cursos eram fornecidos para pessoas de baixa renda, antes de realizar a matrícula, fiz uma entrevista com a assistente social e levei uma série de documentos para a comprovação de vulnerabilidade social.
Minha mãe sempre procurou para a matrícula de seus filhos, dentre as
escolas públicas, aquelas reconhecidas pelo dito popular como “as melhores”, escolas com uma infraestrutura melhor, direção mais organizada, etc. Ambas escolas que mencionei acima são reconhecidas pela população de Jaboatão desta forma. Em minha estrutura familiar tanto meu pai quanto minha mãe não concluíram o ensino fundamental I, minha mãe é dona de casa e meu pai autônomo. Mesmo com pouco estudo, sempre fui incentivada pela minha mãe para estudar e buscar um futuro melhor. Moro a 20 minutos de caminhada dessas escolas, e sempre fui e voltei para a escola andando.
A necessidade de trabalhar foi uma realidade pois eu precisava ajudar
em casa, mas sempre fui incentivada a não parar de estudar. Com os poucos recursos que tinha, e a ajuda de professores do ensino médio, me preparei para o ENEM e consegui uma bolsa pelo PROUNI para Administração, passei então a estudar a noite e trabalhar durante o dia. A faculdade de Letras é minha segunda graduação, entendo que não devemos deixar de estudar nunca, mas confesso que foi, e é exaustivo ter que trabalhar e estudar. Minha condição socioeconômica me obriga e precisar agir dessa forma, porém mesmo diante de tantas desigualdades não desisto de lutar por um futuro melhor. Muitos de meus colegas de sala do ensino médio, hoje em dia não são formados e trabalham assalariados, sabemos que este é um dos impactos da desigualdade, é difícil conseguir chegar no ensino superior, e mais ainda se manter quando precisamos trabalhar.
Enxergo a educação como uma possibilidade transformadora, sempre
busquei não me contentar apenas com um emprego, mas estudar para conseguir transformar minha realidade, hoje em dia graças ao meu trabalho, a condição financeira da minha família melhorou, mas sei que ainda podemos melhorar ainda mais, por isso insisto e invisto na educação. Referências
QEDU. Escola Municipal Liliosa Ramos. Disponível em:
https://qedu.org.br/escola/26109603-escola-municipal-liliosa-ramos/ideb. Acessado em: 03 de novembro de 2023.
QEDU. Escola de Referência em Ensino Médio Rodolfo Aureliano. Disponível
em: https://qedu.org.br/escola/26109042-escola-de-referencia-em-ensino- medio-rodolfo-aureliano. Acessado em: 03 de novembro de 2023.
LIBÂNEO, J. C. As teorias pedagógicas modernas revisitadas pelo debate
contemporâneo na educação. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/52338/2/libaneo- teoriaspedagogicas-revisitadas.pdf. Acessado em: 03 de novembro de 2023.
PEPSIC. Desigualdade social e sistema educacional brasileiro: a urgência da
educação emancipadora Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1677-98432005000200005. Acessado em: 03 de novembro de 2023.
A relação entre afetividade e inclusão escolar: uma abordagem sobre a importância da afetividade na relação professor-aluno, no desenvolvimento e na aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais