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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CRIMINAL BARRA FUNDA
1ª VARA DE CRIMES TRIBUTÁRIOS, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
E LAVAGEM DE BENS E VALORES DA CAPITAL
Avenida Doutor Abraao Ribeiro, Bom Retiro - CEP 01133-020, Fone: .,
São Paulo-SP - E-mail: sp1crimetrib@tjsp.jus.br

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1004888-44.2020.8.26.0050 e código A34C729.
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

DECISÃO

Processo Digital nº: 1004888-44.2020.8.26.0050


Classe - Assunto Pedido de Busca e Apreensão Criminal - Crimes de "Lavagem" ou
Ocultação de Bens, Direitos ou Valores
Autor: Justiça Pública e outro
:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS

Vistos.

Trata-se de representação formulada pelo Ministério Público Grupo Especial de


Delitos Econômicos (GEDEC) pela expedição de mandados de mandados de busca e apreensão
para os endereços comerciais das pessoas jurídicas MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL),
situado na Rua da União, nº. 137, São Paulo/SP, MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL
(MRL), situado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nº. 487, Conjunto 71, Bela Vista, São
Paulo/SP, NORDTECH METALÚRGICA LTDA e/ou YEY INTELIGÊNCIA LTDA, situado
na Rua Conselheiro Crispiniano, nº 139, cj 134 e/ou 13º andar, st 1, República, São Paulo/SP,
AMAZING CONSULTING TECNOLOGY AND INNOVATION EIRELI, situado na Rua
Antonio Carlos, nº 106, aptº. 121, São Paulo/SP, MÔNACO INTELLIGENT CONSULTING
LTDA, situado na Avenida São Lourenço, nº 432, Jd. São Lourenço, Bragança Paulista/SP,
INVICTUS TI PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE DADOS LTDA e ITFRAMING
SERVIÇOS DE TI LTDA, situadas na Rua Joaquim Guarani, nº 575, aptº 82, Jardim das Acácias,
São Paulo/SP, nos termos do art. 4°, §4, da Lei nº 9.613/98, e complementarmente do art. 240,
caput e §1º, incisos “b”, “ e” e “h “.

Representa o Ministério Público Grupo Especial de Delitos Econômicos (GEDEC),


também, pela determinação da suspensão cautelar de todas as atividades de naturezas econômicas
e/ou financeiras das empresas (proibição de receber doações ou transferências bancárias de
qualquer natureza) das pessoas jurídicas MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), CNPJ nº
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E LAVAGEM DE BENS E VALORES DA CAPITAL
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28.599.636/0001-10, MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), CNPJ nº


22.779.685/0001-59, AMAZING CONSULTING TECNOLOGY AND INNOVATION
EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00, MÔNACO INTELLIGENT CONSULTING LTDA,
CNPJ nº 08.574.068/0001-96, ITFRAMING SERVIÇOS DC TI LTDA, CNPJ nº
25.188.821/0001-24, e YEY INTELIGÊNCIA LIDA, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, com

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
fundamento no artigo 4° da Lei 9.613/98 e no art. 319, VI, do Código de Processo Penal.

Representa, ainda, o Ministério Público Grupo Especial de Delitos Econômicos


(GEDEC) pela determinação do sequestro cautelar de todos os valores eventualmente disponíveis
nas contas e/ou aplicações financeiras de qualquer natureza e do capital integralizado das pessoas
jurídicas MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), CNPJ nº 28.599.636/0001-10,
MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, MÔNACO
INTELLIGENT CONSULTING LTDA,, CNPJ nº 08.574.068/0001-96, AMAZING
CONSULTING TECNOLOGY AND INNOVATION EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00,
ITFRAMING SERVIÇOS DC TI LTDA, CNPJ nº 25.188.821/0001-24, e YEY
INTELIGÊNCIA LTDA, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, com fulcro no art. 4º, §4º, da Lei nº
9.613/98.

O Ministério Público Grupo Especial de Delitos Econômicos (GEDEC) requer,


outrossim, o sequestro do valor de R$ 3.657.255,48 disponíveis nas contas ou aplicações
financeiras de qualquer natureza em nome de ALESSANDER MÔNACO FERREIRA, CPF
290.769.298-40, com fundamento no art. 4°, § 4º, da Lei 9.613/98.

Em continuidade, pleiteia o Ministério Público o sequestro/bloqueio de ativos


financeiros, investimentos a qualquer título, inclusive em criptoativos (ex: bitcoins e outros), ações
e mercados de ações em nome de MÁRIO JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS, CPF nº
082.557.398-07, SUELI LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF nº 013.209.504-18,
ALEXANDRE HENRIQUE FERREIRA DOS SANTOS, CPF nº 382.222.438-37, RENAN
ANTONIO FERREIRA DOS SANTOS, CPF nº 329.120.958-3, STEPHANIE LIPORACCI
FERREIRA DOS SANTOS, CPF nº 345.743.848-08, ALESSANDER MÔNACO FERREIRA,
CPF nº 290.769.298-40, e CARLOS AUGUSTO DE MORAES AFONSO, CPF nº
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121.026.718-79, sob o argumento de que os representados não podem comprovar a origem lícita de
valores de que têm posse, realizando os investimentos em criptomoedas a fim de não declarar tais
quantias às autoridades.

Requer a d. Promotoria, também, as prisões temporárias de ALESSANDER

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MÔNACO FERREIRA e CARLOS AUGUSTO DE MORAES AFONSO, pelo prazo de 05
(cinco) dias, com fundamento no art. 1º, I e III, “l”, da Lei nº 7.960/89.

Segundo os dados compilados na representação, foi instaurado no GEDEC


procedimento investigatório criminal a fim de apurar prática de lavagem de dinheiro cometida por
integrantes, fundadores e doadores da organização denominada Movimento Brasil Livre (MBL),
por meio de frequentes doações online via Superchat do Youtube, plataforma digital utilizada pelo
Movimento para expor suas ideias e dialogar com seus simpatizantes, além de “vaquinhas online”
e constituição de diversas empresas pelos fundadores do Movimento Renovação Liberal
(associação privada relacionada ao MBL), as quais, em sua maioria, não possuíam funcionários
cadastrados.

Segundo a representação, em todos os dias úteis, de segunda à sexta, o Movimento


Brasil Livre (MBL) realiza noticiário chamado MBL News em seu canal do Youtube, de modo
que, através de envios de mensagens pagas via Superchat do Youtube, supostos simpatizantes do
Movimento Brasil Livre (MBL) podem contatar os integrantes do Movimento e elaborar
perguntas de seu interesse, deixando suas mensagens em destaques durante as transmissões das
“lives”, veiculadas ao vivo, e cujo destaque na participação se perfaz mediante tais doações.

Nesse contexto, apuraram-se doações com valores somados expressivos, realizadas


por pessoas que nem sequer elaboravam perguntas relevantes durante as transmissões, ensejando
suspeita acerca do real propósito destas doações por outros participantes das “lives”.

Por via de consequência, constataram-se doações de R$ 600,00 (seiscentos reais),


por transmissão, realizadas pelo investigado Alessander Mônaco Ferreira, funcionário público do
Estado de São Paulo, chegando-se ao montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais) mensais ao
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Movimento Brasil Livre (MBL), segundo o Ministério Público, valor incompatível com sua
capacidade financeira, haja vista ultrapassar o montante de seus vencimentos líquidos.

Consta ainda que, embora seja funcionário público, o investigado Alessander


figura como proprietário das empresas Amazing Consulting Tecnology (Cnpj

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30.670.349/0001-00) e Mônaco Intelligent Consulting Ltda (Cnpj 08.574.068/0001-96), ambas
com sede em imóvel residencial, sem funcionários cadastrados e com objeto sociais semelhantes,
fato que enseja suspeita de que funcionem apenas como empresas de fachadas para movimentar
valores ilícitos.

Conforme representação, as doações efetuadas por meio das “lives” - Superchat,


via Youtube, são realizadas em favor do Movimento Brasil Livre (MBL), nome fantasia do
Movimento Renovação Liberal (MRL), o qual foi fundado como organização da sociedade civil,
sem fins lucrativos, pelos irmãos Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, Alexandre Henrique
Ferreira dos Santos e Renan Antonio Ferreira dos Santos, em conjunto com Marcelo Carratu
Vercelino e Gabriel Hideo Assanuma Fernandes.

A representação segue relatando que os fundadores do Movimento Renovação


Liberal (MRL), sociedade relacionada ao Movimento Brasil Livre (MBL), integram quadros
societários de diversas empresas, as quais possuem objetos sociais diversos, em sua maioria sem
funcionários cadastrados e situadas no mesmo endereço. Todavia, as suspeitas em torno dos
fundadores do MRL não se restringem à existência dessas diversas pessoas jurídicas que constam
em nome de seus fundadores, principalmente grupo familiar relativo à família Ferreira dos
Santos.

De acordo com os autos, após pesquisas relacionadas à família Ferreira dos


Santos, constatou-se que Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, Renan Antonio Ferreira
dos Santos, Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, bem como seus pais, Sueli Liporacci
Ferreira dos Santos e Mário Jorge Ferreira dos Santos, possuem diversas empresas em seu
nome - ao menos 18 (dezoito) -, sendo que a maioria destas empresas ainda consta em
funcionamento.
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A representação segue relatando que o investigado Alexandre é proprietário das


empresas Distribuidora Montalto Ltda e Home Center Total Materiais para Construção Ltda
(CPNJ 07.585.855/0001-70).

Ainda, conforme representação, o investigado Mário é proprietário das seguintes

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empresas: (i) Biosynth Pesquisa, Desenvolvimento e Produção de Bio Materiais Ltda, (ii) Carlo
Montalto Indústria e Comercio Ltda, (iii) Estamparia e Molas Expandra Ltda, (iv) Expandra
Estamparia e Molas Ltda, (v) Expandra Indústria e Comércio Ltda, (vi) Ferreira e Albuquerque
Posto de Serviços e Restaurante Ltda, (vii) Iraúna Comércio e Participações S/A, (viii) Katana
Indústria e Comércio de Máquinas e Peças Ltda, (ix) Murilo Soares de Oliveira Filho & Cia Ltda,
(x) Risett Indústria e Comércio de Máquinas e Peças Ltda, (xi) Ronalcos Engenharia e Comércio
de Peças, Materiais, Máquinas e Serviços de Engenharia Ltda, que na sua maioria não conta com
funcionários cadastrados.

Relata a representação que os investigados Renan, Suelli e Stephanie são


proprietários das empresas Irmãos Martin S.A Artefatos de Metais, Akkar Travel Agência de
Viagens e Turismo Ltda e Martina Administração de Móveis Eireli, respectivamente.

Apurou-se, também, que as empresas relacionadas à família Ferreira dos Santos


possuem objetos sociais diversos, que vão desde metalurgia, lanchonetes, administração de
imóveis, consultoria, prestação de serviços gráficos, maquinários e agência de turismo, sendo que a
maioria delas não conta com funcionários cadastrados, fato este que ensejam suspeitas acerca da
licitude da constituição e do funcionamento destas empresas. Aduz que, em comparativo dos
endereços em que estas empresas estariam situadas, verifica-se que há endereços em que
funcionam mais de uma empresa por vezes com objetos sociais discrepantes, sendo algumas destas
empresas situadas em endereço residencial.

Por via de consequência, após investigações, apurou-se que o investigado Carlos


Augusto de Moraes Afonso, que utiliza o pseudônimo Luciano Ayan nas redes sociais, possui
relações próximas com o Movimento Brasil Livre (MBL).

Consta que o investigado Carlos Augusto de Moraes Afonso, ao notar o


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questionamento acerca da estranheza das doações recebidas pelo Movimento Brasil Livre (MBL),
tem ameaçado pessoas na internet através de perfis falsos e pseudônimos, de modo a perseguir
qualquer pessoa que questione o grupo, suas ações ou posicionamento político, atuando como um
"cão de guarda", intimidando pessoas comuns, ameaçando exposição de informações pessoais de
cidadãos que se opõem politicamente ao MBL, quem questiona as finanças ou as atividades

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suspeitas do grupo.

Consta, também, que o investigado Carlos Augusto é proprietário das empresas (i)
Alternet-informática Ltda, (ii) Invictus Ti Processamento Eletrônico De Dados Ltda, (iii)
Itframing Serviços De Ti Ltda, e (iv) Yey Inteligência Ltda.

Segundo os dados compilados, que as empresas Invictus TI e ItFraming tem


como endereço de sua sede a Rua Joaquim Guarani nº 575, apto 82, no bairro Jardim das Acácias,
São Paulo/SP. Todavia, verificou-se que o endereço de funcionamento das empresas corresponde a
endereço residencial.

Com efeito, para justificar a necessidade de decretação da busca e apreensão, o


Parquet ressalta que, como de acordo com as investigações, há indícios de que os representados
formem uma organização criminosa ou, ao menos, uma associação criminosa que utiliza as redes
sociais como meio de difusão de suas ideias, inclusive para a captação de boa parte dos recursos
financeiros postos sob suspeita de lavagem de dinheiro, tais como doações via Superchats,
aduzindo não haver outro meio mais eficiente de obtenção de elementos de prova que a apreensão
de aparelhos celulares, computadores e dispositivos eletrônicos de qualquer natureza,
possibilitando, então, o acesso a dados, arquivos eletrônicos e mensagens eletrônicas armazenados
neles, inclusive com acesso a dados criptografados que constem em smartphones, tablets,
computadores, HDs.

Se forem encontrados e apreendidos os bens objetos do pedido de busca, o


Ministério Público ressalta, ainda, a importância da apreensão e/ou acesso, nos termos acima, a
dispositivos de bancos de dados, incluindo nuvens e aplicativos de trocas de mensagens, bancos de
dados, a nuvens e outras formas de armazenamento digital, utilizados pelos investigados.
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Com relação à medida de sequestro do valor de R$ 3.657.255,48 disponíveis nas


contas ou aplicações financeiras de qualquer natureza em nome de Alessander Mônaco Ferreira,
aduz a d. Promotoria que, de acordo com a Receita Federal, as contas do representado recebem
uma média de R$ 94.993,57 por mês, que são distribuídos ao longo do ano, bem como no período
de janeiro de 2016 a junho de 2019 o representado teria recebido R$ 4.559.691,35 em créditos

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oriundos de fontes externas, contudo, teria declarado a obtenção de rendimentos no montante de
R$ 902.435,871, aduzindo o Ministério Público a existência de movimentação financeira
incompatível de Alessander no total de R$ 3.657.255,48.

Com relação aos criptoativos, requer o Ministério Público o sequestro dos ativos
virtuais, com a liquidação e conversão em moeda fiduciária, ou por meio da transferência imediata
das quantias que porventura vierem a ser descobertas, em carteira de investimentos em criptoativos
à disposição deste Juízo, com o escopo de possibilitar a posterior liquidação do valor respectivo
para depósito em moeda fiduciária em conta judicial atrelada a estes autos, bem como requer seja a
Promotoria autorizada a implementar diretamente a ordem judicial.

Por outro lado, afirma a d. Promotoria que presentes fundada razões de autoria do
delito previsto no artigo 2º, caput, da Lei nº 12.850/13, ou, ao menos, do crime previsto no artigo
288, caput, do Código Penal, com relação aos representados Alessander Mônaco Ferreira e
Carlos Augusto De Moraes Afonso, ao argumento de que o Movimento Brasil Livre (MBL)
arrecada valores de forma ilícita, mediante constituição de empresas e por meio de lavagem de
capitais, efetuada mediante doações online, com valores relevantes e sem lastro de origem - via
Superchat do Youtube, “vaquinhas online” sem rastro da origem do dinheiro obtido.

Afirma o Ministério Público que há indícios da existência de dois núcleos para, em


tese, operacionalizar a lavagem de dinheiro, o primeiro seria o chamado “núcleo familiar”,
composto por membros da família Ferreira dos Santos, que supostamente age constituindo
pessoas jurídicas, uma parte em endereços residenciais, sem funcionários e com elevado número de
alterações societárias; o segundo, por sua vez, foi denominado pela d. Promotoria de “núcleo de
membros/doadores”, pessoas que teriam atuação assídua junto ao Movimento Brasil Livre
(MBL), dentre eles os representados Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto De Moraes
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Afonso.

Aduz, por fim, o Ministério Público a imprescindibilidade das prisões temporárias


de ambos, afirmando que, em caso de deferimento das demais medidas sem a decretação da
custódia cautelar, ambos poderão destruir provas ou inserir dados falsos valendo-se do

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conhecimento e do aparato informacional-tecnológico de que, em tese, dispõem, bem como
também poderão intimidar eventuais testemunhas que possam ser úteis à investigação.

Argumenta o Ministério Público que todas as medidas cautelares pessoais


alternativas, diversas da prisão, em tese, se mostram insuficientes com relação ao presente caso,
afirmando haver necessidade de que os representados não possam fazer uso da rede mundial de
computadores durante o cumprimento de medidas que eventualmente forem deferidas.

Acrescenta a d. Promotoria que há informação no sentido que Carlos Augusto de


Moraes Afonso (“Luciano Ayan”) seria um dos propulsores das chamadas “fake news” efetuadas
por meio de redes sociais, e, por esta razão, entende que se o representado permanecer solto
quando do cumprimento de eventuais medidas cautelares a serem deferidas, poderá utilizar os
meios digitais para atrapalhar as investigações ou ameaçar testemunhas e membros do MBL que
tenham conhecimento relevante acerca das evidências das supostas práticas ilícitas que, em tese,
vêm ocorrendo e que podem colaborar com a presente investigação.

Sustenta, assim, haver elementos suficientes a demonstrar a necessidade do


deferimento da representação em seus exatos termos, sendo necessárias para o aprofundamento das
investigações, destacando o Ministério Público que as medidas cautelares pleiteadas foram
idealizadas de forma harmônica, complementar e interdependente, argumentando serem
imprescindíveis para o necessário aprofundamento da investigação, afirmando que neste momento
prevalece o princípio in dubio pro societate.

Requer, também, que seja autorizado o acompanhamento das diligências de busca


e apreensão por servidores do Ministério Público do Estado de São Paulo, policiais civis e
auditores-fiscais e/ou técnicos da Receita Federal do Brasil, a fim de otimizar os trabalhos,
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requerendo autorização para o compartilhamento de todo o material porventura apreendido.

Pleiteia, ao final, que seja decretado segredo de justiça com relação aos autos,
bem como que as medidas de sequestro de bens e valores, se forem deferidas, sejam efetivadas na
data da realização da busca e apreensão, caso esta medida seja também deferida, ainda, requer o

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prazo de 20 (vinte) dias para o cumprimento.

É o relatório.

Fundamento. Decido.

Antes da decisão do cabimento acerca de cada uma das medidas cautelares


pleiteadas, passo à análise dos fundamentos de indícios suficientes de autoria dos crimes de
lavagem de dinheiro e associação criminosa relacionados a cada um dos investigados, bem como
os indícios de uso das pessoas jurídicas representadas e do ente sem personalidade jurídica
Movimento Brasil Livre (MBL) para a prática do crime de lavagem de dinheiro.

Com relação a Alessander Mônaco Ferreira, sócio administrador da Mônaco


Intelligent Consulting Ltda, CNPJ nº 08.574.068/0001-96, e dirigente da empresa individual de
responsabilidade limitada Amazing Consulting Tecnology, CNPJ nº 30.670.349/0001-00 (fls. 41),
verte da Informação Fiscal (fls. 33/165) que, no ano-calendário 2017, se verificou “(...)
significativo incremento em seu patrimônio que evoluiu de R$ 146.196,96 para R$ 465.376,92.
Tal variação já evidencia indícios de Variação Patrimonial a Descoberto (VPD) em mais de cem
mil reais. O cálculo estimado dessa VPD apresentado no curso do presente relatório.” (fls. 42)

Com relação à Variação Patrimonial a Descoberto (VPD), a análise técnica


realizada por servidores da Receita Federal do Brasil asseverou que: “Alessander apresentou
elementos indicativos da ocorrência variação patrimonial a descoberto (VPD) em 2016 e 2017,
totalizando R$ 857.563,10. Em 2018 observa-se movimento contrário. Houve redução da
totalidade de bens e direitos declarados em R$ 614.087,62. Tais variações patrimoniais
evidenciam falta de consistência em relação às informações declaradas, podendo-se sugerir,
fls. 180

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inclusive, que recursos cujas fontes não foram declaradas transitaram pelas contas patrimoniais
de Alessander” (fls. 46).

Ainda, concluiu que: “Por tal metodologia foi possível constatar que as contas
bancárias de Alessander receberam, em média, R$ 94.993,57 mensais ao longo do período

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
analisado (janeiro de 2016 a junho de 2019), totalizando R$ 4.559.691,35 em créditos oriundos de
fontes externas. Nesse mesmo período Alessander declarou auferir rendimentos de no total de R$
902.435,871. Assim, conforme elementos coletados na declaração e-financeira, há elementos
indicativos de movimentação financeira incompatível de R$ 3.657.255,48.” (fls. 46/47). Destaco
que mesmo feitas todas as ponderações pelo corpo técnico da Receita Federal do Brasil, consignou-
se na informação fiscal que “(...) em fiscalização de MFI (Movimentação Financeira Incompatível)
teria um VEL (Valor Estimado de Lançamento) de R$ 402.298,10” (fls. 47).

O relatório ainda identificou, com base na análise de gastos com cartão efetuados
por Alessander Mônaco Ferreira, uma média mensal de R$ 27.456,63 em despesas, de acordo
com a Receita Federal: “Trata-se de um gasto que mostra-se incompatível como seus rendimentos
declarados. Nos três anos em que constam informações completas sobre seus rendimentos (2016,
2017 e 2018) seu gasto com cartão de crédito foi superior aos rendimentos do ano. Há, portanto,
indícios de que seus gastos são custeados por fonte pagadora não declarada” (fls. 45).

Destaca-se a conclusão da Receita Federal após cruzamento dos dados das


declarações de imposto de renda pessoa física de Alessander Mônaco Ferreira dos anos-
calendário 2016 e 2017 e as informações de gastos com cartão de crédito extraídas da DECRED:
“Como é possível constatar, evidenciam-se elementos indiciários de que não haveria renda líquida
disponível apta a fazer contrapartida aos seus dispêndios nos anos-calendário de 2016 e 2017.
Portanto constata-se que Alessander desembolsou mais recursos do que auferiu. Como houve
incremento patrimonial nesses dois anos evidenciado pelas fichas de bens e direitos, há
elementos indicativos de rendimentos auferidos e não declarados ou de terceiros custeando seus
gastos pessoais.” (fls. 45)

Quanto à pessoa jurídica Mônaco Intelligent Consulting Ltda verte da


fls. 181

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informação fiscal que sua sede está situada em uma construção residencial, sem qualquer tipo de
identificação que no local haja exercício de atividade empresarial (fls. 50/51).

De outro lado, em que pese o objeto social da referida pessoa jurídica estar
relacionado ao desenvolvimento de programas de computador, atividades de prestação de

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informação, além de pesquisas de mercado e opinião pública (fls. 50), consta da Informação Fiscal
a inexistência de site da pessoa jurídica Mônaco Intelligent Consulting Ltda e de qualquer tipo
de marketing divulgado, o que contrasta com o escopo de atuação da pessoa jurídica, bem como
com o volume de repasses por serviços prestados (fls. 53/54).

Em que pese a notícia acerca da celebração de contratos entre a Mônaco


Intelligent Consulting Ltda e fundações públicas, fundação de direito privado, sociedades de
economia mista, além de sociedades limitadas e sociedades anônimas (fls. 52), conforme
consignado na Informação Fiscal, as características da pessoa jurídica Mônaco destoam das
demais empresas com quem seus clientes contratam:

“(...) os contratos que as clientes da MONACO mantinham com outras empresas


de consultoria eram com pessoas jurídicas que se expõem através de sites e mantêm em seu quadro
societário pessoas físicas com lastro considerável de conhecimento técnico e acadêmico.

Como exemplo, pode-se citar como consultores da INDRA BRASIL SOLUÇÕES E


SERVIÇOS TECNOLOGICOS LTDA, empresas de notável reconhecimento e divulgação. A HCMX
IT SOLUÇÕES EM TECNOLOGIA mantém um site em internet, onde é possível a qualquer pessoa
encontrar a apresentação da empresa, entender quais serviços ela presta, quais são seus produtos
desenvolvidos, e, até, quais empresas e órgãos ela declara como clientes:

Entre os clientes apresentados pela HCMX constam nomes como: Coca-Cola,


Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Votorantim, Superior Tribunal de Justiça (STJ), IBM, MRV
Engenharia, Vivo, BNES, Fleury Laboratórios, Grupo Iguatemi e Deloitte.

Na mesma linha, a INTELLIGENZA SOLUÇÕES EM INFORMÁTICA mantém


fls. 182

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também site na internet nas quais aponta seus produtos, serviços prestados e, até, quais são seus
clientes:

Seguindo o mesmo padrão, a AK Consultoria mantém também seus dados na rede


de relacionamento de negócios LinkedIn:

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Em algumas situações, pode acontecer do nome empresarial da prestadora da
INDRA não ser conhecido, mas, por outro lado, seus sócios são especialistas de renome no
mercado e/ou no meio acadêmico.

(...)

Por todo o exposto, é notável que, além de não haver nenhuma forma de
publicidade sobre os serviços prestados pela MONACO INTELLIGENT CONSULTING, o perfil de
seus sócios é totalmente discrepante do perfil das demais empresas prestadoras de serviço para a
INDRA e sócios destas.” (fls. 55/58)

De outro lado, destaca a Informação Fiscal que a Mônaco Intelligent Consulting


Ltda, apesar de suas características peculiares já apresentadas, prestou serviços para a FIPE
(Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) entre os anos de 2016 e 2018, época em que o
Movimento Brasil Livre (MBL) declarava vinculação à Fundação com relação a emendas
apresentadas pela Reforma da Previdência (fls. 59), tal circunstância é indício de que Alessander
Mônaco Ferreira e a Mônaco Intelligent Consulting Ltda possam ter servido como
intermediários para dissimular a transferência de recursos de terceiros ao Movimento Brasil Livre
(MBL).

No mais, dúvida pertinente suscitada no relatório da Receita Federal refere-se ao


porque de, em 2019, Alessander, empresário atuante no mercado há mais de uma década, com
contratos firmados com de grande vulto firmados sobretudo com as administrações federal e
estadual, resolver ocupar o cargo público de Gerente de Tecnologia da Informação da CADA
(Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso) na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
fls. 183

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auferindo remuneração mensal líquida em torno de R$ 6.000,00 (seis mil reais), possuindo, como
atribuições gerenciar a eliminação de documentos públicos, de informações relativas ao
recolhimento de documentos de guarda permanente produzidos pela Administração Pública.

Nesse diapasão, há indícios da ilicitude das operações realizadas por Alessander

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Mônaco Ferreira na medida em que mesmo sendo sócio de pessoa jurídica, em tese, com boa
carteira de clientes, no ano de 2019, atuou no serviço público auferindo remuneração mensal
líquida em torno de R$ 6.000,00, (...) por ocupar a função de Gerente de Tecnologia da
Informação da CADA (Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso) da Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo (IMESP). Cumpre esclarecer que cabe ao setor que ALESSANDER
gerenciava tarefas como a eliminação de documentos públicos, de informações relativas ao
recolhimento de documentos de guarda permanente, produzidos pela Administração Pública (...)”
(fls. 60).

Como se não bastasse, nas fls. 111 da informação técnica, há consolidação de


dados em que são discriminadas omissões de receitas da Mônaco Intelligent Consulting Ltda,
CNPJ nº 08.574.068/0001-96, da ordem de R$ 1.403.204,18 (ano-calendário 2016), R$ 747.178,78
(ano-calendário 2017), R$ 935.875,00 (ano-calendário 2018).

Outrossim, com relação à outra pessoa jurídica de Alessander Mônaco Ferreira, a


Amazing Consulting Tecnology, CNPJ nº 30.670.349/0001-00 (fls. 41), na qual atua como
empresário individual com responsabilidade limitada, nas fls. 108 da Informação Fiscal, as
Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica dos anos-calendário de 2016 e 2017 não
apontam o recebimento de qualquer receita, o que está em consonância com os dados da Receita
Federal, todavia, no ano-calendário de 2018 apurou-se a omissão de receitas da ordem de R$
157.000,00 (fls. 108/109), tratando-se de pessoa jurídica que tem como sede um imóvel situado em
um apartamento de um edifício residencial (fls. 14).

Pelo exposto, há fortes indícios de que o representado Alessander Mônaco


Ferreira tenha ocultado a propriedade de ativos financeiros ante a grande divergência entre a
movimentação financeira de suas contas e os seus informes de rendimentos como pessoa física,
fls. 184

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não havendo qualquer lastro de licitude na maior parte dos créditos recebidos (fls. 48), há indícios
também de que suas contas tenham servido como contas de passagem para intermediar
transferências financeiras entre terceiros haja vista que, de acordo com Informação Fiscal da
Receita Federal, ao somar todos os créditos e todos os débitos das contas bancárias do representado
identifica-se valor equivalente (fls. 49), havendo indícios de que suas contas sirvam para

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dissimular a origem e a movimentação de ativos financeiros.

Com relação às pessoas jurídicas das quais faz parte, em que pese a Mônaco
Intelligent Consulting Ltda tenha contratos celebrados com pessoas jurídicas de grande porte,
suas características destoam das demais, não demonstrando condições de prestar serviços para as
pessoas jurídicas contratantes (fls. 50/59), ainda, sendo identificado grande volume de omissão de
receitas com relação à referida pessoa jurídica da ordem de R$ 1.403.204,18 (ano-calendário
2016), R$ 747.178,78 (ano-calendário 2017), R$ 935.875,00 (ano-calendário 2018), conforme fls.
111.

Como se não bastasse, não obstante o aparente sucesso da referida pessoa jurídica,
no ano de 2019, o representado ingressou no serviço público auferindo remuneração mensal líquida
em torno de R$ 6.000,00, (...) por ocupar a função de Gerente de Tecnologia da Informação da
CADA (Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso) da Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo (IMESP). Cumpre esclarecer que cabe ao setor que ALESSANDER gerenciava tarefas como
a eliminação de documentos públicos, de informações relativas ao recolhimento de documentos de
guarda permanente, produzidos pela Administração Pública (...)” (fls. 60), não havendo
explicação aparente para passar a exercer atividade bem menos rentável em detrimento das que
anteriormente exercia.

Tais elementos indicam fortes indícios da origem ilícita das receitas da Mônaco
Intelligent Consulting Ltda, havendo possibilidade de que também possa estar sendo utilizada
para dissimular transferências de ativos financeiros entre terceiros, reforçando indícios da prática
de lavagem de dinheiro por Alessander Mônaco Ferreira.

No mesmo sentido, há indícios de “alaranjamento” com relação à pessoa jurídica


fls. 185

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Amazing Consulting Tecnology, haja vista estar sediada em um apartamento de um edifício


residencial (fls. 14) e ter recebido receitas apenas no ano-calendário 2018, quando omitiu receitas
da ordem de R$ 157.000,00, conforme apurado com base em informações da DIRF (fls. 108/109),
corroborando ainda mais a existência de indícios de que Alessander Mônaco Ferreira esteja
recebendo e ocultando recursos de origem ilícita, bem como dissimulando a origem e a

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transferência de tais ativos financeiros.

Os indícios supramencionados corroboram a tese do Ministério Público no sentido


de que Alessander Mônaco Ferreira esteja servindo como intermediário de operações de lavagem
de dinheiro para doações ao Movimento Renovação Liberal (MRL) pessoa jurídica utilizada para
arrecadação de dinheiro pelo ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL),
por meio do Superchat da plataforma Youtube (fls. 05/09).

Tais indícios se evidenciam pelos prints de doações, por meio do Superchat, da


plataforma Youtube, efetuadas por Alessander Mônaco Ferreira, durante as chamadas “lives”, ao
ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL), conforme fls. 36 e 39/44 - autos
de nº 1001514-54.2019.8.26.0050, havendo também indícios de outras doações suspeitas nos
mesmos moldes (fls. 244/247). Ainda, a aparição de Alessander Mônaco Ferreira nestas “lives”
denotam estreita ligação com o MBL (fls. 07 destes autos e fls. 37/38- autos de nº
1001514-54.2019.8.26.0050).

Por sua vez, no que tange a Carlos Augusto de Moraes Afonso (pseudônimo
“Luciano Ayan”) a fls. 97 da Informação Fiscal consta que: “De acordo com o Portal IRPF,
verifica-se que a pessoa física entregou somente as DAAs até o ano-calendário 2016, a despeito
de haver DIRF entregue pela RSI Tecnologias e Soluções S.A. (empregadora de Carlos Augusto)
para os anos-calendário 2017 e 2018:”, sendo que seu último vínculo de emprego foi finalizado
em abril de 2018 (fls. 99).

Todavia, a Receita Federal, por meio do dados do Receitanet BX e fazendo uso do


script Leitor e-financeira apurou que, no ano-calendário 2016, teve operações financeiras de
crédito da ordem de R$ 683.294,79 e de débito do montante de R$ 679.686,25, por sua vez, no ano-
fls. 186

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calendário 2017, obteve créditos que totalizaram R$ 984.175,53 e débitos de R$ 964.653,12, por
fim, com relação ao ano-calendário 2018, obteve o total de créditos de R$ 539.538,96 e de débitos
de R$ 532.311,57 (fls. 101/102).

Conforme consignado na informação técnica da Receita Federal, o volume de

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operações de créditos e débitos nas contas bancárias de Carlos Augusto de Moraes Afonso
(pseudônimo “Luciano Ayan”), nos anos-calendário de 2016 a 2018, destoa, de forma
desarrazoada, do volume de dinheiro obtido da sua principal fonte pagadora, a RSI Tecnologias e
Soluções S.A. (fls. 102) e, por conseguinte, constata-se que no referido período teria recebido
valores de outras fontes não declaradas.

Os elementos supramencionados apontam indícios de que Carlos Augusto De


Moraes Afonso utiliza suas contas bancárias como meio de intermediar (conta bancária de
passagem) a transferência de recursos financeiros de origem não declarada entre terceiros, aos
mesmos moldes do investigado Alessander Mônaco Ferreira.

Apurou-se, ainda, que Carlos Augusto De Moraes Afonso é dirigente do


Movimento Brasil Livre (MBL), conforme fls. 16, havendo cópias de postagens na rede social
“Twitter” em que retruca contestações acerca de doações realizadas por Alessander Mônaco
Ferreira ao Movimento Brasil Livre (MBL), bem como põe em dúvida afirmações acerca do uso
de uma rede das chamadas “fake news” - fls. 17.

A corroborar seu envolvimento com o Movimento Brasil Livre (MBL), há


declaração de Renan Antonio Ferreira dos Santos, ao que consta fundador da pessoa jurídica
supramencionada, publicada entre aspas, em que afirma ter disponibilizado as redes do MBL para
divulgação de notícias publicadas em blogs de Carlos Augusto de Moraes Afonso, conforme fls.
18, sendo que, posteriormente, uma página do investigado na rede social facebook foi bloqueada
sob o fundamento de divulgação de notícia falsa (fls. 17). No mesmo sentido, há outra notícia
acostada aos autos vinculando Carlos Augusto De Moraes Afonso (pseudônimo “Luciano
Ayan”) ao Movimento Brasil Livre (MBL) relacionado à produção de conteúdo de imprensa
supostamente falso (fls. 99/100).
fls. 187

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Tais fatos também são indícios de que parte da movimentação financeira de


Carlos Augusto de Moraes Afonso (pseudônimo “Luciano Ayan”) seja proveniente das
atividades exercidas por ele junto ao Movimento Brasil Livre (MBL), não havendo qualquer tipo
de comprovação acerca da origem de tais recursos, conforme consignado na informação técnica da
Receita Federal: “Considerando-se seu envolvimento com a propagação de fake news e

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participação no grupo MBL, pode-se pensar que os valores que aparecem nas contas do
contribuinte tenham origem dessas atividades.” (fls. 102)

Nesse diapasão, de se destacar que Carlos Augusto de Moraes Afonso


(pseudônimo “Luciano Ayan”) é sócio de três pessoas jurídicas, são elas: Invictus TI
Processamento Eletrônico de Dados Ltda, CNPJ nº 10.843.115/0001-00, a Itframing Serviços
de TI Ltda, CNPJ nº 25.188.821/0001-24, e Nordtech Metalúrgica Ltda ou Yey Inteligência
Ltda, CNPJ nº 28.724.932/0001-04.

Como ponto em comum da Invictus TI Processamento Eletrônico De Dados


Ltda e da Itframing Serviços de TI Ltda onde ambas têm como sede o mesmo endereço, que se
trata de um apartamento situado em um prédio residencial (fls. 19, 139 e 141).

Com relação à Invictus, nunca chegou a auferir qualquer tipo de receita nos anos-
calendário 2016 a 2019, conforme verificado a fls. 140. Tal fato combinado com a localização de
sua sede estar em um imóvel residencial no qual também há outra pessoa jurídica sediada,
demonstra indícios de tratar-se de uma pessoa jurídica de fachada utilizada para abertura de contas
a fim de movimentar quantias de origem desconhecida.

Quanto à Itframing Serviços de TI Ltda, para além de estar situada no mesmo


imóvel residencial da Invictus, observa-se das informações de fls. 18 e 141/142 que foi constituída
em 12 de julho de 2016 e, no mesmo ano, foi constatado pela Receita Federal o recebimento de R$
200.000,00 em receitas omitidas, cujas informações foram obtidas por meio do DECRED, sendo
que nos anos-calendários seguintes não houve qualquer tipo de recebimento de receitas pela
referida pessoa jurídica, a indicar que tenha sido constituída com a finalidade de dissimular a
origem de valores ilícitos.
fls. 188

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Por fim, no que tange à Yey Inteligência Ltda, constata-se o mesmo modus
operandi da Itframing, trata-se de pessoa jurídica constituída em 26 de setembro de 2017 (fls. 18),
ano em que recebeu R$ 75.000,00 em receitas omitidas, cujas informações também foram obtidas
por meio do DECRED (fls. 143/144) e, ainda, com base em informações em notas fiscais
eletrônicas de terceiros (fls. 143/144), a indicar que tal pessoa jurídica também foi constituída com

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a finalidade de dissimular a origem de valores ilícitos, sendo que após não recebeu mais qualquer
quantia em receitas.

Se não bastasse, conforme consignado na representação do Ministério Público (fls.


18/19), pouco antes do distrato social da Yey Inteligência Ltda, ocorrido em 20 de agosto de
2018, passou a operar no mesmo andar da sede da referida pessoa jurídica a Murilo Soares de
Oliveira Filho & Cia Ltda (atual Nordtech Metalúrgica Ltda), em 20 de março de 2018, não
sendo possível ter certeza se estavam na mesma sala, na medida em que a Yey não discriminava
em seu cadastro qual a sala em que se situava. De se destacar que a Murilo Soares de Oliveira
Filho & Cia Ltda (atual Nordtech Metalúrgica Ltda) tem como sócios Alexandre Henrique
Ferreira Dos Santos e Mário Jorge Ferreira dos Santos - fundadores do Movimento Brasil
Livre (MBL), conforme fls. 19/20, a denotar indícios de envolvimento entre todos, bem como com
as atividades financeiras com suspeita de lavagem de dinheiro, destacando-se que a Murilo Soares
de Oliveira Filho & Cia Ltda (atual Nordtech Metalúrgica Ltda) nunca teve qualquer receita
declarada ou movimentação financeira e omissão de receitas com base em informações de cartão
de crédito detectadas, a indicar que se trata de mais uma pessoa jurídica de fachada.

Sendo assim, as Informações Fiscais da Receita Federal dã conta de grande


quantidade de movimentações financeiras nas contas de Carlos Augusto de Moraes Afonso
(pseudônimo “Luciano Ayan”) sem qualquer lastro acerca da origem dos recursos e em
dissonância com as declarações de imposto de renda, bem como os elementos indicando que os
valores de origem aparentemente ilícita que são posteriormente debitados, apontando que as contas
do representado servem apenas de passagens, indicam indícios suficientes de que o representado
esteja dissimulando a transferência de ativos financeiros entre terceiros, bem como a origem de
recursos com suspeita de proveniência ilícita, caracterizando indícios da prática de crime de
lavagem de dinheiro.
fls. 189

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Outrossim, com relação às pessoas jurídicas em que o investigado figura, há fortes


indícios de “alaranjamento” na medida em que duas delas estão em imóveis residenciais, em um
mesmo endereço, tratando-se da Invictus TI Processamento Eletrônico De Dados Ltda e da
Itframing Serviços de TI Ltda, sendo que a primeira nunca auferiu qualquer rendimento e a
segunda omitiu os únicos rendimentos recebidos, aparentando indícios de que sejam utilizadas por

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
Carlos Augusto de Moraes Afonso (pseudônimo “Luciano Ayan”) para o recebimento de
recursos de origem ilícita.

No mesmo sentido a Yey Inteligência Ltda que também recebeu recursos pontuais
que foram omitidos por Carlos Augusto de Moraes Afonso (pseudônimo “Luciano Ayan”),
havendo indícios de que tais recursos possam ser provenientes das atividades exercidas por ele
junto ao Movimento Brasil Livre (MBL), sendo que logo após o distrato relacionado à Yey
Inteligência Ltda uma pessoa jurídica vinculada à Alexandre Henrique Ferreira Dos Santos e
Mário Jorge Ferreira dos Santos - fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) passou a
ocupar o mesmo andar do conjunto em que estava sediada a Yey, havendo possibilidade de que
seja o mesmo endereço.

Em continuidade, quanto a Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, conforme


consignado na Informação Fiscal da Receita Federal do Brasil, trata-se de presidente do
MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), cargo anteriormente ocupado por sua irmã
Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, e coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) -
fls. 63/64.

Conforme a Informação Fiscal da Receita Federal, como atividades de Alexandre


Henrique Ferreira dos Santos, atualmente com 32 anos de idade, foram localizadas apenas a
ocupação dos cargos supramencionados e notícias acerca da idealização e produção de um
documentário no ano de 2019, havendo informação de que sequer concluiu o curso de graduação
(fls. 63/64).

No que tange às pessoas jurídicas em que Alexandre Henrique Ferreira dos


Santos figura no quadro societário, a Receita Federal constatou que “(...) à exceção do Movimento
fls. 190

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Renovação Liberal, as outras empresas parecem inativas e sem capacidade de gerar


rendimentos.” (fls. 65)

Quanto às declarações de rendimentos de pessoa física de Alexandre Henrique


Ferreira dos Santos dos anos-base de 2016 a 2018, verte da Informação Fiscal da Receita Federal

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
que: “(...) Alexandre não apresentou suas DIRPF referentes a 2016 e 2017. Podemos então inferir
que ele teve rendimentos inferiores ao estabelecido como obrigação de declarar, que foi R$
28.559,70 em cada ano” (fls. 65). Contudo, mesmo sem qualquer informação de exercício de
ocupação lícita pelo representado, recebeu, no ano de 2018, R$ 70.000,00 de uma pessoa jurídica
da qual sequer figura como sócio, tratando-se da Mitra Inteligência Digital Eireli, CNPJ:
29.934.432/0001-51, ainda, auferiu R$ 27.161,05 em dinheiro em espécie e saldo na XP
Investimentos, conforme se extrai de: “Em 2018, auferiu R$ 70.000,00 de recursos tributáveis
provenientes da empresa Mitra Inteligência Digital Eireli (CNPJ: 29.934.432/0001-51), uma
empresa de pesquisas de opinião pública da qual nem ele e nem ninguém de sua família faz parte
do quadro societário, e um patrimônio de R$ 27.161,05 (dinheiro em espécie e saldo na XP
Investimentos).” (fls. 66).

Como se não bastasse, a Receita Federal apurou com relação a Alexandre


Henrique Ferreira dos Santos omissão de rendimentos no montante de R$ 37.831,00
provenientes da XP Investimentos. Contudo, o representado teria declarado na ficha de bens e
direitos como aplicado na XP Investimentos o valor de R$ 7.161,05, nesse sentido: “Através de
consulta ao sistema Dirf, observa-se que houve omissão de rendimentos no montante de R$
37.831,00 provenientes da XP Investimentos, o que causa estranheza frente ao valor do saldo
declarado na ficha de bens e direitos como aplicados na XP (R$ 7.161,05)”. (fls. 66)

Com base nos dados acima, levanta-se grande suspeita que o representado tenha
obtido retorno de R$ 37.831,00, valor que sequer foi declarado, tendo aplicado apenas R$
7.161,05, ou seja, aproximadamente 05 (cinco) vezes o valor aplicado, havendo fortes indícios de
ocultação de patrimônio por parte do representado, destacando que “(...) efetuaram-se consultas ao
Portal CNIS e não foram localizados quaisquer vínculos empregatícios, o que sugere o fato de
Alexandre nunca ter tido um emprego formalizada”. (fls. 66)
fls. 191

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Em que pese os baixos rendimentos em suas declarações de imposto de renda


pessoa física, em análise à movimentação financeira de Alexandre Henrique Ferreira dos Santos
apurou-se que o representado movimenta em sua conta bancária valores muito superiores aos que
constam nas informações prestadas à Receita, há indícios de que esteja movimentando créditos de
pessoas jurídicas em sua conta: “(...) entre janeiro de 2016 e junho de 2019, Alexandre

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apresentou créditos em sua conta bancária no montante de R$ 463.954,24. Há ainda que
destacar que pode existir confusão patrimonial entre a pessoa física e as pessoas jurídicas a ela
relacionadas, resultando em créditos bancários em nome da pessoa física quando na verdade se
tratam de créditos relacionados às atividades das pessoas jurídicas”. (fls. 67)

Com relação às pessoas jurídicas em que Alexandre Henrique Ferreira dos


Santos figura como sócio, para além da já mencionada Murilo Soares de Oliveira Filho & Cia
Ltda (atual Nordetech Metalúrgica Ltda), com forte indícios de que seja uma pessoa jurídica de
fachada, também apurou-se que o representado figura como sócio da Metal Técnica Bahia
Indústria e Comércio Ltda, da Home Center Total Materiais Para Construções e da Angry Cock
Enterprise Administrado a de Bens (fls. 64).

Com relação à Metal Técnica Bahia Indústria e Comércio Ltda consta como inapta
desde 04 de dezembro de 2018 (fls. 64), não havendo notícia de que tenha auferido quaisquer
rendimentos com relação à referida pessoa jurídica. Da mesma forma a Home Center Total
Materiais Para Construções também não apresentou qualquer receita dos anos-calendário 2016 a
2018, nem no ano-calendário 2019 até o momento da elaboração da Informação Fiscal (fls.
111/112), sendo certo que Alexandre Henrique Ferreira dos Santos também não aufere
rendimentos de tal pessoa jurídica.

Por sua vez, quanto à Angry Cock Enterprise Administradora De Bens, pessoa
jurídica da qual Alexandre Henrique Ferreira dos Santos deteve 50% de participação social do
período de 17.06.2010 a 21.12.2012 (fls. 64), conforme a Informação Fiscal da Receita Federal,
trata-se de pessoa jurídica com sede em uma casa aparentemente residencial, sem acabamento, em
um núcleo habitacional de baixa renda situado na cidade de Simões Filho/BA (fls. 67/68), ainda,
não há quaisquer bens no nome da pessoa jurídica, nem informação de retenção de imposto de
fls. 192

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renda na fonte por trabalho assalariado, a indicar que não tem funcionários, o que denota fortes
indícios de que seja mais uma pessoa jurídica de fachada, não havendo quaisquer característica a
indicar que no local haja exercício de atividade empresarial.

Como se não bastasse, atualmente, a Angry Cock Enterprise Administradora De

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Bens está em nome de Rosalina Maia de Sousa, CPF 126.321.868-70, pessoa que reside em São
Paulo, apesar da sede da pessoa jurídica estar situada na Bahia (fls. 68/69), e funcionária da pessoa
jurídica MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL) - fls. 88.

Outrossim, há indício de que a Angry Cock Enterprise Administradora De Bens


tenha sido constituída apenas para que sua conta servisse como passagem para dissimular a origem
de capital transferido a Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, irmã de Alexandre Henrique
Ferreira dos Santos, na medida em que aquela recebeu R$ 50.000,00 da pessoa jurídica, no ano de
2017, a título de rendimento de trabalho assalariado, época em que Rosalina Maia de Sousa já
administrava a pessoa jurídica (fls. 69), apesar do local em que sediada não aparentar ser propício
ao exercício de qualquer atividade profissional.

Por todo o exposto, restam presentes indícios da prática de crime de lavagem de


dinheiro por Alexandre Henrique Ferreira dos Santos na medida em que movimenta quantias
em dinheiro das quais não há lastro de origem, não havendo qualquer notícia acerca de exercício da
atividade profissional que justifique o capital que obteve, sendo que as pessoas jurídicas que
integra, a exceção do Movimento Renovação Liberal (MRL), não apresentam capacidade de
gerar rendimentos, havendo indícios, ainda, de que ao menos uma delas tem fortes características
de ser uma empresa de fachada.

Em continuidade à análise dos indícios de autoria com relação aos representados,


conforme a informação fiscal da Receita Federal (fls. 91/95), Stephanie Liporacci Ferreira dos
Santos reside no exterior, na cidade de Paris/FRA, sendo estimado que saiu do Brasil no ano de
2014, todavia, não realizou declaração de saída definitiva do país (fls. 91), sendo que continuou a
figurar por um período como sócia ou administradora de pessoas jurídicas no Brasil (fls. 91/92).

Outrossim, a Informação Fiscal da Receita Federal constatou diversa


fls. 193

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inconsistências nas informações de rendimentos de Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos,


muitas delas relacionadas à já mencionada pessoa jurídica Angry Cock Enterprise Administradora
De Bens.

Verte da Informação Fiscal que Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos

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declarou, em 2016, ter como bem uma casa no condomínio Marambaia, no valor de R$ 427.452,00,
sendo que a representada teria declarado ter adquirido a casa em 2013, mediante financiamento do
Banco Santander, declaração que, segundo a Receita Federal, não condiz com que consta na
matrícula do imóvel, havendo registro de venda em 29.06.2015, por R$ 860.040,00 que foram
pagos à vista (fls. 93 e 94/95).

Ainda, também no ano de 2016, a representada Stephanie Liporacci Ferreira dos


Santos teria alienado cotas da Angry Cock Enterprise Administradora De Bens, pessoa jurídica
com sede em uma casa aparentemente residencial, sem acabamento, em um núcleo habitacional de
baixa renda situado na cidade de Simões Filho/BA (fls. 67/68), por R$ 360.000,00, tendo recebido
recursos em espécie em decorrência da alienação (fls. 93).

Outra inconsistência apresentada pela Receita Federal está no fato de Stephanie


Liporacci Ferreira dos Santos, no ano de 2016, ter declarado o recebimento de R$ 150.000,00 em
rendimentos não tributáveis (dividendos) da Angry Cock Enterprise Administradora De Bens,
mesmo ano em que declarou ter alienado suas cotas da referida pessoa jurídica da qual detinha
90% do capital social pelo valor de R$ 360.000,00 (fls. 93), havendo fundadas dúvidas de que a
referida pessoa jurídica tivesse capacidade para gerar tal quantia em dividendos, não sendo crível
também que a representa tivesse alienado suas cotas por tal valor tendo em vista a declaração de
dividendos recebidos, havendo indícios de origem espúria de tais valores.

Há inconsistência também com relação ao recebimento de R$ 50.000,00 da Angry


Cock Enterprise Administradora De Bens a título de rendimentos tributáveis decorrentes de
trabalho assalariado (fls. 69 e 93), pessoa jurídica com características de empresa de fachada como
já fundamentado, sendo que na época a representada Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos já
não residia no Brasil (fls. 91) e, como se não bastasse, não declarou o recebimento de tais valores
fls. 194

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(fls. 93), causando mais estranheza que tenha alienado suas cotas para, logo após, se tornar
funcionária da pessoa jurídica.

Outrossim, mesmo já residindo fora do Brasil, Stephanie Liporacci Ferreira dos


Santos declarou ter recebido R$ 42.000,00 em rendimentos tributáveis da Colorful Ind Com Ltda,

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CNPJ: 05.403.867/0001-01, causando estranheza que tenha recebido remuneração por trabalho
assalariado após passar a residir no exterior (fls. 93), sendo que tais pagamentos sequer constam na
declaração da pessoa jurídica (fls. 93), gerando fundadas dúvidas acerca da origem lícita dos
recursos.

A Informação Fiscal da Receita Federal também identifica que os vínculos de


emprego de Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, do período de 2003 a 2014, obtidos no
portal CNIS, destoam dos padrões de rendimentos acima descritos, havendo registros de que
exerceu atividades como vendedora de lojas de roupas e recepcionista, com remunerações mais
modestas (fls. 94), a data de encerramento do último vínculo de emprego da representada reforça
que deixou o país no ano de 2014 (fls. 94).

De outro lado, a representada Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos


movimentou em suas contas bancárias pessoais, entre os anos de 2016 e 2019, R$ 2.327.532,81
(fls. 94), constatando a Receita Federal o seguinte: “Ao analisar a E-Financeira no CPF de
Stephanie, constata-se movimentação financeira bastante incompatível com seus rendimentos e
patrimônio declarados, tanto em contas de sua titularidade como também em contas de pessoas
jurídicas em que ela está registrada no banco como representante legal”.

Como se não bastasse, de 2016 a 2019, na qualidade de representante legal da


Angry Cock Enterprise Administradora De Bens, pessoa jurídica anteriormente mencionada, com
fortes indícios de ser uma empresa de fachada, e da qual Stephanie Liporacci Ferreira dos
Santos já havia se retirado em 2016, movimentou a quantia de R$ 1.382.222,48 em contas
bancárias (fls. 94).

Nesse sentido a Informação Fiscal: “Necessário destacar que quase toda


fls. 195

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movimentação financeira ocorrida em contas de terceiros, através de representação legal


ocorreu em contas da empresa ANGRY COCK, já comentada em outro tópico do presente
relatório. Apesar de ter deixado o quadro societário da empresa em 2016, as movimentações
continuaram sendo feitas tendo Stephanie como Representante Legal perante a instituição
bancária”. (fls. 94).

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Concluindo a receita especifica que: “Tratam-se de movimentações incompatíveis
com os rendimentos praticamente nulos declarados (por ela e por outras fontes pagadoras) no
mesmo período.” (fls. 94).

Por todo o exposto, haja vista que a representada Stephanie Liporacci Ferreira
dos Santos movimentou quantia em dinheiro em contas bancárias de sua titularidade, do período
de 2016 a 2019, incompatíveis com seus rendimentos declarados, ainda, que declarou o
recebimento de uma série de receitas decorrentes de uma pessoa jurídica com características de ser
apenas de fachada, movimentando, também, valores das contas bancárias em nome da referida
pessoa jurídica, na qualidade de representante legal, mesmo já não figurando mais em seu quadro
societário, sendo que anteriormente teria ocupado apenas postos de trabalho de baixa remuneração,
há fundados indícios de que a representada esteja dissimulando a origem de recurso financeiros
provenientes de atividades ilícitas e, por conseguinte, da prática de crime de lavagem de dinheiro.

Passo à análise dos indícios relacionados ao representado Renan Antonio


Ferreira dos Santos, irmão de Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos e Alexandre Henrique
Ferreira dos Santos, tratando-se de um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL) - fls. 76.

De acordo com a Informação Fiscal, Renan Antonio Ferreira dos Santos figurou
no quadro societário de três pessoas jurídicas, posteriormente, declaradas inaptas (fls. 76 e 78/79).
Com relação ao Instituto Voz E Vez, destaca a Receita Federal que:

É difícil entender a motivação da criação da associação vez que, quase década e


meia após aberta, não há site sobre ela, nem páginas em redes sociais divulgando seu conteúdo.

Quanto ao sócio responsável residente no exterior, a única menção encontrada


fls. 196

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sobre ele em pesquisas abertas, e nem é envolvendo a associação, é uma petição online para
proposta de lei que desobrigue ao ônus de sucumbência os cidadãos que perderem processos
contra órgãos públicos.” (fls. 78)

Há, assim, indícios de que o Instituto Voz E Vez seja uma pessoa jurídica de

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fachada.

Com relação à Soudim Industria E Comercio De Produtos Metalurgicos Ltda,


destaca-se que tem como sede a mesma cidade que a Angry Cock Enterprise Administradora De
Bens, qual seja, Simões Filho/BA, tendo sido declarada inapta por ter sido constatado pelas
Autoridades Fiscais do Estado da Bahia que a pessoa jurídica não exercia suas atividades no local
indicado (fls. 79/80), sendo que, conforme informações da Receita Federal, há outras empresas
instaladas, mas não a Soudim Industria E Comercio De Produtos Metalurgicos Ltda (fls. 80/81), a
indicar que se trata de uma pessoa jurídica de fachada.

Quanto à pessoa jurídica Martin Artefatos De Metais S.A., CNPJ:


50.942.176/0001-30, destaca a Receita Federal na Informação Fiscal: “Também foge do comum o
negócio que envolveu a pessoa jurídica Martin Artefatos de Metais S.A (CNPJ:
50.942.176/0001-30). A pessoa jurídica foi constituída em 1996 aparentemente exercia atividades
empresariais, entretanto em 2009, Renan adquiriu o CNPJ (não se sabe informações acerca do
valor da compra).

Entretanto, consultando aos sistemas informatizados da Receita Federal, a


empresa consta como inativa. Esse quantitativo de empresas inaptas e inativa, em primeira análise
evidenciariam que Renan não é um empresário bem sucedido.” (fls. 81)

A situação das referidas pessoas jurídica combinada com a declaração de Renan


Antonio Ferreira dos Santos no sentido de que exercer atividades como “profissional liberal ou
autônomo sem vínculo de emprego” (fls. 76), contrastam com a movimentação financeira do
representado que, de janeiro de 2016 a junho de 2019, recebeu créditos externos no montante de R$
331.933,72 (fls. 83).
fls. 197

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Tal movimentação constrata, também, com as informações de imposto de renda de


Renan Antonio Ferreira dos Santos, que, nos anos de 2016 e 2017, teve rendimentos inferiores a
R$ 28.559,70 e, no ano de 2018, auferiu R$ 70.000,00 de recursos tributáveis provenientes da
empresa Mitra Inteligência Digital Eireli, CNPJ: 29.934.432/0001-51, e declarou bens e direitos
no montante de R$ 20.000,00 (dinheiro em espécie) - fls. 82 -, ou seja, receitas declaradas quase

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três vezes inferior à movimentação em suas contas bancárias como pessoa física (fls. 83).

No que tange ao rendimento auferido da Mitra Inteligência Digital Eireli, CNPJ:


29.934.432/0001-51, trata-se de valor idêntico ao recebido por seu irmão Alexandre Henrique
Ferreira dos Santos (fls. 66 e 82), sendo que a referida pessoa jurídica não declarou tais
pagamentos em DIRF e não foi possível identificar qualquer tipo de vínculo entre os irmãos e a
Mitra (fls. 82), sendo que informações obtidas no Portal CNIS dão conta de que Renan Antonio
Ferreira dos Santos nunca teve emprego com carteira assinada (fls. 82).

De se destacar que Renan Antonio Ferreira dos Santos não declara cotas das
pessoas jurídicas das quais possui participação (fls. 82).

Contudo, apesar de não ter qualquer vínculo como sócio ou empregado, foi
identificado que Renan Antonio Ferreira dos Santos apresentou expressiva movimentação
financeira na qualidade de procurador da já mencionada Angry Cock Enterprise Administradora De
Bens Ltda, asseverando a Receita Federal que: “É muito importante destacar que essa empresa
nunca foi de Renan, mas sim do Irmão Alexandre Henrique Ferreira dos Santos (17/06/2010 a
21/12/2012), posteriormente a titularidade passou a ser de sua irmã, Stephanie Liporacci Ferreira
dos Santos (29/10/2012 a 12/09/2016).

A Angry Cock foi vendida para Rosalina Maia de Sousa, que passa a fazer parte
do quadro societário em 25/06/2015 e Stephanie se retira da empresa em 12/09/2016. Ocorre que
toda movimentação nas contas da Angry Cock e que constaram na movimentação de Renan, por
ele ser procurador, ocorreram entre junho de 2016 e junho de 2017.” (fls. 83)

A Informação Fiscal da Receita Federal indica que Renan Antonio Ferreira dos
fls. 198

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Santos movimentou, entre junho de 2016 e junho de 2017, R$ 475.259,97 em operações de crédito
e R$ 475.546,38 em operações de débito das contas da Angry Cock Enterprise Administradora De
Bens Ltda em que é procurador, com indícios de que se trate de uma conta de passagem, haja vista
a semelhança entre as operações de créditos e débitos no período. Ainda, destaca a Receita Federal:
“(...) resta questionamento acerca do fato de Renan atuar como procurador de uma empresa

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sediada na Bahia por um período em que nem ele constou como funcionário da empresa, tampouco
seus familiares compuseram seu quadro societário.” (fls. 84)

Assim, haja vista que o representado Renan Antonio Ferreira dos Santos
movimentou quantia em dinheiro em contas bancárias de sua titularidade, do período de 2016 a
2019, incompatíveis com seus rendimentos declarados, ainda, que declarou o recebimento de
receitas decorrentes de uma pessoa jurídica da qual não há qualquer notícia de vínculo, cujo
montante sequer consta na DIRF da empresa, movimentando, também, valores das contas
bancárias em nome de uma pessoa jurídica com característica de ser de fachada, na qualidade de
representante legal, mesmo nunca tendo qualquer vínculo como empregado ou sócio, sendo que
nunca exerceu atividade com carteira assinada, há fundados indícios de que o representado esteja
dissimulando a origem de recurso financeiros provenientes de atividades ilícitas e, por conseguinte,
da prática de crime de lavagem de dinheiro.

De outro giro, com relação ao Mario Jorge Ferreira dos Santos, trata-se do pai
dos também representados Renan Antonio Ferreira dos Santos, Sthephanie Liporacci Ferreira
dos Santos e Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, trata-se de indivíduo com participação
em diversas pessoas jurídicas em que figura ou figurou como presidente, sócio administrador,
dirigente/acionista e diretor (fls. 86).

Verte da Informação Fiscal da Receita Federal que: “Importante frisar que Mario
possuiu 3 CPFs: 082.557.398-07; 010.057.004-60 (cancelado por multiplicidade) e
012.414.478-02 (cancelado por multiplicidade)” (fls. 85). Ainda: “Nos principais ícones de PF
podemos identificar o Renan (camisa MBL), Mário (pai), Sueli (mãe), Stephanie (irmã), Alexandre
(irmão, também conhecido como Salsicha do MBL). É possível verificar rapidamente a existência
de dois grupos: Grupo TDI e grupo COLORFUL.
fls. 199

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1004888-44.2020.8.26.0050 e código A34C729.
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Destacam-se também as pessoas físicas com indícios de serem laranjas utilizadas


como sócias e as empresas patrimoniais, apoio administrativo e participações (moldura laranja)”
(fls. 86 - grifei).

A Receita Federal consignou a existência de indícios de omissão de receitas por

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parte de Mario Jorge Ferreira dos Santos, na medida em que, apesar de figurar como presidente,
sócio-administrador, dirigente/acionista e diretor de diversas pessoas jurídicas, não apresentou
declaração de imposto de renda pessoa física referente aos anos-calendário 2017 e 2018, ainda, no
ano-calendário de 2016 informou como rendimento apenas o valor de R$ 300.000,00 declarado
como “bens e direitos” refere-se apenas a “pagamento de acordo referente a contrato desfeito”,
provenientes da EXPANDRA ESTAMPARIA E MOLA LTDA, CNPJ: 58.217.266/0001-70 (fls.
87).

A Receita Federal consignou que não foram encontrados vínculos de emprego com
relação a Mario Jorge Ferreira dos Santos, conforme pesquisas na DIRF e no Portal CNIS,
ainda, não foram encontrados gastos com cartões de crédito no DECRED, nem movimentação
financeira pelo sistema E-Financeira (fls. 87), indicando que o representado não realiza
movimentação financeira em seu nome.

Destacou a Receita Federal: “Em breve síntese, as DIRPF de Mario parecem


demonstrar grande omissão tanto de rendimentos como de bens, haja vista que ele é sócio de
diversas empresas e deveria declarar pelo menos as cotas destas na área de bens e direitos das
DIRPF” (fls. 87).

Contudo, novamente a Angry Cock Enterprise Administradora De Bens Ltda,


pessoa jurídica como fortes indícios de que seja utilizada apenas como fachada aparece na
investigação vinculada a membros da família Ferreira Lima, sendo que no ano de 2019, Mario
Jorge Ferreira dos Santos, na qualidade de procurador da referida pessoa jurídica, movimentou
R$ 322.595,00, sem nunca ter figurado no quadro societário ou na condição de empregado da
Angry Cock, nos mesmos moldes de Renan Antonio Ferreira dos Santos (fls. 87).

Com base em tais informações, verte da Informação Fiscal da Receita Federal do


fls. 200

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Brasil a conclusão de que a Angry Cock Enterprise Administradora De Bens Ltda seria uma pessoa
jurídica “alaranjada”, com destaque para o fato de a administradora da pessoa jurídica Angry Cock,
Rosalina Maia de Souza, ser funcionária do MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (CNPJ:
22.779.685/0001-59). Nesse sentido: “Dessa forma, considerando que tais movimentações
financeiras ocorreriam por procuração, tornam-se ainda mais factíveis evidências de que a pessoa

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jurídica teria sido alaranjada , inclusive considerando o fato de Rosalina Maia de Souza ser
funcionária da pessoa jurídica Movimento Renovação Liberal (CNPJ: 22.779.685/0001-59)”. (fls.
88)

A Receita Federal também encontrou indícios de ocultação de patrimônio por parte


Mario Jorge Ferreira dos Santos em razão de uma nota fiscal referente a envio de equipamentos
de recepção de TV por satélite, no ano de 2019 cujo endereço de entrega é Av. Luiz Pereira dos
Santos, 610, Jundiaí/SP, sendo que o CPF do representado estava vinculado à nota, sendo que tal
propriedade teria sido anteriormente da Angry Cock Enterprise Administradora De Bens Ltda,
pessoa jurídica utilizada por Mario Jorge Ferreira dos Santos, Renan Antonio Ferreira dos
Santos, Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos e Alexandre Henrique Ferreira dos Santos
para movimentar grandes quantias de dinheiro.

Como se não bastasse, verte da Informação Fiscal da Receita Federal que Mario
Jorge Ferreira dos Santos figura como responsável em 12 (doze) processos com penhoras de
imóveis decorrentes de ações trabalhistas, sem, contudo, ter qualquer bem em seu nome, tratando-
se de imóveis de propriedade de pessoas jurídicas das quais o representado nunca tenha participado
do quadro societário.

Nesse sentido, destacou a Receita Federal: “Foram feitas ainda buscas no ARISP
(Associação dos Registradores de Imóveis em São Paulo), cujo resultado trouxe 12 imóveis nos
quais seu nome surge como responsável em processos de penhora decorrentes de ações
trabalhistas.

É interessante que nenhum desses imóveis seja de propriedade de Mario, mas


sim de empresas nas quais nunca tenha participado do quadro societário. Será necessário buscar
fls. 201

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maiores informações nesses processos trabalhistas para entender a motivação de Mario ter sido
arrolado em tais penhoras, tendo em vista que os elementos analisados até o presente momento
evidenciariam que Mario utiliza-se de sofisticados instrumentos de blindagem patrimonial, de
forma a ocultar-se das autoridades fiscais, credores e processos trabalhistas.” (fls. 88/89).

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Assim, haja vista que o representado Mario Jorge Ferreira dos Santos
movimentou grande quantia em dinheiro em contas bancárias de titularidade de pessoa jurídica
com fortes indícios “alaranjamento”, na qualidade de procurador, sem que fosse sócio ou
funcionário, ainda, levando em conta os indícios de ocultação de propriedades antes as diversas
penhoras de imóveis em ações trabalhistas em que figura no pólo passivo, sem que tais imóveis
estejam em seu nome ou mesmo figure formalmente no quadro societário das pessoas jurídica, há
fundados indícios de que o representado esteja dissimulando a origem de recurso financeiros
provenientes de atividades ilícitas, bem como ocultando propriedades e, por conseguinte, da prática
de crime de lavagem de dinheiro.

Por fim, com relação a Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, assim como seu
marido Mario Jorge Ferreira dos Santos, figura ou figurou como sócia-administradora,
presidente, diretora e administradora de diversas pessoas jurídicas (fls. 89), todavia, “(...) não
constam informações relacionadas à entrega de declarações de IRPF desde 2011” (fls. 89).

A Receita Federal constatou a presença de indícios de ocultação de patrimônio com


relação à representada, ante as diversas omissões na entrega de suas declarações de imposto de
renda, aduzindo que pelo fato de ser sócia em diversas pessoas jurídicas deveria, ao menos,
declarar as cotas em suas declarações de bens e direitos (fls. 90).

Verte da Informação Fiscal da Receita Federal que Sueli Liporacci Ferreira dos
Santos é detentora de 100% das cotas da pessoa jurídica FARBENPLAS, que está registrada com o
valor de R$ 800.000,00, todavia, nunca declarou tais cotas (fls. 90).

A Receita Federal apurou, com base em pesquisas na DIRF e no Portal CNIS, que
a representada não teve vínculos de emprego. Ainda, o sistema DECRED apurou gastos em cartões
fls. 202

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de crédito no valor de R$ 14.885,77, no ano de 2018 (fls. 90). E movimentações bancárias nas
contas de pessoa física, no ano de 2017, no valor de R$ 42.496,78, e no ano de 2018, no montante
de R$ 35.413,34 (fls. 90).

Todavia, nos mesmos moldes dos demais membros da Família Ferreira Lima, Sueli

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Liporacci Ferreira dos Santos figurou como procuradora de diversas contas bancárias, sendo que
entre os anos de 2016 e 2017 totalizaram créditos da ordem de R$ 1.010.265,81, quantia
completamente destoante das movimentadas em suas contas de pessoa física, sendo que as contas
que movimentou na qualidade de procuradora, eram de titularidade de sua filha Stephanie
Liporacci Ferreira dos Santos movimento em suas contas bancárias pessoais, entre os anos de
2016 e 2019, R$ 2.327.532,81 (fls. 94), as quais, em análise, a Receita Federal constatou o
seguinte: “Ao analisar a E-Financeira no CPF de Stephanie, constata-se movimentação
financeira bastante incompatível com seus rendimentos e patrimônio declarados, tanto em
contas de sua titularidade como também em contas de pessoas jurídicas em que ela está
registrada no banco como representante legal”. (fls. 94 - grifei)

Pelo exposto também há indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro com


relação a Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, na medida em que, ao que consta, utiliza as contas
bancárias de sua filha se valendo da qualidade de procuradora, tratando-se de contas que
movimentam grandes quantias de dinheiro sem qualquer aparência de licitude, haja vista a falta de
elementos a comprovar a origem, como forma de aparentemente ocultar seu patrimônio.

Passo à análise dos representados Movimento Brasil Livre (MBL) e Movimento


Renovação Liberal (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59.

Conforme consignado na Informação Fiscal da Receita Federal do Brasil, a pessoa


jurídica que consta na representação da d. Promotoria trata-se da ASSOCIAÇÃO MOVIMENTO
BRASIL LIVRE (MBL), CNPJ nº 28.599.636/0001-10, pessoa jurídica diversa do MBL vinculado
à família Ferreira Santos, sendo que de acordo com as informações da Receita Federal: “A pessoa
jurídica em questão é uma associação cujos integrantes são o advogado Vinicius Carvalho Aquino
e o deputado federal Alexandre. O deputado e os integrantes do MBL travaram disputa judicial e
fls. 203

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no INPI, na qual o deputado saiu com o direito ao registro da marca. A decisão foi transitada em
julgado.” (fls. 70)

Desse modo, não havendo qualquer indício de vínculo da pessoa jurídica inscrita
sob o CNPJ nº 28.599.636/0001-10 com relação aos fatos investigados, mas sim uma coincidência

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de nomes, não restam presentes indícios para deferimento de medidas cautelares com relação à
ASSOCIAÇÃO MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), CNPJ nº 28.599.636/0001-10.

Todavia, conforme apurado pela Receita Federal, o Movimento Brasil Livre


(MBL) investigado neste autos, suspeito de ser utilizado para prática de crimes de lavagem de
dinheiro, não tem personalidade jurídica constituída, nem CNPJ, sendo que de acordo com o
apurado pela Receita Federal toda a movimentação financeira do ente sem personalidade jurídica é
realizada por meio da pessoa jurídica Movimento Renovação Liberal (MRL), CNPJ nº
22.779.685/0001-59 (fls. 70), inclusive as doações que supostamente são provenientes de origem
ilícita, em tese, realizadas por meio do sistema Superchat do Youtube.

De outro lado, a sede do ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre
(MBL), conforme apurado pela Receita Federal, é amplamente divulgada como sendo a mesma
sede da pessoa jurídica NCE SERVIÇOS FILMAGENS, CNPJ 19.154.926/0001-60 (fls. 128/129 -
autos de nº 1001514-54.2019.8.26.0050), situada na Rua da União, 137, Complemento B, Vila
Mariana, São Paulo/SP, CEP 04107-010, pessoa jurídica de conteúdo de mídia vinculada à família
Ferreira Santos (fls. 70).

Com relação Movimento Renovação Liberal (MRL) e ao ente sem personalidade


jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) (MBL) a Receita Federal apurou que: “Constituído em
23/03/2015, o Movimento Brasil Livre utiliza o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, contas
bancárias e imóvel-sede do Movimento Renovação Liberal (MRL), uma associação privada da
família de Renan Santos.(grifei). Conforme pesquisas na internet, tal associação se afirma uma
organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) 'sem fins econômicos e lucrativos' em
seu estatuto social registrado em cartório em julho de 2014, tem por atividade principal a
prestação de 'serviços de feiras, congressos, exposições e festas'” (fls. 70/71).
fls. 204

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A Receita Federal apurou que todas as arrecadações financeiras do ente sem


personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL), doações, receita proveniente da venda de
produtos em loja virtual (mbl.org.br) são destinadas a contas do Movimento Renovação Liberal
(MRL) - fls. 72. A Informação Fiscal da Receita Federal também consigna que o ente sem
personalidade jurídica e a pessoa jurídica supramencionadas também captam recursos por meio de

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doações nas lives do Youtube e, ainda, mediante pacotes de contribuições mensais ou doações
únicas, sendo que também há a possibilidade de doações por meio de criptomoedas, sendo que a
última modalidade foi instituída há aproximadamente 02 (dois) anos e é realizada por meio de
QRCode, conforme fls. 72/73.

A ligação entre o Movimento Renovação Liberal (MRL) e o ente sem


personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) se confirma pelo processo de registro da
marca MBL MOVIMENTO BRASIL LIVRE em nome do Movimento Renovação Liberal
(MRL) - fls. 75/76 dos autos de nº 1001514-54.2019.8.26.0050.

Ainda, apurou-se que a representada Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos,


pessoa suspeita da prática de crime de lavagem de dinheiro, conforme consignado na decisão, foi
presidente do Movimento Renovação Liberal (MRL) até o ano de 2018, ocasião em que seu
irmão Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, também suspeito da prática de crime de
lavagem de dinheiro, passou a ocupar a presidência da referida associação (fls. 73), sendo que
foram extraídas imagens de redes sociais em que Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos e
outro irmão, Renan Antonio Ferreira dos Santos, ostentam padrões de vida não compatíveis com
os patrimônios declarados (fls. 74/75), reforçando os indícios de que efetivamente estejam
praticando delitos de lavagem de dinheiro. Assevera a Receita Federal que, apesar do ente sem
personalidade jurídica e a associação serem custeadas por meio de doações, não há prestação de
contas acerca dos recursos recebidos e de sua destinação (fls. 73), o que levanta maiores suspeitas
sobre a origem e a destinação dos recursos.

Outrossim, o comparativo das declarações de imposto de renda do Movimento


Renovação Liberal (MRL) traz fortes indícios de ocultação de receitas oriundas de cartão de
crédito, com base em informações do DECRED, nos anos anos-calendário 2017 e 2018, na medida
fls. 205

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em que a referida pessoa jurídica, em 2017 declarou ter arrecadado R$ 38.970,43, havendo
omissão de receitas da ordem de R$ 44.324,74, e, em 2018, declarou ter arrecadado R$ 56.118,44,
havendo omissão de receitas da ordem de R$ 593.098,79 (fls. 107). Destaque-se que com relação
ao ano-calendário 2019 a omissão de receitas com informações de cartões de créditos, com base
em informações do DECRED, atingiu R$ 721.939,69, ano em que o Movimento Renovação

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Liberal (MRL) declarou arrecadação de apenas R$ 18.819,60 (fls. 107).

O aumento da omissão de receitas com informações em cartões de crédito por parte


do Movimento Renovação Liberal (MRL) pessoa jurídica utilizada para arrecadação de dinheiro
pelo ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) e o grande volume de
dinheiro movimentado combinado com as informações da Receita Federal no sentido de que
Alessander Mônaco Ferreira realiza gastos de com cartões de crédito incompatíveis com seus
rendimentos declarados (fls. 45), bem como que as pessoas jurídicas em que figura como sócio ou
empresário individual, Mônaco Intelligent Consulting Ltda e Amazing Consulting Tecnology,
omitiram grandes quantias em receitas (fls. 111), corroboram a tese de que Alessander Mônaco
Ferreira esteja servindo como intermediário de operações de lavagem de dinheiro para doações ao
Movimento Renovação Liberal (MRL) pessoa jurídica utilizada para arrecadação de dinheiro
pelo ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL), por meio do superchat da
plataforma Youtube (fls. 05/09).

Tais indícios são corroborados pelos prints de doações, por meio do superchat, da
plataforma Youtube, efetuadas por Alessander Mônaco Ferreira, durante as chamadas lives, ao
ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL), conforme fls. 36 e 39/44 -
Autos de nº 1001514-54.2019.8.26.0050, havendo também indícios de outras doações suspeitas nos
mesmos moldes (fls. 244/247). Ainda, a aparição de Alessander Mônaco Ferreira nestas lives
denotam estreita ligação com o MBL (fls. 07 destes autos e fls. 37/38- Autos de nº
1001514-54.2019.8.26.0050).

De outro lado, as informações trazidas pelo Ministério Público acerca da maior


dificuldade de rastreio da origem das doações via superchat aliadas ao fato de que o número
recorrente de doações poderia ser efetuado diretamente ao Movimento Renovação Liberal
fls. 206

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(MRL) pessoa jurídica utilizada para arrecadação de dinheiro pelo ente sem personalidade jurídica
Movimento Brasil Livre (MBL) sem o desconto de 30% pelo Google Payments dão mais indícios
da origem ilícita das doações (fls. 12/13) e a intenção de ocultar a origem do patrimônio.

No que tange à ligação entre Carlos Augusto de Moraes Afonso (pseudônimo

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“Luciano Ayan”) e o ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) cujos
recursos são captados por meio Movimento Renovação Liberal (MRL), os elementos juntados
aos autos e expostos na presente decisão indicam que a referida pessoa física produziu diversos
conteúdos de interesse do MBL, demonstrando intensa atividade laboral do representado, todavia,
conforme já fundamentado na decisão, não foi possível aferir a origem de recursos financeiros de
Carlos Augusto, sendo que duas das pessoas jurídicas da qual faz parte receberam rendimentos
pontuais, a indicar que tenham sido constituídas com o escopo de receber valores pontuais e outra
sequer chegou a receber qualquer receita, tratando-se das pessoas jurídicas Invictus TI
Processamento Eletrônico de Dados Ltda, Itframing Serviços de TI Ltda, e Nordtech
Metalúrgica Ltda ou Yey Inteligência Ltda, sendo que esta última tem como sede o mesmo
andar de um conjunto em que se situa uma pessoa jurídica vinculada a membro da família Ferreira
Lima, havendo possibilidade até que estejam no mesmo conjunto, conforme já consignado na
decisão.

Assim, com relação a Carlos Augusto De Moraes Afonso (Pseudônimo


“Luciano Ayan”) há indícios de que suas receitas sejam provenientes das atividades exercidas por
ele junto ao MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), não havendo qualquer tipo de comprovação
acerca da origem de tais recursos, conforme consignado na Informação Técnica da Receita Federal:
“Considerando-se seu envolvimento com a propagação de fake news e participação no grupo
MBL, pode-se pensar que os valores que aparecem nas contas do contribuinte tenham origem
dessas atividades.” (fls. 102). Do mesmo modo, pelos fundamentos já expostos, há indícios de que
as pessoas jurídicas por ele constituídas sejam apenas de fachada.

O envolvimento dos membros da família Ferreira Santos com o Movimento Brasil


Livre (MBL) cujos recursos são captados por meio Movimento Renovação Liberal (MRL)
restou amplamente divulgado na presente decisão na medida em que os irmãos Renan Antonio
fls. 207

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Ferreira dos Santos, Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos e Alexandre Henrique Ferreira
dos Santos sempre ocuparam cargos de presidência ou direção dentro dos entes supramencionados,
havendo indícios de lavagem de dinheiro tanto com relação às referidas pessoas físicas, quanto
com relação às empresas das quais são sócios, e às empresas em que realizam elevada
movimentação nas contas, a título de procuradores, mas sem qualquer vínculo formal de atividade

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
profissional, com destaque para a Angry Cock Enterprise Administradora De Bens Ltda, pessoa
jurídica administrada por uma funcionária do MRL, cujo nome é Rosalina Maia de Souza,
havendo indícios de lavagem de dinheiro também com relação a doações recebidas pelo
Movimento Renovação Liberal (MRL).

No mesmo sentido restaram amplamente demonstrados indícios da prática de


crimes de lavagem de dinheiro por Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, assim como seu marido
Mario Jorge Ferreira dos Santos, na medida em que a primeira movimentou grandes quantias em
contas de titularidade de sua filha Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, na qualidade de
procuradora, tratando-se de quantias sem qualquer lastro de origem. Outrossim, com relação a
Mario Jorge Ferreira dos Santos, trata-se de mais um membro da família Ferreira dos Santos a
movimentar contas da Angry Cock Enterprise Administradora De Bens Ltda, empresa com grande
suspeita de “alaranjamento”, sem ter qualquer vínculo formal como sócio ou empregado.

Destaque-se a conclusão da Receita Federal acerca das diversas aquisições


realizadas pela família Ferreira dos Santos: “A família Santos possui participação em um
aglomerado de empresas que, juntas, formam um grupo econômico chamado 'Grupo
TDI'.(grifei) Em geral, não foram os fundadores das referidas sociedades. Aparentemente eram
empresas independentes que, quando estiveram em dificuldade econômica, foram adquiridas pela
família Santos. Depois disso, continuaram suas operações, mas passaram a utilizar o nome do
Grupo TDI, certamente para encobrir os nomes das empresas quase falidas.

O segredo do sucesso destes administradores é bem simples. Eles não declaram e


nem pagam os tributos devidos, e com isso enriquecem com a apropriação indevida dos tributos
pagos pelos consumidores finais. Além disso, devido à economia com a sonegação tributária
conseguem conceder descontos generosos a seus clientes, com isso obtendo vantagem econômica
fls. 208

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com uma concorrência desleal no mercado.” (fls. 145/146 - grifei)

A Informação Fiscal da Receita Federal ainda apurou que as pessoas jurídicas do


grupo TDI, vinculado à família Ferreira dos Santos, atualmente estão inaptas e têm débitos em
dívida ativa da ordem de R$ 396.556.853,74 (fls. 148).

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Com relação ao grupo Colorful, a Receita Federal apurou que se trata do único
grupo vinculado à família Ferreira dos Santos que apresenta alguma atividade (fls. 152), contudo, a
Receita Federal identificou o mesmo modus operandi de não pagamento de tributos, já havendo
dívida ativa da ordem de R$ 17.411.561,92 (fls. 155), sendo que a pessoa jurídica com grandes
indícios de “alaranjamento” ANGRY COCK ENTERPRISE ADMINISTRADORA DE BENS
LTDA faz parte do grupo (fls. 155).

Por todo o exposto, há fundadas razões de autoria do crime de associação


criminosa entre os membros da família Ferreira dos Santos e os demais representados
Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto De Moraes Afonso (Pseudônimo “Luciano
Ayan”), com o escopo de reiteradamente cometer crimes de lavagem de dinheiro, por intermédio
da abertura de diversas pessoas jurídicas “laranjas” utilizadas para movimentação de patrimônio de
origem ilícita e, também, para intermediar doações sem lastro de origem ao ente sem personalidade
jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) por intermédio das contas da pessoa jurídica
Movimento Renovação Liberal (MRL).

Descritos os indícios de autoria dos crimes de lavagem de dinheiro e associação


criminosa com relação a todos os representados, passo a análise específica do cabimento de cada
uma das medidas cautelares pleiteadas.

A medida cautelar de busca e apreensão comporta deferimento para todos os


endereços representados.

A inviolabilidade do domicílio é garantia constitucional (CF, art. 5º, XI), somente


sendo permitida sua violação em casos absolutamente excepcionais, quando fundadas razões
fls. 209

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autorizarem (CPP, art. 240). E “quando a lei se refere a fundadas razões exige que haja um fato
concreto autorizador da formação da suspeita. A busca somente será legítima se, efetivamente,
houver um dado objetivo, um dado concreto, um fato da vida que autorize os agentes realizarem a
busca e apreensão” (Paulo Rangel, Direito Processual Penal, 18. ed., Rio de Janeiro: Lúmen Juris,
2011, p. 181).

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Pois bem. No caso em apreço a despeito de os autos ainda não estarem arrimados
por provas tão contundentes (o que é normal nesta fase da investigação), entendo que os subsídios
carreados são suficientes a assentar a viabilidade do pedido. Em suma, é preciso prestigiar o
trabalho de investigação do Ministério Público, não se podendo olvidar que o órgão incumbido da
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, a rigor, não busque outra coisa que não a tutela da incolumidade social, pelo que,
resguardada a legalidade e a proporcionalidade, suas declarações devem gozar de credibilidade, só
devendo ser peremptoriamente afastadas acaso haja elementos que recomendem análise diversa.

Com efeito, os requisitos fáticos e normativos mínimos para ensejar a autorização


da busca e apreensão nos endereços representados estão presentes na hipótese em tela. Eis que as
investigações preliminares levadas a efeito até agora pelo Ministério Público apontam para a
possível ocorrência dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa relacionados com
uso das pessoas jurídicas Movimento Renovação Liberal (MRL), Nordtech Metalúrgica Ltda
ou Yey Inteligência Ltda, Amazing Consulting Tecnology Eireli, Mônaco Intelligent
Consulting Ltda, Invictus TI Processamento Eletrônico de Dados Ltda e Itframing Serviços
de TI Ltda e ao ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL), assentando o
fumus commissi delicti.

Presentes indícios de autoria com relação aos representados acerca dos crimes
investigados e, por conseguinte, havendo indícios de que as sedes das pessoas jurídicas das quais
figuram como sócios ou membros abriguem elementos de convicção acerca da materialidade
delitiva, mostram-se claramente ineficazes os demais meios para coleta de elementos substanciais
de materialidade e autoria, especialmente a campana, destacando-se que os crimes investigados
são, em tese, praticados por meio do uso de dispositivos de informática, a indicar que a campana
fls. 210

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não traria qualquer resultado. Assim, a busca e apreensão pleiteada aviva-se, indubitavelmente,
como opção necessária ao aprofundamento e bom êxito das investigações. Ademais, em casos
como o presente têm-se como esgotados os meios ordinários para coleta de elementos substanciais
de materialidade e autoria, para assentar a prática dos delitos é preciso ingressar no interior dos
imóveis. E vejo como benéfica e elogiável a atitude do Ministério Público ao requerer ordem

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judicial para a quebra da inviolabilidade domiciliar, preocupando-se em respeitar as garantias
fundamentais, previamente submetendo seu entendimento ao crivo do Poder Judiciário.

Aliás e, por derradeiro, é preciso ressaltar que a irreversibilidade, na hipótese,


manifesta-se ao reverso: o indeferimento da medida pode fazer com que a prova da materialidade
dos crimes investigados se perca pelo desaparecimento de seus indícios. Por outro lado, acaso nada
de ilícito seja encontrado no local, os presentes no local sofrerão um inconveniente suportável,
especialmente quando a razoabilidade indicar que a medida é essencial ao atendimento do interesse
público, em resguardo aos direitos da sociedade como um todo.

Em que pese o respeitável entendimento de parcela da jurisprudência, perfilho da


linha segundo a qual “os direitos e garantias individuais e coletivos não podem ser utilizados como
um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas” (Alexandre de Moraes. Direito
constitucional. 19. ed., São Paulo: Atlas, 2006. p. 27), de modo que “a intimidade e a privacidade
das pessoas não constituem direitos absolutos, podendo sofrer restrições” (STF, ARE nº
760372/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 06/09/2013).

É certo que a memória de aparelhos eletrônicos (como celulares, computadores)


permite acesso a um leque de informações pessoais, não tendo havido especificação de quais serão
importantes à autoridade representante. Acontece que, a um, estas informações não serão
divulgadas, apenas verificadas pelos agentes públicos (responsáveis por manter tudo em sigilo); a
dois, é só com o efetivo acesso que se poderá aferir se há algo de importância investigativa. A se
ressaltar que não raro tal pesquisa traz à tona elementos extremamente relevantes boa parte das
tratativas ilícitas atualmente ocorre via Whatsapp e sites de relacionamento (como o Facebook),
isso sem contar as vezes em que criminosos gravam ou fotografam confissões ou mesmo o próprio
cometimento do delito. Tenho que é razoável o requerimento.
fls. 211

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Conforme a jurisprudência: ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos


aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumpre
o seu mister e busca colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade
do delito (art. 6º CPP) (STF, HC nº 91.867). Por sinal, a cautela policial em requerer autorização é
louvável, tendo em vista que o STJ já decidiu que, sem prévia autorização judicial, são nulas as

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provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no Whatsapp
presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido
no momento da prisão em flagrante (STJ, RHC nº 51.531/RO), a despeito de, em sentido contrário,
o Enunciado nº 7 do FONAJUC estabelecer que “o acesso ao conteúdo de todos os dados, dentre
eles, aplicativos e contatos telefônicos, em celular apreendido durante flagrante pela polícia não
precisa de autorização judicial”. E não poderia mesmo ser diferente, pois “a proteção a que se
refere o artigo 5º, inciso XII, da CF/88, é da 'comunicação de dados' e não dos 'dados em si
mesmos', ainda quando armazenados” (STF, RHC 132062/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Edson Fachin,
j. 29/11/2016).

De toda forma, “a obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas


em aparelho de telefone celular ou smartphones não se subordina aos ditames da Lei nº 9.296/96. O
acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone, quando determinada
judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, XII, da CF/88,
considerando que o sigilo a que se refere esse dispositivo constitucional é em relação à
interceptação telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, é da comunicação de dados, e
não dos dados em si mesmos. Assim, se o juiz determinou a busca e apreensão de telefone celular
ou smartphone do investigado, é lícito que as autoridades tenham acesso aos dados armazenados no
aparelho apreendido, especialmente quando a referida decisão tenha expressamente autorizado o
acesso a esse conteúdo” (STJ, 5ª Turma, RHC nº 75.800/PR, Rel. Min. Felix Fischer, j
15/09/2016).

Portanto, razoável, a fim de evitar eventual alegação de nulidade, desde já, a


autorização para quebra do sigilo de dados em geral e, também, telemático e, se o caso, telefônico
de todos os dispositivos apreendidos.

A medida cautelar de sequestro de bens móveis consistentes em contas


fls. 212

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bancárias e aplicações financeiras das pessoas jurídicas Movimento Renovação Liberal


(MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, Amazing Consulting Tecnology Eireli, CNPJ nº
30.670.349/0001-00, Itframing Serviços de TI Ltda, CNPJ nº 25.188.821/0001-24 e Yey
Inteligência Ltda, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, e Mônaco Intelligent Consulting Ltda, CNPJ
nº 08.574.068/0001-96, assim como o pedido de sequestro do capital integralizado das

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referidas pessoas jurídicas comporta deferimento.

Nos mesmos moldes, também comporta deferimento o pedido de sequestro do


capital integralizado das pessoas jurídicas Amazing Consulting Tecnology Eireli, CNPJ nº
30.670.349/0001-00, Itframing Serviços de TI Ltda, CNPJ nº 25.188.821/0001-24 e Yey
Inteligência Ltda, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, e Mônaco Intelligent Consulting Ltda, CNPJ
nº 08.574.068/0001-96.

Ainda, com relação ao Movimento Renovação Liberal (MRL), CNPJ nº


22.779.685/0001-59, tratando-se de associação privada (fls. 69/74 - autos de nº
1001514-54.2019.8.26.0050), determino o sequestro de eventuais cotas dos associados e,
também, de todo o patrimônio da pessoa jurídica.

A medida cautelar de sequestro de bens móveis consistentes em contas


bancárias e aplicações financeiras da pessoa física Alessander Mônaco Ferreira, CPF nº
290.769.298-40, limitada ao valor de R$ 3.657.255,48, também comporta deferimento.

Da mesma forma, comporta deferimento o pedido para sequestro de ativos


financeiros, investimentos a qualquer título, inclusive em criptoativos (bitcoins e outros),
ações e mercados de ações referente às pessoas físicas Mario José Ferreira dos Santos, CPF nº
082.557.398-07, Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, CPF nº 013.209.504-18, Alexandre
Henrique Ferreira dos Santos, CPF nº 382.222.438-37, Renan Antonio Ferreira dos Santos,
CPF nº 329.120.958-32, Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos, CPF nº 345.743.848-08,
Alessander Mônaco Ferreira, CPF nº 290.769.298-40, e Carlos Augusto de Moraes Afonso,
CPF nº 121.026.718-79.

Contudo, a medida supramencionada não comporta deferimento com relação à


pessoa jurídica de CNPJ nº 28.599.636/0001-10, denominada ASSOCIAÇÃO MOVIMENTO
fls. 213

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BRASIL LIVRE (MBL), na medida em que, conforme fundamentação da decisão não se refere ao
ente sem personalidade jurídica MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), este último sim utilizado
por pessoas físicas investigadas nestes autos. Outrossim, haja vista a ausência de CNPJ do ente
despersonalizado, não há como implementar as medidas pleiteadas.

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Com efeito, em cognição sumária, da análise dos elementos informativos colhidos
no presente procedimento cautelar, infere-se haver indícios quanto à prática de lavagem de capitais
por meio das pessoas jurídicas Movimento Renovação Liberal (MRL), CNPJ nº
22.779.685/0001-59, Amazing Consulting Tecnology Eireli, CNPJ nº 30.670.349/0001-00,
Itframing Serviços de TI Ltda, CNPJ nº 25.188.821/0001-24, Yey Inteligência Ltda, CNPJ nº
28.724.932/0001-04 e Mônaco Intelligent Consulting Ltda, CNPJ nº 08.574.068/0001-96.

Os arts. 125 e 132 do Código de Processo Penal preveem o cabimento do sequestro


de bens móveis com proveitos da infração, desde que existentes indícios veementes da
proveniência ilícita dos bens. Trata-se de medida cautelar assecuratória que visa assegurar a
reparação dos danos provocados pelo crime, de modo a compor os prejuízos dele advindos. Além
disso, tem por segunda função, de ordem valorativa, impedir que o agente usufrua as vantagens
ilicitamente obtidas.

Nesse sentido, o art. 4º, caput, e §4º, da Lei nº 9.613/98 prevê que o juiz, de ofício,
a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial, ouvido o
Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal,
poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou
existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes
previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.

No caso, os indícios suficientes da utilização das referidas pessoas jurídicas para


lavagem de capitais restaram amplamente demonstrados no corpo da presente decisão, sendo que a
manutenção dos bens objeto do pedido de sequestro sem constrição permitirá sua livre circulação
ou negociação, podendo envolver terceiros de boa-fé, pessoas futuras e eventualmente prejudicadas
em razão de eventual transação promovida pelos investigados por intermédio das referidas pessoas
jurídicas. E mais, caso os investigados consigam realizar novas transferências ou transformação
dos bens em outros ativos, seu rastreamento se tornará mais difícil, o que prejudicará as
fls. 214

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investigações e a colheita de provas.

Dessa forma, ante a demonstração de que as pessoas jurídicas Movimento


Renovação Liberal (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, Amazing Consulting Tecnology
Eireli, CNPJ nº 30.670.349/0001-00, Itframing Serviços de TI Ltda, CNPJ nº
25.188.821/0001-24 e Yey Inteligência Ltda, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, e Mônaco

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
Intelligent Consulting Ltda, CNPJ nº 08.574.068/0001-96 são utilizadas para a prática de crimes
de lavagem de dinheiro, verifico que resta justificada a medida excepcional pleiteada na tentativa
de atenuar os prejuízos decorrentes dos ilícitos e permitir que a investigação possa ter resultados
úteis no futuro.

Conforme consignado na fundamentação da decisão também há forte indícios da


prática de crime de lavagem de dinheiro por Alessander Monaco Ferreira, CPF nº 290.769.298-40,
sendo que a limitação do valor do sequestro à importância de R$ 3.657.255,48 se justifica pelas
seguintes informações apuradas com base no trabalho descrito na Informação Técnica da Receita
Federal: “Por tal metodologia foi possível constatar que as contas bancárias de Alessander
receberam, em média, R$ 94.993,57 mensais ao longo do período analisado (janeiro de 2016 a
junho de 2019), totalizando R$ 4.559.691,35 em créditos oriundos de fontes externas. Nesse
mesmo período Alessander declarou auferir rendimentos de no total de R$ 902.435,871. Assim,
conforme elementos coletados na declaração e-financeira, há elementos indicativos de
movimentação financeira incompatível de R$ 3.657.255,48.” (fls. 46/47). Destaco que mesmo
feitas todas as ponderações pelo corpo técnico da Receita Federal do Brasil, consignou-se na
informação fiscal que “(...) em fiscalização de MFI (Movimentação Financeira Incompatível) teria
um VEL (Valor Estimado de Lançamento) de R$ 402.298,10” (fls. 47).

De outro giro, restou amplamente demonstrado na fundamentação da decisão os


indícios da prática de crimes de lavagem de dinheiro com relação às pessoas físicas Mario José
Ferreira dos Santos, Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, Alexandre Henrique Ferreira dos
Santos, Renan Antonio Ferreira dos Santos, Stephanie Liporacci Ferreira dos Santos,
Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso.

Outrossim, na decisão restou consignado o envolvimento dos representados


Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, Renan Antonio Ferreira dos Santos, Stephanie
Liporacci Ferreira dos Santos, Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes
fls. 215

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Afonso no ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) que utiliza a pessoa
jurídica Movimento Renovação Liberal (MRL), que também apresentou indícios de que seja
utilizado para manobras de lavagem de dinheiro, para captar recursos por meio das mais variadas
formas de doações, com fortes suspeitas acerca da origem lícita dos recursos, inclusive, por meio
de criptomoedas.

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Também restaram fortes indícios de que os membros da família Ferreira dos
Santos, Mario José Ferreira dos Santos, Sueli Liporacci Ferreira dos Santos, Alexandre
Henrique Ferreira dos Santos, Renan Antonio Ferreira dos Santos, Stephanie Liporacci
Ferreira dos Santos, utilizam diversas pessoas jurídicas para ocultação de patrimônio e
dissimulação da origem de recursos, com destaque para as diversas movimentações financeiras, na
qualidade de procuradores, relacionadas à pessoa jurídica Angry Cock Enterprise Administradora
De Bens Ltda, pessoa jurídica administrada por uma funcionária do MOVIMENTO RENOVAÇÃO
LIBERAL (MRL), cujo nome é Rosalina Maia de Souza.

Veja-se que a Lei nº 9.613/1998 é clara no sentido de que “para a decretação do


sequestro de bens não é necessária a certeza da proveniência ilícita dos bens, direitos ou valores,
bastando 'indícios suficientes' (...). Isso nada mais é do que um juízo de probabilidade sobre a
ilicitude do bem que, como em toda e qualquer medida cautelar, contenta-se com a presença do
fumus boni iuris não se exigindo a certeza do ius” (Gustavo Henrique Badaró e Pierpaolo Cruz
Bottini, “Lavagem de Dinheiro”, Aspectos Penais e Processuais Penais, Edit. RT, p. 289 e 299).

Importante frisar que as garantias individuais não podem servir de amparo a


práticas criminosas. Sobre o tema, leciona André Ramos Tavares:

“Não existe nenhum direito humano consagrado pelas Constituições que se possa
considerar absoluto, no sentido de sempre valer como máxima a ser aplicada nos casos concretos,
independentemente da consideração de outras circunstâncias ou valores constitucionais. Nesse
sentido, é correto afirmar que os direitos fundamentais não são absolutos. Existe uma ampla gama
de hipóteses que acabam por restringir o alcance absoluto dos direitos fundamentais. Assim, tem-
se de considerar que os direitos humanos consagrados e assegurados: 1º) não podem servir de
escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas; 2º) não servem para respaldar
fls. 216

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1ª VARA DE CRIMES TRIBUTÁRIOS, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
E LAVAGEM DE BENS E VALORES DA CAPITAL
Avenida Doutor Abraao Ribeiro, Bom Retiro - CEP 01133-020, Fone: .,
São Paulo-SP - E-mail: sp1crimetrib@tjsp.jus.br

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1004888-44.2020.8.26.0050 e código A34C729.
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

irresponsabilidade civil; 3º) não podem anular os demais direitos igualmente consagrados pela
Constituição; 4º) não podem anular igual direito das demais pessoas, devendo ser aplicados
harmonicamente no âmbito material. Aplica-se, aqui, a máxima da cedência recíproca ou da
relatividade, também chamada 'princípio da convivência das liberdades', quando aplicada a
máxima ao campo dos direitos fundamentais.” (TAVARES, André Ramos. Curso de Direito

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
Constitucional, p. 528. São Paulo: Saraiva 2010).

Assim, muito embora o bloqueio de valores seja medida excepcional, sobretudo


quando decretado inaudita altera parte, certo é que ele se mostra imprescindível na hipótese em
apreço.

Deste modo, ficou evidenciado nos autos que há verossimilhança nas alegações na
representação do Ministério Público, amparada por robusta Informação Fiscal produzida pela
Receita Federal e demais elementos de prova juntados aos autos, reunindo indícios suficientes da
prática do crime de lavagem de dinheiro.

O pedido de decretação das prisões temporárias de Alessander Mônaco


Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (Pseudônimo “Luciano Ayan”) também
comporta deferimento.

Com efeito, a decretação da prisão temporária depende do cumprimento conjugado


de ao menos dois requisitos constantes no art. 1º da Lei nº 7.960/1989: (a) a imprescindibilidade
para as investigações do inquérito policial (inciso I), o fato de o indicado não possuir residência
fixa, ou ainda não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (inciso II); e
(b) a suposta ocorrência de um dos crimes descritos no rol taxativo (inciso III).

Tais pressupostos encontram-se perfeitamente preenchidos na hipótese em apreço.


Digo isso porque, já nesta fase indiciária, há fortes elementos ligando os representados Alessander
Mônaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (Pseudônimo “Luciano Ayan”) à prática
do crime de associação criminosa para reiterada prática de crimes de lavagem de dinheiro (art. 1º,
III, "l", da Lei nº 7.960/1989), conforme já exposto na fundamentação da presente decisão.

A representação formulada comporta acolhimento, em vista dos relevantes


argumentos aduzidos pelo Ministério Público dos elementos informativos reunidos nos autos.
fls. 217

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Importante frisar que a finalidade da chamada prisão temporária é sua utilidade


para as investigações.

No caso, assiste razão ao Ministério Público quando afirmou que a prisão é


imprescindível e necessária para a continuidade das investigações, visando a possibilitar a

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individualização das condutas dos integrantes da suposta associação criminosa, a apreensão de
objetos relacionados aos crimes sob investigação, bem como para interrogatório e formal
indiciamento dos investigados, além de outras diligências pertinentes ao caso, sendo que, caso
permaneçam em liberdade no curso do cumprimento das demais medidas cautelares a serem
implementadas, poderão destruir provas ou inserir dados falsos, valendo-se do conhecimento e do
aparato informacional-tecnológico de que dispõem, tendo em vista serem profissionais atuantes na
área de informações, especificamente relacionada a meios digitais, sendo a prisão temporária
necessária também para esclarecimento cabal das circunstâncias do crime. Ocorre, assim, o
preenchimento da condição prevista no inciso I do art. 1º da Lei nº 7.960/89.

Por outro lado, há fundadas razões, de acordo com as provas admitidas na


legislação penal, da autoria dos representados no mencionado delito de associação criminosa para
reiterada prática de crimes de lavagem de dinheiro, haja vista os elementos coligidos na
representação do Ministério Público e na Informação Fiscal da Receita Federal, conforme acima
explicitado.

Registre-se que o crime imputado aos representados se encontra no rol relacionado


no inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89, a saber, na alínea “l”.

Frise-se não ser necessário que as condições dos três incisos do art. 1º da Lei nº
7.960/89 coexistam, bastando assim que a medida seja imprescindível para as investigações e haja
fundadas razões da prática de um dos delitos constantes do rol taxativo, como ocorre no caso
concreto, não sendo preciso que também se demonstre que não tem o investigado residência fixa
ou não forneça elementos de identificação pessoal (nesse sentido: ADA PELEGINI GRINOVER,
Constitucionalidade da Prisão Temporária, Cadernos de Doutrina e Jurisprudência da Associação
Paulista do MP, São Paulo, 1993, 27/49).
fls. 218

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Consigno que todas as medidas cautelares acima são deferidas inaudita altera
parte, ante a caracterização do risco de ineficácia, caso haja prévia abertura do contraditório, na
medida em que poderão suprimir eventuais elementos de prova que poderão ser obtidos quando do
cumprimento dos mandados de busca e apreensão, dilapidar o patrimônio objeto de pedido de
sequestro, além do risco de fuga com relação a notícia de eventual possibilidade de decretação da

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prisão temporária, estando plenamente justificado o deferimento das medidas sem prévia
manifestação dos representados, nos termos do art. 282, § 3º, do Código de Processo Penal.

De se ressaltar que, no caso, não haverá prejuízo ao contraditório, na medida em


que apenas será diferido, sendo que oportunamente será concedido o direito de manifestação dos
representados, bem como o acesso aos autos, após a conclusão e documentação das diligências
deferidas, em respeito ao disposto no artigo 7º, § 11º, da Lei nº 8.906/94 e da Súmula Vinculante nº
14 do Supremo Tribunal Federal.

O pedido de suspensão cautelar de todas as atividades de natureza econômicas


e financeiras das empresas (proibição de receber doações ou transferências bancárias de
qualquer natureza) das pessoas jurídicas Movimento Renovação Liberal (MRL), Amazing
Consulting Tecnology, Mônaco Intelligent Consulting Ltda, Itframing Serviços DC TI Ltda e
Yey Inteligência Lida, bem como do ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre
(MBL), por ora, não comporta deferimento.

Com base nos elementos coletados até o presente momento da investigação, a


medida cautelar de suspensão das atividades de natureza econômica e financeira das pessoas
jurídicas Movimento Renovação Liberal (MRL), Amazing Consulting Tecnology, Mônaco
Intelligent Consulting Ltda, Itframing Serviços DC TI Ltda e Yey Inteligência Ltda e do ente
sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) mostra-se prematura.

Com efeito, as referidas medidas pleiteadas pela d. Promotoria têm aptidão para
interferir na esfera de liberdade individual e no patrimônio de terceiros que não figuram como
investigados no Procedimento Investigatório Criminal instaurado, sobretudo no que tange à
suspensão das atividades de Movimento Renovação Liberal (MRL), Movimento Brasil Livre
(MBL), Mônaco Intelligent Consulting Ltda e Yey Inteligência Ltda.

No que diz respeito ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ao Movimento


Renovação Liberal (MRL), em que pese a ausência de formalização do primeiro ente, bem como
fls. 219

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a existência de indícios de confusão patrimonial entre o referido ente sem personalidade jurídica e
o Movimento Renovação Liberal (MRL),os documentos juntados aos autos da presente medida
cautelar e nos autos de nº 1001514-54.2019.8.26.0050 dão conta da existência de outros associados
aos referidos movimentos que, aparentemente, não têm conhecimento dos indícios de prática de
lavagem de dinheiro, desempenhando atividades lícitas dentro dos respectivos entes, sobretudo, de

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natureza política (fls. 03/04).

Já quanto a Mônaco Intelligent Consulting Ltda e a Yey Inteligência Ltda, há,


ao menos, formalmente notícia de que sócios não investigados façam parte das referidas empresas.

Com relação a Mônaco Intelligent Consulting Ltda, conforme se extrai das


informações que constam na representação do Ministério Público, trata-se de pessoa jurídica que
tem como sócio terceiro não investigado, no caso, Guilherme Mônaco Ferreira (fls. 14), a Yey
Inteligência Ltda, por sua vez, de acordo com informação contida na representação, tem como
sócio Pedro Augusto Ferreira Deiro, pessoa que também não é investigada no referido PIC,
havendo, inclusive, informação acerca de distrato social ocorrido em 20 de agosto de 2018 (fls.
18), havendo, portanto, indícios de que sequer esteja operando.

Outrossim, com base nos elementos coletados nesta fase da investigação, não se
mostrou caracterizada a necessidade da medida cautelar pleiteada de suspensão de todas das
atividades econômicas e financeiras dos representados, na medida em que, conforme a
fundamentação da presente decisão, os indícios de lavagem de dinheiro com relação às pessoas
jurídicas se dão, sobretudo, por meio de transferências bancárias e operações com uso de cartões de
crédito cujos valores têm fundados indícios de origem ilícita, ante a dissonância entre as
movimentações realizadas e as declarações de imposto de renda realizadas, bem como as suspeitas
com relação às doações realizadas, por conseguinte, as medidas cautelares de sequestro e bloqueio
dos bens, valores e direitos supramencionados, por ora, mostram-se suficientes para cessar
eventuais crimes de lavagem de dinheiro que estejam sendo praticados pelos investigados por meio
das pessoas jurídicas e do ente sem personalidade alvos da representação, bem como assegurar a
reparação do dano decorrente da prática do crime de lavagem de dinheiro e crimes antecedentes,
bem como pagamento de prestação pecuniária, multa e custas, em atenção ao disposto no art. 4º, §
4º, da Lei nº 9.613/98.

Destarte, conforme assevera Gustavo Henrique Badaró, “quanto às medidas


fls. 220

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assecuratórias decretáveis em relação aos processos que tenham por objeto a lavagem de
dinheiro, é importante analisar qual será a repercussão que eventual sentença penal condenatória
terá, seja em termos de ressarcimento do dano causado pelo delito, seja, principalmente, em
termos de imposição da perda do produto ou proveito do delito”. Ocorre que, o deferimento da
suspensão das atividades econômicas e financeiras como pleiteado pelo Ministério Público, neste

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momento das investigações, vai de encontro a esta finalidade, tendo em vista que acarretaria
prejuízo irreversível às pessoas jurídicas afetadas, impossibilitando eventual reparação do dano.

Nesse sentido, por ora, não demonstrada a insuficiência das medidas cautelares já
deferidas para o fim de evitar a prática de infrações penais (art. 282, I, do Código de Processo
Penal), ainda, a cautelar de suspensão das atividades econômicas e financeiras não demonstrou ser
necessária para a investigação, nem para eventual instrução criminal ou aplicação da lei penal (art.
282, I, do Código de Processo Penal).

Não se olvida que a jurisprudência reconhece a possibilidade de aplicação da


medida cautelar de suspensão das atividades de natureza econômica ou financeira quando houver
justo receio da sua utilização para a prática de infrações penais. Todavia, nas hipóteses em que tais
medidas foram deferidas as demais medidas cautelares menos gravosas não se mostraram
suficientes, como no caso posto de combustível que comercializava produto de delitos
patrimoniais, em que o sequestro e o bloqueio de bens não eram suficientes para impedir a prática
da continuidade dos ilícitos. Ainda, de ressaltar que tal medida foi deferida em fase mais avançada,
sendo que os precedentes colacionados dão conta do deferimento das medidas na fase processual,
quando já caracterizados maiores indícios da utilização da pessoa jurídica como instrumento do
crime. Nesse sentido:

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA CAUTELAR


DE SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DE POSTO DE COMBUSTÍVEIS.
PROPRIETÁRIO DENUNCIADO COMO MENTOR DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
DEDICADA AO ROUBO DE COMBUSTÍVEIS. FORTES INDÍCIOS DE
UTILIZAÇÃO DO POSTO PARA VENDA DE PARTE DO COMBUSTÍVEL
ROUBADO E LAVAGEM DE DINHEIRO. INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA NA
DECISÃO JUDICIAL APONTADA COMO COATORA. RECURSO IMPROVIDO.”
(STJ, Quinta Turma, RMS nº 60818/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Data
do Julgamento: 20.08.2019, DJe: 02.09.2019)
fls. 221

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“RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RESTITUIÇÃO DE COISAS


APREENDIDAS. VIA INADEQUADA. SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
ECONÔMICA E INTERDIÇÃO DA EMPRESA. VIOLAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E
CERTO DA PESSOA JURÍDICA. INEXISTÊNCIA. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. É firme a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido da

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impossibilidade de se impetrar mandado de segurança em hipóteses em que há recurso
próprio, previsto na legislação processual, apto a resguardar a pretensão do impetrante,
tal como na espécie. 2. Não há direito líquido e certo a ser amparado, uma vez que a
autoridade apontada como coatora demonstra a existência de fortes indícios de que a
empresa ora recorrente tem sido utilizada para a prática de crimes em apuração na ação
penal, ressaltando, inclusive, a necessidade da manutenção das medidas cautelares,
conclusão a que também chegou o órgão ministerial. Assim, não se vislumbra ilegalidade
ou abuso de poder no decisum atacado. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.”
(STJ, Sexta Turma, AgRg no RMS nº 49691/SP, Relª. Minª. Maria Thereza de Assis
Moura, Data do Julgamento: 17.12.2015, DJe: 02.02.2016).

No mais, o cenário econômico nacional exige a preservação de empregos e a


viabilização de exercício de atividades laborativas lícitas, de tal forma, que a medida cautelar mais
drástica a ser aplicada com relação às pessoas jurídicas, consistente na suspensão cautelar do
exercício de suas atividades econômicas e financeiras, deve ser aplicada apenas quando houver
indícios suficientes de que as pessoas jurídicas sejam utilizadas exclusivamente para a prática de
ilícitos, bem como quando demonstrado que as demais medidas cautelares são insuficientes para
impedir a utilização das pessoas jurídicas como instrumento de crime.

Assim, compulsando o feito, verifico que a medida de suspensão cautelar do


exercício de suas atividades econômicas e financeiras se apresenta extremamente gravosa,
enquanto há outras medidas menos gravosas e adequadas que podem ser e foram requeridas pelo
Parquet com a finalidade de, em tese, se evitar a prática dos delitos imputados, que ainda estão em
fase de investigação.

Ainda, os julgados acima citados dão conta de que a suspensão cautelar do


exercício das atividades econômicas e financeiras da pessoa jurídica deve ser deferida quando
houver indícios mais robustos da utilização como instrumento de crime, haja vista que deferidas na
fase de instrução.

Convém, ainda, mencionar, sem se olvidar dos indícios já apurados acerca do


fls. 222

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“alaranjamento” das pessoas jurídicas, que a suspensão das atividades nas empresas elencadas na
representação implica, caso tenham ao menos parte de atividades lícitas, em perdas de receitas que
poderão culminar no encerramento das atividades destas, configurando desde logo, em verdade,
imposição de sanção aos acusados, sem que haja o devido processo legal, o que não é possível,
ainda, prejuízo a terceiros que sequer figuram como investigados.

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Por fim, neste momento, haja vista a complexidade dos fatos apurados, ainda não é
possível aferir por quanto tempo perdurará a investigação, bem como se serão necessárias outras
medidas cautelares antes de eventual oferecimento de denúncia, nem mesmo se haverá alguma,
havendo ainda possibilidade de que se apure a inexistência de justa apta a embasa o oferecimento
de exordial acusatória, não podendo a suspensão das atividades econômicas e financeiras das
pessoas jurídicas, de grande repercussão na esfera patrimonial perdurar sem perspectiva de
oferecimento de denúncia

Pelo exposto, tendo em vista que, com base nos elementos juntados até o
momento, há demonstração de que as medidas cautelares menos gravosas já deferidas são eficazes
para impedir a continuidade de eventual prática de crimes de lavagem de dinheiro, bem como
assegurar eventual ressarcimento do dano, por ora, INDEFIRO o pedido de suspensão cautelar de
todas as atividades de natureza econômicas e financeiras (proibição de receber doações ou
transferências bancárias de qualquer natureza) das pessoas jurídicas Movimento Renovação
Liberal (MRL), Amazing Consulting Tecnology, Mônaco Intelligent Consulting Ltda,
Itframing Serviços DC TI Ltda e Yey Inteligência Lida, bem como do ente sem personalidade
jurídica Movimento Brasil Livre (MBL).

DISPOSITIVO

1. Ante o exposto, com fundamento no art. 240, §1º, alíneas "b", "d", "e", "f" e "h"
do Código de Processo Penal, DEFIRO, em parte, as medidas cautelares pleiteadas pelo
Ministério Público e, por conseguinte:

1.1) DECRETO o sigilo nestes autos, ante a existência de informações protegidas


pelos sigilos fiscal e bancário.
fls. 223

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1.2) AUTORIZO a busca e apreensão de eventuais documentos relacionados aos


fatos, tais como recibos, agendas, ordens de pagamento, documentos (eletrônicos ou não)
relacionados à manutenção e movimentação de contas bancárias no Brasil e no exterior, em nome
próprio ou de terceiros, contratos e notas fiscais referentes ao MBL/MRL, doações via superchats e
outras atividades suspeitas, arquivos eletrônicos de qualquer espécie, bem como seus respectivos

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suportes físicos, tais como HDs, laptops, notebooks, pendrives, CDs, DVDs, smartphones,
telefones móveis, agendas eletrônicas, quando houver suspeita de que contenham material
probatório relevante, ficando desde já autorizado o acesso a todos o conteúdo dos aparelhos,
incluindo acesso a quaisquer aplicativos de mensagens e comunicações telefônicas e telemáticas,
bem como conteúdo armazenado em nuvens, valores em espécie em moeda estrangeira ou em reais
de valor igual ou superior a R$ 5.000,00, em que não seja apresentada prova documental cabal de
sua origem lícita, objetos relacionados aos fatos, especialmente bens de luxo que suscitem suspeita
de constituírem produto de lavagem de dinheiro, tais como veículos (em nomes dos alvos ou de
terceiros, mas que estejam em posse dos investigados), joias, relógios, obras de arte, dentre outros,
com fundamento no art. 240, §1º, alíneas “b”, “d”, “e”, “f” e “h” do Código de Processo Penal, nos
endereços mencionados a seguir, referentes às sedes das pessoas jurídicas relacionadas aos
investigados e ao ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre (MBL) abaixo descritos,
expedindo-se mandados, com prazo de validade de 20 (vintes) dias, colhendo-se o CUMPRA-SE
da Autoridade competente para os endereços de fora da Comarca:

A - MOVIMENTO BRASIL LIVRE (MBL), ente sem personalidade jurídica,


situado na Rua da União, nº. 137, Complemento B, Vila Mariana, São Paulo/SP, CEP 04107-010,
sede também da NCE SERVIÇOS FILMAGENS, CNPJ 19.154.926/0001-60 (fls. 128/129 - autos
de nº 1001514-54.2019.8.26.0050);

B - MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), CNPJ nº


22.779.685/0001-59, situado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nº. 487, Conjunto 71, Bela
Vista, São Paulo/SP;

C - NORDTECH METALÚRGICA LTDA e/ou YEY INTELIGÊNCIA


LTDA, , CNPJ nº 28.724.932/0001-04, situado na Rua Conselheiro Crispiniano, nº 139, cj 134
e/ou 13º andar, st 1, República, São Paulo/SP;

D - AMAZING CONSULTING TECNOLOGY EIRELI, CNPJ nº


fls. 224

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30.670.349/0001-00, situado na Rua Antonio Carlos, nº 106, aptº. 121, São Paulo/SP;

E - MÔNACO INTELLIGENT CONSULTING LTDA, CNPJ nº


08.574.068/0001-96, situado na Avenida São Lourenço, nº 432, Jd. São Lourenço, Bragança
Paulista/SP,

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F - INVICTUS TI PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE DADOS LTDA,
10.843.115/0001-00, e ITFRAMING SERVIÇOS DE TI LTDA, CNPJ nº 25.188.821/0001-24,
situadas na Rua Joaquim Guarani, nº 575, aptº 82, Jardim das Acácias, São Paulo/SP;

1.3) Deverão os agentes responsáveis pelo cumprimento observar com rigor as


formalidades e as garantias previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Penal, de
tudo lavrando termo circunstanciado a ser apresentado em Juízo. As ordens deverão ser cumpridas
durante o dia, salvo se o morador consentir que se realize à noite. Se o morador estiver ausente ou
oferecer resistência, PROCEDA-SE na forma do artigo 245 do Código de Processo Penal.

1.4) Outrossim, DEFIRO a quebra do sigilo de dados telemáticos e telefônicos e


demais dados em geral e, por isso, AUTORIZO a pesquisa, realização de perícia técnica e
extração para que se tenha acesso a dados, arquivos eletrônicos e mensagens eletrônicas
armazenadas em computadores ou dispositivos eletrônicos de qualquer natureza, inclusive com
acesso a dados criptografados que constem em smartphones, tablets, computadores, HDs e que
forem encontrados e, se for necessário, proceda-se à apreensão e/ou acesso, nos termos acima, de
dispositivos de bancos de dados (incluindo nuvens e aplicativos de trocas de mensagens), bancos
de dados, vedado a acesso, sem consentimento ou mediante nova autorização judicial, a dados
supervenientes (interceptação telemática). Nesse sentido: STF, HC nº 91.867 e Enunciado nº 7
do FONAJUC.

1.5) AUTORIZO o acompanhamento das diligências de busca e apreensão por


servidores do Ministério Público do Estado de São Paulo, Policiais Civis e Auditores-fiscais e/ou
técnicos da Receita Federal do Brasil. Desde já, autorizo o compartilhamento do material
apreendido, devendo o uso ser limitado aos estritos interesses da presente investigação.

1.6) Com a vinda do relatório detalhado do ocorrido, que deverá ser remetido pelo
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Avenida Doutor Abraao Ribeiro, Bom Retiro - CEP 01133-020, Fone: .,
São Paulo-SP - E-mail: sp1crimetrib@tjsp.jus.br

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1004888-44.2020.8.26.0050 e código A34C729.
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Ministério Público em 30 dias do cumprimento da diligência, ou com o vencimento do prazo,


ABRA-SE nova vista dos autos ao Ministério Público;

Expeçam-se os mandados, nos termos da decisão, colhendo-se o CUMPRA-SE da


Autoridade competente para eventuais endereços de fora da Comarca.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
2) Ainda, vislumbrando a presença do “periculum in mora” e do “fumus boni
iuris”, com fundamento no art. 4º da Lei nº 9.613/98, e no art. 125 e 132, ambos do Código de
Processo Penal, DEFIRO o pedido de de sequestro de bens móveis consistentes em contas
bancárias e aplicações financeiras das pessoas jurídicas MOVIMENTO RENOVAÇÃO
LIBERAL (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, AMAZING CONSULTING TECNOLOGY
EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00, ITFRAMING SERVIÇOS DE TI LTDA, CNPJ nº
25.188.821/0001-24 e YEY INTELIGÊNCIA LTDA, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, MÔNACO
INTELLIGENT CONSULTING LTDA, CNPJ nº 08.574.068/0001-96.

Pelos mesmos fundamentos, DEFIRO o pedido de de sequestro de bens móveis


consistentes em contas bancárias e aplicações financeiras da pessoa física Alessander Monaco
Ferreira, CPF nº 290.769.298-40, limitada ao valor de R$ 3.657.255,48.

Nos mesmos moldes, também comporta deferimento o pedido de sequestro do


capital integralizado das pessoas jurídicas AMAZING CONSULTING TECNOLOGY
EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00, ITFRAMING SERVIÇOS DE TI LTDA, CNPJ nº
25.188.821/0001-24, YEY INTELIGÊNCIA LTDA, CNPJ nº 28.724.932/0001-04 e MÔNACO
INTELLIGENT CONSULTING LTDA, CNPJ nº 08.574.068/0001-96.

Ainda, com relação ao MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL),


CNPJ nº 22.779.685/0001-59, tratando-se de associação privada (fls. 69/74 - autos de nº
1001514-54.2019.8.26.0050), determino o sequestro de eventuais cotas dos associados e,
também, de todo o patrimônio da pessoa jurídica.

Também comporta deferimento o pedido para sequestro de ativos financeiros,


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Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

investimentos a qualquer título, inclusive em criptoativos (bitcoins e outros), ações e


mercados de ações referente às pessoas físicas MARIO JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS,
CPF Nº 082.557.398-07, SUELI LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº
013.209.504-18, ALEXANDRE HENRIQUE FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº
382.222.438-37, RENAN ANTONIO FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 329.120.958-32,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
STEPHANIE LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 345.743.848-08,
ALESSANDER MÔNACO FERREIRA, CPF Nº 290.769.298-40, E CARLOS AUGUSTO DE
MORAES AFONSO, CPF Nº 121.026.718-79.

Providencie a z. Serventia o necessário para a efetivação do bloqueio de todas as


contas bancárias e aplicações financeira dos representados MOVIMENTO RENOVAÇÃO
LIBERAL (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, AMAZING CONSULTING TECNOLOGY
EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00, ITFRAMING SERVIÇOS DE TI LTDA, CNPJ nº
25.188.821/0001-24 e YEY INTELIGÊNCIA LTDA, CNPJ Nº 28.724.932/0001-04, MÔNACO
INTELLIGENT CONSULTING LTDA, CNPJ Nº 08.574.068/0001-96, MARIO JOSÉ
FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 082.557.398-07, SUELI LIPORACCI FERREIRA DOS
SANTOS, CPF Nº 013.209.504-18, ALEXANDRE HENRIQUE FERREIRA DOS SANTOS,
CPF Nº 382.222.438-37, RENAN ANTONIO FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº
329.120.958-32, STEPHANIE LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº
345.743.848-08, ALESSANDER MÔNACO FERREIRA, CPF Nº 290.769.298-40, E CARLOS
AUGUSTO DE MORAES AFONSO, CPF Nº 121.026.718-79, via BACENJUD, nos estritos
termos da presente decisão.

Oficie-se à JUCESP para registro do bloqueio do capital integralizado das pessoas


jurídicas AMAZING CONSULTING TECNOLOGY EIRELI, CNPJ nº 30.670.349/0001-00,
ITFRAMING SERVIÇOS DE TI LTDA, CNPJ nº 25.188.821/0001-24 e YEY INTELIGÊNCIA
LTDA, CNPJ nº 28.724.932/0001-04, MÔNACO INTELLIGENT CONSULTING LTDA, CNPJ nº
08.574.068/0001-96.

Oficie-se ao 8º Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa


Jurídica da Comarca de São Paulo - SP para que averbe no Registro Civil de Pessoa Jurídica do
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Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59, o bloqueio de


eventuais cotas de todos os associados e, também, de todo o patrimônio da pessoa jurídica.

Autorizo o Ministério Público a implementar diretamente perante qualquer


Exchange, Corretora ou empresa do gênero a ordem de bloqueio dos criptoativos (bitcoins e

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
outros) das pessoas físicas MARIO JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 082.557.398-07,
SUELI LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 013.209.504-18, ALEXANDRE
HENRIQUE FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 382.222.438-37, RENAN ANTONIO
FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 329.120.958-32, STEPHANIE LIPORACCI FERREIRA
DOS SANTOS, CPF Nº 345.743.848-08, ALESSANDER MONACO FERREIRA, CPF Nº
290.769.298-40, E CARLOS AUGUSTO DE MORAES AFONSO, CPF Nº 121.026.718-79 e,
também, do MOVIMENTO RENOVAÇÃO LIBERAL (MRL), CNPJ nº 22.779.685/0001-59,
haja vista ser o destinatário das doações pedidas em nome do MOVIMENTO BRASIL
LIVRE (MBL), estando tal determinação em consonância com a determinação de bloqueio de
todos os bens da referida pessoa jurídica.

Oficie-se à B3 S.A. - BRASIL, BOLSA, BALCÃO, CNPJ nº 09.346.601/0001-25,


para que providencie junto a todas autorizadas o bloqueio de transferência de todas as ações
relacionadas a MARIO JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 082.557.398-07, SUELI
LIPORACCI FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 013.209.504-18, ALEXANDRE
HENRIQUE FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 382.222.438-37, RENAN ANTONIO
FERREIRA DOS SANTOS, CPF Nº 329.120.958-32, STEPHANIE LIPORACCI FERREIRA
DOS SANTOS, CPF Nº 345.743.848-08, ALESSANDER MONACO FERREIRA, CPF Nº
290.769.298-40, E CARLOS AUGUSTO DE MORAES AFONSO, CPF Nº 121.026.718-79.

Por ora, INDEFIRO o pedido para liquidação e conversão em moeda fiduciária,


ou por meio da transferência imediata das quantias que porventura vierem a ser descobertas, em
carteira de investimentos em criptoativos ou ações à disposição deste Juízo de Direito, na medida
em que a alienação antecipada de bens, prevista no artigo 144-A, caput, do Código de Processo
Penal e no artigo 4º-A, caput da Lei nº 9.613/98 tem como escopo impedir a deterioração ou
depreciação do bem, não havendo qualquer indício mínimo de que a manutenção dos ativos, que
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venha eventualmente a ser bloqueados, sob a custódia de Exchange, Corretora ou empresa do


gênero traga risco de depreciação do referido patrimônio, sem prejuízo de futura reanálise do
pedido após a implementação das medidas.

INDEFIRO o pedido de início de contagem do prazo de validade dos mandados a

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCO ANTONIO MARTIN VARGAS, liberado nos autos em 26/06/2020 às 17:20 .
partir do reinício das atividades presenciais pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, haja
vista que previsto para mais de um mês, havendo, ainda, possibilidade de revisão, sendo que tal
demora para implementação foge da ratio de urgência no cumprimento, inerente ao deferimento de
medidas cautelares.

3) Diante do exposto, na esteira da representação do Ministério Público, DEFIRO


o pedido e DECRETO a prisão temporária de ALESSANDER MÔNACO FERREIRA e
CARLOS AUGUSTO DE MORAES AFONSO (PSEUDÔNIMO “LUCIANO AYAN”),
qualificados nos autos, por cinco dias, com fundamento no art. 1º, incisos I e III, “l”, e no art. 2º,
caput, ambos da Lei nº 7.960/89.

Nos termos do art. 2º, §4º da mencionada Lei, expeçam-se mandados de prisão,
entregando-se cópias aos averiguados como nota de culpa.

Anote-se no mandado de prisão que o preso temporário, a quem a Autoridade


Policial informará os direitos constitucionais, de acordo com o art. 2º, §6º da já citada Lei, deverá
permanecer obrigatoriamente separado dos demais detentos, segundo o art. 3º desta Lei, bem como
que, decorrido o prazo de prisão temporária, deverá ser imediatamente colocado em liberdade,
conforme estabelece o art. 2º, §7º da Lei nº 7.960/89.

Por fim, os presos deverão ser submetidos a exame de corpo de delito no início e
término do prazo.

4) Por ora, INDEFIRO o pedido de suspensão cautelar de todas as atividades de


naturezas econômicas e/ou financeiras das empresas (proibição de receber doações ou
transferências bancárias de qualquer natureza) das pessoas jurídicas MOVIMENTO
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INTELLIGENT CONSULTING LTDA, ITFRAMING SERVIÇOS DC TI LTDA E YEY
INTELIGÊNCIA LIDA, bem como do ente sem personalidade jurídica Movimento Brasil Livre,
por ora, não comporta deferimento.

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5) Por ora, também, INDEFIRO a aplicação da medida cautelar prevista no art.
319, VI, do Código de Processo Penal, com relação aos representados MOVIMENTO
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INTELLIGENT CONSULTING LTDA, ITFRAMING SERVIÇOS DC TI LTDA E YEY
INTELIGÊNCIA LIDA, e ao ente sem personalidade jurídica MOVIMENTO BRASIL LIVRE
(MBL).

6) DEFIRO o pedido para que as medidas de sequestro de bens/valores, itens


II, III e IV da representação, sejam efetivadas (expedição de ofícios e ordens judiciais)
justamente e somente na mesma data a ser marcada a operação de buscas e o cumprimento
dos mandados de prisão temporária, com o escopo de evitar prejuízo probatório no contexto
das medidas, devendo o Ministério Público comunicar previamente ao Juízo a data em que
serão realizadas as buscas.

Ciência ao Ministério Público. Expeça-se o necessário.

São Paulo, 26 de junho de 2020.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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