Você está na página 1de 12

ENUNCIADOS SOBRE O ATUAL REGIME DO AGRAVO EM NOSSO ORDENAMENTO

JURÍDICO.

O atual regime do agravo (MARÇO DE 2007), em nosso ordenamento jurídico, recebe,

ao nosso entendimento, a esquematização que a seguir será apresentada em forma de

enunciados.

Em razão das modificações introduzidas no regime do agravo no sistema recursal

elaborado pelo Código de Processo Civil, tendo como limite a Lei n. 11.187, de 19 de outubro

de 2005, em vigor desde 18 de janeiro de 2006, as regras impostas a essa via de

inconformismo,na atualidade, são as que constam nos enunciados que passamos a registrar.

Eles são:

Enunciado 1. O agravo só pode ser interposto para atacar decisões interlocutórias.

Enunciado 2. O agravo, em regra geral, será retido.

Enunciado 3. Só passa a ser admitido agravo por instrumento quando configuradas as

três situações seguintes: a) “quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão

grave e de difícil reparação; b) no caso de inadmissão da apelação: e c) nos casos “relativos

aos efeitos em que a apelação é recebida”.

Enunciado 4. O prazo para interposição do agravo (retido ou por instrumento – este só

nas situações excepcionais acima registradas) é de 10 (dez) dias.

Enunciado 5. O agravo retido continua a não exigir preparo.

Enunciado 6. O agravo de instrumento poderá sujeitar-se a preparo, se a tanto exigir

Lei Estadual (Regimentos de Custas dos Estados) ou Lei Federal (Justiça Federal).

Enunciado 7. O agravo previsto no art. 522 do CPC só é permitido contra as decisões

interlocutórias proferidas no primeiro grau de jurisdição.

Enunciado 8. Decisão interlocutória, conforme definição do art. 162, § 2º, do CPC, é o

ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidental.

Enunciado 9. Impossível, em face do conceito de decisão interlocutória fixado pelo art.


162, § 2º, do CPC, agravar qualquer decisão do juiz de primeiro grau após o processo ter se

ultimado, em face de sentença transitado em julgado, salvo na fase de execução.

Enunciado 10. A questão incidental resolvida pelo Juiz de primeiro grau e que pode ser

atacada pelo agravo é a decorrente de controvérsia entre os litigantes, surgida no curso da

causa e causadora de prejuízo a uma das partes.

Enunciado 11. O agravo é inadmitido contra despacho do juiz, este conceituado pelo

art. 162, § 3º, do CPC, bem como contra atos meramente ordinatórios (juntada, vista

obrigatória dos autos e outros ) que devem ser praticados de ofício pelo servidor e revistos

pelo Juiz quando necessários (art. 162, § 4º, do CPC).

Enunciado 12. Não é cabível agravo (retido ou de instrumento) contra decisão

monocrática proferida por Desembargadores Federais e Estaduais.

Enunciado 13. A jurisprudência, conforme pesquisa realizada por Theotônio Negrão

(Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, 37 a. edição, Editora Saraiva), tem

admitido agravo contra as decisões:

- “que fixa em definitivo a remuneração do perito ou do assistente técnico” (art. 33);

- que indefere pedido de assistência (art. 51);

- que reconhece conexão entre duas ações (art. 103);

- que admite ou denega a intervenção de terceiro;

- que, de ofício, reconhece a incompetência (art. 113);

- que defere ou indefere prova;

- que concede prazo em dobro (art. 191);

- que rejeita argüição de nulidade da citação (art. 214);

- que não admite o aditamento da inicial (art. 264);

- que decide sobre o valor da causa (art. 261);

- que concede ou denega a suspensão do processo (art. 265);

- que determina nova avaliação do bem penhorado (art. 683);


- que indefere pedido de extinção do processo (art. 267);

- que homologa desistência de ação contra um dos co-réus (art. 267);

- que nega homologação a transação (art. 269);

- que concede ou denega tutela antecipada (art. 273);

- que repele ou acolhe exceção de incompetência (art. 310);

- que aplica a pena de confissão (art. 343);

- que denega ou defere correção de erro material (art. 463);

- que denega apelação (art. 518);

- que decreta a deserção (art. 514);

- que indefere pedido de relevação da deserção (art. 519);

- que decide incidente de execução;

- que decide exceção de pré-executividade (art. 618);

- que determina a instauração de concurso de credores (art. 712);

- que defere ou indefere pedido de prisão do alimentante (art. 733 § 1º);

- que denega, suspende ou concede medida liminar, tanto em processo cautelar (art.

804), como em ação possessória (art. 928);

- que, em inventário, remete o interessado às vias ordinárias (art. 984), ou inclui ou

exclui herdeiro (art. 1.000);

- que, em processo findo, causa lesão ao direito da parte;

- que anula o processo;

- que repele “in limine” a reconvenção;

- que repele “in limine” a declaratória incidental;

- que exclui co-autor ou co-réu;

- que exclui litisdenunciado (art. 76).

Enunciado 14. O conceito de decisão interlocutória que cause lesão grave e de difícil
reparação à parte litigante, uma das três causas previstas pelo art. 522 para admissibilidade

do agravo de instrumento, é de natureza aberta, imprecisa, devendo o juiz fixá-lo caso a caso.

Enunciado 15. O agravo, na forma retida, só será conhecido pelo Tribunal “a quo”, se

o agravante, por ocasião da apelação, de modo preliminar, requerer.

Enunciado 16. Não será conhecido o agravo retido se a parte, de modo expresso, não

requerer ao tribunal, na ocasião em que apresentou a apelação ou efetuou as contra razões,

sua apreciação.

Enunciado 17. O Juiz pode, no prazo de 10 (dez) dias, após ouvir a parte agravada,

reformar a decisão que foi atacada pelo agravo.

Enunciado 18. A decisão interlocutória proferida na audiência de instrução e

julgamento poderá ser atacada por agravo retido. Este será interposto de forma oral e

imediatamente. As razões sucintas do agravante devem constar no termo de audiência.

Enunciado 19. O agravo de instrumento, quando interposto, será dirigido diretamente

ao tribunal competente, através de petição que deverá conter os seguintes requisitos: a)

exposição do fato e do direito; b) as razões do pedido e de reforma da decisão; c) o nome e o

endereço completo dos advogados, constantes do processo.

Enunciado 20. A petição de agravo de instrumento será instruída: I –

obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das

procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II – facultativamente,

com outras peças que o agravante entender úteis.

Enunciado 21. A petição de agravo de instrumento deve ser acompanhada com o

comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno (preparo), quando

exigidos pelos Regimentos de Custas, conforme tabela que será publicada pelos tribunais.

Enunciado 22. A petição de agravo de instrumento deve ser protocolada no Tribunal,

no prazo do agravo, ou postada no correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda,

interposta por outra forma prevista na lei local (protocolo integrado).

Enunciado 23. O agravante está obrigado, no prazo de 3 (três) dias, a requerer

juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do


comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o

recurso.

Enunciado 24. Se a parte agravante não cumprir a determinação anterior, desde que a

parte agravada comprove e prove perante o Tribunal “a quo”, será o agravo considerado

inadmissível.

Enunciado 25. O agravo de instrumento, após ser protocolado no Tribunal, será

distribuído incontinente ao relator.

Enunciado 26. O relator pode, ao receber o agravo, negar-lhe seguimento,

liminarmente, nos casos do art. 557: “Art. 557. O relator negará seguimento a recurso

manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com

jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal

Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). § 1o-A Se a decisão recorrida

estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo

Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.

(Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). § 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco

dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o

relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá

seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). § 2o Quando manifestamente

inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado

multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer

outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de

17.12.1998)”.

Enunciado 27. Se o relator não indeferir liminarmente o agravo, pode convertê-lo em

agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão e de difícil

reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que

a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa .

Enunciado 28. Pode, ainda, o relator atribuir efeito suspensivo ao recurso, ou deferir,

em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz


sua decisão.

Enunciado 29. Se o relator não tomar nenhuma das providências acima anunciadas,

poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias.

Enunciado 30. O relator, se não rejeitar liminarmente o agravo, mandará intimar o

agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com

aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2º),

facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas

sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a

intimação far-se-á mediante publicidade no órgão oficial.

Enunciado 31. O relator, após tomar as providências acima registradas, mandará ouvir

o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.

Enunciado 32. A decisão liminar ( a que converter o agravo de instrumento em agravo

retido e que determinar efeito suspensivo ao agravo ) somente é passível de reforma no

momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

Enunciado 33. O relator, em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do

agravado, pedirá dia para julgamento (pauta).

Enunciado 34. No caso do juiz de primeiro grau comunicar que reformou inteiramente

a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo.

Enunciado 35. Não tem razão os que afirmam ser o recurso de agravo um meio

causador dos inúmeros males de que padece o sistema processual brasileiro ao provocar a

demora na solução da lide.

Enunciado 36. O agravo, em sentido contrário ao que pensa a corrente acima

apontada, é via absolutamente necessária para uma sadia entrega da prestação jurisdicional.

Exs.: a necessidade de, por seu meio, ser controlada a decisão que concede ou denega tutela

antecipada; idem da concessão de liminares em sede de processo coletivo.

Enunciado 37. De acordo com o art. 522, redação antiga, hoje revogada, a parte tinha

a opção de interpor agravo, em duas modalidades, de instrumento ou retida. Com a

modificação estudada, o agravo retido passou a ser regra obrigatória. Não há mais opção.
Enunciado 38. O agravo de instrumento, embora ataque decisão interlocutória

proferida por juiz singular, há de ser interposto perante o Tribunal respectivo. A parte

agravante é responsável pela formação do instrumento. A petição de agravo deverá conter a

exposição do fato e do direito(art. 524, I); as razões do pedido de reforma da decisão (art.

524, II) e o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo (art. 524,

III), e será instruída com as peças essenciais: a) cópia da decisão agravada ; b) da certidão da

respectiva intimação; c) das procurações outorgadas aos advogados da parte agravante e da

parte agravada. A parte pode anexar, ainda, outras peças que entenda necessárias para o

julgamento do agravo pelo Tribunal.

Enunciado 39. A petição do agravo de instrumento será, obrigatoriamente,

acompanhada com o comprovante do pagamento das custas e do porte do retorno, quando

devidos, de conformidade com tabela fornecida pelos tribunais (art. 525, §1º).

Enunciado 40. A petição de agravo, com todos os documentos anexados, será

protocolada no Tribunal, no prazo legal, ou enviada pelo correio sob registro com aviso de

recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local (art. 525, § 2º). Obs. A

expressão lei local pode ser entendida como sendo provimento baixado pelo Tribunal (STJ –

Resp 247.098-SP, rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJU 28.8.2000, p. 81.). Obs. A CF ( art. 24 XI)

permite que os Estados legislem concorrentemente sobre procedimento. Nelson Neri entende

que os Tribunais não podem baixar provimento a respeito. Só a lei.

Enunciado 41. O Agravo de Instrumento não tem, em regra, efeito suspensivo. Este,

contudo, poderá ser concedido pelo relator, a pedido da parte interessada, se houver

comprovação de grave lesão ou risco irreparável.

Enunciado 42. O agravo retido nunca poderá ser interposto perante o Tribunal. Ele é

apresentado perante o próprio julgador que proferirá a decisão interlocutória.

Enunciado 43. O agravo retido dispensa a formação de instrumento.

Enunciado 44. Do mesmo modo que o agravo de instrumento, o agravo retido deve

ser retratado ou não pelo Juiz. Em caso negativo, a parte recorrente deverá, sob pena de

preclusão, reiterá-lo quando apresentar a apelação.


Enunciado 45. Defende Teresa Arruda Alvim Wambier, in “Os agravos no CPC

brasileiro”, 2006, RT, p. 459, que “o requisito constante dos dispositivos citados (perigo de

lesão grave e de difícil reparação) deve ser entendido em sentido amplo, par abarcar tanto os

casos em que a lesão ou ameaça de lesão possa atingir direito material da parte, como

também aqueles em que a lesão ou ameaça de lesão atinge direito formal, isto é, quando

presente dano processual” “È o que ocorre, por exemplo, com a decisão que rejeita exceção de

incompetência relativa. Impor, no caso, o regime de retenção seria criar embaraço

contraproducente, visto que, caso a incompetência venha a ser admitida somente quando do

julgamento da apelação (art. 523, caput), se ocasionará a decretação da nulidade de todos os

atos decisórios realizados em primeiro grau. Neste caso, se está diante de situação em que a

adoção do regime de retenção é indesejável, já que pode ocasionar maior demora que a

tramitação do agravo de instrumento”.

Enunciado 46. “Há hipóteses em que, invariavelmente, não há como ser interposto o

agravo na modalidade retida, não havendo como generalizar-se a aplicação da norma. É a

hipótese das decisões proferidas em sede de tutela de urgência (decisões concedente ou

negando liminares). Também no caso de deferimento de provas, de nada adiantará a

interposição do agravo retido, tendo em vista que o objeto do recurso ficará esvaziado por

ocasião do julgamento da apelação”.

Enunciado 47. Não cabe, também, agravo retido no curso do processo de execução.

Os atos executivos, em tese, são sempre hábeis a ocasionar lesão grave à parte. Ex: decisão

que indefere alegação de nulidade da penhora ou preço vil.

Enunciado 48. A ideologia da reforma é fortalecer a jurisdição de 1º grau.

Enunciado 49. O parágrafo 3º do art. 523, na redação anterior, admitia a interposição

oral do agravo retido. Não exigia que fosse interposto imediatamente após a emissão da

decisão interlocutória. A atual redação do § 3º do rt. 523 é categórica na afirmação de que o

agravo oral retido contra as decisões interlocutórias proferidas em audiência, deverá ser

interposto imediatamente, isto é, em seqüência à decisão proferida, fazendo-se constar no

respectivo termo (art. 457), as razões sucintas da parte agravante.

Enunciado 50. Problemas causados pelo agravo oral retido em audiência:


a) “O primeiro deles diz respeito a que, a partir do momento, em que a parte deve

interpor o recurso na própria audiência de instrução e julgamento, estar-se-á lhe retirando 10

dias de prazo (o agravo retido também tem o prazo de 10 dias, nos termos do artigo 522),

circunstância essa que viola o artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal, eis que implica

flagrante cerceamento de defesa. Por outro lado, no tocante a esta problemática, é de se

perguntar: qual será o prazo do agravado para apresentar contra razões? Deverá ele

apresentá-las na própria audiência ou ser-lhe-á aplicado o prazo do art. 523, § 2º do CPC, que

é de dez (10) dias? Em sendo reconhecida a inconstitucionalidade da alteração legislativa, não

há qualquer dúvida de que se deve aplicar-se o § 2º do artigo 523 do CPC. Todavia, em sendo

reconhecida a sua constitucionalidade, não há como aplicar-se este dispositivo legal, face ao

princípio da igualdade, previsto no caput do art. 5º da Constituição Federal. Assim, deverá o

agravado – em ocorrendo esta hipótese – apresentar contra-razões ao gravo retido na própria

audiência de instrução e julgamento, sob pena de preclusão”.

b) “O segundo problema da alteração legislativa diz respeito a decisões interlocutórias,

proferidas em audiência de instrução e julgamento, incompatíveis com a interposição do

agravo na modalidade retida (v.g., tutela antecipada concedida na audiência de instrução e

julgamento; decisão que defere uma perícia). Neste caso, entendemos que se deva aplicar o

caput do art. 522 do CPC. Nestas hipóteses não há como se aplicar o dispositivo legal, sob

pena de colocar-se a parte em situação de extrema desvantagem”.

c) “O terceiro problema diz respeito às interlocutórias proferidas em audiência onde o

magistrado também proferiu sentença. Entendemos que, nestes casos, o recurso a ser

interposto é o de apelação, face ao princípio da singularidade” (Nota: Em sentido contrário,

Teresa Arruda Alvim Wambier: (In: Os Agravos no CPC brasileiro. SP: RT, 2006, p. 457),

verbis: uma decisão interlocutória proferida pelo juiz no curso de audiência em que também se

proferiu sentença, deve ser impugnada na primeira oportunidade em que a parte, que se julga

prejudicada, se manifestar nos autos. Aplica-se à espécie, analogicamente, o art. 245 do CPC.

SE o ato teve lugar durante a audiência, o agravo retido será a primeira vez em que a parte se

terá manifestado nos autos, depois de proferida a decisão. Hoje, este agravo há de ser

também oral. Mas poderia não ter sido, pois à parte se abririam dois caminhos. Poderia ela, se
presentes as circunstâncias referidas no art. 522, caput, segunda parte (na redação da Lei

11.187/2005), lançar mão do agravo de instrumento, até o 10º dia após a audiência, ou,

segundo alguns, poderia entrar com recurso de apelação, mas deveria fazê-lo até o 10º dia

após a prolação da sentença, para evitar a preclusão em relação às interlocutórias. Isso

porque não são, na verdade, conferidos à parte dois caminhos, em face das interlocutórias

proferidas em audiência; ou apelar, impugnando interlocutórias e a sentença numa só peça;

ou agravar de instrumento em 10 dias, se presentes os pressupostos do art. 522, caput,

segunda parte, e em 15 dias, apelar”.

Enunciado 51. Não há como se admitir, em face do princípio da dialeticidade, recurso

sem contra-razões. É regra que integra a regularidade formal do recurso.

Enunciado 52. Não há restrição, segundo determinada corrente, para a interposição

do agravo retido oral contra as decisões proferidas em audiência de tentativa de conciliação.

(OBs. J. E. Carreira Alvim, in Agravo retido e agravo de instrumento – nova mini-reforma do

CPC, RP, n. 130, p. 89, é contra).

Enunciado 53. O art. 527, II, permite que o relator, no Tribunal, converta o agravo de

instrumento em agravo retido, em decisão irrecorrível (art. 527, parágrafo único).

Enunciado 54. Cabe ao relator observar, no momento da conversão, a inexistência de

urgência ou que não está devidamente comprovada a lesão grave ou de difícil comprovação.

Enunciado 55. No caso do relator efetivar a conversão do agravo de instrumento em

agravo retido, os autos serão devolvidos ao juízo de origem.

Enunciado 56. No regime anterior, da decisão do relator cabia agravo interno. Com a

reforma, a decisão do relator é irrecorrível.

Enunciado 57. É cabível mandado de segurança contra o ato proferido pelo relator

transformando o agravo de instrumento em retido? Não. A decisão do relator não é, em regra,

teratológica.(Obs. No nosso entender, no caso de devidamente comprovada a lesão e a

irreparabilidade do dano, o mandado de segurança contra ato judicial é a única via cabível.

Não me parece caber a propositura de ação cautelar incidental – opinião pessoal).

Enunciado 58. O agravo de instrumento só será convertido em agravo retido se,


primeiramente, for conhecido, isto é, apresentar-se composto de todas as peças essenciais

para a sua admissibilidade.

Enunciado 59. Os documentos que o agravante entender necessários poderão ser

anexados ao agravo, declarando que as cópias são autênticas (art. 544, § 1º, CPC). Surge

uma pergunta: Poderá o agravante anexar documentos que não estão nos autos principais?

Sérgio Bermudes, Reforma, 90, citada por Nelson Nery, p. 768, entende que sim. Deve, pelo

menos, a parte contrária ser intimada da juntada de novos documentos.

Enunciado 60. O art. 527, V, (redação da Lei n. 11.187/2005) determina que o

agravado será intimado, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de

recebimento, ou, pelo Diário Oficial, no caso das comarcas sede de tribunais e naquelas em

que o expediente forense for divulgado no Diário Oficial, para responder ao agravo, facultando-

lhe juntar a documentação que entender necessária. Obs. A documentação já existente nos

autos? Poderá juntar documentação nova? Neste caso haverá intimação à parte agravante?

Enunciado 61. O prazo para responder deve ser contado a partir da data da juntada

aos autos da intimação ao advogado da parte, quando pelo correio (art. 241, I, do CPC). Se

pelo DO, começa no dia seguinte útil ao da circulação do DO.

Enunciado 62. O Ministério Público só será intimado quando presente o seu interesse

na causa (art. 81 e 82 CPC). Obs. Nelson Néri, ob. cit., opina, a respeito, do modo seguinte:

“A nova redação do CPC 527 VI prevê a ouvida do parquet apenas nos casos mencionados no

CPC 527 III a V. Portanto, caso queira indeferir liminarmente o agravo de instrumento ou

convertê-lo em agravo retido, o relator deve tomar essas medidas imediatamente (art. 527, I

e II). Não há quebra do contraditório nem ofensa aos dispositivos constitucionais e legais que

determinam a intervenção do MP – quando o caso – em todos os atos processuais, porque sua

manifestação será possível, depois de o relator tomar as providências do CPC 527 I e II. Trata-

se de contraditório diferido para momento posterior, em homenagem à celeridade do

processo”.

Enunciado 63. É irrecorrível a decisão que conceder ou negar efeito suspensivo ao

agravo ou que conceder ou negar tutela antecipada no âmbito do recurso. Só pode ser objeto

de reconsideração. É a regra do art. 527, parágrafo único, conforme modificação da Lei n.


11.187/05: “A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo,

somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio

relator a reconsiderar”.

Registramos que a maioria dos enunciados acima apresentados foram inspirados nas

obras de, alguns com reproduções autênticas, de Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda

Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina (“Breves comentários à nova sistemática

processual civil”, RT, 2006), e de Jacqueline Mielke Silva e José Tadeu Neves Xavier (“Reforma

do Processo Civil”), editada pela Verbo Jurídico, 2006).

A concepção que temos no momento é a de que o Agravo no nosso sistema processual

civil tem sofrido uma série de modificações. Estas, não obstante a boa vontade do legislador,

não vêm alcançando os anseios dos cidadãos e das pessoas jurídicas quando em juízo, que

estão concentradas em tornar efetivo o direito de um processo com duração razoável, seguro,

desburocratizado e menos oneroso, tudo isso a ser alcançado sem ferimento dos postulados

que informam o devido processo legal. Há de ser adotado um sistema para o agravo que evite

a prática de atos processuais com efeitos protelatórios e sem maior significação para a entrega

da decisão de mérito, sem prejuízo do objetivo maior e principal do processo que é a entrega

da prestação jurisdicional como sonhada e querida pela cidadania.

Você também pode gostar