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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

GABRIELA SEIXAS LOCATELI – 41906373

SEGUNDA AVALIAÇÃO

INTERMEDIÁRIA

SÃO PAULO

2021
1. Disserte sobre a usucapião extraordinária. (máximo 50 linhas).

A usucapião, ou como também é chamada prescrição aquisitiva visto que


concorrem para sua consumação a inércia do titular do domínio e o tempo de
posse, é um Instituto em que o interesse individual cede lugar para o interesse
da sociedade.

Uma das espécies existentes de Usucapião é a Extraordinária, esta


modalidade está disposta no artigo 1.238 do Código Civil. Desta forma, ele aduz
que aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-
fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá
de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Ademais, o parágrafo único do artigo 1.238 do Código Civil complementa


apresentando a hipótese da redução do prazo de 15 anos para 10 anos, quando
o possuidor tiver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou nele estiver
realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Neste cenário, há quatro requisitos para que o indivíduo possa se valer do


Instituto da Usucapião Extraordinária:

(i) Requisitos pessoais: O usucapiente deverá ser pessoa natural e capaz,


assim os incapazes deverão ser representados. No caso do indivíduo ser
absolutamente incapaz o prazo só começará a contar a partir da data em que
ele atingir 16 anos;

(ii) requisitos reais: Estes requisitos estão relacionados a coisa, ou seja, só


será só pode ser usucapido o bem sobre o qual se possa exercer a posse. Não
podendo ser alvos de Usucapião os bens de absolutamente incapazes e os
bens públicos; e
(iii) requisitos formais: A contagem começa a partir do primeiro dia de posse,
consumando a Usucapião Extraordinária em 15 ou 10 anos, dependendo da
situação a qual se enquadra.

A posse deverá ser mansa (aquela na qual se é obtida sem a oposição do


antigo possuidor), pacífica (aquela que se manteve sem contestação), contínua
e com ânimo de proprietário. Por fim, nesta modalidade de Usucapião há
dispensa a boa-fé e o justo título.

2. Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de


imóveis edificados e decide vender metade para Abílio. Dois anos
após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades
financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma
casa na parte da frente do terreno - sem deixar passagem aberta
para Abílio - e a vende para José, que imediatamente passa a habitar
o imóvel. Abílio tem direito a passagem forçada? Disserte. (máximo
50 linhas).

No presente caso trata-se do Instituto da Passagem forçada, um direito de


vizinhança, previsto no artigo 1.285 do Código Civil, este Instituto prevê que o
dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode,
mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar
passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

Assim, Abílio tem o direito a passagem forçada, visto que Ronaldo construiu
uma casa na parte da frente do terreno sem deixar passagem aberta para Abílio
e vendeu para um terceiro (José). Portanto, pode-se aplicar o disposto no artigo
1.285, § 2º, do Código Civil, onde há a hipótese de ocorrer alienação parcial do
prédio, de modo que uma das partes (Abílio) perca o acesso a via pública,
nascente ou porto, o proprietário da outra (José) deve tolerar a passagem.

Isto posto, o direito a passagem forçada é uma obrigação legal cujo principal
requisito para que seja feito é justamente o encravamento do imóvel, a pessoa
afetada pelo encravamento poderá solicitar a passagem forçada a qualquer
tempo. A composição da passagem forçada poderá se dar por meio de duas
formas:

(i) pela convenção das partes: será elaborado um instrumento particular cujo
objeto será a concessão de passagem entre o prédio dominantes e o prédio
serviente);

(ii) por determinação judicial: será ajuizada uma ação de passagem forçada
onde o proprietário, habitador, usurário ou o possuidor ajuizará uma ação contra
o proprietário do prédio serviente.

Portanto, Abílio poderá escolher entre pactuar com o proprietário ou entrar com
uma Ação de Passagem forçada contra o proprietário do imóvel, para garantir
que seu direito seja devidamente cumprido.

Por fim, cabe salientar que o Instituto da servidão de passagem ou de trânsito


é diferente da passagem forçada. Visto que, o primeiro concerne a um direito
real na coisa alheio de gozo ou fruição, quanto o segundo, no que lhe diz
respeito, e como já mencionado trata de um direito de vizinhança.

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