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Fernando Gajardoni
Direito Penal
Aula 04
ROTEIRO DE AULA
2. Ação
2.6. Elementos (identificadores) da ação (contornos objetivos/subjetivos)
Conforme comentado na aula passada, o professor destaca que a ação não possui nomenclatura,
sendo um direito público subjetivo utilizado para solicitar ao Estado ou quem lhe faça às vezes a tutela
jurisdicional, embora exista no meio jurídico esta prática.
Por este motivo, os elementos da ação ou elementos identificadores da ação existem para que seja
possível sua identificação, pois permitem o reconhecimento dos contornos subjetivos e objetivos da
demanda (possível a identificação das partes e seu objeto, pois apenas com esse comparativo é
possível identificar, por exemplo, se existem ações iguais).
2.6.1. Finalidade e aplicação prática (identidade total e parcial das demandas – arts. 55 a 58, e 337, §§
1º a 4º, CPC) (congruência – arts. 141 e 462 CPC) (competência) (etc.)
A definição dos elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir) são fundamentais para a análise
de quatro conceitos indispensáveis ao Direito Processual Civil.
Existindo identidade total dos elementos da ação, é possível que exista a coisa julgada ou
litispendência ou a conexão e continência (artigo 55 a 57 do CPC).
A litispendência ocorre quando há ações idênticas em andamento, enquanto na coisa julgada já houve
o julgamento com análise de mérito de uma delas. Em ambos os casos as ações litispendentes ou com
coisa julgada são extintas sem análise de mérito, conforme artigo 485, V, CPC.
Contudo, existe a possibilidade de a identidade ser parcial, ocasião em que estaremos diante da
conexão (art 55, CPC) ou continência (artigo 56 E 57 do CPC)
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De acordo com o CPC, na conexão em sentido estrito há quando há identidade de pedido ou causa de
pedir de duas ou mais ações. Neste caso, serão ações conexas.
Na continência, por sua vez, há a identidade de partes e causa de pedir, de forma que a segunda ação
possui pedido mais abrangente que a primeira, de forma que estas ações não são iguais, sendo que a
primeira estará contida na segunda, motivo pelo qual é chamada de ação continente. Em ambos os
casos as ações serão (i) reunidas para julgamento conjunto ou (ii) suspensas para aguardar o
julgamento no juízo prevento, conforme estabelece os artigos 58 e 59 do CPC.
Da mesma forma, por meio dos elementos da ação é possível a observância do princípio da
congruência previsto nos artigos 141 e 462 do CPC, que são dispositivos de controle da atividade
judicial, estabelecendo ser defeso decisões judiciais ultra, extra ou infra petita, que julgam além, fora
ou deixando de apreciar pedidos, respectivamente.
Por fim, os elementos da ação possibilitam a identificação da competência. O professor destaca que a
maioria das regras de competência material (que define Justiça Eleitoral, Trabalhista e Federal) é dada
pela causa de pedir, embora em determinados casos o elemento parte seja o identificador, já que a
competência da Justiça Federal pode ser definida pela causa de pedir ou pelo elemento parte, nos
casos em que é estabelecido em razão do elemento parte (atuação da União - artigo 109, §1º da CF).
Os dispositivos de controle da atividade judicial que estabelecem ser defeso decisões ultra, extra ou
infra petita, que julgam além, fora ou deixando de apreciar pedidos, respectivamente, sendo possível
este controle por meio do elemento da ação pedido
Desta forma, a importância da identificação dos elementos da ação está na (i) identidade total, onde
haverá litispendência e coisa julgada; ou (ii) identidade parcial, que se verifica a conexão e a
continência, bem como na observância do (iii) princípio da congruência (artigos 141 e 462 do CPC) e
da (iv) competência.
2.6.2. Teorias
a)Tríplice identidade (tria eadem: partes, pedido e causa de pedir)
É a teoria adotada no Brasil, conforme se observa do disposto no artigo 337, §§ 1º a 4º do CPC, onde
se considera duas ações iguais ante a existência de partes, pedido e causa de pedir idênticos, ou seja,
quando há identidade dos três elementos da ação.
Teoria tria eadem = 3 iguais: igualdade de partes, pedido e causa de pedir.
Contudo, o professor explica que esta teoria, em determinados momentos, pode possuir falhas,
motivo pelo qual a doutrina brasileira possui uma teoria “reserva”, chamada de teoria da relação
jurídica material ou teoria da identidade da relação jurídica material (artigo 55, §2º do CPC).
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b) Relação jurídica material (Exs. Acidentária X Previdenciária, art. 1.314 do CC, etc.) (art. 55, § 2º, CPC)
A teoria da relação jurídica material possibilita a identificação de ações idênticas não com base nos
elementos da ação, mas sim com base na identidade da relação jurídica material. Desta forma, ainda
que em ambos os processos não exista identidade de partes, pedido e causa pedir, por possuírem a
mesma relação jurídica, são considerados idênticos.
Exemplo 01: ações acidentárias e previdenciárias.
Quando uma pessoa está inválida permanentemente ou temporariamente possui direito ao benefício
chamado aposentadoria por invalidez ou auxílio doença, respectivamente. Contudo, a natureza do
benefício depende da origem da invalidez: (i) se a invalidez é derivada de um acidente de trabalho,
será pago pelo INSS a chamada aposentadoria por invalidez acidentária, independente se permanente
ou temporária; (ii) caso a invalidez não possua relação com o trabalho (ex.: decorrendo de doenças
como câncer ou por um acidente de trânsito, será paga a aposentadoria por invalidez previdenciária
ou auxílio doença previdenciário.
Uma determinada pessoa ajuíza ação solicitando aposentadoria por invalidez acidentária, ou seja,
derivada de acidente de trabalho, sendo julgado improcedente o pedido por restar concluído, por
meio de perícia, não existir referida invalidez. Posteriormente, a mesma pessoa ajuíza outra ação,
alegando invalidez para o trabalho e solicitando aposentadoria por invalidez previdenciária. Observe
que na segunda ação a causa de pedir já não é a mesma (vez que decorre da impossibilidade de
trabalho e não de acidente de trabalho), sendo que possui o mesmo pedido (benefício) e as mesmas
partes, alterando apenas a origem do benefício.
Caso a teoria da triplicidade seja aplicada, não haveria litispendência ou coisa julgada, já que embora
partes e pedido sejam idênticos, a causa de pedir é diferente entre elas. Contudo, como a relação
jurídica material existente é a mesma - pessoa segurada pelo INSS, pela teoria da relação jurídica
material, neste caso, haveria a extinção ou suspensão do processo em razão da litispendência ou da
coisa julgada, conforme artigo 55, §2º do CPC.
Exemplo 02: quatro irmãos possuem uma chácara que foi invadida. De acordo com o artigo 1.314 do
CC, qualquer dos condôminos pode defender sozinho o bem. Caso um único irmão ingresse em juízo
e esta ação seja julgada improcedente por restar comprovada a existência de usucapião, a teoria da
tríplice identidade não poderá ser aplicada, mas sim a teoria da relação jurídica material, pois caso
contrário os outros irmãos poderiam ingressar em juízo por serem partes diferentes. Em razão disto,
se aplica a teoria da relação jurídica material, que resulta na extinção em razão de litispendência ou
coisa julgada.
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O professor destaca que a teoria da relação jurídica material possui certa previsão no artigo 55, §2º
do CPC, em razão ter adotado em tema de conexão o critério materialista, exatamente o que se
defende nesta teoria.
● Obs.: o professor destaca que legitimidade de parte é diferente de parte, já que anteriormente
a legitimidade há a necessidade de se definir as partes, embora em pouquíssimos casos se
verifique a possibilidade de ação sem parte, tidas como exceções.
- Processo sem parte ativa: o professor esclarece que são pouquíssimas as possibilidades,
citando como exemplo a ação de restauração de autos, utilizada quando processo some em
seu curso (perdido, incêndio etc.), conforme previsto no artigo 712 do CPC, sendo exceção ao
princípio da inércia - já que o judiciário, para atuar, deve ser provocado.
- Processo sem sujeito passivo: o professor explica que em regra é possível a existência de
ações sem parte passiva, como ocorre nas ações de controle abstrato de constitucionalidade.
As ações de direitas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade não são propostas
contra uma determinada pessoa, mas sim por um controle de constitucionalidade da norma
(embora a Advocacia Geral da União seja citada para defender o ato impugnado ela não será
a ré).
b) mediato (pretensão material – bem da vida) (determinante para a conexão): é o bem da vida, a
vantagem que se persegue no mundo dos fatos, sendo determinante para a identificação de conexão
(artigo 55 do CPC).
Exemplo: ação de cobrança no valor de R$ 5.000,00, o pedido imediato é a sentença condenatória e
o pedido mediato os R$ 5.000,00.
Na ação de divórcio, o pedido imediato é a sentença desconstitutiva e o pedido mediato a divisão do
patrimônio, a guarda dos filhos, etc.
Na execução, o pedido imediato é a satisfação, a penhora de bens, a adjudicação etc., e o pedido
mediato é o carro, a casa, o crédito.
O professor destaca que toda ação possui um pedido jurídico imediato e outro mediato, bem como
que este último é determinante para a identificação de conexão. Desta forma, ações que possuam o
mesmo pedido imediato podem ser consideradas conexas em razão do artigo 55 do CPC ou em razão
do IRDR, lembrando que a junção de causas só é autorizada quando há grande número de demandas
com pedido imediato idêntico, citando com exemplo o caso em que diversas empresas possuem
interesse no mesmo carro de um devedor para a satisfação do crédito.
Neste diapasão, existindo algumas ações com o mesmo pedido mediato haverá a junção em razão da
conexão, a fim de evitar decisões conflitantes; sendo o caso de inúmeras ações com o mesmo pedido
mediato, é possível se tratar de IRDR.
a) fundamentos jurídicos (próxima?) (diferente de fundamento legal): é a tese jurídica, chamado pela
grande maioria da doutrina de causa de pedir próxima, que é o próprio fundamento jurídico, fazendo
um comparativo com o pedido imediato, que nada mais é do que a pretensão processual, o
provimento jurídico desejado.
b) fundamentos de fato (remota?) (determinante para a conexão): é a narrativa dos fatos, chamado
pela grande maioria da doutrina de causa de pedir remota, que são os próprios fundamentos de fato,
fazendo um comparativo com o pedido mediato.
● Obs. 01: O professor alerta que para determinados autores os fundamentos jurídicos são a
causa de pedir remota e que os fundamentos de fato são a causa de pedir próxima, invertendo
o explicado anteriormente, se tratando, contudo, da corrente doutrinária minoritária.
● Obs. 03: Da mesma forma que o pedido mediato, o fundamento de fato é determinante para
a identificação da conexão (artigo 55, CPC) e não pelo fundamento jurídico.
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- causa de pedir próxima: fundamento jurídico: descumprimento dos deveres de fidelidade do
matrimônio; e
- causa de pedir remota: fundamento de fato: gravação no celular de mensagem do amante.
Exemplo 02: ação de indenização por danos morais: A é atacado por B dando aula ao vivo:
- partes: A e B;
- pedido imediato: provimento jurídico desejado, que é a sentença condenatória;
- pedido mediato: o valor da indenização;
- causa de pedir próxima: fundamento jurídico: dolo ofensivo ao direito da personalidade de A;
e
- causa de pedir remota: fundamento de fato: ataque de tomate realizado em gravação de aula.
Exemplo 03: ação civil pública ambiental face a empresa que está derramando resíduos sólidos e
líquidos poluentes no Rio Tapajós.
- partes: MP/Defensoria e a empresa;
- pedido imediato: provimento jurídico desejado, que é a sentença condenatória de obrigação
de fazer;
- pedido mediato: cessação da atividade nociva;
- causa de pedir próxima: fundamento jurídico: danos ao meio ambiente;
- causa de pedir remota: fundamento de fato: resíduos dispensados no rio após o processo
produtivo da empresa;
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- Processo x autos:
Autos é a materialização física das ocorrências do processo, que pode se dar de forma física ou digital,
enquanto o processo opera no plano ideal/científico, não existindo materialmente falando; é uma
construção científica para se exercer o direito de ação, sendo uma técnica, um instrumento, enquanto
autos é a operacionalização material do processo, seja física ou digital.
- Processo é um ramo do Direito Público no Brasil, porque regula as relações entre o jurisdicionado e
o Estado. É o modo de exercer o direito de ação perante o Estado ou de quem lhe faça as vezes,
motivo pelo qual as regras de processo são todas de direito público, de forma que não regulam, por
exemplo, a aplicação de normas do Código Civil ou do Código Consumerista, por não regular a relação
entre as partes, mas sim a relação das partes para com o Estado.
Atualmente, há uma mitigação do hiperpublicismo processual pela admissão dos negócios jurídicos
processuais atípicos, conforme o disposto no artigo 190, CPC. Contudo, ainda com esta mitigação
inserida pelo CPC de 2015, o processo continua sendo ramo do direito público, vez que o acordado
pelas partes continuará a ser aplicado pelo Estado.
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Exemplos: no casamento os cônjuges possuem deveres entre si, assim como na compra e venda, onde
um tem o dever de pagar e o outro entregar o bem, e na doação, onde uma das partes doa e a outra
precisa aceitar, ocasião em que passa a arcar com todas as despesas.
Relação jurídica processual: é a segunda relação, existente entre as partes e o Estado, de forma que
as duas relações são autônomas entre si não se prejudicam.
Exemplo: A possui com B um contrato = relação jurídica material.
O fato de A possuir com B o contrato não impede que o execute, ocasião em que além da relação
jurídica material entre as partes também irá existir a relação jurídica entre as partes (A e B) e o Estado-
Juiz (J), cada uma com suas próprias regras. Além disso, a relação jurídica processual se traduz em uma
faculdade, já que sua execução não será medida obrigatória.
Desta forma, esta é a primeira contribuição do autor, que deu origem à corrente autonomista do
Direito Processual Civil em relação aos demais ramos do Direito.
Sua segunda contribuição foi demonstrar que a relação jurídico processual traz posições jurídicas
ativas e passivas entre partes e Estado-Juiz, de forma que existem deveres, faculdades, ônus e
sujeições entre todos os atores processuais, sendo este o conteúdo da relação jurídica processual.
O professor destaca que esta teoria foi melhorada com o passar dos anos e que diante de toda a
contribuição realizada por Bulow não pode ser negada.
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Desta forma, Goldschmidt defendia que o direito material é estático, sendo que determinados
confrontos e desavenças fazem com que o direito objetivo passe a se dinamizar, gerando o processo.
Para o autor o processo seria a dinamização/movimentação do direito objetivo.
Contudo, a crítica a esta teoria reside no fato de que retira a autonomia do Direito Processual, pois,
para Goldschmidt, o direito processual dependeria da dinamização do direito processual estático, ou
seja, sempre dependeria de determinada desavença para existir, o que atualmente entende-se ser
desnecessário, até porque uma relação jurídica contratual pode ser rescindida mesmo sem a
existência de conflitos ou violação do direito objetivo.
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É a teoria dominante no Brasil, que possui como maior defensor o Professor Dinamarco, que entende
o processo como entidade complexa, representando uma espécie de combinação entre as teorias da
relação jurídica processual e a teoria do módulo processual.
Entidade complexa é aquela composta por mais de um elemento (ex.: ato administrativo complexo é
aquele que para afirmar a vontade da Administração Pública necessita da manifestação da vontade
de dois órgãos distintos).
Desta forma, para os defensores da teoria, o processo seria uma entidade complexa por realizar a
combinação da relação jurídica processual com procedimento em contraditório, de modo que
somente diante de um procedimento com contraditório (atos processuais tendentes a uma finalidade
comum, com a participação ampla das partes e de um juiz imparcial) e um conjunto de deveres,
obrigações, faculdades e que ligam todos os atores processuais entre si, haverá o processo. Nesta
teoria há a faceta intrínseca com um aspecto subjetivo (a relação jurídica processual) e uma faceta
extrínseca com um aspecto objeto.
CPC, art. 312. “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for
validamente citado.”
CPC, art. 240. “A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .”
CPC, art. 284. “Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver
mais de um juiz.”
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CPC, art. 43. “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.”
CPC, art. 59. “O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.”
Há duas teorias no tocante ao funcionamento da relação jurídico processual entre juiz, autor e réu, ou
seja, do jurisdicionado com o Estado-Juiz.
De acordo com a primeira teoria, chamada de teoria da angularidade, a relação jurídica processual é
angular na medida em que só há relação entre o jurisdicionado e o Estado. Para esta teoria não há
relação entre as partes, já que a relação entre as partes é material (ex. casamento). Desta forma, há
relação material entre A e B, mas a relação jurídica processual ocorre entre Estado-Juiz e A; e Estado-
Juiz e B.
Para a segunda teoria, chamada de teoria da triangularidade, a relação jurídica é triangular, pois há
preponderância de obrigações, faculdade, poderes e ônus entre A e Estado-juiz, Estado-Juiz e A, B e
Estado-juiz, Estado-Juiz e B, bem como entre A e B sem a intervenção do Estado-Juiz.
O professor destaca que em sua opinião deve ser considerada a teoria da angularidade em razão do
disposto no artigo 6º do CPC, ao afirmar a necessidade de cooperação entre os sujeitos.
CPC, art. 6º. “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”
a) processo sincrético (livro I, parte especial, que usa a expressão “processo de conhecimento”)
(crise de acertamento)
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O processo sincrético substitui o antigo processo de conhecimento, já que há a debelação de uma
crise de acertamento, ou seja, uma crise de declaração do direito seguida de satisfação do direito
declarado.
Exemplo: A descobre que B está o traindo e ajuíza ação de divórcio, em que será decretado o divórcio,
declarada a divisão do patrimônio, fixados os alimentos e regulamentada a guarda dos filhos. Em caso
de descumprimento da obrigação alimentar será possível o cumprimento de sentença. Por este
motivo, o processo sincrético, que também pode ser chamado de processo de conhecimento, pois
compõe tanto a atividade cognitiva quanto a atividade de cumprimento de sentença.
b) processo de execução (livro II, parte especial) (título extrajudicial) (crise de adimplemento)
No CPC/15, o processo de execução se refere apenas a execução dos títulos de extrajudiciais (a
execução de título executivo judicial está inserida no processo sincrético, possuindo como objetivo a
satisfação do direito, para debelar a crise de adimplemento).
➔ Atenção: qualquer dos três tipos de processo acima possui seu procedimento próprio, sendo
que a relação jurídica processual será a mesma.
- Procedimentos comuns
● Pagar quantia (art. 824 e ss. CPC)
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● Entrega de coisa (art. 806/813 CPC)
● Fazer e não fazer (art. 815/823 CPC)
- Procedimentos especiais
● Execução por quantia contra FP (art. 910/911 CPC)
● Execução de alimentos (911/913 CPC)
● Execução contra devedor insolvente (art. 1.052 CPC – CPC/1973)
● Legislação extravagante (Lei 6.830/80, DL 70/66, Lei 9.514/97, etc.)
O professor destaca que só existe processo de urgência quando realizado de forma antecedente. Se
realizado no processo sincrético ou de execução não haverá processo de urgência, e sim pedido de
urgência incidental (artigos 294, 304 e 305 do CPC).
O professor destaca que não concorda com a classificação acima e que adiante apresentará sua
maneira de classificá-los, sendo nos planos da existência, da validade positivos e negativos. Para
facilitar o entendimento de ambas as classificações, os pressupostos processuais objetivos serão
destacados em verde e os subjetivos em amarelo.
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Os pressupostos de existência, como o próprio nome diz, são necessários para que o processo exista
no plano dos fatos (e não apenas no plano ideal). Uma vez existente, há a análise de sua validade,
sendo que os pressupostos de validade podem ser positivos, aqueles que precisam estar presentes,
ou negativos, que precisam estar ausentes, pois caso contrário haverá vício. Desta forma, se o
processo não for existente não há a análise de sua validade.
VISÃO AMPLIATIVA
Na visão ampliativa, para que o processo preencha os requisitos da existência, se faz necessária a
demanda, onde o autor provoca o Estado-Juiz, com jurisdição/investidura, a citação do réu - para que
tenha a oportunidade de se defender no processo. Este processo deve ser interposto por quem possua
personalidade (pessoa física, jurídica e entes despersonalizados, mas com prerrogativas próprias -
massa falida e condomínio), representado por um advogado, que detém a capacidade postulatória.
Preenchidos os requisitos da existência, passa-se a análise dos requisitos de validade positivos,
aqueles que precisam estar presentes:
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A petição inicial precisa ter um pedido apto e preencher os requisitos do artigo 319 e 320 do CPC, um
juízo absolutamente competente e imparcial1 - embora seja possível que um juiz relativamente
competente se torne absolutamente compete, o que não pode ocorrer é que o juiz absolutamente
incompetente par julgar a causa, pois, neste último caso o processo será inválido. A citação precisa
ser válida (ex.: o incapaz e a Fazenda Pública não podem ser citados por correio, se assim ocorrer o
processo existirá, mas não será válido).
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CPC, art. “144: Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no
processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do
Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório;
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As partes precisam possuir capacidade de estar em juízo (capacidade ad processum) - artigo 70 e 71
do CPC2 - o que não se confunde com a capacidade civil, sendo necessária adequada representação
ou assistência.
Por fim, é necessária a observância da caução ou outro requisito específico3.
➔ Atenção:
Capacidade para ser parte: pressuposto de existência;
Capacidade ad processum (de estar em juízo): pressuposto de validade - ter capacidade civil;
Capacidade ad causam: condição da ação.
Os pressupostos de validade negativos, são aqueles que não devem estar presentes, pois se presentes
o processo, consequentemente, será inválido, sendo: litispendência, coisa julgada, perempção
(quando a pessoa abandona o processo por três vezes seguidas, aniquilando o direito de dar início ao
2
CPC, Art. 70.“Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.”
CPC, Art. 71.“O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei.”
3
CPC, art. 73: “ O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta
de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um
ou de ambos os cônjuges.”
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processo, mas não de se defender sobre o seu objeto - artigo 486, §3º, CPC4) e convenção de
arbitragem - artigo 3º, Lei 9,307/965.
Citação: Da mesma forma, para uma parte da doutrina a citação seria pressuposto processual de
validade enquanto para a outra parte citação sequer é pressuposto processual, já que o processo pode
existir e ser válido sem citação.
Exemplo: A ingressa em juízo e há improcedência liminar do com base no artigo 332 do CPC6, por ser
contrário a uma súmula.
4
CPC, art. 486, §3º: “Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da
causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada,
entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.”
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Lei 9,307/96, art. 3º.“As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo
arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral.
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CPC, art. 332 do CPC. “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
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Capacidade Postulatória: A doutrina afirma que capacidade postulatória não seria pressuposto
processual de existência ou de validade, já que é permitido que o processo sem advogado, como é o
caso do Juizado Especial. Além disso, a falta de advogado não está no plano da existência e da validade,
mas sim no plano da eficácia, conforme artigo 104, §2º do CPC7.
Capacidade de ser parte: A doutrina afirma que capacidade de ser parte não seria pressuposto
processual de existência, mas sim de validade, vez que o processo existirá mesmo que a pessoa não
possua personalidade, sendo, contudo, inválido.
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CPC, art. 104, §2ª. “O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo
nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.”
8
CPC, art. 337, §§5º e 6º. “§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o
juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
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Após as críticas, de acordo com a visão restritiva, jurisdição e investidura é o único pressuposto
processual de existência. Pressupostos de validade positivos passam a ser: demanda apta (que era
pressuposto de existência), jurisdição, competência e imparcialidade, capacidade de ser parte e ad
causam, caução ou requisito específico. Por fim, os pressupostos de validade negativos se reduzem a
dois: litispendência e coisa julgada.
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CPC, art. 975.O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.
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De outro lado, em relação aos pressupostos de validade positivos e negativos, a tabela ampla
contempla número maior de hipóteses de rescindibilidade pelo prazo de dois anos (ação rescisória),
sendo que na tabela restrita o cabimento da ação rescisória diminui consideravelmente ante a
diminuição de ambos os pressupostos.
● Obs. O professor alerta que não há como indicar uma ou outra visão para as provas por se
tratar de um tema muito controvertido e cheio de críticas.
Por fim, há casos em que o processo não é extinto, como na incompetência absoluta na ausência de
imparcialidade, onde o juiz incompetente realiza a remessa dos autos ao juízo competente.
b)Questão de ordem pública (arts. 337, §5º e 486, § 3º, CPC): de ofício e sem preclusão (art. 10 CPC).
Por ser questão de ordem pública, o juiz pode reconhecer o vício de ofício, inexistindo a preclusão.
A convenção da arbitragem será uma exceção no caso de ser adotada a teoria ampla, uma vez que o
juiz não poderá declará-la de ofício, mas apenas mediante manifestação das partes. Contudo,
adotando a visão restritiva, a convenção de arbitragem não será pressuposto processual negativo,
ocasião em que não será exceção.
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➔ Atenção. Exatamente em vista da semelhança com o regime jurídico das condições da ação,
vários autores defendem uma categoria englobante sob a insígnia de pressupostos de
admissibilidade do julgamento de mérito (ou da tutela jurisdicional) (TRINÔMIO)
Pressupostos processuais não se confundem com condições da ação: pressupostos processuais são os
requisitos de existência, validade ao desenvolvimento válido e regular do processo, ao passo que
condições da ação são a ponte, à luz da economia processual, entre o direito material e o direito
processual. Desta forma, são requisitos distintos.
Contudo, como ambos são questões de ordem pública, gerando a extinção sem resolução de mérito
quando ausentes, parte da doutrina afirma se tratar de categoria única, chamada de pressupostos de
admissibilidade do julgamento de mérito (ou da tutela jurisdicional), motivo pelo qual há um trinômio:
pressupostos processuais, condições da ação e mérito.
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