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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Paulo Sumariva
Criminologia
Aula 2

ROTEIRO DE AULA

• (CONTINUAÇÃO) EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA


➢ Período científico
A) século XIX
▪ Escola positiva italiana
- Meados do século XIX
-MARCO para o início do período científico
-Principais nomes: Cesare Lombroso, Rafaele Garofalo e Enrico Ferri
-Indivíduos são fortemente condicionados, na sua forma de agir, por razões de ordem interna e externa
-Criminoso se assemelha ao doente e deve ser encarado dessa forma
-Método:
❖ Utilização do método indutivo
❖ Investigação experimental indutiva

-Crime como fato humano e social


❖ Deve-se buscar o motivo de o indivíduo praticar crimes a partir dessa concepção

-Lombroso
Classificação do criminoso para Lombroso:
❖ criminoso nato;

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❖ criminoso louco;
❖ criminoso de ocasião;
❖ criminoso por paixão

Teses de Lombroso:
❖ Defende a tese da existência do criminoso nato (pessoa nasce criminosa)
❖ Criminoso nato é antropologicamente diferente das outras pessoas
❖ Criminosos possuíam características fisionômicas especiais (distinguiam dos demais indivíduos)
❖ Epilepsia como fator predominante na origem da criminalidade
❖ Prostituição feminina se equivale à criminalidade masculina
❖ Criminoso como resultado do atavismo (passa de pai para filho)
❖ Bioantropologia criminal (obra “o homem delinquente”) - 1876
❖ Antropometria: estudo das medidas e proporções do organismo humano para fins de estatística e
comparação
❖ Em uma era pós lombrosiana surgiu a criminologia clínica: estudos biotipológicos, endocrinológicos,
psicopatológicos que continuaram após Lombroso
❖ Hoje se fala, também, em uma bioantropologia moderna: estudo do DNA; mantendo ideia de Lombroso
de vincular o criminoso ao nascimento (obs. não defender essas ideias em concurso, manter a ideia de crime
como fator social)

-Garofalo (1885 – obra “criminologia”)


Classificação do criminoso para Garofalo:
❖ criminoso assassino;
❖ criminoso violento;
❖ criminoso ladrão;
❖ criminoso lascivo

Teses de Garofalo:
❖ Criminosos possuíam características fisionômicas especiais (distinguiam dos demais indivíduos)
❖ Crime como sintoma de uma anomalia moral ou psíquica do indivíduo
❖ Crime como lesão ao sentimento mais profundamente radicado no espírito humano (senso moral; crime
como violação desse senso moral)

-Ferri

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Classificação do criminoso para Ferri:
❖ criminoso nato;
❖ criminoso louco;
❖ criminoso passional;
❖ criminoso ocasional;
❖ criminoso habitual

Teses de Ferri:
❖ Crime como resultado da soma de três fatores:
I) Fatores antropológicos/individuais
→ Constituição orgânica da pessoa
→ Constituição psíquica;
→ Características pessoais (raça, idade, sexo, estado social;)
➔ ex. traficante é jovem e não reincidente; estelionatário tende a ser pessoa mais velha

II) Fatores físicos/telúricos


→ Clima; estações do ano; temperatura
➔ ex. local quente tem mais gente na rua e tende a ter mais crimes

III) Fatores sociais


→ Densidade da população; opinião pública; questões de família, moral, religião, educação, alcoolismo
→ Possuem maior relevância na determinação do delito
→ Miséria e pobreza, bem como condições sociais a elas relacionadas, são propícias para o aparecimento
do crime
➔ ex. grandes centros tendem a ter menor relação entre os vizinhos, fator que favorece ações criminosas,
já que há menor controle social

❖ Criminoso não é moralmente responsável pela sua conduta


❖ Para se proteger da criminalidade, a sociedade deve parar de agir de forma tardia
(violentamente/repressivamente)
❖ Deve agir de forma preventiva, analisando as causas do crime

B) século XX
▪ Terceira escola italiana

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-Principais nomes: Bernardino Alimena; Giuseppe Impalomeni; Manuel Carnevale
-Distinção entre imputáveis e inimputáveis
-Responsabilidade moral do agente baseada no determinismo
❖ Aplicação de pena aos imputáveis e
❖ Medida de segurança aos inimputáveis

-Crime como fenômeno social e individual


-Tenta conciliar conceitos clássicos e conceitos positivistas
-Respeito à personalidade do direito penal: direito penal não pode ser absorvido pela sociologia criminal
-Inadmissibilidade de um tipo criminal antropológico
-Trabalha com a casualidade do delito e não com a fatalidade
-Pena com caráter aflitivo, tendo como finalidade a defesa da sociedade

▪ Escola francesa de Lyon (escola antropossocial ou escola criminal sociológica)


-Escola integralmente formada por médicos
-Influenciada pelo químico Pasteur
-Principais nomes: Lacassagne; Aubry;
-Comparava-se o criminoso ao micróbio
❖ Ser que permanece sem importância até que encontre um campo fértil (caldo de cultivo) para se
manifestar e proliferar
❖ Atua na baixa resistência
❖ Por isso, o micróbio é o criminoso
❖ O criminoso somente irá agir se existir esse campo fértil

-Critérios lógicos e cronológicos


-Oposta às teses lombrosianas e possui crítica ao positivismo
-Classificação dos crimes de Lacassagne:
❖ “a sociedade tem os criminosos que merece”
❖ Apresenta duas classes de fatores criminógenos
❖ Fatores predisponentes (predispostos)
→ caráter somático; aspecto corporal do agente;

❖ Fatores determinantes (decisivo)


→ fatores sociais

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❖ Criminosos possuem características fisionômicas distintas de um homem não criminoso
❖ Criminosos como produtos do meio social
❖ Anomalias que fazem o delinquente, mais a relação dinâmica que formam o sistema nervoso central do
indivíduo, somadas ao meio social, traduzem em imagens mais ou menos equilibradas do cérebro

• TEORIAS MACROSSOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE


➢ Criminologia Tradicional – teorias do consenso
o Teorias do consenso, de cunho funcionalista, denominadas teorias de integração, defendendo a ideia de que os
objetivos da sociedade são atingidos quando há o funcionamento perfeito de suas instituições, com as pessoas
convivendo e compartilhando as metas sociais comuns, concordando com as regras da sociedade de convívio.
o Ex: Escola de Chicago
o Sociedade na busca pelo funcionamento perfeito (pessoas que integram a sociedade concorram com as regras de
convívio)

➢ Criminologia Crítica – teorias do conflito


o Teorias do conflito, de cunho argumentativo, defendendo a ideia de que a harmonia social decorre da força e da
coerção, onde há uma relação entre dominantes e dominados, não existindo voluntariedade entre os personagens
para a pacificação social, a qual decorrerá de imposição ou coerção.
o Ex: Rotulação.

➢ Criminologia tradicional
o Teorias do consenso
o Identificação das causas do crime como forma de prevenção
A) Escola de Chicago
▪ A Escola de Chicago é o berço da moderna sociologia americana, que teve seu início nas décadas de 20 e 30, à luz
do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, quando esta apresentou a “sociologia das grandes
cidades”, em razão da constatação do aumento da criminalidade na cidade de Chicago.
▪ Para os defensores da Escola de Chicago, é a cidade produz a delinquência
▪ Antropologia urbana
-O foco da análise principal está no meio urbano

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- Meio urbano como foco principal da análise do crime, constatando a influência do meio ambiente na conduta
criminosa
-Apresenta-se um paralelo entre o crescimento populacional das cidades e o consequente aumento da
criminalidade

▪ Prioriza uma ação preventiva, tornando mínima a atuação repressiva do Estado


▪ Métodos:
-Elaboração de inquéritos sociais para investigar a criminalidade
- Análise do comportamento do criminoso
- Índices, locais, tipos de crime, vítimas, etc.

▪ Perspectiva transdisciplinar
-Discute múltiplos aspectos da vida humana e relacionados com a vida na cidade
-Pessoas são contaminadas pelo ambiente social no qual se encontram inseridas
-Contagiadas pelo contato com comportamentos criminosos, passando a assimilar isso com naturalidade

Teorias decorrentes da Escola de Chicago (ou influenciadas por ela)


A.1) teoria ecológica (teoria da desorganização social)
▪ A teoria ecológica ou da desorganização social é oriunda da Escola de Chicago e foi criada em 1915 sob o legado
de que o progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos. A ordem social, a estabilidade e a integração
contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem
ao crime e à delinquência.
▪ Quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores
serão os índices de criminalidade.
▪ O progresso leva a criminalidade aos grandes centros: veja a relação entre o crescimento/desenvolvimento das
cidades e o aumento da criminalidade, sendo esse aumento fortalecido pela ausência de controle social informal
▪ Crescimento da cidade leva ao surgimento de bairros afastados; os moradores desses locais trabalham nos centros
comerciais, existindo grande distância e exigindo muito tempo de locomoção; esse fator influencia a criação
familiar, por exemplo, gerando efeitos no controle social informal (ex. os pais cansados da larga rotina, após o
trabalho, apenas chegam para comer e dormir, gerando certa negligência na criação e convivência com o filho)
▪ Robert Park (1925 – obra: “the city - suggestions for Investigation of Human Behavior in the Urban Environment”)
▪ Explica os efeitos criminológicos dos grandes centros urbanos, trazendo conceitos de desorganização e contágio
inerente aos modernos núcleos urbanos

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▪ Defende-se a ideia de um paralelo entre o desenvolvimento das grandes cidades e o consequente aumento da
criminalidade, em razão da ausência do controle social formal

obs. Teoria do Curso da Vida


▪ O desenvolvimento recente da desorganização social contribuiu sobremaneira à criminalidade atual. Robert
Sampson e David Weisburd são os principais expoentes da Teoria da desorganização social no nível comunitário.
▪ Sampson recupera os mecanismos sociais que apresentam potencial explicativo sobre o impacto do contexto da
vizinhação nos processos de socialização, no crime e na criminalidade.
▪ A teoria do curso da vida – life-course theory foi preponderante nos estudos desenvolvidos por Sampson, pois
verificou os diferentes processos de socializaçõ dos indivíduos em função das estruturas sociais, do contexto sócio-
cultural e das instituições.
▪ A principal finalidade da teoria do curso da vida é demonstrar vínculos possíveis entre estruturas sociais e o
contexto histórico nos desdobnramentos da vida, influenciando sensivelmente os processos de vitimização.

A.2) teoria espacial


▪ A teoria espacial foi criada na década de 1940 e trata da reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes
cidades como medida preventiva da criminalidade.
▪ Espaço defensável seria o que permite maior vigilância pelas pessoas
▪ Barreira reais e simbólicas para desestimular ações criminosas
▪ Ex. conhecer pessoas do bairro; conviver no bairro; conhecer local de trabalho; convivência efetiva nesses
ambientes; iluminação pública; câmeras nas ruas; grupos de whatsapp de bairros;

obs. Daqui para baixo são teorias influenciadas pela Escola de Chicago ou atreladas à esta, mas não são oriundas
dela:
A.3) teoria das janelas quebradas
▪ A teoria das janelas quebradas está intimamente atrelada a Escola de Chicago. Tem origem nos Estados Unidos,
onde dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, apresentaram esta teoria,
em março de 1982, após publicaram na revista Atlantic Monthly um estudo em que, pela primeira vez, estabelecia-
se uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade, cujo título era The Police and Neiborghood Safety
(A Polícia e a Segurança da Comunidade).
▪ Baseada na experiência feita pelo psicólogo Philip Zimbardo
- Experiência: (carro estacionado em bairro de classe alta –nada acontece com o carro-; o pesquisador,
posteriormente, quebrou a janela do carro: após isso o carro foi roubado por vândalos em poucas horas)

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▪ A teoria aduz que, ao se quebrar uma janela, se ela não for imediatamente consertada, logo todas as outras
também serão quebradas (mesma ideia de um terreno com mato alto: pessoas jogam lixo no local, passando a ideia
de um ambiente abandonado; se o terreno for limpo e com grama aparada, ninguém joga nada, passando a ideia
de que há um dono)
▪ Defende-se a necessidade de se reprimir delitos menores; a partir dessa repressão, os delitos mais graves
desaparecerão
▪ Busca promover a redução dos índices de criminalidade e evitar que determinado local se torne uma zona de
concentração da criminalidade
▪ Possui relação com o que estudava na Escola de Chicago (está atrelada a esta; não decorre dela)
▪ 1982 – Universidade de Harvard
▪ Relacionada à repressão dos delitos menores para inibir os mais graves
▪ Incutiu a política da tolerância zero

A.4) teoria/política da tolerância zero


▪ A política de tolerância zero é uma estratégia indireta de combate ao crime, baseada na teoria das janelas
quebradas. É uma estratégia de manutenção da ordem pública, da segurança dos espaços de convivência social e
da adequada prevenção de fatores criminógenos.
▪ Decorre da teoria das janelas quebradas
▪ Trata-se de estratégia indireta de combate ao crime
▪ Pressupõe uma total confiança entre polícia e população (entre Estado e população)
▪ Teoria aplicada em Nova York: inicialmente existiam metrôs com pichações; espaços públicos dominados pela
criminalidade; o Estado fez a limpeza e reforma dos locais, transformando esses espaços em locais de lazer; com
isso, o Estado passou a cobrar a colaboração da população; aumento de policiais nas ruas e aplicação da tolerância
zero para infrações menores
▪ Estado cumprindo seu dever legal com a população, oferecendo condições adequadas de desenvolvimento
psicossocial, acesso aos serviços, depurando a corrupção (reconquistando a confiança da população)
▪ Defende-se a discricionariedade das autoridades policias
▪ Essas autoridades agem seguindo padrões pré-determinados de repressão, devendo punir qualquer tipo de
infração
▪ Tem como objetivo principal incutir o hábito na população à legalidade, produzindo a médio prazo uma redução
nos índices da microcriminalidade e, consequentemente, uma diminuição dos delitos mais graves

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A.5) Teoria dos testículos Despedaçados
▪ A Teoria dos Testículos Despedaçados ou Testículos Quebrados possui relação direta com a Teoria das Janelas
Quebradas, ou seja, pauta-se na ideia de combate às pequenas infrações. Tem origem nos Estados Unidos.
▪ Essa teoria se funda na experiência policial e defende que os delinquentes de crimes de pouca gravidade ou de
menor potencial ofensivo, quando perseguidos com eficácia pela polícia, via de regra são derrotados e fogem para
outras localidades mais distantes, na tentativa de continuar violando a lei penal sem a reprimenda dos agentes do
Estado.
▪ Crime irá migrar para outra localidade
▪ “Limpeza da área/território/região”: foco no combate da pequena infração para que haja essa migração do
criminoso do local

A.6) teoria da associação diferencial (Teoria da aprendizagem social)


▪ A teoria da associação diferencial, também conhecida por teoria da aprendizagem social ou social learning, surgiu
no final de 1924 e foi difundida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland, com base no pensamento do jurista e
sociólogo francês Gabriel Tarde.
▪ É o processo de aprender alguns tipos de comportamento desviante, que requer conhecimento especializado e
habilidade, bem como a inclinação de tirar proveito de oportunidade para usá-lo de maneira desviante.
▪ 1924
▪ Edwin Sutherland e Gabriel Tarde
▪ Ligada aos crimes de colarinho branco e ao direito penal econômico (justifica e permite compreender a existência
dessas espécies)
▪ Quebra a ideia de que o crime está ligado à pobreza
▪ Pontos que distinguem o criminoso comum e, por exemplo, criminosos de colarinho branco
▪ O crime não pode ser definido simplesmente como uma disfunção das pessoas de classes menos favorecidas
▪ O crime não é baseado apenas no perfil biológico; devendo-se observar o perfil social
▪ Ninguém nasce criminoso
▪ A delinquência é resultado de uma socialização inadequada
▪ Processo de aprendizagem que conduz o homem à prática de atos socialmente reprováveis
▪ ex. a prática da lavagem de dinheiro exige conhecimento e inteligência específicos; utilização do conhecimento
para o mal
▪ Facilita o entendimento do direito penal econômico (ex. utilização de empresa como centro criminoso; lavagem
de dinheiro; crimes econômicos;)

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▪ Conduta criminosa é aprendida a partir da interação entre as pessoas (processo de comunicação do indivíduo com
seus assemelhados) – “estudo/conhecimento para o mal”

A.7) Teoria Geral da Tensão


▪ A teoria geral da tensão foi formulada por Robert Agnew, que é a compreensão das explanações em torno da
questão por que os indivíduos se envolvem com o crime. A principal ideia desta teoria é a análise das experiências
de tensão (strain) ou stress que movem os indivíduos a cometerem delitos
▪ Para Agnew, a teoria geral da tensão tem uma certa afinidade com as teorias de controle social, pois partem das
principais características da personalidade humana: - o autocontrole e as emoções negativas. Entretanto, se
diferencia das demais nas seguintes características:
a) a descrição do tipo de fatores ambientais que levam ao crime;
b) o modelo explanatório do motivo pelo qual os fatores ambientais levam ao delito.

▪ Os estudos psicossociais realizados por Robert Agnew, o viabilizou a distinguir:


1- Tensões Objetivas – que provocam rejeição na generalidade das pessoas;
2- Tensões subjetivas – limitada à percepção de um indivíduo ou grupo.

▪ As tensões variam das condições temporais, do contexto e a intensidade da manifestação no indivíduo. Podem
minimizar os níveis de autocontrole ou induzir ao comportamento delituoso, o indivíduo. Logo, a intensidade pode
refletir em tensão crônica, elevando à predisposição ao comportamento criminoso, visto que aumentam as
emoções negativas, dificultam a estabilização do autocontrole e induzem a aprendizagem social do crime

A.8) Teoria da subcultura delinquente


▪ Foi desenvolvida por Albert K. Cohen, que teve como marco o lançamento de seu livro Deliquent boys, em 1955,
onde explicou que todo agrupamento humano possui subculturas, oriundas de seu gueto, filosofia de vida, onde
cada um se comporta de acordo com as regras do grupo, as quais não correspondem com a regra da cultura geral.
▪ Defende-se a existência de uma subcultura da violência
▪ Existência de grupos e subgrupos que passam a aceitar a violência como modo normal de resolução de conflitos
sociais (regras e sanções próprias desses grupos)
▪ Grupos que valorizam a violência e colocam dentro da sociedade subculturas impostas às comunidades
▪ Violência como maneira de obrigar as pessoas que integram aquela comunidade a cumprir ordens
▪ Grupos que impõem sanções para as pessoas que deixam de cumprir suas regras (pessoas que não se adaptam
aos padrões do grupo)
▪ Estado não alcança esses grupos

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▪ Há segurança imposta pelos criminosos, impondo a lei do silêncio para os moradores locais (ideia das
comunidades e milícias controlando grupos de moradores em certas localidades)

A.9) teoria da anomia


▪ Apresenta explicações de cunho sociológico acerca da criminalidade. O comportamento desviado pode ser
considerado como um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para
alcançar tais aspirações.
▪ A motivação para a delinquência decorre da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele (ex.
sucesso econômico ou status social)
▪ Com isso, o fracasso no atingimento das suas metas/aspirações, levam à anomia
▪ Anomia é a manifestação comportamental onde as normas sociais são ignoradas ou confrontadas
▪ Anomia como condutas desviantes; prática de comportamentos que ignoram as normas sociais; contrariam regras
impostas pela sociedade;
▪ ex. alcoolismo; drogas;
▪ ex. presença de moradores de ruas; muitas vezes são pessoas cultas, mas que, por alguma razão alheia, os levou
à vida na rua
▪ Cunho sociológico
▪ 1938
▪ Robert King Merton

➢ Criminologia crítica (radical)


Teorias do conflito
A) teoria do etiquetamento (teoria da rotulação; Labeling Approach; teoria do interacionismo simbólico; teoria da
reação social)
▪ Esta teoria surgiu no ano de 1960, nos Estados Unidos. Tem raízes na obra de Emile Durkhein, que se referiu aos
processos de construção da delinquência e a normalidade dela. Os principais precursores da teoria da rotulação
foram Erving Goffman, Edwim Lemert e Howard Becker, considerados como autores da Nova Escola de Chicago.
Estes autores adotam a metodologia da observação direta e o trabalho de campo.
▪ Teoria critica a maneira que a sociedade trata os criminosos
▪ Ao invés de se indagar os motivos pelo qual a pessoa se torna criminosa, deve-se buscar explicação dos motivos
da estigmatização de determinadas pessoas como criminosas pelo Estado

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▪ Estado produz o criminoso a partir do momento em que ele cria um rótulo para determinado agente
▪ Ex. atestado de antecedentes criminais
▪ Criminalização primária e secundária
-Agente pratica o delito, sendo processado e punido por aquele crime (primária)
-Passa a ser rotulado como criminoso, não possuindo mais nenhuma possibilidade além de voltar a cometer
crimes (criminalização secundária) – a sociedade passa a exigir o atestado de antecedentes criminais para
contratar em um emprego, por exemplo, fator que inviabiliza o emprego e a ressocialização
- Veja que a criminalidade secundária é uma consequência do etiquetamento feito pela sociedade quanto à
criminalidade primária

▪ Mecanismo de seleção das instâncias de controle do Estado


▪ Motivo de rotular como criminoso e não dar outra oportunidade

B) Teoria da criminologia marxista


▪ Esta teoria surgiu na década de 70, nos Estados Unidos e na Inglaterra, posteriormente irradiando para os países
europeus, notadamente, na Alemanha, Itália, Holanda e França. Tem sua origem mediata no livro “Punição e
estrutura social” de Georg Rusche e Otto Kirchheimer.
▪ Baseia-se na análise marxista da ordem social.
▪ Estado que cria o criminoso em razão de uma imposição econômica do capitalismo
▪ Critica a teoria da rotulação
▪ Considera o problema criminal como insolúvel em uma sociedade capitalista
▪ Prega uma mudança na sociedade para que acabe a criminalidade
▪ Defende o fim do capitalismo

C) Teoria da criminologia abolicionista


▪ A criminologia abolicionista apresentava a proposta de acabar com as prisões e abolir o próprio direito penal.
▪ Origem na Escandinávia nos anos 90, na Associação Sueca para a Reforma Penal
▪ Os abolicionistas afirmam que o sistema penal não cumpre a sua função, isto é, não protege a vida, a propriedade,
a liberdade social, dentre outros direitos fundamentais. Pelo contrário, só tem servido para legitimar e reproduzir
as desigualdades e injustiças sociais
▪ 1990
▪ Trabalha-se com a conciliação para solucionar as questões penais

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▪ Conduz à privatização dos conflitos, transformando o juiz penal em conciliador (a teoria defende essa privatização
dos conflitos; transforma o juiz penal em juiz civil)
▪ Substituir a sanção pelo diálogo e solidariedade dos grupos sociais
▪ Veja que há a destruição do direito penal em sua totalidade

D) Teoria da criminologia minimalista


▪ Transformação radical da sociedade como a melhor estratégia de combate ao crime. Uma política criminal voltada
a radicais transformações sociais e institucionais para o desenvolvimento da igualdade e democracia.
▪ 1990
▪ Limitação do direito penal
▪ Direito penal mínimo: punir apenas as infrações que necessitam dessa efetiva sanção pelo direito penal
▪ Somente aplicar onde for, realmente, necessário (difere da teoria abolicionista, já que não visa a destruição do
direito penal)
▪ Modificação de sua atuação para certo grupo de delitos
▪ Repito: Veja que não se fala em acabar com o direito penal, como a teoria abolicionista, mas apenas em limitar o
direito penal

E) teoria da criminologia neorrealista


▪ Admite que as frágeis condições econômicas dos pobres na sociedade capitalista fazem com que a pobreza tenha
seus reflexos na criminalidade, reconhecendo, contudo, que essa não é a única causa da atitude criminosa, também
gerada por fatores como: expectativa superdimensionada, individualismo exagerado, competitividade,
agressividade, ganância, anomalias sexuais, machismo
▪ 1990
▪ Defende uma política social ampla para promover o justo e eficaz controle das zonas de delinquência; isso deve
partir de ações pontuais do Estado; líderes com vontade e determinação são necessários para que isso ocorra

➢ Criminologia Cultural
o A criminologia cultural surgiu em meados da década de 90, como legatária da criminologia crítica, notadamente
das teorias do labelling approach e das teorias da subcultura.
o Busca suas referências nas noções de transgressão, subcultura e desvio, analisa à experiência criminal através de
imagens, significados e interferências culturais e sociais.
o Vincula o crime à cultura de cada um;

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o Trabalha com ideia de símbolos e imagens
o Mudanças conforme a época (ex. tatuagem e seu sentido que variou conforme o tempo – antes era vinculada ao
crime e hoje virou arte; grafite e pichação hoje são coisas distintas)

➢ Criminologia INTERSECCIONAL
o No século XXI, desponta a criminologia crítica alternativa em busca de enfrentar algumas questões das classes
vulneráveis, dando origem a criminologia feminista, a criminologia étnico-racial, a criminologia Queer, a criminologia
das migrações, criminologia verde, criminologia cyber, dentre outras.
o No final da década de 1990, floresce a criminologia interseccional como corolário dos estudos de gênero e do
feminismo, notadamente, o feminismo negro, para compreender a coexistência de variantes sociais que suportam
as mulheres.
o Sob a visão de Kimberlé Crenshaw, as várias elementares que integram a identidade - de classe, raça, gênero,
sexualidade, nacionalidade, religião e etc., demonstram as diferenças que as mulheres vivenciam, notadamente, no
que diz respeito às desigualdade e a violência.
o Criminologia interseccional consiste em investigar, de forma crítica, a maneira em que as identidades dos sujeitos,
intersectadas por marcadores das desigualdades que refletem em suas vivências e experiências com a violência, o
crime e as instituições do sistema de justiça criminal convivem enquanto vítimas ou infratoras.

➢ Teoria/criminologia “QUEER”
o A teoria “queer” surgiu no final dos anos 80, em decorrência de estudos de pesquisadores e ativistas de
movimentos baseados em discussões quanto à identidade de gênero e heteronormatividade. Elevou a discussão do
binômio “macho/fêmea” como formas impositivas de se viver uma identidade no seio social.
o O termo “queer”, oriundo do vernáculo inglês e numa tradução livre, significa “estranho, esquisito, excêntrico ou
original”, e está associado à agressão voltada aos homossexuais e às questões homofóbicas.
o Salo de Carvalho, professor de ciências criminais, sustenta que o processo da violência heterossexista pode ser
dividido em:
a) violência simbólica – trata-se de uma cultura homofóbica, que parte da construção social de discursos de
inferiorização da diversidade sexual e de orientação de gênero;
b) violência das instituições – oriunda da violência das instituições estatais, ou seja, homofobia do Estado, com a
criminalização e a patologização das identidades não heterossexuais;
c) violência interpessoal – trata-se da homofobia individual, onde se busca a anulação da diversidade por meio de
atos brutos de violência, isto é, a violência propriamente dita.

➢ Criminologia ambiental

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o Estuda o crime, criminalidade e vitimização, levando-se em consideração a relação com o lugar, espaço e as
respectiva interação desses fatores
o Explorará o modo como as oportunidades para as práticas criminosas são geradas dada a natureza de cada crime
existente
o Não se preocupa como o criminoso será criado, mas sim como o ato de praticar o crime acontece (forma que o
crime é praticado)
o Muita proximidade com a escola de Lyon
o Introduziu, como objetos de estudos, os alvos e lugares que determinam a prática do crime
o Analisa o ambiente em que esse crime ocorre
o A criminologia ambiental e a ciência do crime não incidem sobre as razões pelas quais os criminosos são criados,
mas sim no ato de praticar o crime
o Preocupação com a forma que o crime é praticado
o Teorias
A) teoria das atividades rotineiras
-Para a ocorrência de crime é necessário a convergência, em tempo e espaço, de três elementos
1º - Provável agressor
❖ Infrator motivado por uma patologia individual de busca o lucro fácil e que
❖ Encontra uma desorganização social que
❖ o transforma em um subproduto de um sistema social deficiente

2º - Alvo adequado
❖ Pessoa, local ou produto em elevado risco
❖ Ex. pessoa que passa em local escuro; carro parado em local abandonado; dentre outros exemplos

3º - Ausência de guardião
❖ Pessoa, objeto ou sistema capaz de impedir ou desencorajar a prática do crime (ex. vigilante; câmera;
alarme;
❖ Ausência de policiamento
❖ Guardião pode ser formal ou informal
❖ Ausência de equipamento ou sistema de segurança
❖ em uma opção, o criminoso escolhe o local sem guardião

B) Teoria da escolha racional


-Focada no processo de decisão do criminoso

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-Decisão de cometer um crime fica limitada por circunstância no tempo ou local, pela capacidade cognitiva e pela
informação disponível
-“Pensar como um criminoso” “se colocar no lugar do criminoso para saber a decisão”
-Benefícios aplicáveis ao criminoso ao praticar a conduta criminosa (não se importa com a punição; se preocupa
com o risco e com o alvo/recompensa)
- Compreensão desses benefícios buscados pelo criminoso
-Busca pelo alvo fácil
-Pouco risco e grande recompensa
- Criminoso não se preocupa com a pena (não quer saber se é crime hediondo ou não, por exemplo)
-Ex. residência com sistema de vigilância, enquanto outra não; o criminoso irá entrar na casa que não possui
segurança

C) Teoria do padrão criminal


-Vem ao encontro com os problemas policiais, os quais são analisados e entendidos de formas variadas,
viabilizando uma melhor compreensão e identificação das intervenções que serão necessárias
-Trabalha com (padrões a serem analisado para uma melhor eficácia das intervenções):
❖ O tipo de infração praticado;
❖ Procedimento praticado pelo criminoso;
❖ Localização de acontecimentos da delinquência;
❖ Pessoas e reincidência; vítimas que sofreram danos;
❖ Tempo do crime;
❖ O padrão criminal altera o tipo de intervenção exigido
❖ Eventos (ex. maior criminalidade na festa do peão de Barretos e requer maior policiamento; no resto do
ano, esse efetivo pode ser diminuído)

D) Teoria da oportunidade
-“Oportunidade faz o ladrão”
-Criminoso como resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente
- Comportamento individual é resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente
-Princípios e premissas:
❖ Oportunidades desempenham um papel na causa de todos os crimes (altamente específicas)
❖ Oportunidades para o crime são concentradas no tempo e no espaço
❖ Oportunidades para o crime dependem da forma como as atividades ocorrem diariamente
❖ Um crime produz oportunidade para outro crime

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❖ Mudanças sociais e tecnológicas produzem novas oportunidades para o crime
❖ A redução acentuada de oportunidade pode gerar uma ampla queda nos índices criminais

-Ex. falta de segurança; falta de estratégias; redução de cuidados; repetição de comportamentos;

• PREVENÇÃO DO DELITO
➢ Abordagem clássica
o Pena aplicada como resultado de um enfretamento Estado – criminoso/infrator
o Caráter retributivo
o Satisfação da pretensão punitiva do Estado como objeto único/principal de punir (não se preocupava com mais
nada)
o Ausência de preocupação com: a reparação de danos; ressocialização do infrator; prevenção do delito; vítima
o Altos custos para o Estado e falta de efetividade real

➢ Abordagem moderna
o Teoria relativa/utilitária
o Destaque para o lado humano e conflitivo do problema criminal
o Castigo não esgota as expectativas entorno do fato delituoso
o A pena deve ser aplicada como intervenção positiva ao infrator
o Caráter utilitário
o Não mais punir por punir
o Objetivos essenciais:
1º- ressocialização do delinquente;
2º- reparação do dano;
3º- prevenção do crime;

o Repressão substituída pela prevenção (novo paradigma criminológico)


o Visualiza o fracasso do modelo repressivo clássico: custos altos, intervenção tardia, falta de efetividade real
o Avanço da criminologia como ciência, com estudos sérios e pesquisa: compreensão do fenômeno criminal e suas
variantes

➢ Prevenção do delito (e seus critérios)


o Prevenção primária
▪ Prevenção que atua na raiz do conflito

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▪ Voltada para as origens do delito
▪ Visa neutralizar o delito antes que ele ocorra
▪ Resolver as situações de carências criminógenas (carências da sociedade e que levam à prática de crimes)
▪ Opera a longo e médio prazo
▪ Exige uma prestação social; uma intervenção comunitária
▪ Dar, para a população/comunidade, educação; emprego; moradia; lazer; saúde
▪ Condições mínimas para que a sociedade se desenvolva normal (mínimo existencial; mínimo para viver com
dignidade)
▪ Dirigida e aplicada à todas as pessoas

o Prevenção secundária
▪ Relacionada ao trabalho policial
▪ Política legislativa penal; política de segurança pública
▪ Atua na exteriorização do conflito
▪ Conflito já ocorreu, sendo necessária a atuação/intervenção do Estado
▪ Opera a curto e médio prazo
▪ Não resolve o problema, mas minimiza a situação que já está ocorrendo
▪ Ex. operações policiais; leis criando obstáculos para os criminosos
▪ Dirigida à setores específicos da sociedade

o Prevenção terciária
▪ Destinada à população carcerária
▪ Objetivo de evitar a reincidência
▪ Trabalhar com a ressocialização/reeducação do criminoso preso

• VITIMOLOGIA
➢ A vitimologia se originou do sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Teve origem nos estudos de Benjamin
Mendelsohn, considerado pai da vitimologia, que, como marco histórico, proferiu uma famosa conferência – Um
horizonte novo na ciência biopsicossocial: a vitimologia, na Universidade de Bucareste, em 1947, e também com os
estudos de Hans Von Hentig, em 1948, nos Estados Unidos, com a publicação do livro “The Criminal and his Victim”.

➢ É a ciência que estuda amplamente a relação vítima e criminoso no fenômeno da criminalidade

➢ Foco no estudo vítima →criminoso

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➢ Objeto é a existência de menos vítimas na sociedade
o Vítima e criminoso estão dentro de uma relação como objetos da vitimologia

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