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Paulo Sumariva
Criminologia
Aula 2
ROTEIRO DE AULA
-Lombroso
Classificação do criminoso para Lombroso:
❖ criminoso nato;
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❖ criminoso louco;
❖ criminoso de ocasião;
❖ criminoso por paixão
Teses de Lombroso:
❖ Defende a tese da existência do criminoso nato (pessoa nasce criminosa)
❖ Criminoso nato é antropologicamente diferente das outras pessoas
❖ Criminosos possuíam características fisionômicas especiais (distinguiam dos demais indivíduos)
❖ Epilepsia como fator predominante na origem da criminalidade
❖ Prostituição feminina se equivale à criminalidade masculina
❖ Criminoso como resultado do atavismo (passa de pai para filho)
❖ Bioantropologia criminal (obra “o homem delinquente”) - 1876
❖ Antropometria: estudo das medidas e proporções do organismo humano para fins de estatística e
comparação
❖ Em uma era pós lombrosiana surgiu a criminologia clínica: estudos biotipológicos, endocrinológicos,
psicopatológicos que continuaram após Lombroso
❖ Hoje se fala, também, em uma bioantropologia moderna: estudo do DNA; mantendo ideia de Lombroso
de vincular o criminoso ao nascimento (obs. não defender essas ideias em concurso, manter a ideia de crime
como fator social)
Teses de Garofalo:
❖ Criminosos possuíam características fisionômicas especiais (distinguiam dos demais indivíduos)
❖ Crime como sintoma de uma anomalia moral ou psíquica do indivíduo
❖ Crime como lesão ao sentimento mais profundamente radicado no espírito humano (senso moral; crime
como violação desse senso moral)
-Ferri
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Classificação do criminoso para Ferri:
❖ criminoso nato;
❖ criminoso louco;
❖ criminoso passional;
❖ criminoso ocasional;
❖ criminoso habitual
Teses de Ferri:
❖ Crime como resultado da soma de três fatores:
I) Fatores antropológicos/individuais
→ Constituição orgânica da pessoa
→ Constituição psíquica;
→ Características pessoais (raça, idade, sexo, estado social;)
➔ ex. traficante é jovem e não reincidente; estelionatário tende a ser pessoa mais velha
B) século XX
▪ Terceira escola italiana
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-Principais nomes: Bernardino Alimena; Giuseppe Impalomeni; Manuel Carnevale
-Distinção entre imputáveis e inimputáveis
-Responsabilidade moral do agente baseada no determinismo
❖ Aplicação de pena aos imputáveis e
❖ Medida de segurança aos inimputáveis
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❖ Criminosos possuem características fisionômicas distintas de um homem não criminoso
❖ Criminosos como produtos do meio social
❖ Anomalias que fazem o delinquente, mais a relação dinâmica que formam o sistema nervoso central do
indivíduo, somadas ao meio social, traduzem em imagens mais ou menos equilibradas do cérebro
➢ Criminologia tradicional
o Teorias do consenso
o Identificação das causas do crime como forma de prevenção
A) Escola de Chicago
▪ A Escola de Chicago é o berço da moderna sociologia americana, que teve seu início nas décadas de 20 e 30, à luz
do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, quando esta apresentou a “sociologia das grandes
cidades”, em razão da constatação do aumento da criminalidade na cidade de Chicago.
▪ Para os defensores da Escola de Chicago, é a cidade produz a delinquência
▪ Antropologia urbana
-O foco da análise principal está no meio urbano
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- Meio urbano como foco principal da análise do crime, constatando a influência do meio ambiente na conduta
criminosa
-Apresenta-se um paralelo entre o crescimento populacional das cidades e o consequente aumento da
criminalidade
▪ Perspectiva transdisciplinar
-Discute múltiplos aspectos da vida humana e relacionados com a vida na cidade
-Pessoas são contaminadas pelo ambiente social no qual se encontram inseridas
-Contagiadas pelo contato com comportamentos criminosos, passando a assimilar isso com naturalidade
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▪ Defende-se a ideia de um paralelo entre o desenvolvimento das grandes cidades e o consequente aumento da
criminalidade, em razão da ausência do controle social formal
obs. Daqui para baixo são teorias influenciadas pela Escola de Chicago ou atreladas à esta, mas não são oriundas
dela:
A.3) teoria das janelas quebradas
▪ A teoria das janelas quebradas está intimamente atrelada a Escola de Chicago. Tem origem nos Estados Unidos,
onde dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, apresentaram esta teoria,
em março de 1982, após publicaram na revista Atlantic Monthly um estudo em que, pela primeira vez, estabelecia-
se uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade, cujo título era The Police and Neiborghood Safety
(A Polícia e a Segurança da Comunidade).
▪ Baseada na experiência feita pelo psicólogo Philip Zimbardo
- Experiência: (carro estacionado em bairro de classe alta –nada acontece com o carro-; o pesquisador,
posteriormente, quebrou a janela do carro: após isso o carro foi roubado por vândalos em poucas horas)
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▪ A teoria aduz que, ao se quebrar uma janela, se ela não for imediatamente consertada, logo todas as outras
também serão quebradas (mesma ideia de um terreno com mato alto: pessoas jogam lixo no local, passando a ideia
de um ambiente abandonado; se o terreno for limpo e com grama aparada, ninguém joga nada, passando a ideia
de que há um dono)
▪ Defende-se a necessidade de se reprimir delitos menores; a partir dessa repressão, os delitos mais graves
desaparecerão
▪ Busca promover a redução dos índices de criminalidade e evitar que determinado local se torne uma zona de
concentração da criminalidade
▪ Possui relação com o que estudava na Escola de Chicago (está atrelada a esta; não decorre dela)
▪ 1982 – Universidade de Harvard
▪ Relacionada à repressão dos delitos menores para inibir os mais graves
▪ Incutiu a política da tolerância zero
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A.5) Teoria dos testículos Despedaçados
▪ A Teoria dos Testículos Despedaçados ou Testículos Quebrados possui relação direta com a Teoria das Janelas
Quebradas, ou seja, pauta-se na ideia de combate às pequenas infrações. Tem origem nos Estados Unidos.
▪ Essa teoria se funda na experiência policial e defende que os delinquentes de crimes de pouca gravidade ou de
menor potencial ofensivo, quando perseguidos com eficácia pela polícia, via de regra são derrotados e fogem para
outras localidades mais distantes, na tentativa de continuar violando a lei penal sem a reprimenda dos agentes do
Estado.
▪ Crime irá migrar para outra localidade
▪ “Limpeza da área/território/região”: foco no combate da pequena infração para que haja essa migração do
criminoso do local
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▪ Conduta criminosa é aprendida a partir da interação entre as pessoas (processo de comunicação do indivíduo com
seus assemelhados) – “estudo/conhecimento para o mal”
▪ As tensões variam das condições temporais, do contexto e a intensidade da manifestação no indivíduo. Podem
minimizar os níveis de autocontrole ou induzir ao comportamento delituoso, o indivíduo. Logo, a intensidade pode
refletir em tensão crônica, elevando à predisposição ao comportamento criminoso, visto que aumentam as
emoções negativas, dificultam a estabilização do autocontrole e induzem a aprendizagem social do crime
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▪ Há segurança imposta pelos criminosos, impondo a lei do silêncio para os moradores locais (ideia das
comunidades e milícias controlando grupos de moradores em certas localidades)
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▪ Estado produz o criminoso a partir do momento em que ele cria um rótulo para determinado agente
▪ Ex. atestado de antecedentes criminais
▪ Criminalização primária e secundária
-Agente pratica o delito, sendo processado e punido por aquele crime (primária)
-Passa a ser rotulado como criminoso, não possuindo mais nenhuma possibilidade além de voltar a cometer
crimes (criminalização secundária) – a sociedade passa a exigir o atestado de antecedentes criminais para
contratar em um emprego, por exemplo, fator que inviabiliza o emprego e a ressocialização
- Veja que a criminalidade secundária é uma consequência do etiquetamento feito pela sociedade quanto à
criminalidade primária
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▪ Conduz à privatização dos conflitos, transformando o juiz penal em conciliador (a teoria defende essa privatização
dos conflitos; transforma o juiz penal em juiz civil)
▪ Substituir a sanção pelo diálogo e solidariedade dos grupos sociais
▪ Veja que há a destruição do direito penal em sua totalidade
➢ Criminologia Cultural
o A criminologia cultural surgiu em meados da década de 90, como legatária da criminologia crítica, notadamente
das teorias do labelling approach e das teorias da subcultura.
o Busca suas referências nas noções de transgressão, subcultura e desvio, analisa à experiência criminal através de
imagens, significados e interferências culturais e sociais.
o Vincula o crime à cultura de cada um;
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o Trabalha com ideia de símbolos e imagens
o Mudanças conforme a época (ex. tatuagem e seu sentido que variou conforme o tempo – antes era vinculada ao
crime e hoje virou arte; grafite e pichação hoje são coisas distintas)
➢ Criminologia INTERSECCIONAL
o No século XXI, desponta a criminologia crítica alternativa em busca de enfrentar algumas questões das classes
vulneráveis, dando origem a criminologia feminista, a criminologia étnico-racial, a criminologia Queer, a criminologia
das migrações, criminologia verde, criminologia cyber, dentre outras.
o No final da década de 1990, floresce a criminologia interseccional como corolário dos estudos de gênero e do
feminismo, notadamente, o feminismo negro, para compreender a coexistência de variantes sociais que suportam
as mulheres.
o Sob a visão de Kimberlé Crenshaw, as várias elementares que integram a identidade - de classe, raça, gênero,
sexualidade, nacionalidade, religião e etc., demonstram as diferenças que as mulheres vivenciam, notadamente, no
que diz respeito às desigualdade e a violência.
o Criminologia interseccional consiste em investigar, de forma crítica, a maneira em que as identidades dos sujeitos,
intersectadas por marcadores das desigualdades que refletem em suas vivências e experiências com a violência, o
crime e as instituições do sistema de justiça criminal convivem enquanto vítimas ou infratoras.
➢ Teoria/criminologia “QUEER”
o A teoria “queer” surgiu no final dos anos 80, em decorrência de estudos de pesquisadores e ativistas de
movimentos baseados em discussões quanto à identidade de gênero e heteronormatividade. Elevou a discussão do
binômio “macho/fêmea” como formas impositivas de se viver uma identidade no seio social.
o O termo “queer”, oriundo do vernáculo inglês e numa tradução livre, significa “estranho, esquisito, excêntrico ou
original”, e está associado à agressão voltada aos homossexuais e às questões homofóbicas.
o Salo de Carvalho, professor de ciências criminais, sustenta que o processo da violência heterossexista pode ser
dividido em:
a) violência simbólica – trata-se de uma cultura homofóbica, que parte da construção social de discursos de
inferiorização da diversidade sexual e de orientação de gênero;
b) violência das instituições – oriunda da violência das instituições estatais, ou seja, homofobia do Estado, com a
criminalização e a patologização das identidades não heterossexuais;
c) violência interpessoal – trata-se da homofobia individual, onde se busca a anulação da diversidade por meio de
atos brutos de violência, isto é, a violência propriamente dita.
➢ Criminologia ambiental
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o Estuda o crime, criminalidade e vitimização, levando-se em consideração a relação com o lugar, espaço e as
respectiva interação desses fatores
o Explorará o modo como as oportunidades para as práticas criminosas são geradas dada a natureza de cada crime
existente
o Não se preocupa como o criminoso será criado, mas sim como o ato de praticar o crime acontece (forma que o
crime é praticado)
o Muita proximidade com a escola de Lyon
o Introduziu, como objetos de estudos, os alvos e lugares que determinam a prática do crime
o Analisa o ambiente em que esse crime ocorre
o A criminologia ambiental e a ciência do crime não incidem sobre as razões pelas quais os criminosos são criados,
mas sim no ato de praticar o crime
o Preocupação com a forma que o crime é praticado
o Teorias
A) teoria das atividades rotineiras
-Para a ocorrência de crime é necessário a convergência, em tempo e espaço, de três elementos
1º - Provável agressor
❖ Infrator motivado por uma patologia individual de busca o lucro fácil e que
❖ Encontra uma desorganização social que
❖ o transforma em um subproduto de um sistema social deficiente
2º - Alvo adequado
❖ Pessoa, local ou produto em elevado risco
❖ Ex. pessoa que passa em local escuro; carro parado em local abandonado; dentre outros exemplos
3º - Ausência de guardião
❖ Pessoa, objeto ou sistema capaz de impedir ou desencorajar a prática do crime (ex. vigilante; câmera;
alarme;
❖ Ausência de policiamento
❖ Guardião pode ser formal ou informal
❖ Ausência de equipamento ou sistema de segurança
❖ em uma opção, o criminoso escolhe o local sem guardião
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-Decisão de cometer um crime fica limitada por circunstância no tempo ou local, pela capacidade cognitiva e pela
informação disponível
-“Pensar como um criminoso” “se colocar no lugar do criminoso para saber a decisão”
-Benefícios aplicáveis ao criminoso ao praticar a conduta criminosa (não se importa com a punição; se preocupa
com o risco e com o alvo/recompensa)
- Compreensão desses benefícios buscados pelo criminoso
-Busca pelo alvo fácil
-Pouco risco e grande recompensa
- Criminoso não se preocupa com a pena (não quer saber se é crime hediondo ou não, por exemplo)
-Ex. residência com sistema de vigilância, enquanto outra não; o criminoso irá entrar na casa que não possui
segurança
D) Teoria da oportunidade
-“Oportunidade faz o ladrão”
-Criminoso como resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente
- Comportamento individual é resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente
-Princípios e premissas:
❖ Oportunidades desempenham um papel na causa de todos os crimes (altamente específicas)
❖ Oportunidades para o crime são concentradas no tempo e no espaço
❖ Oportunidades para o crime dependem da forma como as atividades ocorrem diariamente
❖ Um crime produz oportunidade para outro crime
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❖ Mudanças sociais e tecnológicas produzem novas oportunidades para o crime
❖ A redução acentuada de oportunidade pode gerar uma ampla queda nos índices criminais
• PREVENÇÃO DO DELITO
➢ Abordagem clássica
o Pena aplicada como resultado de um enfretamento Estado – criminoso/infrator
o Caráter retributivo
o Satisfação da pretensão punitiva do Estado como objeto único/principal de punir (não se preocupava com mais
nada)
o Ausência de preocupação com: a reparação de danos; ressocialização do infrator; prevenção do delito; vítima
o Altos custos para o Estado e falta de efetividade real
➢ Abordagem moderna
o Teoria relativa/utilitária
o Destaque para o lado humano e conflitivo do problema criminal
o Castigo não esgota as expectativas entorno do fato delituoso
o A pena deve ser aplicada como intervenção positiva ao infrator
o Caráter utilitário
o Não mais punir por punir
o Objetivos essenciais:
1º- ressocialização do delinquente;
2º- reparação do dano;
3º- prevenção do crime;
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▪ Voltada para as origens do delito
▪ Visa neutralizar o delito antes que ele ocorra
▪ Resolver as situações de carências criminógenas (carências da sociedade e que levam à prática de crimes)
▪ Opera a longo e médio prazo
▪ Exige uma prestação social; uma intervenção comunitária
▪ Dar, para a população/comunidade, educação; emprego; moradia; lazer; saúde
▪ Condições mínimas para que a sociedade se desenvolva normal (mínimo existencial; mínimo para viver com
dignidade)
▪ Dirigida e aplicada à todas as pessoas
o Prevenção secundária
▪ Relacionada ao trabalho policial
▪ Política legislativa penal; política de segurança pública
▪ Atua na exteriorização do conflito
▪ Conflito já ocorreu, sendo necessária a atuação/intervenção do Estado
▪ Opera a curto e médio prazo
▪ Não resolve o problema, mas minimiza a situação que já está ocorrendo
▪ Ex. operações policiais; leis criando obstáculos para os criminosos
▪ Dirigida à setores específicos da sociedade
o Prevenção terciária
▪ Destinada à população carcerária
▪ Objetivo de evitar a reincidência
▪ Trabalhar com a ressocialização/reeducação do criminoso preso
• VITIMOLOGIA
➢ A vitimologia se originou do sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Teve origem nos estudos de Benjamin
Mendelsohn, considerado pai da vitimologia, que, como marco histórico, proferiu uma famosa conferência – Um
horizonte novo na ciência biopsicossocial: a vitimologia, na Universidade de Bucareste, em 1947, e também com os
estudos de Hans Von Hentig, em 1948, nos Estados Unidos, com a publicação do livro “The Criminal and his Victim”.
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➢ Objeto é a existência de menos vítimas na sociedade
o Vítima e criminoso estão dentro de uma relação como objetos da vitimologia
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