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Autores do trabalho:

Evandro Miguel da Silva Almeida – 201180084


Bruno Filipe Fidalgo Ruivo das Neves – 201099019
Luís Miguel Pereira Resende – 201180116
Kevin Gabriel Colombo Nogueira da Silva - 201099021
Omar David Bouabe Soares - 201099018

FUNÇÕES DO CAPITAL SOCIAL

Curso: Gestão de empresas

Unidade Curricular: Direito Empresarial II

Professor Doutor: António Maria Antas Teles

Fig. 1 Direito Empresarial; Fonte: uebercarvalho.adv.br

Instituto Superior de Administração e Gestão (ISAG)


PORTO, 30 DE MAIO DE 2021
Instituto Superior de Gestão e Administração 2021

Índice

Abreviaturas .................................................................................................................. 3

Introdução ..................................................................................................................... 3

Espécies de entradas: ................................................................................................ 4

Obrigação de entrada: ................................................................................................ 5

Diferimento de entradas: ........................................................................................... 5

Mora e incumprimento: .............................................................................................. 6

Função de garantia: .................................................................................................... 6

Reservas: ....................................................................................................................... 7

Capital Próprio e Justo Valor: .................................................................................. 8

Subcapitalização das Sociedades Comerciais: .................................................. 8

Funções de Produção, Avaliação e Organização: .............................................. 9

Variações do Capital Social:................................................................................... 10

Conclusão .................................................................................................................... 11

Referência bibliográficas......................................................................................... 12

Contabilidade Empresarial II – Ativos Fixos Tangíveis e Propriedades de Investimento


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Abreviaturas

CSC – Código das Sociedades Comerciais;

Art.º - Artigo;

Introdução

Para melhor compreensão da importância do Capital Social é necessário


primeiramente definir a que se refere o termo sociedade para posteriormente ser
possível distinguir com a exigência necessária a função do capital social.

Sociedades (art.º 1º a 174º do CSC) são conjuntos de pessoas e bens


predeterminadas para um fim lucrativo (podem ser civis ou comerciais (art.º 1, nº
2 do CSC). Em Portugal grande maioria das sociedades são por quotas ou
anónimas devido a uma grande característica diferenciadora em relação ás
restantes sociedade que é as responsabilidades da sociedade não recaem nos
sócios a nível individual e pessoal, ou seja, o património e responsabilidade da
empresa e pessoal são independentes (responsabilidade limitada – art.º 197º e
271º do CSC) de modo que neste trabalho o âmago será o capital social nestes
dois tipos de sociedade.

O capital social é uma das principais distinções entre as sociedades dado que
nas sociedades por quotas não existe a obrigação de um valor determinado na
sua constituição, no entanto tem o valor mínimo de 1€ por sócio referente ao
valor nominal da sua quota (art.º 219º, nº 3 do CSC). Nas sociedades anónimas
existe um valor mínimo na sua constituição de 50.000€ onde o sócio, por acordo
dos restantes, tem a possibilidade de entrar com o mínimo de 1 cêntimo que
corresponde ao valor da ação (art.º 276º, nº5 do CSC). É de salientar que o
capital social não se reserva exclusivamente a nível monetário, este pode ser
também em bens. O valor do bem é avaliado por um revisor/oficial de contas.
Ambas as sociedades o capital social pode sofrer variações (aumento ou
redução - art.º 85º e 86º do código das sociedades comerciais) e compreende as
funções de garantia, reserva, produção, avaliação e organização.

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Noção de Capital Social:

Citando Paulo Olavo Cunha, capital social é:

“… a cifra numérica de valor constante, em dinheiro, expressa em euros,


correspondente à soma das entradas dos sócios e ao montante que estes
pretendem afetar ao exercício da atividade económica que prosseguem sob a
forma jurídica societária e que, sobretudo, equivale ao valor que os sócios
reputam como adequado para prosseguirem uma atividade económica
empresarial de natureza mercantil…” (Prof. Paulo Olavo Cunha, Direito das
sociedades comerciais, 2019, p. 13).

Além de se traduzir numa cifra numérica o capital social é um dos elementos


essenciais de qualquer sociedade, seja pela sua existência ou inexistência,
assim presente em qualquer tipo de contrato de sociedade (art.º 9º, nº 1 do CSC).
O valor do capital social apenas poderá ser expresso na moeda em curso legal
de Portugal (art.º 14º do CSC).

Espécies de entradas:

Essas mesmas entradas regularmente são em dinheiro, contudo, podem


também ser em espécie. Quando as entradas são realizadas em bens diferentes
de dinheiro estas são primeiramente avaliadas por um revisor oficial de contas
independente da sociedade que por fim irá aferir o seu devido valor (art.º 28º do
CSC).

Ao contrário das sociedades em nome coletivo, as entradas em contribuições de


indústria (serviços e trabalho) são proibidas nas sociedades anónimas e por
quotas (art.º 202º, nº 1 e 277º, nº 1 do CSC).

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Obrigação de entrada:

As entradas dos sócios constituem um fator imprescindível numa sociedade para


que esta possa proceder com a atividade económica pretendida na sua
constituição. Nos termos do artigo 20º, alínea a) do Código das Sociedades
Comerciais constitui uma obrigação dos sócios a entrada na sociedade com bens
que sejam suscetíveis de penhora e não é legalmente permitido que o um sócio
seja providenciado de não cumprir a obrigação de entrada na sua totalidade ou
parcialmente (com exceção do caso de redução de capital), assim previsto no
artigo 27º do Código das Sociedades Comerciais. É de enfatizar que a lei prevê
ainda certas compreensibilidades nas entradas dos sócios que não sejam
realizadas até à data de celebração do contrato como a possibilidade realizar as
entradas até ao termo do primeiro exercício económico e ainda de estipular
contratualmente o diferimento das entradas em dinheiro (art.º 26º do CSC).

Diferimento de entradas:

Como supra referenciado a lei prevê a possibilidade do diferimento das entradas


em dinheiro (art.º 26º do CSC), no entanto o diferimento das entradas em espécie
não é permitido. Nas sociedades por quotas os sócios devem no ato constitutivo
da sociedade declarar a entrega do valor das suas entrada ou o seu
compromisso de entrega até ao final do primeiro exercício económico (art.º 202º,
nº 4 do CSC). Relativamente ao tempo das entradas esta tem de ser realizadas
em datas ou factos determinados e a partir do momento em que decorra o
período de 5 anos da data de celebração do contrato, ou quando for deliberado
um aumento de capital ou ainda no caso de encerramento de metade do prazo
da duração da sociedade (se for inferior a ao limite) as respetivas entradas
podem ser exigidas (art.º 203º, nº 1 do CSC). Nas sociedades anónimas o
diferimento das entradas em dinheiro só poderá ser diferido em 70% do valor
nominal ou de emissão das ações (art.º 277º, nº 2 do CSC). O diferimento não
poderá ser realizado num prazo superior a 5 anos (art.º 285º, nº 1 do CSC).

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Mora e incumprimento:

Quando um sócio não cumpre o prazo estabelecido para o cumprimento da


obrigação de entrada a sociedade deve interpela-lo. Se o sócio não efetuar a
prestação obrigatória no prazo definido na interpelação deve a sociedade avisá-
lo, através de carta registada que a partir do 30º dia após receção da carta,
poderá ter como consequências a exclusão e a perda total ou parcial da quota
da sociedade (art.º 204º, nº 1 do CSC), o não recebimento de lucros (art.º 27º,
nº4 do CSC) e a paralisação do direito de voto (art.º 384, nº 4 do CSC). A
obrigação de entrada não se pode extinguir por compensação (art.º 27º, nº 5 do
CSC). Nas sociedades anónimas o acionista só entra em mora depois de
interpelado pela sociedade para realizar o respetivo pagamento, não obstante
dos prazos fixados no contrato de sociedade (art.º 285, nº 2 do CSC).

No caso em que o sócio não tiver cumprido a obrigação de entrada na sua


totalidade e tiver sido excluído da sociedade a obrigação recai sobre os restantes
sócios uma vez que estes são solidariamente responsáveis por todas as
entradas estipuladas (art.º 197º, nº 1 com remissão para o artigo 207º do CSC).

Função de garantia:

Apenas é permitido a distribuição integral de lucros aos sócios quando


determinadas condições se encontram satisfeitas de forma a não comprometer
a situação líquida da empresa, ou seja, não é permitida a distribuição se existir
prejuízos que ainda careçam de pagamento, se a reserva legal ainda não estiver
constituída e se houver obrigatoriedade nos estatutos de constituir
primeiramente reservas estatutárias. Só após satisfeitas estas condições é que
os lucros podem ser integralmente distribuídos pelos sócios dado que uma das
funções do capital social é o de função de garantia (art.º 32º do CSC).

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Reservas:

As reservas servem essencialmente dois propósitos, o de cobertura de gastos e


o de cobertura de prejuízos servindo desta forma como um reforço à sociedade.
Para tal existe essencialmente cinco tipos de reservas:

1. Reservas legais obrigatórias (constituída através de uma percentagem


não inferior à 20º parte dos lucros da sociedade – art.º 295º, nº 1 do CSC);

2. Reservas legais especiais (legalmente determinadas para sua


constituição ou através da recolha de prémio de emissão com o objetivo
de cobrir aplicações da sociedade – art.º 292, nº 2º e 295º, nº 2 do CSC);

3. Reservas livres (provêm de lucros que por decisão dos sócios não foram
distribuídos e que foram constituídas em respeito pelos artigos 217º, nº 1
e 294º, nº 1 do CSC), reservas estatutárias (que se encontram previstas
nos contratos de sociedade);

4. Reservas ocultas (refente às valorizações que não foram contabilizadas


de bens que integram o ativo imobilizado da sociedade);

5. Reservas de reavaliação (reapreciação positiva legalmente autorizada de


bens sociais existentes);

A utilização das reservas está legalmente limitada à cobertura de prejuízos ou


para incorporação no capital (art.º 296º do CSC), é de constituição obrigatória
com um limite mínimo de € 2500 (art.º 218º com remissão para o art.º 296º do
CSC).

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Capital Próprio e Justo Valor:

O capital próprio é a expressão numérica do valor do património, é o interesse


(valor) residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos os seus passivos
traduzindo assim a situação líquida da sociedade, ou seja:

Capital Próprio = soma do capital realizado – (deduzidas) ações próprias,


reservas, resultados transitados e ajustamentos dos ativos financeiros (art.º
349º, nº 2 do CSC).

O justo valor traduz-se no valor de mercado, os bens devem estar todos


registados, em regra geral, pelo justo valor. Este valor é determinado quando
ambas as partes são independentes e conhecedoras do valor de mercado do
respetivo bem. Desta forma as sociedades conseguem representar o seu
balanço de uma forma mais precisa e realista (art.º 32º do CSC).

Subcapitalização das Sociedades Comerciais:

Subcapitalização traduz-se na falta de capital ou de meios financeiros para a


realização de objetivos necessários para o normal funcionamento da atividade
da sociedade. Exemplo desta situação é a perda de metade do capital
necessário que, quando ocorre a perda deve ser admitida (com razões fundadas)
e os gerentes ou administradores devem convocar imediatamente uma
assembleia geral para informar os sócios e tomar as devidas medidas como
dissolução da sociedade, redução do capital social ou realização de entradas
para reforço pelos sócios (art.º 35º do CSC).

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Funções de Produção, Avaliação e Organização:

Função de Produção:

A função de produção (ou reprodução) tem como objetivo reunir os meios,


nomeadamente capitais, necessários para que a sociedade posso iniciar a sua
atividade pretendida.

Função de avaliação:

A função de avaliação do capital social é utilizada como parâmetro para diversas


formas de avaliar o valor e participações de uma sociedade. Exemplo dessa
avaliação económica da sociedade decorre da diferença, positiva ou negativa,
registada entre o valor do património social (líquido) e do capital social.

Função de Organização:

O capital social também apresenta uma importante função de organização da


posição jurídica dos sócios dado que (de modo geral) a participação de cada
sócio nos lucros da sociedade equivalerá à sua respetiva participação no capital
social da sociedade (art.º 22º do CSC).

O capital social na sua função de organização cumpre ainda um papel importante


relativamente à distribuição dos lucros, participação na vida da sociedade e da
organização e distinção dos poderes internos de cada sócio na sociedade.

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Variações do Capital Social:

O Capital Social apesar de ser uma cifra de valor constante, é suscetível a


alterações ao longo do período da sua existência. Estas alterações podem ser
concretizadas por via de aumento ou mesmo até redução desse capital.

O capital social pode ser aumentado, sendo reconhecido e considerado pelo


legislador, ou ser reduzido o que transpõe incerteza e insegurança ao legislador
pelo facto de esta variação poder afetar a garantia para com os credores, por
consequência o legislador impõe limitações às reduções de capital.

Contudo, estas alterações ao contrato da sociedade podem ser definidas pelos


sócios ou até pelo órgão de gestão (em situações específicas). Alterações do
contrato de sociedade (por aumento ou por redução) implica:

➢ Deliberação dos sócios;


➢ Redução a escrito (ata);
➢ Inscrição no registo comercial;

O aumento de capital pode ser realizado através de novas entradas (art.º 92º do
CSC) e/ou pela incorporação de reservas (art.º 91º do CSC).

A redução de capital (art.º 94º do CSC) social tem por objetivo a cobertura de
prejuízos, a libertação de excesso de capital e finalidades especiais prevista na
lei como, por exemplo, perda de metade do capital (art.º 35º do CSC).

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Conclusão

Omar Soares – Em virtude da realização deste trabalho foi-me possível estudar


e aprofundar os conteúdos já lecionados nas aulas. Além da importância já
referida, considero que este trabalho me proporcionou uma nova forma de
compreender e investigar os conteúdos referentes ao tema das funções do
capital social (que representa uma parte indispensável das sociedades).

Evandro Almeida - Neste trabalho o tema abordado foi as funções do capital


social. A decisão da abordagem deste trabalho foi bastante importante para
poder aprofundar a importância do capital social e das as suas funções para que
além do conhecimento teórico fosse possível enquadrar o seu conceito prático e
respetivas normas legais.

Luís Resende - Este trabalho foi uma oportunidade para aprofundar


conhecimentos com o intuito de alcançar o meu objetivo futuro enquanto gestor,
isto porque me incentivou a realizar uma pesquisa mais detalhada das funções
e possibilidades legalmente previstas sobre o capital nas sociedades.

Kevin Silva - Neste tema escolhido para o trabalho de investigação foi-me


possível conseguir ter uma pesquisa detalhada do conteúdo lecionado nas aulas
de forma a aprofundar os meus conhecimentos em relação às funções do capital
social. Este trabalho permitiu-me investigar sobre as variadas formas de
aplicação do capital social assim como das suas funções principais.

Bruno Neves – Dada a importância das nuances relativas à constituição de uma


sociedade, nomeadamente ao que diz respeito ao capital social e suas
funções/condições, este trabalho assume grande importância nesse contexto
pois permitiu-nos aprofundar os conhecimentos relacionados que terão grande
utilidade na área da gestão de empresas.

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Referência bibliográficas

Referência Principal:

Olavo Cunha, Paulo. (2019). - Direito das sociedades comerciais, Almedina, 7º


edição, Reimpressão 2021.

Referências:

Almeida, Diogo Frada de; Morgado, Marta da Fonseca. (2018). – Distribuição dos
Lucros-. Carlos Pinto de Abreu e Associados.

Carvalho, Maria Miguel (2013); Direito das Sociedades Comerciais (Capítulo I). -
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/25669/1/Direito%20para%20a
%20Economia%20e%20Gest%C3%A3o%20-%20Cap.pdf [27 de Setembro de
2013]

Gomes Marques, André Menezes Falcão (2012); Tese publicada: O Diferimento das
entradas em dinheiro nas sociedades anónimas. –
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/16600/1/DISSERTA%C3%87%C3%83
O%20final%20(1).pdf [2012]

Conteúdos abordados e disponibilizados nas aulas de Direito Empresarial II,


lecionadas e elaborados pelo Professor Doutor António Maria Antas Teles – Instituto
Superior de Administração e Gestão – 2021.

Legislação Comercial e das Sociedades Comerciais (2019), Almedina, 11º edição


[Fevereiro 2019].

Fonte da Figura 1:

UEBER – Ueber carvalho advocacia - https://www.uebercarvalho.adv.br/areas-de-


atuacao/direito-empresarial-1

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