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ISEG Contabilidade Analítica

Universidade de Lisboa

CONTABILIDADE ANALÍTICA

Objetivos

Contabilidade Analítica

CAP V – A CONTABILIDADE ANALÍTICA E A TOMADA DE


DECISÕES

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Objetivos
CAP V – A CONTABILIDADE ANALÍTICA E A TOMADA DE DECISÕES

1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

3. Utilizações e limitações da informação proporcionada pela análise custos –


volume - resultados.

Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

O modelo de custos-volume-resultados assenta no comportamento dos custos fixos


e custos variáveis em função da quantidade produzida dentro do intervalo relevante.
- Custo Fixo total é constante;
- O Custo Fixo unitário diminui com o aumento da quantidade produzida;
- O Custo Variável Total aumenta com o aumento da quantidade produzida;
- O Custo Variável unitário é constante;
- O CIPA Total aumenta com o aumento da quantidade produzida;
- O CIPA unitário diminui com o aumento da quantidade produzida.

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Representação Gráfica de Custos Variáveis e Fixos Totais

Custos totais
Custos Acumulados Custos variáveis

Custos fixos

Quantidade
Produzida

Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.
Representação Gráfica de Custos Variáveis e Fixos dentro do intervalo relevante

Custos
Unitários

Custos Totais
Unitários
Custos Variáveis
Unitários
Custos Fixos
Unitários
Quantidade Produzida

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Ponto Crítico das Vendas ou Ponto Crítico Operacional: corresponde ao valor das vendas para o
qual a empresa tem um RESULTADO OPERACIONAL de ZERO.
Ponto Crítico Total: corresponde ao valor das vendas para o qual a empresa tem um
RESULTADO ANTES DE IMPOSTO de ZERO.

Ou seja, queremos determinar as vendas para as quais o RO = 0 ou o RAI = 0


(a diferença reside em considerar-se ou não os gastos de financiamento).
Ainda assim, muitas vezes é utilizada a terminologia PCV para RAI = 0.

Ora, para determinarmos esse valor das vendas temos de ter por base a DR em custeio variável, pois é
aquela que nos permite expressar as vendas ou a quantidade vendida em função da nossa estrutura de custos
independentemente das quantidades produzidas (CV unitário é constante e o CF total é constante).
No custeio total ou custeio racional, o CIPA contém sempre uma componente de custos fixos que é função
das quantidades produzidas.

Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Demonstração Resultados pelo Método do Custeio Variável

Vendas Q * PV
CIPV Q * CI variável
Margem Bruta Industrial Q * (PV - CI variável)
Custos não Industriais Variáveis Q * CNI variável
Margem Bruta Comercial Q * (PV - CI variável - CNI variável)
Custos Fixos Industrais CFI
Custos Fixos não Industrais CFNI
Resultado Antes Impostos
a empresa tem resultados se esta margem cobrir os CF. Se for
igual, estamos no ponto crítico e se for superior estamos em lucro
positivo

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Custos Operacionais Totais = Custos Oper. Variáveis + Custos Oper. Fixos


Resultados Operacionais = Vendas – Custos Operacionais Totais
= Vendas – (Custos Oper. Variáveis + Custos Oper. Fixos)

Uma vez que, Margem Contribuição = Vendas – Custos Operacionais Variáveis


Então: Resultados Operacionais = Margem Contribuição – Custos Oper. Fixos

Como o objectivo é RO = 0
Temos: Vendas – Custos Variáveis Operacionais – Custos Fixos Operacionais = 0
Isto é, Q * PVu – Q * CVu – CFt = 0
Ou seja, Q * (PVu – CVu) – CFt = 0
Resolvendo em ordem à quantidade temos:Q = CFt / (PVu – CVu) se a Qv for superior —> lucro
se a Qv for inferior —> prejuizo

Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Ponto Crítico em Quantidade


CFt CFt
Q*   Q* 
PVu - CVu MC u

Se multiplicarmos ambos os membros pelo preço de venda unitário, temos:


Ponto Crítico em Valor
CFt CFt
V*  
PVu - CVu MC(%)
PVu
ou. multiplicando o Q* pelo preço de venda

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.
Gráfico a Relacionar os Custos com a Actividade e os Resultados
Vendas Totais

Euros
Custos totais

Custos variáveis

V*

Custos fixos

Quantidade
Produzida
Q*

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Rácio Margem de Contribuição ou Margem de Contribuição em Percentagem

Mostra por cada unidade vendida qual a percentagem das vendas que fica disponível para cobrir
os custos fixos e dar origem a lucros.
É um indicador bastante útil pois permite ao gestor determinar o impacto nos resultados da
empresa de uma variação do volume de vendas (sistema de custeio variável).

MC% 
PVu - CVu 
Margem de Contribuição Unitária
PVu
ou
Q  PVu - CVu  Margem de Contribuição Total
MC% 
Q  PVu
MC
MC% 
V

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Exemplo:

O Rácio Margem Contribuição (MC%) de uma empresa é de 15%. Sabendo que a empresa tem
uma oportunidade de vender adicionalmente mais 100.000€ (dentro do intervalo relevante),
qual o impacto no RAI?

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Resolução:

Uma vez que a margem de contribuição é de 15%, isto significa que os custos variáveis
respresentam 85% das vendas, sobrando 15% do valor das vendas para cobrir custos fixos e
dar origem a eventuais lucros.
Deste modo, INDEPENDENTEMENTE do nível dos custos fixos e do RAI antes desta venda
adicional (positivo ou negativo), a variação no RAI vai ser de:

Δ RAI = MC% * Δ Vendas

ou seja,

Δ RAI = 15% * 100.000


= 15.000

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

MC e tomada de decisão – Nova encomenda

Dentro do intervalo relevante, uma vez que os Custos Fixos são incorridos
independentemente das vendas/produção, do ponto de vista contabilistico uma empresa
deve aceitar sempre vender desde que a Margem de Contribuição seja positiva (e
que eventuais CF adicionais sejam cobertos).
uma nova encomenda pode gerar novos CF.

Isto é, desde que PVu > CVu, ou Vendas > Custos Variáveis.
Havendo CF adicionais, desde que MC nova encomenda > CF adicionais

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

MC e tomada de decisão – Mix produto/clientes/segmentos

Dentro dos limites de capacidade da empresa e da procura pelos seus produtos, a


empresa deve procurar sempre maximizar a Margem de Contribuição Total (em euros)
pois para os mesmos Custos Fixos maximiza os seus resultados.

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

A Margem de Contribuição unitária (PVu – CVu) permite calcular rapidamente os


resultados da empresa no Sistema de Custeio Variável.
RAI = (PVu – CVu) * Qv – CF totais
Ou
RAI = (PVu – CVu) * (Qv- Q*)

No último caso, os resultados são calculados com recurso à Margem de Contribuição


unitária e ao Ponto Crítico, uma vez que se calcula a margem referente às unidades
vendidas acima (abaixo) do Ponto Crítico, sendo que no PC a MC das Q* é igual aos CF.

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

RAI Desejado
A fórmula genérica do RAI e do PC também pode ser adaptado para determinar a Qv
necessária para obter um determinado resultado desejado.

Como RAI = (PVu – CVu) * Qv – CF totais

Então: Qv = RAI desejado + CF Totais


(PV unitario – CV unitario)

E: Vendas (euros) = RAI desejado + CF Totais


MC %

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.
ANÁLISE CUSTOS – VOLUMES – RESULTADOS

Margem Segurança Operacional: indica qual a queda percentual das vendas que conduz a
empresa ao limiar do ponto crítico de vendas
Margem Segurança Total: indica qual a queda percentual das vendas que conduz a empresa
ao limiar do ponto crítico total
A diferença reside em serem considerados ou não os encargos financeiros

Q-Q*
MSO  em termos percentuais, quanto é que posso cair na Qv até atingir o ponto crítico
Q

V -V* V* CF
MSO   MSO  1 -  MSO  1 -
V V MC

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Alguns pressupostos subjacentes a esta análise:


É sempre possível classificar os custos da empresa em fixos e variáveis e na
direta dependência do nível de actividade; há muitas empresas em que não é possível fazer esta distinção

Os custos fixos são estáveis ao longo do tempo;


Os custos variáveis são proporcionais face ao nível de actividade da empresa;
Preço de venda é estável ao longo do tempo.

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.
Exemplo:

Ano 0 Ano 1
Cenário: taxa crescimento das vendas 20% -20% -37,5%
Quantidade Vendidade 100.000 120.000 80.000 62.500
Preço Venda Unitário 6€ 6€ 6€ 6€
Custo Variável Unitário 2€ 2€ 2€ 2€
Vendas 600.000 720.000 480.000 375.000
Custos Variáveis 200.000 240.000 160.000 125.000
Margem de Contribuição 400.000 480.000 320.000 250.000
Custos Fixos 250.000 250.000 250.000 250.000
Resultado Operacional 150.000 230.000 70.000 0
Variação do Res. Operacional 80.000 -80.000 -150.000
MC% 66,67% 66,67% 66,67% 66,67%
Ponto Critico Vendas em Valor 375.000 375.000 375.000 375.000
Ponto Critico Vendas em Quantidade 62.500 62.500 62.500 62.500 250000/(6-2)
Margem de Segurança Operacional 37,50% 47,92% 21,88% 0,00%
RISCO OPERACIONAL Diminui Aumenta Aumenta

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Objetivos
1. O modelo custos-volume-resultados. Ponto crítico das vendas.

Exemplo (continuação):

A variação do resultado operacional podia ser obtido através do conceito do Rácio da


Margem Contribuição:
Δ RAI = MC% * Δ Vendas = 66,67% * 120.000€ = 80.000€
Δ RAI = MC% * Δ Vendas = 66,67% * -225.000€ = -150.000€

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2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

A diversidade de produtos ou mercados em que a empresa opera, origina a necessidade de analisar


qual a contribuição de cada um para o ponto crítico global.

Assim, se considerarmos como:


que nos permitam apurar a margem de contribuição —> uma média ponderada dos preços e dos custos, podemos dizer assim
n n
Preço de Venda Global   PV
i 1
i  Xi Cust o Variável Global   CV
i 1
i  Xi

Então, o ponto crítico global da empresa é determinado do seguinte modo:

Quantidade Valor
CF
Q* 
CF V* 
PVG - CVG (PVG - CVG)
PVG

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Objetivos
2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

Exemplo: há duas formas para apurar o ponto crítico: mix pelas quantidades vendas ou mix pelo valor das vendas
Determine o PC em quantidade e valor para uma empresa com o seguinte portfolio de
produtos.

Produto Preço Venda Custo Variável


Madeira Cofragem (MC) 150 € 110 €
Madeira Carpintaria (MA) 200 € 120 €
Barrotes (BR) 180 € 105 €

Vendas Globais de 500.000€:


MC: 300.000€
MA: 50.000€
BR: 150.000€

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Objetivos
2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

Resolução pelo mix da Quantidade Vendida (1/2)


Preço Venda Venda Total Qt Vendida Mix
Produto I II III=II/I IV=III/[III]
Madeira Cofragem (MC) 150 € 300.000 € 2.000 64,86%
Madeira Carpintaria (MA) 200 € 50.000 € 250 8,11%
Barrotes (BR) 180 € 150.000 € 833 27,03%
Total 500.000 € 3.083 100,00%

n
Preço de Venda Global   PV  X
i 1
i i  150  64,86%  200  8,11%  180  27,03%  162,16€

n
Cust o Variável Global   CV
i 1
i  X i  110  64,86%  120  8,11%  105  27,03%  109,46€

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isto é uma abordagem aproximada para determinar as percentagens das quantidades vendidas no agregado das
quantidades totais vendidas dos produtos. Depois calcula-se o preço de venda global e custo variável global com
estes ponderadores

Objetivos
2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

Resolução pelo mix da Quantidade Vendida (2/2)

CF 190.000
V*    584.615€
PVG - CVG 162,16  109,46
PVG 162,16

CF 190.000
Q*    3.605
PVG - CVG 162,16  109,46

Custos Margem
Qt Critica Mix Qt Vendas Variáveis Contribuição
Produto I II III=II*I IV V VI=IV-V
Madeira Cofragem (MC) 3.605 64,86% 2.338 350.769 257.231 93.538
Madeira Carpintaria (MA) 3.605 8,11% 292 58.462 35.077 23.385
Barrotes (BR) 3.605 27,03% 974 175.385 102.308 73.077
Total 100,00% 3.605 584.615 394.615 190.000
Custos Fixos 190.000
RAI 0

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2. A margem de contribuição e o “mix” produtos/mercado.

Resolução pelo mix das Vendas (em euros) mix das vendas!

Preço Custos MC% Vendas


Venda Variáveis Unitária Actuais Mix MC Actual
Produto I II III=(I-II)/I IV V=IV/[IV] VI=IV*III
Madeira Cofragem (MC) 150 € 110 € 26,67% 300.000 60,00% 80.000
Madeira Carpintaria (MA) 200 € 120 € 40,00% 50.000 10,00% 20.000
Barrotes (BR) 180 € 105 € 41,67% 150.000 30,00% 62.500
Total 500.000 100% 162.500

CF 190.000 ponto crítico em valor


V*    584.615€
MCG 162.500 global da empresa
PVG 500.000
Vendas Preço
Criticas Mix Vendas Venda Qt Critica
Produto I II III=II*I IV V=III/IV ponto crítico em
Madeira Cofragem (MC) 584.615 60,00% 350.769 150 2.338
quantidade de cada um
Madeira Carpintaria (MA) 584.615 10,00% 58.462 200 292
Barrotes (BR) 584.615 30,00% 175.385 180 974 deles
Total 100,00% 584.615 3.605

ponto crítico total


global da empresa 27

quanto pesa cada um


dos produtos nas
vendas totais

Objetivos
3. Utilizações e limitações da informação proporcionada pela análise
custos – volume - resultados.
uma das limitações
A determinação do break-even para cada produto é difícil em empresas que operam com
vários produtos e especialmente, em sectores onde a produção é feita por encomenda.

A evolução dos custos variáveis tem um comportamento instável devido a fenómenos de


eficiência no processo produtivo, ou seja, a relação output versus input vai sendo maximizada
à medida que as quantidades produzidas aumentam.

Os Custos Fixos são constantes dentro de um determinado intervalo de produção. Deste


modo, o incremento da actividade pode originar um acréscimo aos custos fixos actuais. De
que modo?
Os custos adicionais têm uma natureza variável – por exemplo, mais produção pode
significar o recurso a horas extrordinárias.
Têm natureza fixa – a empresa para operar com outro turno contrata novos
trabalhadores.

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Objetivos
3. Utilizações e limitações da informação proporcionada pela análise
custos – volume - resultados.
Ou seja, os CVu não são de facto constantes
CV

CVU

Qt

Ou seja, os CFt não são de facto constantes

CF

Qt

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Q&A

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