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REGRAS CONSÓRCIO GERAÇÃO COMPARTILHADA

Pela presente vimos por meio desta expor o regime tributário dos Consórcios para
Geração Compartilhada que não devem interferir no regime tributário de cada empresa, em
especial quando se tratar do regime tributário Simples Nacional , pelas razões expostas
abaixo, motivo pelo qual cada processo deve ser interpretado de maneira isolada, em cada
caso concreto

A figura jurídica do consórcio está prevista nos artigos 278 e 279 da Lei nº 6.404/76,
que prescrevem normas aplicáveis à constituição formal deste negócio contratual, realizado
entre quaisquer sociedades para a execução de determinado empreendimento previamente
identificado e por prazo limitado.

A ausência de personalidade jurídica é uma de suas principais características, de tal


modo que a sua constituição via contrato específico é competente para gerar obrigações e
direitos a cada um dos consorciados, de forma independente, sem presunção de
solidariedade.

O referido contrato de consórcio deve então ser aprovado pelo órgão da sociedade
competente para autorizar a alienação de bens do ativo permanente e contar com os
seguintes elementos:
- A designação do consórcio (se houver);
- O empreendimento que constituir o objeto do consórcio;
- A duração, endereço e foro;
- A definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das
prestações específicas;
- Normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;
- Normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades
consorciadas e das prestações específicas;
- Forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que
cabe a cada consorciado;
- Contribuição de cada consorciado para as despesas comuns (se houver).

O arquivamento deste contrato, bem como suas alterações e extinção, deverá ser
promovido na Junta Comercial, com a apresentação dos documentos mencionados na IN
DNRC nº 74/98, quais sejam, (i) capa de processo/requerimento; (ii) contrato, alteração ou
distrato do consórcio, em três vias, no mínimo, sendo pelo menos uma original; (iii)
comprovante de pagamento do preço do serviço - recolhimento estadual; devendo a certidão
de arquivamento ser publicada.

As proporções de participação de cada consorciado variarão de acordo com o que for


pactuado no contrato, sendo irrelevante o valor de aporte financeiro/operacional promovido
por cada entidade, isto porque o consórcio contratual não tem capital social próprio.

REGIME TRIBUTÁRIO DOS CONSÓRCIOS:

Como não tem personalidade jurídica, o consórcio não recolhe tributos. Quem o faz
são as consorciadas, na razão de suas atividades e arrecadações, quando atuam pelo
consórcio. Os impostos recolhidos na fonte serão objeto de contabilidade posterior de cada
organização que o compuser, na forma que estiver descrito no contrato, compensando-se
posteriormente por rateio entre as consorciadas.
Dessa forma, o regime tributário a que estão sujeitas as pessoas jurídicas
consorciadas, será aplicado às receitas, custos, despesas, direitos e obrigações decorrentes
das operações relativas às atividades dos consórcios, sendo que cada pessoa jurídica
participante do consórcio deverá apropriar suas receitas, custos e despesas incorridos,
proporcionalmente à sua participação no empreendimento, conforme documento arquivado
no órgão de registro.

No tocante à formação dos consórcios, deve-se lembrar que os mesmos não se


podem prestar à restrição de liberdade de comércio, ou seja, terem por fim a dominação do
mercado, eliminação da concorrência ou mesmo o monopólio na obtenção de elevação de
preço, práticas vedadas pela Lei nº 8.884/94, que trata da prevenção e a repressão às
infrações contra a ordem econômica pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE).

Nos negócios jurídicos pactuados em que existir relação de hipossuficiência, mais


especificamente naqueles em que houver presunção de desequilíbrio entre as partes
contratantes, poderão ser invocadas, dentre outras, as disposições constantes dos artigos
28, parágrafo 3º, e 53, parágrafo 2º, da Lei nº 8.078/90 - Código de Defesa do Consumidor,
pelos adquirentes dos bens e serviços produzidos pelo consórcio, que a seguir
transcrevemos:
"Artigo 28 - omissis
(...)
Parágrafo 3º - As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código."
"Artigo 53 - Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante
pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das
prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear
a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
(...)
Parágrafo 2º - Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a
compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar ao grupo."

Do exposto, observa-se que os consumidores que se sentirem prejudicados em


função de inadimplemento de obrigações contratadas poderão pleitear a solidariedade entre
os consorciados - se já não o forem, para a preservação de seus direitos.

Por outro lado, em caso de inadimplemento dos consumidores (adquirentes de bens


em consórcio), as parcelas pagas não serão perdidas por completo, devendo ser
ressarcidas àqueles após desconto dos prejuízos causados aos consorciados.
A participação em licitações, quando admitida às empresas em consórcio, deverá ser regida
pelas disposições constantes do artigo 33 da Lei nº 8.666/93, que institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública.

Não obstante a ausência de personalidade jurídica, os consórcios possuem personalidade


judicial e negocial, conforme leciona Modesto Carvalhosa, in verbis:
"O consórcio constitui um contrato associativo, sem personalidade jurídica. Tem, porém,
personalidade judicial e negocial, que se expressa pela existência de uma representação e
de uma administração, com capacidade negocial e processual, ativa e passiva (art. 279). A
representação decorre de mandato das sociedades consorciadas. Esse mandato poderá ser
outorgado a uma das empresas consorciadas, como de resto é comum nos consórcios de
participação em concorrências públicas (instrumentais). (4)"
A referida representação/administração poderá ser exercida pelo consorciado administrador
ou por direção autônoma, sob a forma de mandato negocial e judicial, conferindo poderes
para contratar com terceiros em nome do consórcio e representá-lo judicialmente.
Ressalte-se que estes atos praticados pela representação/administração não poderão ser
anulados sob a argüição de incapacidade do consórcio, justamente porque o mesmo possui
personalidade negocial e judicial. Acerca deste tema, Modesto Carvalhosa apresenta que o
entendimento doutrinário não é pacífico neste sentido, existindo divergência no tocante à
questão da personalidade negocial, nos seguintes termos:
"A propósito, Pedro Paulo Cristofaro (RDM, 44:20): 'Consórcios contratam obras e serviços,
adquirem material, equipamento e matérias-primas, arregimentam empregados, ajustam
publicidade, enfim, atuam ampla e irrestritamente no campo econômico sem que jamais se
objete a validade dos atos por seus administradores porque a lei negue à entidade
personalidade jurídica'. Sobre a matéria diverge a doutrina, entendendo determinada
corrente que inexiste personalidade negocial do consórcio. Assim, Augusto Nobre
(Consórcio de empresas, cit., p. 385): "Do que vem de expor, inclusive sob o prisma da
perspectiva histórica, os consórcios, não tendo personalidade jurídica, não podem ter
patrimônio próprio, conquanto estejam obrigados a ter representante legal e possam
demandar e ser demandados. Os direitos e obrigações assumidos pelo representante do
consórcio devem ser havidos como sendo dos consorciados, na proporção dos quinhões
estabelecidos no respectivo contrato" (5).
Não obstante esta dualidade doutrinária, somos da opinião de que o consórcio possui
personalidade negocial e judicial, podendo contratar e ser contratado. O que inexiste é a
personalidade patrimonial no consórcio, conseqüência de sua despersonalização jurídica.
Neste particular, importante lembrar que a despeito de os consorciados destacarem parte de
seus bens para a formação do consórcio, deixando de ter ingerência sobre os mesmos, tais
bens não passam a integrar o patrimônio do consórcio, até mesmo porque inexiste
personalidade patrimonial neste último.
O simples fato dos consórcios terem de se inscrever no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica - CNPJ(6) não os torna sujeitos a obrigações tributárias, as quais permanecem na
figura dos consorciados.
Por conseqüência, os consórcios não estão obrigados à apresentação da Declaração de
Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ(7), Declaração de Débitos e
Créditos de Tributos Federais (DCTF) e da Declaração do Imposto de Renda Retido na
Fonte (DIRF), além de outras obrigações acessórias, como já se manifestou a
Superintendência Regional da Receita Federal - SRRF da 6ª Região Fiscal no Processo de
Consulta nº 175/02.
Já os consorciados, efetivos contribuintes dos tributos federais, estaduais e municipais,
deverão registrar suas receitas e despesas proporcionalmente à sua participação no
empreendimento em consórcio e computá-las na determinação de seus tributos. Este evento
também deverá ser demonstrado em suas obrigações acessórias, como DIPJ´s e DCTF´s,
observando-se a mesma regra de proporcionalidade(8).
Os consorciados também deverão incluir em suas DIRF´s as retenções recolhidas e
vinculadas ao empreendimento, proporcionalmente às suas participações, além de fornecer
aos beneficiários os comprovantes de rendimentos pagos e de retenção do IRFonte(9).
Mesmo tratamento será aplicável às retenções das contribuições CSLL, PIS e COFINS
instituídas pelo artigo 30 da Lei nº 10.833/03.
As notas fiscais poderão ser emitidas tanto pela administradora do consórcio,
mediante referência de sua existência e das parcelas dos demais consorciados,
quanto por cada um dos consorciados, proporcionalmente às suas receitas, sendo
que a forma escolhida deverá constar do contrato de consórcio e ser utilizada
uniformemente durante o empreendimento(10).
Os tributos retidos pelas fontes pagadoras deverão ser contabilizados em cada um
dos consorciados, na proporção de suas participações, para fins de futuras
compensações, como prevê o item 3 do ADN CST nº 21/84(11).
E este tratamento é confirmado pelo artigo 13 da IN SRF nº 306/03, que prevê, nos casos de
obras públicas, o dever da empresa administradora apresentar ao ente público as notas
fiscais de cada um dos consorciados, correspondentes ao total a ser faturado, que serão
objeto de retenções tributárias específicas.
Regra semelhante é aplicável aos registros contábeis, os quais deverão ser
promovidos em cada um dos consorciados proporcionalmente(12), podendo-se
controlar a contabilidade geral na administradora do consórcio e posteriormente
destinar o quinhão individual atribuível a cada um dos participantes (ex vi do item 2
do ADN CST nº 21/84 e PN nº 05/76).
De acordo com os ADN´s CST nº 65/87 e 02/88, as aplicações financeiras deverão ser
efetuadas em nome da administradora, segregando-as em contas individualizadas para
cada grupo de consórcio, sem afetar diretamente os resultados financeiros daquela. Os
referidos resultados e o IRFonte incidente serão registrados por cada consorciado em
observância à participação detida(13).
O mesmo pode-se dizer em relação às contas-correntes seguindo o mesmo raciocínio,
embora tenhamos conhecimento que as instituições financeiras promovem suas aberturas,
bem como emissão de talões de cheques, diretamente aos consórcios, caso solicitado.
Quanto aos demais ativos adquiridos, seus registros devem ser feitos em cada consorciado
utilizando-se a regra geral, qual seja, adoção da escrituração em conformidade às
participações detidas no contrato de consórcio. Isto porque, como já apresentado, os
consórcios não possuem personalidade patrimonial, o que os impossibilita de registrarem
contabilmente tais ativos. Igual regra é aplicável aos passivos, que deverão ser registrados
proporcionalmente em cada um dos consorciados.
Vale frisar que se as regras supracitadas não forem observadas pelo consórcio, passando a
praticar atos próprios de entidades detentoras de personalidade jurídica, o mesmo poderá
ser caracterizado como sociedade de fato e se sujeitar às regras a ela aplicáveis, passando
à responsabilidade ilimitada e solidária de seus "sócios" e adquirindo capacidade deste tipo
societário.
Acerca deste risco de enquadramento, também se manifestou João Luiz Coelho da Rocha
em artigo publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, o qual transcrevemos em
parte:
"O risco mais elementar, pois, na criação de um consórcio, dentro da ordem jurídica
brasileira é o de se recair em modelo de sociedade de fato, se acaso não ficar patenteada a
provisoriedade daquela associação e o seu direcionamento a um (ou mesmo mais de um)
empreendimento específico, e, sabemos, a sociedade de fato, tal como a sociedade
irregular, acarreta a ilimitação de responsabilidade de seus sócios." (14)

II - Consórcio Societário: Sociedade de Propósito Específico - SPE

A Sociedade de Propósito Específico - SPE corresponde a uma sociedade com as mesmas


características do consórcio, porém com personalidade jurídica, que é formada para a
execução de determinado empreendimento previamente identificado e em prazo limitado.
Geralmente a SPE, também denominada por consórcio societário, é exigida pelo Poder
Público em licitações e concessões, por facilitar a fiscalização e a relação contratual entre
este e aquela, e permitir maior garantia aos credores.
Via de regra a concorrência é realizada inicialmente entre consórcios, para, após a
adjudicação do objeto do certame, extinguirem-se e no lugar do consórcio vencedor
constituir-se uma SPE.
A responsabilidade de seus sócios dependerá do modelo societário adotado, sendo seus
percentuais de participação advindos do capital social, ocorrendo, neste caso, solidariedade
entre si. O contrato da SPE deve ser registrado na Junta Comercial e conter as informações
de uma sociedade mercantil em geral, além de sua duração e o empreendimento objeto de
sua constituição.
As mesmas regras supracitadas atinentes à formação dos consórcios, no que se refere à
restrição de liberdade de comércio e a sujeição às regras Código de Defesa do Consumidor,
devem ser observadas pelas SPE em suas relações de consumo.
A SPE, diferentemente dos consórcios, por deter personalidade jurídica, possui, além das
personalidades negocial e judicial, a personalidade patrimonial, que lhe confere a
possibilidade de deter bens e de os registrar em suas contas de ativo. Além disto, a SPE
também registra todas as suas obrigações e deveres em seu passivo, sejam contratuais,
societárias ou mesmo fiscais.
Conseqüentemente, a SPE deve se inscrever no CNPJ e recolher todos os tributos por ela
devidos, além de se sujeitar às demais obrigações acessórias, como apresentar as
declarações exigidas pela legislação fiscal (DIPJ, DCTF, DIRF etc).
Notas
(1) Ou mesmo por pessoas físicas.
(2) O prazo deve coincidir com a conclusão e entrega do empreendimento.
(3) Embora prevaleça o princípio da limitação da responsabilidade de cada um dos
consorciados às obrigações assumidas contratualmente, poderá a solidariedade ser
pactuada espontaneamente pelas partes.
(4) Comentários à Lei de Sociedades Anônimas, 4º vol., tomo II, p. 385, ed. Saraiva.
(5) Comentários à Lei de Sociedades Anônimas, 4º vol., tomo II, p. 420, nota 83, ed.
Saraiva.
(6) Por força do inciso II, do artigo 215 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99.
(7) Item 1 do ADN CST nº nº 21/84
(8) Processo de Consulta nº 219/01, Superintendência Regional da Receita Federal - 6ª
Região Fiscal.
(9) Processo de Consulta nº 219/01, Superintendência Regional da Receita Federal - 6ª
Região Fiscal.
(10) Processo de Consulta nº 207/01, Superintendência Regional da Receita Federal - 7ª
Região Fiscal e decisão da 8ª Região Fiscal (DOU de 14.09.00).
(11) Neste sentido vide Processo de Consulta nº 219/01, 6ª RF.
(12) Neste sentido vide acórdão do 1º Conselho de Contribuintes nº 107-05.044/98 - D.O.U.
03.07.98.
(13) Processo de Consulta nº 231/02, Superintendência Regional da Receita Federal - 9ª
Região Fiscal.
(14) in Revista Dialética de Direito Tributário nº 83, p. 84, editora Dialética.

Rogério Ramires*

INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1199, DE 14 DE OUTUBRO DE 2011


(Publicado(a) no DOU de 17/10/2011, seção , página 18)
Dispõe sobre procedimentos fiscais dispensados aos consórcios constituídos nos termos
dos arts. 278 e 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e do art. 1º da Lei
nº12.402, de 2 de maio de 2011.
O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso da atribuição que
lhe confere o inciso III do art. 273 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do
Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 587, de 21 de dezembro de 2010, e tendo em vista o
disposto no § 2º do art. 177, nos arts. 278 e 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976, no art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, e no art. 1º da Lei nº 12.402, de 2
de maio de 2011, resolve:
Art. 1º O consórcio constituído nos termos do disposto nos arts. 278 e 279 da Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as pessoas jurídicas consorciadas deverão, para
efeitos dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observar o
disposto nesta Instrução Normativa.
Art. 2º As empresas integrantes de consórcio constituído nos termos dos arts. 278
e 279 da Lei nº 6.404, de 1976, respondem pelos tributos devidos, em relação às operações
praticadas pelo consórcio, na proporção de sua participação no empreendimento, observado
o disposto nos §§ 1º e 2º.
§ 1º O consórcio que realizar a contratação, em nome próprio, de pessoas
jurídicas ou físicas, com ou sem vínculo empregatício, poderá efetuar a retenção de tributos
e o cumprimento das respectivas obrigações acessórias, ficando as empresas consorciadas
solidariamente responsáveis.
§ 2º Se a retenção de tributos ou o cumprimento das obrigações acessórias
relativos ao consórcio forem realizados por sua empresa líder, aplica-se, também, a
solidariedade de que trata o § 1º.
Art. 3º Para efeito do disposto no caput do art. 2º, cada pessoa jurídica participante
do consórcio deverá apropriar suas receitas, custos e despesas incorridos,
proporcionalmente à sua participação no empreendimento, conforme documento arquivado
no órgão de registro, observado o regime tributário a que estão sujeitas as pessoas jurídicas
consorciadas.
§ 1º O disposto no caput aplica-se para efeito da determinação do lucro real,
presumido ou arbitrado, da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), bem como para apurar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) como também para apurar
os créditos das pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa dessas
contribuições.
§ 2º A empresa líder do consórcio deverá manter registro contábil das operações
do consórcio por meio de escrituração segregada na sua contabilidade, em contas ou
subcontas distintas, ou mediante a escrituração de livros contábeis próprios, devidamente
registrados para este fim.
§ 3º Na ausência de empresa líder, ou se não houver disposições legais exigindo a
indicação de uma líder, deverá ser eleita uma das consorciadas para os fins previstos no §
2º.
§ 4º Os registros contábeis das operações no consórcio, efetuados pela empresa
líder ou pela consorciada eleita para este fim, deverão corresponder ao somatório dos
valores das receitas, custos e despesas das pessoas jurídicas consorciadas, podendo tais
valores serem individualizados proporcionalmente à participação de cada consorciada no
empreendimento.
§ 5º Sem prejuízo do disposto nos §§ 2º a 4º, cada pessoa jurídica consorciada
deverá efetuar a escrituração segregada das operações relativas à sua participação no
consórcio em seus próprios livros contábeis, fiscais e auxiliares.
§ 6º Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal utilizados para registro
das operações do consórcio e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados deverão
ser conservados pela empresa líder ou pela consorciada eleita de que trata o § 3º, e pelas
empresas consorciadas até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes de
tais operações.
Art. 4º O faturamento correspondente às operações do consórcio será efetuado
pelas pessoas jurídicas consorciadas, mediante a emissão de Nota Fiscal ou de Fatura
próprias, proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento.
§ 1º Na hipótese de uma ou mais das consorciadas executar partes distintas do
objeto do contrato de consórcio, bem como realizar faturamento direto e isoladamente para
a contratante, a consorciada remeterá à empresa líder ou à consorciada eleita de que trata o
§ 3º do art. 3º, mensalmente, cópia dos documentos comprobatórios de suas receitas,
custos e despesas incorridos, para os fins previstos nos §§ 2º a 4º do art. 3º.
§ 2º Nas hipóteses autorizadas pela legislação do Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISS), a Nota Fiscal ou a Fatura de que trata o caput poderá ser emitida
pelo consórcio no valor total.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o consórcio remeterá cópia da Nota Fiscal ou da Fatura à
empresa líder ou à consorciada eleita de que trata o § 3º do art. 3º, às pessoas jurídicas
consorciadas, indicando na mesma a parcela de receitas correspondente a cada uma para
efeito de operacionalização do disposto nos §§ 2º e 3º, e no caput do art. 3º.
§ 4º No histórico dos documentos de que trata este artigo deverá ser incluída
informação esclarecendo tratar-se de operações vinculadas ao consórcio.
Art. 5º A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins relativas às operações
correspondentes às atividades dos consórcios serão apuradas pelas pessoas jurídicas
consorciadas proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento,
observada a legislação específica.
Parágrafo único. Os créditos referentes à Contribuição para o PIS/Pasep e à
Cofins não cumulativas, relativos aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas
das operações do consórcio, serão computados nas pessoas jurídicas consorciadas,
proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento, observada a legislação
específica.
Art. 6º Nos pagamentos decorrentes das operações do consórcio sujeitos à
retenção na fonte dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil na
forma da legislação em vigor, a retenção, o recolhimento e o cumprimento das respectivas
obrigações acessórias, devem ser efetuados em nome de cada pessoa jurídica consorciada,
proporcionalmente à sua participação no empreendimento.
§ 1º Na hipótese de o consórcio realizar a contratação, em nome próprio, de
pessoas jurídicas ou físicas, com ou sem vínculo empregatício, a responsabilidade pela
retenção dos tributos correspondentes e o cumprimento das respectivas obrigações
acessórias, caberá:
I - às consorciadas, mediante a utilização do Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ) próprio de cada pessoa jurídica, se o consórcio apenas efetuar as
contratações, ficando a responsabilidade pelos pagamentos à conta das consorciadas
beneficiárias das contratações; ou
II - ao consórcio, mediante a utilização do CNPJ próprio do consórcio, se este
também efetuar os pagamentos relativos às contratações.
§ 2º Na hipótese do § 2º do art. 2º, se a empresa líder assumir, no contrato de que
trata o art. 279 da Lei nº 6.404, de 1976, a responsabilidade pela contratação e pagamento,
em nome do consórcio, de pessoas jurídicas ou físicas, com ou sem vínculo empregatício, a
retenção de tributos e o cumprimento das respectivas obrigações acessórias deverão ser
efetuados pela empresa líder, mediante seu CNPJ próprio.
§ 3º No caso do § 2º, as obrigações acessórias relativas à retenção dos tributos
deverão ser prestadas em conjunto com as obrigações acessórias da empresa líder.
§ 4º Nas situações previstas no inciso II do § 1º e no § 2º, aplicar-se-ão as normas
de retenção a que está sujeita a empresa líder.
§ 5º As situações previstas nos incisos I e II do § 1º, não poderão ser aplicadas
concomitantemente entre si, nem com a situação prevista no § 2º, devendo a opção
escolhida prevalecer para todo o ano-calendário.
§ 6º A opção de que trata o § 5º será manifestada de forma irretratável mediante o
primeiro recolhimento referente a tributos retidos realizado no ano-calendário.
§ 7º Na hipótese do § 1º do art. 4º, a responsabilidade pela retenção de tributos e
o cumprimento das respectivas obrigações acessórias pela contratação e pagamento de
pessoas jurídicas ou físicas, com ou sem vinculo empregatício, caberá à consorciada que
executar a parte distinta do objeto do contrato de consórcio.
Art. 7º Nos recebimentos de receitas decorrentes do faturamento das operações
do consórcio sujeitas à retenção do imposto sobre a renda, da CSLL, da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, na forma da legislação em vigor, a retenção deve ser efetuada em
nome de cada pessoa jurídica consorciada, proporcionalmente à sua participação no
empreendimento.
Parágrafo único. No caso de pagamentos efetuados a consórcios pelos órgãos e
entidades de que trata o art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de
2004, a retenção será efetuada observando-se o disposto no art. 16 daquela Instrução
Normativa.
Art. 8º Se das operações do consórcio decorrer industrialização de produtos, os
créditos referentes às aquisições de matérias-primas, de produtos intermediários e de
material de embalagem e os débitos referentes ao Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) serão computados e escriturados, por estabelecimento da pessoa jurídica consorciada,
proporcionalmente à sua participação no empreendimento industrial, conforme documento
arquivado no órgão de registro.
§ 1º Na hipótese do caput, o consórcio deverá figurar no documento fiscal de
aquisição.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se inclusive no caso de as pessoas jurídicas
operarem sob a forma de condomínio em um mesmo estabelecimento industrial.
Art. 9º Para efeito do disposto nesta Instrução Normativa, não será admitida a
comunicação de créditos e débitos:
I - da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins entre pessoas jurídicas
consorciadas; e
II - do IPI entre pessoas jurídicas consorciadas ou entre os estabelecimentos
destas.
Art. 10. O disposto nesta Instrução Normativa se aplica às contribuições
previdenciárias, às destinadas a outras entidades e fundos, bem como à multa por atraso no
cumprimento das obrigações acessórias, observadas as regras específicas constantes da
Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009.
Art. 11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação
produzindo efeitos em relação ao art. 2º, aos §§ 1º a 6º do art. 6º e ao art. 10, a partir de 29
de outubro de 2010.
Art. 12. Ficam revogadas a Instrução Normativa RFB nº 834, de 26 de março de
2008, a Instrução Normativa RFB nº 917, de 9 de fevereiro de 2009, e a Instrução Normativa
RFB nº 1.057, de 23 de julho de 2010.

CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO

Marina Meyer Falcão


Diretora Jurídica da ABGD

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