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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Curso de Direito - 2° Período

Aluno: Renan Ribeiro da Silva


Data: 05 de julho de 2022
Disciplina: Direito Constitucional I
Professor: Prof. Doutor Elton Dias Xavier

Resenha crítica
Obra: O Conto da Aia (The Handmaid's Tale)
Referência: O CONTO da Aia. Direção de Volker Schlöndorff. Alemanha e
Estados Unidos, 1990. (109 min.).

O Conto Da Aia

O conto da Aia é uma adaptação em formato de filme de um livro com o


título original The Handmaid's Tale escrito pela premiada autora Canadense Margaret
Atwood em 1985. Embora se trate de uma ficção, foi inspirada em casos históricos de
opressão e violação aos Direitos Humanos, como o Nazismo na Alemanha e a
Revolução Iraniana, e seu enrredo ainda tem muito em comum com a atualidade.

A série é narrada por Kate uma mulher inteligente, independente que tinha
uma família, uma filha e emprego que após uma Guerra Civil vira a Offred uma serva
sexual que passa a viver na República Gilead situada nos EUA. A obra mostra um
regime autoritário aterrorizante em que as mulheres férteis são capturadas de forma
brutal e obrigadas a procriar. O grupo dominante deste regime imposto utilizam-se da
religião cristã e de passagens bíblicas descontextualizadas para praticar atrocidades
as pessoas, em especial as mulheres.

Após serem capturadas, as mulheres são levadas para um lugar chamado


centro vermelho, onde são privadas de ensino e acesso ao mundo exterior, e passam
a ter aulas de como se comportar em meio a "cerimônia", nome dado à conjunção
carnal forçada, disfarçada de ritual religioso. Nesse sentido, são submetidas a todo
tipo de tortura e lavagem cerebral, a ponto de perderem a sua
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própria indentidade.

Uma cena muito marcante dessas torturas, muitas das vezes psicólogica, é
a que uma mulher relata que foi estuprada aos 14 anos por seis homem, e que após
engravidar em decorrência disso teve que se submeter a um aborto. As outras aias
são então incentivadas a ofendê-la e hostilizá-la de maneira agressiva, fazendo-a
pensar que foi culpada por tudo. É inegável a semelhança dessa ficção distópica com
nossa sociedade contemporânea, uma vez que ainda recentemente vemos mulheres
sendo julgadas e colocadas como culpadas por situações semelhantes, tendo até
mesmo seus direitos garantidos por lei negados.

Posteriormente, Kate é selecionada para ser serva de um casal, com o


objetivo de gerar um filho, portanto muda para a casa deles. As mulheres recebem um
novo nome a partir do momento que vão para casa dos seus senhores, demonstrando
que sua individualidade não significa mais nada. Ela recebe então o nome de Offred.
Nessa nova casa, após várias cerimônias, Offred segue sem engravidar,
supostamente pela infertilidade de seu senhor. Por uma construção machista, os
homens não são submetidos a exames de fertilidade, recaindo toda a culpa sobre as
mulheres.

Com um prazo para que o objetivo fosse cumprido, sua senhora propôs
que ela passasse a ter relações com o motorista da casa em segredo, e assim ela fez.
Porém ela acaba se apaixonando verdadeiramente por ele, e ao contrair a gravidez,
se recusa a ter que entregar a criança. Eles elaboram então um plano para fugirem,
ela mata o senhor da casa, que era capitão das tropas da guerra, e consegue
escapar, porém o seu amado ficará para trás. Kate passa a viver segura nas
montanhas controladas por rebeldes, esperançosa de que um dia irá reencontrar sua
outra filha e viver em uma sociedade pacífica e justa.

Diante de todos os fatos supracitados, é nítido sua ligação com a atualidade, e a


violação dos Direitos Fundamentais de todos os cidadãos principalmente o das
mulheres, como previsto na nossa Constituição Federativa que prevê em seu artigo
quinto que Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
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qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no


País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.

Infelizmente, é claro que em pleno século XXI, as mulheres ainda são


vítimas do machismo, existem Estados que elas precisam lutar pelo direito de estudar
a título de exemplo a ativista Malala Yousafzai ficou mundialmente conhecida após ser
baleada, aos 15 anos, pelo Talibã em um protesto pelo ensino das mulheres e ganhou
um Nobel da Paz pela sua luta pela educação. A história dela foi diferente, pois
conseguiu se formar na Universidade de Oxford, na Inglaterra, em filosofia, política e
economia ainda em junho de 2020, instituição que ela frequentava desde 2017. Mas
quantas mulheres têm suas vidas interrompidas vítimas de violência doméstica,
estupro e são proibidas de exercerem os atos da vida civil?

Por fim, é fundamental lutarmos por uma sociedade que proporcione


igualdade de gênero na política, no judiciário e na economia. Garantindo sempre o
princípio da dignidade humana, para que não vivenciamos novamente momentos tão
brutais como mostra a história.

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