Você está na página 1de 10

Violência contra a mulher e políticas públicas

Eva Alterman Blay*

*Socióloga da USP_ Doutorado: Ênfase nas relações de gênero, violência


contra a mulher e a participação política.
Violência de gênero: um problema mundial e
antigo

 Agredir, matar, estuprar mulheres são fatos que ocorrem


mundialmente.
 Em 1975 foi realizado o primeiro Dia Internacional da
Mulher.
 Somente em 1993 no Brasil criou-se na Reunião de Viena um
cápitulo de denúncia e propostas para coebir a violência de
gênero.
 O Código Criminal de 1830 atenuava o homicídio que fosse
cometido quando houvesse adultério feminino.
 O Código Civil de 1916 alterou o direito de divórcio para
ambos os sexos, caso houvesse adultério.
O movimento feminista do fim do século XIX
e começo do século XX

 Depois da Primeira Guerra Mundial, o panorama


econômico e cultural no Brasil mudou profundamente,
alterando a vida cotidiana da sociedade, em especial das
mulheres da classe média e alta.
 As mulheres passaram a trabalhar fora de casa, passaram
a desfrutar de espaços públicos.
 Mulheres da classe média e alta, passaram a protestar
contra a tirania masculina, contra infidelidade e falta de
afetos nos casamentos.
 Na sociedade patriarcal vigente, as queixas eram
traduzidas como crise na família em decorrência da saída
da mulher de seu lar e de seus papéis de dona de casa.
“Quem ama não mata”

 Caso da vítima Angela Diniz


 Morta em 30/12/1976 por Doca Street
 A morte de Angela e a libertação de Doca, levantou um forte
clamor público, com o lema “Quem ama não Mata”
 Na época uma matéria escrita por um renomado jornalista
Carlos Heitor descrevia o crime:
 “Eu vi o corpo da moça estendido no mármore da delegacia de
Cabo Frio. Parecia ao mesmo tempo uma criança e boneca
enorme quebrada...Mas desde o momento em vi seu cadáver
tive imensa pena, não dela, boneca, quebrada, mas de seu
assassino, que aquele instante eu não sabia quem era”.
Ensinando a defender os que matavam “por
amor”

 O defensor Evandro Lins forja o caráter de Angela,


denegrindo a vítima.

 Nas escolas de direito, ensina-se o mecanismo da


preparação da defesa. Mas será que é dada a
mesma ênfase aos direitos das mulheres, dos
pobres, dos negros e demais minorias?
As organizações não governamentais (ONGs)
feministas

 Ao movimento feminista se aglutinou uma série de grupos


que atuaram cotidianamente a favor da equidade de
gênero e por melhores condições de vida.

 Diferentemente dos anos de 1920, agora as denúncias de


violência contra a mulher tornava-se pública.
Os Conselhos da Condição Feminina e as Delegacias de Defesa da Mulher

 Antes as mulheres recorriam às Delegacias em geral


sentiam-se ameaçadas ou eram vítimas de incompreensão,
devido ao machismo.
 Em 1983 foi criado o primeiro Conselho Estadual da
Condição Feminina em São Paulo.
 Em 1985 foi criada a primeira Delegacia de Defesa da
Mulher, voltado para repressão de crimes contra a mulher.
 Desafios
Direitos humanos e homicídio de mulheres

 A autora inicia em 1995 à pesquisa sobre homicídio de


mulheres, visando verificar como o assunto era tratado
pela mídia, nos Boletins de Ocorrências e nos Processos
Judiciais.
 Resultou no levantamento de 623 ocorrências, com 964
vítimas, das quais 669 eram mulheres e 285 eram homens.
 Quando a vítima é mulher 90% dos autores são homens.
 66% dos autores são parentes da vítima feminina.
 Apenas 14% dos réus foram julgados e condenados
Conclusão

 Realizar uma revisão do procedimento jurídico,


pois em nome da ampla defesa dos réus certos
setores do direito subestimam a extensão e
gravidade da violência contra a mulher.

 Políticas Públicas para enfrentar a cultura


machista e patriarcal são necessárias, políticas
públicas transversais que atuam modificando a
discriminação e a incompreensão dos Direitos
das Mulheres, visando a equidade de gênero.
Bibliografia

 Blay, E. A.(2003). Violência contra a mulher e políticas


públicas. Estud. av. online,vol.17, n.49, pp. 87-98.

Você também pode gostar