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Professor: Carlos Luiz da Silva Junior (Carlinhos).

Aluno(a):

Redação UERJ 2025 – Tema de Redação


sobre o livro “O conto da aia”, de Margaret Atwood

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, de 20 a 30 linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do
Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de
correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações a seguir, a redação que:


- desrespeitar os direitos humanos.
- tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
- fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
- apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Texto 1
O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro
muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais,
revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há
advogados, porque ninguém tem direito à defesa. Os cidadãos considerados criminosos
são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo
enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é
preciso fazer muito – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras
proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as
mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O
nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras
mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político,
ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985 e inspirou
a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original), produzida pelo canal de
streaming Hulu em 2017. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas
em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado. À Offred coube a
categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar,
depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. Sem
dúvida, ainda que vigiada dia e noite e ceifada em seus direitos mais básicos, o destino
de uma aia ainda é melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não
podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados
nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero. Com esta história
assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre a liberdade, os direitos civis,
o poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o
presente. Vencedor do Arthur C. Clarke Award.
(Disponível em:
<https://www.amazon.com.br/Conto-Aia-Margaret-Atwood/dp/8532520669>. Acesso
em: 10/01/2024.)

Texto 2
Na altura em que na história americana as mulheres negras de todas as áreas do
país podiam juntar-se para pedir igualdade social para as mulheres e o reconhecimento
do impacto do sexismo sobre o nosso status social, estávamos num grande silêncio. O
nosso silêncio não era meramente uma reação contra as mulheres brancas liberacionistas
ou um gesto de solidariedade para com os homens negros patriarcas. Era o silêncio das
oprimidas – o profundo silêncio causado pela resignação e aceitação de um único
destino. As mulheres negras contemporâneas não se podiam juntar para lutar pelos
direitos das mulheres porque nós não víamos a “natureza feminina” como um aspecto
importante da nossa identidade. A socialização racista, sexista condicionou-nos a
desvalorizar a nossa feminilidade e a olhar a raça como o único rótulo importante de
identificação. Por outras palavras, foi-nos pedido que negássemos uma parte de nós
próprias – e fizemo-lo. Consequentemente, quando o movimento de mulheres levantou
a questão da opressão sexista, nós argumentamos que o sexismo era insignificante à luz
da severa e mais brutal realidade do racismo. Nós tivemos medo de reconhecer que o
sexismo podia ser tão opressivo como o racismo. Nós agarramo-nos à esperança de que
a libertação da opressão racial seria tudo o que era necessário para sermos livres. Nós
éramos a nova geração de mulheres negras que foram ensinadas a submeterem-se, a
aceitarem a inferioridade sexual e a serem silenciosas.
Ao contrário de nós, as mulheres americanas negras do século XIX estavam
conscientes do fato de que a verdadeira liberdade implicava não apenas a libertação da
ordem social sexista que sistematicamente negava a todas as mulheres todos os direitos
humanos. Essas mulheres negras participaram em ambas as lutas pela igualdade racial e
pelo movimento dos direitos das mulheres. Quando se levantou a questão se a
participação ou não das mulheres nos movimentos dos direitos das mulheres seria em
detrimento pela luta pela igualdade racial, elas argumentaram que qualquer avanço no
estatuto social das mulheres negras iria beneficiar todo o povo negro. Dirigindo-se ao
World Congress of Representative Women em 1893 (Congresso Mundial
Representativo de Mulheres), Anna Cooper [socióloga, escritora e ativista da libertação
negra americana] falou sobre o estatuto das mulheres negras:
“Os mais altos frutos da civilização não podem ser extemporizados, nem podem
ser desenvolvidos normalmente num curto espaço de trinta anos. Requer-se um longo e
sofrido crescimento de gerações. No entanto, no mais sombrio período da opressão das
mulheres negras neste país, a sua história ainda não escrita é plena de lutas heroicas,
luta contra vantagens assustadoras e devastadoras, tão frequentemente terminadas em
mortes horríveis; para manter e proteger para que cada mulher guarde o mais prezado
que a vida. O doloroso, paciente e silencioso trabalho árduo das mães para poderem
ganhar o seu honorário, simples títulos dos corpos das suas filhas, o desespero contido
como uma tigresa para manter a sua própria pessoa consagrada, forneceria material
épico. Que o que aconteceu foi mais do que o que foi contado não é surpreendente. A
maioria das nossas mulheres não são heroínas – mas eu não sei se a maioria das
mulheres de qualquer raça são heroínas. Para mim, é suficiente saber que, enquanto aos
olhos do mais alto tribunal na América ela foi considerada não mais do que um bem
imóvel, uma coisa irresponsável, uma peça estúpida, para ser abatida até aqui ou para lá
na vontade de um dono, a mulher afro-americana manteve ideais de natureza feminina
desembaraçada por qualquer concessão. Descansando ou fermentando em mentes
ignorantes, tais ideais não podiam exigir ser ouvidos na barra da nação. A mulher
branca pode ao menos alegar para si a sua própria emancipação; as mulheres negras
duplamente escravizadas, podem senão sofrer, lutar e ser silenciosas.”
(Disponível em: <https://plataformagueto.files.wordpress.com/2014/12/nc3a3o-
sou-eu-uma-mulher_traduzido.pdf>. Acesso em: 10/01/2024.)

Após ler atentamente o romance “O conto da aia”, de Margaret Atwood, além


dos textos 1 e 2 – a sinopse dessa obra e a parte inicial do livro “E eu não sou uma
mulher?” (da escritora, teórica feminista e ativista antirracista estadunidense Bell
Hooks), respectivamente –, examina a fundo as temáticas tratadas. Margaret Atwood
compõe uma obra considerada assustadora porque narra, com precisão, maneiras de se
oprimirem pessoas, como as ameaças de haver cidadãos instruídos para quem é corrupto
ou extremista, a espetacularização da agressividade e as correntes (visíveis e invisíveis)
a tentarem calar as mulheres. Com isso, aborda-se, profundamente, a condição feminina
na História, temática a qual aparece em obras artísticas como os livros “Olhos d’água”
(da linguista e escritora afro-brasileira Conceição Evaristo), que já se apresentou em
provas, e “Mulheres, cultura e política” (da filósofa socialista e professora norte-
americana Angela Davis).
A partir da leitura do romance, é possível refletir sobre o seguinte problema que
faz parte do nosso cotidiano:

De que forma a repressão contra as mulheres auxilia o aumento da atenção a


questionamentos referentes ao encarceramento físico e psicológico na coletividade?

Escreva uma redação argumentativo-dissertativa, em prosa, com 20 a 30 linhas,


discutindo esse problema.
Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação,
que deve ser escrita inteiramente com caneta e não deve ser assinada.

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