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"Eu sou discípula de um filósofo afro americano chamado Charles Mills que
cunhou a teoria do contrato racial, que é o tronco retórico do contrato social
da teoria política", conta a filósofa, autora e doutora em educação, Sueli
Carneiro, "Ele busca demonstrar que existe no mundo um contrato racial em
vigor que está em vários eventos históricos, desencadeados pelo
colonialismo e imperialismo sobre África e Ásia; a partir desse contrato, os
brancos emergem como donos do mundo. O contrato racial é não nomeado
e define o estado de brancos e não brancos. Essa eleição da branquitude
como parâmetro da sociedade institui sub-humanidades e sub-cidadanias, o
poder imperial da branquitude. Todas as pessoas brancas são beneficiárias,
mas nem todas são signatárias: então, reside diálogo, possibilidade de
consenso no reconhecimento de que nem todas as pessoas brancas são
signatárias ou se sintam confortáveis dentro desse sistema injusto."
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Carneiro declara que, uma vez que sai da inércia da negação do racismo, a
primeira tarefa é chamar os brancos à responsabilidade em relação ao que
o racismo produz na sociedade: discutir com os seus, confrontar os seus. "A
desconstrução de todo imaginário racista, de um país que esconde a
violência colonial é uma tarefa de educadores e jornalistas. As ideias de
Lombroso influenciaram fortemente a criminologia brasileira, essa convicção
íntima de culpa do homem negro, sendo a negritude a matéria a punir, o que
produz esses níveis inacreditáveis de encarceramento — logo, um juiz
antirracista tem um trabalho enorme para fazer", aponta a filósofa e doutora
em educação.
Nas pesquisas nacionais, o pardo tem uma vida, condição social muito
similar ao preto. A grande sacada do Movimento Negro Unificado da década
de 1970 foi reivindicar essa população, resultado de uma política de
embranquecimento. "Não é que o pardo é exceção, todas as raças são
invenções. Só existe ficção racial, todas as identidades raciais são ficções.
Raça é advinda das relações de poder; raça não é mãe do racismo, ela é
filha dele", explica Schucman.
A monstrificação do branco
Conversas de reticências
Para não impor o ponto final. Hoje (28) é o dia de encerramento da imersão
sobre a pauta racial do Ibirapitanga, que contará com duas conversas. Às
16h, a professora Liv Sovik encontra a autora Nic Stone com a mediação do
jornalista Tiago Rogero para falar sobre "O papel da comunicação no
antirracismo". Já às 18h, a grande pergunta é "O que podem os indivíduos
diante da estrutura?", troca que contará com a médica e doutora em
comunicação e cultura Jurema Werneck, a doutora em direito Thula Pires e
mediação da jornalista, autora e colunista da Ecoa
Ecoa, Bianca Santana.
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