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Na contemporaneidade brasileira, assistimos à persistência da violência con-

tra a mulher nos discursos, os quais culpabilizam as vítimas de estupro; na mídia,


a qual deflagra crimes hediondos - alimentados pela misoginia- e nos mais varia-
dos setores da vida pública e privada. Dessa forma, é imperioso refletirmos sobre
essa realidade e buscarmos intervenções definitivas para aplacarmos tal mazela.
Nessa perspectiva, é válido pensarmos em algumas causas da violência de
gênero, entre elas, o patriarcado, origem do estereótipo de segundo sexo relacio-
nado às mulheres. Assim, no Brasil, como no Mundo, a mulher precisou lutar por
seu espaço, pois foi, sistematicamente, explorada pelo homem, e, mesmo com as
vitórias sequenciais: sufrágio universal, ingresso no mercado de trabalho, e, em
nosso país, a adoção da lei Maria da Penha é espantosa a crueldade com que as
mulheres são tratadas. Nesse sentido, a filósofa Judith Butler, em entrevista à re-
vista Cult, mostrou-se chocada ao ter conhecimento que, no Brasil, é comum o
“estupro corretivo” de lésbicas e outras assombrosas atitudes machistas em pleno
século XXI. Logo, uma sociedade democrática e progressista deve coibir essas
práticas com a lei e a educação cidadã.
Acresce-se o fato de que a mídia, com uma abordagem reificante acerca do
corpo feminino, acaba nutrindo a visão obtusa dos que creem que a mulher não é
digna de respeito, porque a sua natureza é de fragilidade e de submissão aos de-
sejos masculinos. Tal aspecto é abordado com sutileza pela escritora Clarice Lis-
pector, no conto “Preciosidade”, no qual a jovem protagonista teme o assédio se-
xual que sofre todos os dias no caminho para a escola. Portanto, com aporte na
célebre frase de Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se mulher” é
necessário promover uma nova visão cultural da questão de gêneros, empoderan-
do o feminismo e aplacando a violência contra a mulher com severas punições.
Infere-se que o Estado deve atender a demanda das mulheres vítimas com a
multiplicação de casas de apoio. Além disso, a sociedade civil, através do terceiro
setor, deve fomentar a criação de ONGs as quais possam proteger as mulheres
para evitar o feminicídio. Assim, o Brasil obterá êxito em um dos mais importantes
objetivos do Milênio: extinguir a desigualdade entre os sexos e valorizar a mulher.

Dafne Berbigier Dino - 2015

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