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DIFERENÇAS ENTRE O SER HUMANO E OS DEMAIS ANIMAIS

Ao longo da história da filosofia, vários pensadores refletiram sobre a diferença entre o ser humano e os animais ou,
especificamente, sobre características humanas.
A capacidade de pensar e a linguagem distinguem o ser humano dos demais animais
Parece evidente que nós, seres humanos, distinguimo-nos dos demais animais existentes, afinal, nós somos
racionais. Essa evidência, por sua vez, pode proporcionar vários caminhos investigativos para as ciências e para a
filosofia. Neste texto, veremos alguns aspectos dos seres humanos abordados por grandes filósofos que marcam,
intensamente, a diferença entre os seres humanos e os animais.
Platão é o primeiro filósofo a afirmar a existência de um dualismo psicofísico no ser humano, ou seja, uma
composição dupla formada entre o corpo e a alma que nos compõem. Segundo o filósofo, existe uma alma, perfeita
e imaterial, e um corpo, material, limitado e imperfeito, que nos fazem tal como somos. Platão não trata
diretamente da relação entre os animais e os seres humanos, mas ele nos deixa uma pista importante: somente os
seres racionais conseguem viver uma vida plena, pois somente a racionalidade leva ao mundo das ideias, que é
perfeito e imutável.
Aristóteles, por sua vez, afirma que o ser humano é um animal político. O ser humano vive em sociedade, participa
ativamente e até constrói regras para essa sociedade. Nesse sentido, Aristóteles afirma que o ser humano só é capaz
de realizar tais atividades por causa de uma característica intrinsecamente sua: a linguagem. O ser humano é um
animal dotado da palavra, da linguagem, diferente dos outros animais. A linguagem permite-nos criar conceitos,
nomear os objetos e os seres e construir um pensamento abstrato, atividades que os nossos companheiros
irracionais não podem realizar. Justamente por essas possibilidades, podemos realizar uma infinidade de tarefas, que
vão desde o desenvolvimento de técnicas (com a ajuda de nossa postura ereta e de nosso polegar opositor, que
possibilita o movimento de pinça com as mãos) até o estudo da matemática, da música e da lógica.
A filosofia surgiu graças a essas características humanas, mas somente na modernidade alguns filósofos realmente se
preocuparam em analisar, minuciosamente, as diferenças entre os seres humanos e os animais. René Descartes, em
oposição à filosofia escolástica, que afirmava que todo ser vivente possui uma alma, reafirmou o dualismo psicofísico
de Platão, aplicando-o apenas aos seres humanos. Segundo o filósofo moderno, os animais não apresentavam uma
alma, sendo apenas autômatos da natureza, ou seja, espécies de seres mecânicos que desenvolvem movimentos
mecanicamente. Isso significa dizer que o ser humano é capaz de pensar, falar e movimentar-se livremente e de
acordo com sua vontade, ao passo que os animais apenas desempenham tarefas mecânicas.
Já no início da contemporaneidade, o ser humano passou a ser visto como um ser que trabalha e modifica seu meio
por meio do trabalho, como afirma a tese marxista, e como um ser sem essência, segundo a tese existencialista. No
primeiro caso, o ser humano só se identifica como tal porque trabalha, porque é capaz de desenvolver um trabalho
essencial e racional, mesmo que sendo explorado pela figura do burguês. No segundo caso, o ser humano não nasce
pronto, ou seja, não possui uma essência ou conceito de humano que o define de imediato, mas se constrói a cada
dia, de acordo com suas vivências. Isso não o iguala a um animal irracional, pois, para os existencialistas, o ser
humano é capaz de acumular vivências e experiências em sua mente que definem suas preferências e escolhas, algo
que os animais irracionais não fazem porque só vivem o momento presente e nada mais.
Em vias de conclusão, podemos afirmar que existem diversas formas de definir o conceito de ser humano de acordo
com a história da filosofia. Algo que sobressalta aos olhos do leitor é, portanto, o fato de que, na maioria das vezes, a
diferença entre os seres humanos e os demais animais é um fator quase evidente. Em virtude da nossa capacidade,
nós podemos nomear, classificar e estudar as coisas, bem como criar as artes, as técnicas e ordenar as ciências.

Por Francisco Porfírio


Graduado em Filosofia
PORFíRIO, Francisco. "Diferenças entre o ser humano e os demais animais"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/diferencas-entre-ser-humano-os-demais-animais.htm. Acesso em 15 de
março de 2022.

ATIVIDADE
1 – ALÉM DAS HABILIDADES DESTACADAS NO TEXTO, APONTE MAIS 5 DIFERENÇAS ENTRE OS SERES HUMANOS E OS
DEMAIS ANIMAIS:

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