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1993; 43: 1: 65 - 74
Key Words: COMPLICATIONS: toxemic, coagulopathy, aspiration of gastric contents; SURGERY: Obstetric
hidratação (ex. infusão de sulfato de 20 minutos até atingir uma pressão diastólica de 100
magnésio) com controle da diurese. Deve ser mmHg.
evitada sobrecarga volêmica que pode e) Diazóxido: potente vasodilatador arterial direto
agravar o edema pulmonar e cerebral. com pouca ação sobre os vasos de capacitância,
O uso de colóide, sobretudo de albumina, nos sem ação cardíaca direta. Pode produzir hipotensão
casos de edema importante com pressão
materna e fetal com taquicardia reflexa. Usado em
coloidosmótica menor que 12 mmHg, deve
ser feito geralmente associado a diuréticos. "bolus" de 30 a 75 mg sem grande risco.
A hipovolemia, nos casos de emprego de f) Nitroprussiato de sódio: vasodilatador que age
anestesia condutiva, deve ser corrigida pre sobre vasos de capacitância e resistência. Usado em
viamente para se evitar hipotensões bruscas. infusão contínua com resposta rápida (3 a 5 minutos).
3) Uso de Diuréticos - Como a pré-eclâmpsia cursa Tem como subproduto o cianeto que pode causar, em
com estado de volume contraído, o uso inicial uso prolongado, problemas de intoxicação. Exige
de diuréticos para controle de hipertensão monitorização eficiente pelo risco de queda rápida da
deve ser evitado. O uso de diuréticos tiazídi- pressão arterial. A infusão deve ser iniciada na dose
cos e furosemida, nos casos em que se em- de 0,25 mg/kg/min.
prega albumina ou após reposição salina,
g) Nitroglicerina: age sobre o fluxo placentário
deve ser considerado, bem como em casos
de insuficiência cadíaca congestiva e falência semelhante ao nitroprussiato de sódio. Causa hipo-
renal. tensão séria em paciente hipovolêmica, exigindo ex-
4) Controle da Hipertensão - O objetivo da terapêu- pansão de volume. Deve ser usada em paciente com
tica farmacológica é evitar picos hiperten- edema pulmonar e para controle de pico hipertensivo
sivos com possibilidade de hemorragia associado a manipulação traqueal durante in-
cerebral, hemorragia hepática e descola- tubação.
mento da placenta. Indicado nos casos em h) Bloqueador de canal de cálcio: usado via oral
que a pressão sistólica exceder 170 mmHg e com início rápido de ação e duração de efeito de 3 a
a diastólica 110 mmHg. As drogas mais 5 horas. Melhora a perfusão placentária. Pode
usadas são: agravar a trombocitopenia e causar queda do pH.
Melhor indicado na hipertensão pós-parto.
a) Clonidina: causa redução gradativa da pressão i) Inibidor de enzima conversora de angiotensina:
arterial com início em 30 a 60 minutos (máximo de 2 de uso limitado na pré-eclâmpsia. Há relato de dis-
a 4 horas) com ausência de taquicardia reflexa. morfia em fetos, quando de seu emprego materno.
b) Alfa-metildopa: tem a desvantagem de um Pode causar hipotensão fetal após o nascimento.
longo período de latência (6 a 8 horas) podendo
piorar a disfunção hepática. Causa depressão de 5) Controle das convulsões - É importante a pre-
enzimas biogênicas. venção e controle das convulsões na
c) Betabloqueadores2,4 : eclâmpsia, pelo risco de lesões graves para
o SNC bem como riscos para o concepto. As
- Propranolol: há relatos de diminuição do peso drogas mais freqüentemente empregadas
das crianças ao nascer (uso crônico), bem como são:
apnéia prolongada após uso venoso no pré-parto. a) Benzodiazepínicos: aumentam o limiar de con-
Causa redução da atividade cronotrópica e vulsão impedindo a propagação das disritmias
inotrópica. causadas por focos no cortex, tálamo e estruturas
- Labetalol: induz rápido controle da PA com límbicas. Causam problemas de depressão e hipo-
ausência de taquicardia reflexa. A dose inicial de 10 tonia sobretudo em prematuros de baixo peso ou com
mg, aumentada a cada 10 minutos até atingir 300 mg sofrimento uterino crônico, tendo efeito cumulativo.
por via venosa. Causa aumento da perfusão utero- b) Coquetel lítico (M1) (clorpromazina, prometaz-
placentária com diminuição da resistência vascular ina e meperidina): de uso restrito hoje em dia, pelas
uterina. ações colaterais. Atua diminuindo o metabolismo
d) Hidralazina: é atualmente o antihipertensivo celular no SNC, dificultando o desencadear das cri-
mais empregado. Tem efeito de relaxamento sobre a ses convulsivas. A clorpromazina pode causar trom-
musculatura lisa vascular (vasos arteriais) com bocitopenia, icterícia e alterações na retina. A
pouca ação sobre os vasos de capacitância. Pode meperidina causa depressão fetal. O coquetel lítico
causar queda da pressão arterial e redução da per- pode causar hipotensão brusca, o que limita seu
fusão placentária, sobretudo na paciente hipo- emprego.
volêmica. Empregado na dose de 5 a 10 mg em cada c) Sulfato de magnésio: é a droga de maior indi-
quisas devem ser feitas de acordo com a patologia centrado de plaquetas, mesmo após o final do gote-
em questão. De uma maneira genérica, os testes de jamento, ainda existe uma grande quantidade de
triagem podem ser resumidos no quadro IV. Há vários células, que podem e devem ser recolocadas em
outros estudos que avaliam anormalidades da função suspensão através da adição de soro fisiológico. O
plaquetária ou permitem dosagens dos fatores plas- aumento exato na contagem plaquetária, assim como
máticos da coagulação. Os testes de Rumpel-Leede, sua vida útil no receptor vão depender da patologia
adesividade plaquetária, agregação plaquetária, subjacente e do tempo decorrente entre a coleta e a
taxa de ativação da protrombina e retração do administração da transfusão. As complicações
coágulo são alguns exemplos de avaliação mais pro- decorrentes de uma transfusão plaquetária podem
funda da atividade das plaquetas. Há ainda testes ser infecciosas, reações febris pós-transfusionais ou
bioquímicos e por radioimunoensaio que avaliam púrpura pós-transfusão.
quantitativamente os diversos fatores da coagu-
lação6,7 . Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI)
Manuseio do Paciente
A púrpura trombocitopênica idiopática é uma
As coagulopatias adquiridas são muito mais doença auto-imune onde há produção de imunoglo-
freqüentes do que a congênitas em pacientes ob- bina anti-plaqueta, do tipo IgG. O sistema retículo-
stétricas. Entre as primeiras, a purpura tromboci- endotelial é o responsável pela destruição
topênica idiopática (PTI), coagulação intra-vascular plaquetária, sendo o baço o principal local onde isto
disseminada (CID), coagulopatia secundária à hepa- ocorre. Além disto, o baço é também o local de
topatia e terapia anti-coagulante são as mais produção dos anticorpos anti-plaqueta. O di-
comuns. A doença de Von Willebrand e a deficiência agnóstico é sugerido pela associação de tromboci-
do fator XI são as coagulopatias congênitas que mais topenia no sangue periférico com medula óssea
se encontram durante a gravidez. normal e povoada de megacariócitos. Há também
Alterações Plaquetárias grandes plaquetas na periferia e níveis altos de IgG
ligada às plaquetas. Todos os testes referentes à
Considerações Gerais cascata da coagulação são normais7 .
As trombocitopenias são, em geral, as causas O tratamento é feito, inicialmente, com corticóide
isolada mais comuns de coagulopatia em pacientes (prednisona 1 mg/kg). Caso a resposta não seja sat-
obstétricas. O defeito básico pode ser tanto uma isfatória, está indicada a esplenectomia, de preferên-
cia no 2º trimestre. Persistindo a trombocitopenia,
Quadro IV - Exames e fatores
deve-se pensar no uso de imunossupressores ou
plasmaferese, como último recurso.
Exames Fatores
Sabe-se que há, na placenta humana, receptores
Plaquetas e integridade para a porção Fc da IgG, podendo ocorrer a trans-
Tempo de Coagulação vascular
ferência ativa materno-fetal. A incidência de plaque-
Contagem de Plaquetas Nº de Plaquetas topenia neonatal em filhos de portadoras de PTI varia
Tempo Parcial de de 50 a 70%.
Tromboplastia (PTT) II, V, VIII, IX, X, XI Embora, teoricamente, a probabilidade de hemor--
Tempo de Protombina (PT) II, V, VII, X ragia intra-craniana fetal seja maior nos partos vagi-
Tempo de Trombina I, II, PDF*, Heparina nais, este dado não foi corroborado estatisticamente.
* PDF- Produtos de Degradação da Fibrina Isso implica que, até prova em contrário, a via do
parto não influi no prognóstico fetal, sendo o bom
diminuição da produção como um aumento da de- controle pré-natal da portadora de PTI o principal
struição das plaquetas. Embora o diagnóstico fator determinante da morbidade ou mortalidade neo-
etiológico preciso seja importante para o manuseio natal.
global da paciente, as transfusões plaquetárias são Com relação à técnica anestésica, deve-se seguir
quase sempre suficientes para conter a hemorragia, as normas gerais para a realização de bloqueios
pelo menos num primeiro momento. O sucesso de- espinhais em pacientes com coagulopatia. As
finitivo da transfusão plaquetária vai depender da pacientes bem controladas no período pré-natal
integridade funcional das células transfundidas, da podem ser submetidas à anestesia peridural ou
presença ou não de anticorpos anti-plaquetários no subaracnóidea.
plasma receptor e da etiologia da alteração
plaquetária. Deve-se lembrar que, na bolsa de con- Coagulação Intra-Vascular Disseminada (CID)
à administração de plasma fresco congelado. O com o tipo de material aspirado e também em função
mesmo ocorre com a deficiência de fator XI (que das complicações desenvolvidas10 .
parece não aumentar durante a gravidez).
Esvaziamento Gástrico
REFERÊNCIAS
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