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HIPERTENSIVAS
NA GESTAÇÃO
Rogério Alves Resende: R1 Ginecologia e Obstetrícia - HUSM
José Antônio Reis Ferreira– Orientador / GO/ Fetólogo
DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS NA GESTAÇÃO
➢ Elevada incidência
➢ A maior causa de morte materna no Brasil
➢ Complicam cerca de 5 a 10% das gestações
➢ A PE possui uma incidência em torno de 4 a 5%
➢ A eclampsia ocorre em 0,6% das gestantes com PE e em 2 a 3% das PE graves
➢ Em um levantamento realizado no HUSM em 2012, das gestantes hipertensas:
- 61,1% tiveram PE (50% PE “pura” e 11% HASp + PE sobreposta)
- 31,5% de hipertensão gestacional
- 7,4% de hipertensão crônica
DEFINIÇÃO
➢ PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 em duas aferições espaçadas pelo menos por 4h
➢ Se pico pressórico (≥ 160/110 mmHg), confirmar em um intervalo menor
➢ Pré-eclâmpsia
Proteinúria: 300 mg/24h
Relação proteinúria/creatinúria > 0,3 ou
Fita de proteína ≥ 2 + ****
CLASSIFICAÇÃO
➢ Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia;
➢ Hipertensão crônica de qualquer etiologia;
➢ Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta
➢ Hipertensão gestacional
HIPERTENSÃO GESTACIONAL
➢ HAS sem proteinúria que surge após a 20ª semana em gestante sem história
➢ Muitas vão desenvolver pré-eclâmpsia posteriormente
➢ Recorre em grande parte das gestações subsequentes
➢ A PA retorna à normalidade dentro das primeiras 12 semanas de puerpério
➢ O diagnóstico de HASp deve ser considerado se a PA não normalizar após 12 semanas do parto
➢ O diagnóstico conclusivo é apenas retrospectivo, visto que neste grupo também podem estar
incluídas pacientes HASp que não foram reconhecidas na 1° metade da gestação.
HIPERTENSÃO CRÔNICA
H HEMÓLISE
H
LP PLAQUETOPENIA
FISIOPATOLOGIA - PE
TEORIA DA MÁ ADAPTAÇÃO
➢ Gestantes apresentam redução do HLA-G (imunossupressor)
➢ Perda da tolerância materna aos antígenos paternos (regulada pelo HLA)
➢ Pacientes negras, troca de parceiro ou maior exposição↑ o risco
FISIOPATOLOGIA - PE
DISFUNÇÃO PLACENTÁRIA
➢ Resulta em uma circulação de má qualidade
➢ Há menos angiogênese (↓ PLGF) e mais antiangiogênese (↑sFlt e a sEng)
➢ Isso aumenta a resposta inflamatória materno e fetal
➢ Algumas arteríolas espiraladas ficam obstruídas por material fibrinoide
ALTERAÇÕES CARDÍACAS NA PE
➢ Disfunção cardíaca diastólica biventricular assintomática
➢ A descompensação cardíaca pode complicar a PE
➢ O vasoespasmo generalizado aumenta a pós carga cardíaca
➢ Há redução do volume intravascular
ALTERAÇÕES RENAIS NA PE
Fonte: Revista de la Asociación Mexicana de Vol. XVII, Núm. 4 / Jul.-Ago. 2003 pp 133-137
ALTERAÇÕES OFTALMOLÓGICAS NA PE
ALTERAÇÕES UTEROPLACENTÁRIAS NA PE
➢ Ocorre diminuição do fator de crescimento placentário
➢ Aumento da resistência nas art. uterinas e umbilicais (obliteração das arteríolas uterinas)
➢ Se PE precoce, apresenta sinais de pior perfusão placentária e alterações mais acentuadas
➢ Pode ocorrer isquemia, trombose e descolamento prematuro de placenta
➢ Art uterinas: Redução do componente diastólico e persistência incisuras protodiastólicas
HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO
➢ Presença de PAS ≥ 140mmHg e/ou PAD ≥ 90mmHg
➢ Na PE e na HASg: surgem após a 20ª semana e normalizam após o parto.
➢ O edema apesar de não fazer parte do diagnóstico de PE, valorizar se for generalizado
➢ Iminência de Eclampsia – Sinais premonitórios
Manifestações visuais: escotomas cintilantes, diplopia, visão turva
Manifestações cerebrais: cefaleia, torpor, obnubilação, hiperreflexia
Manifestações renais: oligúria
Manifestações gastrointestinais e hepáticas: náuseas/vômitos, epigastralgia e dor em HD
➢ Eclampsia: Presença de crises convulsivas e/ou coma
FATORES DE RISCO – PE
➢ Nuliparidade
➢ Histórico pessoal (aumenta o risco em 7x)
➢ Histórico familiar (familiares de 1º grau- provável componente genético)
➢ Gravidez múltipla
➢ Hipertensão crônica;
➢ Diabetes mellitus pré-gestacional e gestacional;
➢ Doença renal crônica;
➢ Lúpus eritematoso sistêmico;
➢ Síndrome dos anticorpos antifosfolipídicos/Trombofilias
➢ Obesidade;
➢ Extremos da vida reprodutiva (> 35 anos ou adolescente);
➢ Raça negra
➢ Técnicas de reprodução assistida;
➢ Gestação molar
➢ Intervalo intergestacional >10 anos
FATORES DE RISCO – PE
Fonte: Rotinas 8° ed
EXAMES DIAGNÓSTICOS – PE
HELLP COMPLETA:
➢ A presença de todos os critérios diagnósticos
HELLP PARCIAL:
➢ Presença de 1 ou mais critérios na paciente com diagnóstico prévio de PE
EXAMES DE IMAGEM NA PE
DOPPLER DAS ARTÉRIAS UTERINAS ENTRE 11-13+6 SEMANAS
➢ Predição de pré-eclampsia
➢ Redução do componente diastólico (+sensível) e persistência das incisuras bilateralmente.
➢ A associação com biomarcadores na predição da PE apresentaram VPPs muito baixos.
PBF + PHF
➢ Avaliação de bem-estar fetal
➢ Se estabilidade materna e ACF: semanalmente após as 32 semanas
CARDIOTOCOGRAFIA
➢ Em toda consulta a partir de 32 semanas
MANEJO DA HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO
METILDOPA (Alfabloqueador de ação central)
➢ Posologia: iniciar com 250 mg 3x/dia e aumentar SN até 500mg de 6/6h.
➢ A resposta à medicação é gradual e o ajuste da dose deve ser feito a cada 48h
➢ A dose máxima é de 3g/dia, mas observa-se pouco efeito adicional para dose >2 g/dia.
➢ A sua suspensão deve ser gradual, a depender se for adicionar outra medicação
METOPROLOL (Betabloqueador)
➢ Apresentação: comprimidos de 25 mg, 50 mg e 100 mg
➢ Pode aumentar o risco de eventos adversos no recém-nascido
➢ Iniciar com 25 mg, 2x/dia ou 50 mg, 1x/dia, podendo chegar a 200 mg/dia
MANEJO DE CRISE HIPERTENSIVA
➢ PAS ≥ 160 e/ou PAD ≥ 110
➢ O objetivo é baixar a PA em 30% ou até valores de 90/100 mmHg de PAD
➢ Posicionar a gestante em decúbito lateral esquerdo e Instalar acesso venoso
NIFEDIPINA:
➢ 10mg VO repetir em 20 minutos SN, até 3X. O MgSo4 potencializa sua ação hipotensora
HIDRALAZINA 20mg/ml:
➢ 1 ampola + 19mL de AD. Aplicar 5 mL EV lento e repetir (3x) a cada 20 min SN
DIAZÓXIDO 15mg/ml
➢ 1 a 3 mg por kg de peso corporal, EV direto a cada 5 a 15 minutos, até que uma adequada
redução da PA. Não ultrapassar 150 mg por dose
NITROPRUSSIATO DE SÓDIO
➢ Iniciar com a dose de 0,25μg/Kg/min, aumentando até o máximo de 4 µg/kg/min ou até
obter o efeito desejado. Uso recomendado em UTI.
PREVENÇÃO DA ECLAMPSIA
➢ Administrar MgSO4 nos casos de iminência de eclampsia
➢ MgSO4 NÃO é fármaco para terapêutica de hipertensão
➢ Dose para prevenção da eclampsia: 1 a 2 g EV / h
➢ A administração do MgSO4 depende da apresentação disponível (10% ou 50%)
- Sulfato de magnésio a 10%: Tem 1g em 10 mL
- Sulfato de magnésio a 50% : Tem 5g em10 mL
AMPOLAS A 10%
➢ 10 ampolas de sulfato de magnésio (10%) em 200mL de SG5%
➢ Dose de ataque: 360mL/hora em 20 minutos
➢ Dose de manutenção: 37mL/hora
AMPOLAS A 50%
➢ 4 ampolas de sulfato de magnésio (50%) em 500mL de SG5%
➢ Dose de ataque : 300mL/hora em 20 minutos
➢ Dose de manutenção : 30mL/hora
MANEJO DA ECLAMPSIA
➢ Fármaco de escolha para tratamento: Sulfato de magnésio
➢ Papel importante na transmissão neuroquímica e na excitabilidade muscular, prevenindo
e controlando as convulsões
➢ Efeito depressor no SNC e atua perifericamente com vasodilatação
➢ Dose de ataque de 4 a 5 g EV lentamente
➢ Dose de manutenção de 1 a 2 g EV / h
OUTROS
➢ Fenitoína (administrar 1 amp. de 250 mg EV) – Sem sinais depressivos no RN
➢ Diazepam (administrar 1 amp. de 10mg EV)- Com sinais depressivos no RN
CONTROLE DA MAGNESEMIA
➢ Observar diurese 4x4 horas (25 ml/h)
➢ Desaparecimento de reflexos patelares
➢ Frequência respiratória, que deve ser ≥ 16 mrpm
MANEJO DA ECLAMPSIA
DOSAGEM LABORATORIAL
➢ Atividade anticonvulsivante: 4,8 a 8,4 mg/dl
➢ Ausência de reflexo patelar: 10 a 12 mg/dl
➢ Parada respiratória 14,6 mg/dl
➢ Parada cardíaca: 30 mg/dl
DESCONTINUAR O USO:
➢ Após 12 a 24h conforme melhora clínica completa
➢ Se diminuição da diurese, da FR ou desaparecimento dos reflexos
OBJETIVO:
➢ Controle da hipertensão
➢ Administração de corticoide visando amadurecimento pulmonar fetal
➢ Prevenção das complicações hemorrágicas/ eclâmpsia
➢ Interrupção da gestação (único tratamento eficaz)
INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO
➢ PE não grave: 37 semanas
➢ HASp e HASg: 38 semanas
➢ PE grave: individualizar
- Se estabilidade materna e boa vitalidade fetal considerar interromper com 34 semanas
➢ Via de parto: Indicação obstétrica
CRITÉRIOS DE ALTA
➢ HASp: Após 24h de controle de PA adequado e exclusão de diagnóstico de pré-eclâmpsia
➢ Pacientes com PE: Após exclusão de critérios de gravidade, bom controle pressórico e
ausência de marcadores de comprometimento da vitalidade fetal
➢ Pós parto: Se estável clínico e laboratorial, após 24 hr de PV e 48 hr se PC
➢ Mãe em alojamento conjunto: Alta após alta de RN
TRANSFERÊNCIA
➢ Indicação de nascimento pré-termo deve ser discutida e informada a UTI neonatal
➢ Em caso de superlotação da UTI neonatal e estabilidade materno-fetal
➢ Plataforma de Gerenciamento de Internação (GERINT)
PREVENÇÃO PE
➢ Dopplerfluxometria de artérias uterinas com 11 a 13 + 6
➢ Cálculo de risco deve ser feito pela calculadora no site da Fetal Medicine Foundation
➢ Em pacientes que perderam janela deste exame, realizar o rastreio pelos fatores de risco:
RISCO FATOR DE RISCO CONDUTA
História prévia de PE
Gestação múltipla
ALTO Hipertensão crônica Se 1 ou mais: Iniciar AAS
Diabetes mellitus
Doença renal crônica
Doença autoimune
Nuliparidade
Obesidade (IMC >30)
História familiar de PE
MODERAD Idade >ou= 35 anos Se 2 ou mais: Iniciar AAS
Raça negra
O
Status socioeconômico baixo
Intervalo intergestacional >10
RCF ou PIG em gestação prévia
BAIXO Gestação prévia não complicada a Não recomendar aspirina
termo
PREVENÇÃO PE
ÁCIDO ACETIL SALICÍLICO
➢ Na identificação de risco e sem contraindicações: AAS 100 a 150 mg, a noite
➢ Iniciar até as 20 semanas de gestação
➢ Manter a medicação até o diagnóstico de PE ou então 36 semanas de gestação completas
➢ Reduz parto pré-termo e na mortalidade perinatal (Andrikopiloi et al)
SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO
➢ Averiguar aporte diário de cálcio na dieta
➢ 2 a 3 doses de leite e não conseguir consumir: carbonato de cálcio 500 mg
➢ O carbonato e o fosfato podem levar à constipação. Devem ser ingeridos junto com
alimentação para melhor absorção
OUTROS
➢ Heparina (fragilidades no estudo de Cruz-Lemini et al). Não recomendado de rotina
➢ Vitamina D: Na metanálise tinha a combinação com o cálcio
REFERÊNCIAS
01
Protocolo Hipertensão na Gestação 2022 – Hospital Universitário de Santa Maria –HUSM