Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
A hipertensão gestacional é a elevação da pressão sanguínea após 20 semanas de gestação, na
ausência de proteinúria ou de alterações sistêmicas.
A hipertensão crônica é aquela que antecede a gravidez.
A pré-eclâmpsia superajuntada é a hipertensão crônica associada à pré-eclâmpsia.
ETIOPATOGENIA
2
O processo de remodelação vascular fisiológica das artérias espiraladas durante a gestação
envolve segmentos da decídua da zona de junção (ZJ) miometrial.
A placentação profunda defeituosa, descrita na pré-eclâmpsia e no CIR, foi caracterizada por
remodelação ausente ou incompleta do segmento da ZJ das artérias espiraladas.
C) PLACENTAÇÃO DEFEITUOSA
3
III) DISFUNÇÃO ENDOTELIAL
Ocorre resposta materna com ativação global do sistema inflamatório e disfunção da célula
endotelial.
O vasoespasmo determina a hipertensão, o aumento da permeabilidade capilar glomerular
causa proteinúria, os distúrbios na expressão endotelial de fatores da coagulação resultam em
coagulopatias, e a vasoconstrição e a isquemia da lesão endotelial podem conduzir à disfunção
hepática.
Há indícios de que a placenta seja a principal fonte de EROS que inicia os eventos
fisiopatológicos.
O perfil lipídico também predispõe ao estresse oxidativo.
● Ácidos graxos livres, triglicerídeos e VLDL estão elevados.
● A LDL também está aumentada.
Fatores antiangiogênicos placentários, como o sFlt-1 estão superexpressados na toxemia.
● Essa molécula por meio do seu domínio ligante, interage com o VEGF e o PIGF na corrente
sanguínea, impedindo a ligação desses fatores angiogênicos com seus receptores de
membrana do endotélio. Dessa forma, ele age como antagonista dos fatores de crescimento e
sua concentração encontra-se elevada 5 a 6 semanas antes da toxemia.
● A endoglina solúvel (sEng) amplifica a disfunção endotelial ao inibir, além do VEGF, o TGF-
β.
VEGF:
● Possui propriedades pró-angiogênicas e vasodilatadoras, sendo a última associada à
produção aumentada de NO e PGI2 - moléculas de sinalização diminuídas na pré-eclâmpsia.
● Mantém a saúde da célula endotelial glomerular - sua diminuição explica a endoteliose
capilar glomerular.
TxA2:
● É um vasoconstritor potente, que estimula a agregação placentária e a contração uterina,
reduzindo o fluxo uteroplacentário.
PGI2:
● Vasodilatador, que inibe a agregação placentária e a contratilidade uterina, promovendo
aumento da circulação uteroplacentária.
Na gravidez normal, há predomínio do PGI2 em relação ao TXA2, na gravidez toxêmica a situação
se inverte.
4
FISIOPATOLOGIA
I) ALTERAÇÕES RENAIS
Nas pacientes com pré-eclâmpsia grave a hipertensão pode se exacerbar e há risco de edema do
pulmão.
Na síndrome HELLP há necrose hemorrágica periportal, com depósitos de material fibrinóide dos
sinusóides hepáticos e aumento das enzimas hepáticas.
V) ALTERAÇÕES CEREBRAIS
5
Mulheres com pré-eclâmpsia não apresentam hipervolemia fisiológica da gravidez, mas contração
do espaço intravascular. O hematócrito, dessa maneira, é elevado pela hemoconcentração, mas
pode ser baixo se houver hemólise na síndrome HELLP.
A gestante toxêmica retém sódio e água em quantidades superiores às da grávida normal, mas a
concentração sanguínea de eletrólitos não está alterada.
O edema generalizado é associado ao processo toxêmico. É precedido pelo aumento de peso e é
mais comum nos dedos das mãos e na face.
Devido a redução do fluxo sanguíneo uteroplacentário ou do infarto, o feto pode apresentar CIR e
sinais de sofrimento e há registros de oligodrâmnio.
DIAGNÓSTICO
I) PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERAJUNTADA
6
O quadro clínico típico é o da grávida na 2ª metade da gestação com dor epigástrica ou no
quadrante superior direito, particularmente se associada a náuseas e vômitos.
● Hipertensão e proteinúria podem não estar presentes.
O valor da DHL > 600 UI/L e o esfregaço sanguíneo periférico exibindo hemácias fragmentadas,
com formas bizarras (esquizócitos), caracterizam a anemia hemolítica microangiopática.
III) ECLÂMPSIA
PREDIÇÃO
PREVENÇÃO
A prevenção da pré-eclâmpsia pode ser realizada com o uso do AAS em baixa dose (100mg/dia,
à noite), com início antes de 16 semanas, de preferência antes de 12 semanas.
7
TRATAMENTO
I) PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE
8
● Parâmetros que indicam a suspensão do medicamento: reflexo tendinoso
presente, diurese >25 a 30 mL/h, frequência respiratória ≥ 16
movimentos/min.
● Em doses tóxicas é um medicamento que deprime a respiração, nesses casos deve-se
administrar 1 a 2g de gliconato de cálcio por via EV (10 mL de solução a 10%) em cerca de 3
min.
Se as convulsões não cederem com a administração de sulfato magnésio, está indicado o
amobarbital de sódio (250 mg EV, em 3 a 5 min) ou o diazepam, em infusão venosa (10 mg/h).
No tratamento da crise hipertensiva (PA ≥ 160/110) podem ser usados
hidralazina (5 a 10mg EV a cada 20 min - dose máxima de 30mg) ou nifedipina
(10 a 20 mg oral a cada 30 min - dose máxima de 50 mg em 1h).
● O objetivo não é normalizar a pressão, mas mantê-la em níveis de 140 a 155/90 a 105 mmHg.
Em caso de EAP sugere o tratamento com furosemida EV, sulfato de morfina EV e ventilação
assistida.
Tem-se considerado a possibilidade do tratamento conservador da pré-eclâmpsia grave em
gestações entre 24 e 24 semanas para melhorar o prognóstico perinatal. Antes da viabilidade fetal
(< 24 semanas) o tratamento conservador não está indicado e sim a interrupção da gravidez.
Nos casos de pré-eclâmpsia grave, aceita-se a interrupção da gravidez após 24 a 48h de corticoide
em hospitais terciários.
Conduta na Síndrome HELLP:
● Mesma conduta da pré-eclâmpsia grave.
● Hematoma subcapsular hepático:
○ Hematoma íntegro - tratamento conservador.
○ Ruptura do hematoma - transfusão maciça e laparotomia imediata.
● CID: administração de plasma fresco congelado e concentrado de hemácias.
Conduta na Pré-eclâmpsia Superajuntada:
● Devem ser seguidas de acordo com o quadro clínico.
PARTO
Opta-se pela operação cesariana.
A cesárea é mandatória em fetos de menos de 1.500g.
PÓS-PARTO
O tratamento com sulfato de magnésio deve ser mantido no mínimo por 24h após o nascimento
e/ou após a última convulsão.
Monitoramento da PA por no mínimo 72h e novamente com 7 a 10 dias de pós-parto.
● Para mulheres com hipertensão pós-parto persistente ≥ 150/100 mmHg,
indica-se a terapia anti-hipertensiva ao menos em 2 ocasiões espaçadas
de 3 a 6h.
● A pressão sanguínea persistente ≥ 160/110 mmHg deve ser tratada em 1h.
● O fármaco de escolha é a nifedipina, 10 mg 4/dia - dose máxima 120mg/dia.
Os AINEs elevam a PA e devem ser substituídos por outros analgésicos no pós-parto.
9
HIPERTENSÃO CRÔNICA
A hipertensão crônica é aquela que está presente antes de 20 semanas da gravidez e pode persistir
até 12 semanas de pós-parto.
Diagnóstico da hipertensão crônica na gravidez:
● Uso de medicação anti-hipertensiva antes da gravidez.
● Início da hipertensão antes de 20 semanas da gravidez.
● Persistência da hipertensão após 12 semanas de pós-parto.
I) ETIOLOGIA
II) CLASSIFICAÇÃO
Critério:
● Leve: pressão sistólica de 140 a 159 mmHg ou diastólica de 90 a 109 mmHg.
● Grave: pressão sistólica ≥ 160 mmHg ou diastólica ≥ 110 mmHg.
De acordo com o risco:
● Baixo risco: hipertensas leves, sem lesões em órgãos-alvo ou perdas fetais anteriores.
● Alto risco: hipertensão secundária, grave (≥ 160/110 mmHG), lesão em
orgãos-alvo (disfunção ventricular esquerda, retinopatia, dislipidemia,
acidente vascular cerebral) e história de perdas fetais.
Quando a hipertensão se desenvolve no 3º trimestre, na ausência de sinais de pré-eclâmpsia, o
diagnóstico de hipertensão gestacional é apropriado.
III) TRATAMENTO
10
A terapia anti-hipertensiva será usada em mulheres com PA ≥ 160/110 mmHg e
em mulheres com hipertensão leve mas com lesão em órgãos-alvo.
Grávidas com hipertensão leve sem complicações geralmente são candidatas ao parto vaginal a
termo (após 39 semanas).
Mulheres controladas com medicação devem parir entre 37 e 39 semanas e naquelas com
hipertensão grave de difícil controle a gestação deve ser interrompida com 36 a 37 semanas.
V) CONDUTA NO PÓS-PARTO
Não devem ser utilizados ergoderivados que podem agravar a hipertensão. Recomenda-se optar
pela ocitocina.
Mulheres com hipertensão crônica de alto risco têm predisposição para outras complicações,
nelas a PA deve ser rigidamente controlada por no mínimo 48h, com o uso da hidralazina EV.
Em mulheres que estão amamentando o fármaco ideal é a metildopa.
11