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RETINOPATIA
É muito comum o desenvolvimento de complicações oculares no paciente diabético, sendo as
principais: instabilidade da refração, paralisias dos nervos motores oculares, úlcera de córnea,
glaucoma, neovascularização de íris e catarata. Porém, a que mais ocorre e mais cega é a
retinopatia.
Essa complicação é mais frequente na DM1, fazendo um comprometimento visual importante
em 10% dos pacientes que desenvolvem. Entre os fatores de risco tem-se: maior durabilidade da
diabetes (geralmente após 15 anos pode desenvolver RD), descontrole do diabetes, HAS e
nefropatia, gestação e dislipidemia (geralmente associado ao edema macular)
FISIOPATOLOGIA
A retinopatia desenvolve-se a partir da microangiopatia, que é o espessamento da camada
basal do capilar, e oclusão capilar. Esses dois fatores causam hipóxia retiniana, quebra da barreira
hematorretiniana e aumento da permeabilidade vascular. O resultado disso é edema e isquemia,
com aparecimento de exsudato algodonoso, alterações capilares e neovascularização.
Acredita-se que o GH, alterações hematológicas (oclusões) e a via bioquímica do poliol são
responsáveis pelo desenvolvimento da retinopatia. Na via do poliol acontece que o açúcar em
convertido em álcool (sorbitol), isso afeta a autorregulação dos capilares e acaba enfraquecendo as
estruturas dos capilares, favorecendo aneurismas e hemorragias, e o aumento da permeabilidade
favorece o espessamento da retina e formação de exsudatos e, por fim, reduz a visão central do
indivíduo. Isso, em conjunto com a ação da PKC, modifica o fluxo sanguíneo e a permeabilidade
vascular, podendo causar formação de edema macular.
Microaneurismas
Com a progressão da doença, pode ocorrer hipóxia tecidual, causando infarto de fibras
nervosas e formação de exsudato algodonoso. Essa hipóxia eleva a expressão de moléculas que
quebram a barreira hematorretiniana e levam a proliferação vascular, e produz fatores de
crescimento que contribuem para o aumento da permeabilidade hematorretiniana. A hipóxia após
muito tempo passa a gerar mecanismos de compensação que causam anormalidades no calibre
venoso e crescimento de novos vasos ou shunts. A formação de novos vasos implica em progressão
de tecido fibroso, o qual acompanha a densidade dos neovasos, porém em uma fase tardia esses vasos
regridem e deixam o tecido fibroso, o qual cria uma tração sob a retina, causando edema,
deslocamento e ruptura da retina.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico consiste em história e exame físico. Inicialmente, os pacientes são
assintomáticos, mas à medida que passa o paciente nota manchas no campo visual, distorção da
imagem e redução da acuidade visual, sendo os microaneurismas os sinais mais precoces. Já o
exame físico da RD consiste no exame oftalmológico completo.
Entre os exames complementares tem-se: glicemia de jejum, HbA1c (auxilia uma avaliação
mais antiga - 2 a 3 meses - da glicemia), angiofluoresceinografia, tomografía óptica - mede a
espessura da retina, para visualizar edema e/ou tração - e USG ocular - identifica obstrução por
hemorragia vítrea.
TRATAMENTO
O tratamento é baseado na redução da glicemia, sendo o principal tipo de tratamento a
mudança no estilo de vida e evitar situações que façam a glicemia aumentar, o tratamento bem feito da
diabetes resulta em resolução das complicações.
Porém outros métodos utilizados são fotocoagulação a laser (redução de hemorragia),
antiangiogênicos e esteroides vítreo (redução do edema macular), vitrectomia (remoção do vítreo) e
crioterapia (quando não pode usar fotocoagulação).
NEFROPATIA
A nefropatia diabética é uma complicação que ocorre, principalmente, em pacientes com
DM1 e é marcada por redução da taxa de filtração glomerular e albuminúria, podendo existir casos
que há redução da TFG sem a albuminúria. Essa complicação se associa ao aumento da mortalidade
por DCV e por perda da função renal.
Geralmente a história da doença progride com: hiperfiltração glomerular, albuminúria
progressiva e redução da TFG, sendo a microalbuminúria a primeira manifestação da patologia.
Porém, por ser uma condição heterogênea ela pode progredir da forma clássica ou com redução da
TFG isolada.
Existem fatores que predispõem a nefropatia, além da diabetes, como sexo masculino, idade
avançada, etnia (negros hispânicos, asiáticos e americanos), uso de medicamentos nefrotoxicos,
obesidade, HAS, hiperglicemia, histórico familiar, tabagismo, alta ingestão de proteína, DRA.
FISIOPATOLOGIA
É dividida em duas fases, uma precoce e outra tardia, na precoce predomina eventos
hemodinâmicos e metabólicos e na tardia predomina dano celular e remodelação tissular. A
hiperglicemia é o início de todo o processo, pois ela aumenta a filtração glomerular e,
consequentemente, a reabsorção de sódio e glicose. Essa reabsorção contínua causa maior necessidade
de oxigênio e isquemia, por falta desse O2, somada a estresse oxidativo. Além disso, o aumento de
sódio no túbulo ativa o sistema reninaangiotensinaaldosterona (SRAA) e vasoconstrição da
arteríola eferente.
Esse efeito hemodinâmico causa hipertrofia tubular, devido ao trabalho excessivo, com
hipertensão e hiperfiltração glomerular, contribuindo para a hipertrofia renal. Tardiamente, isso
vai desencadear glomerulosclerose e atrofia tubular, evoluindo com disfunção do endotélio glomerular
com aumento da permeabilidade vascular, espessamento da membrana basal glomerular (MBG),
proliferação de células mesangiais, lesão e apoptose dos podócitos, bem como um processo
inflamatório com recrutamento de células imunológicas e liberação local de citocinas e quimiocinas,
com remodelamento tecidual que contribui para atrofia e fibrose.
Alterações precoces Alterações tardias
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é realizado por dois parâmetros, a albuminúria e a redução da TFG no paciente
diabético com ausência de sintomas de outras causas de doença renal. Como os sintomas são bastante
inespecíficos, é importante a realização do rastreio em paciente com 5 anos de DM1 e paciente desde
o início de DM2.
Os marcadores mais importantes envolvem creatinina sérica ou cistatina C para estimar a
filtração glomerular por meio de equações ajustadas para a idade, o gênero e a etnia do indivíduo.
Ambas são marcadores endógenos, porém a creatinina ainda é a mais usada por ser mais acessível.
De acordo com o KDIGO, deve-se considerar solicitar a dosagem de cistatina C quando a TFG
estimada pela creatinina estiver entre 45 e 60 mℓ/min/1,73 m2 , especialmente quando não houver
outras evidências de doença renal.
Já a identificação da albuminemia, ocorre pela relação albumina-creatinina em amostra
urinária isolada. Devido a albumina alterar facilmente, pacientes com albuminúria elevada devem
confirmar a alteração em 2 de 3 medidas coletadas em um intervalo de 3 a 6 meses.
TRATAMENTO
O tratamento é baseado na resolução dos fatores de risco. É indicada uma alteração dietética,
com redução do consumo de proteínas e de sódio - com exceção de pacientes em diálise - para
adequar o controle glicêmico e pressórico. Além da dieta, o controle da glicemia pode ser adquirido
com hipoglicemiantes e o controle da HAS com anti-hipertensivos e MEV.
Há também indícios de- melhora da DR com a redução de lipídios, isto é, o uso de
hipolipemiantes, especialmente as estatinas, indica menor risco de DCV. Por fim, estudos indicam a
redução da albuminúria quando há reposição de vitamina D em associação com uso de IECA e BRA.