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DOENÇAS ENDÓCRINAS U1
Aula 04 - Diabetes Mellitus: Complicações Crônicas
INTRODUÇÃO Rastreamento: no máximo anual.
Um bom controle glicêmico, associado ao adequado
controle da pressão arterial e dos lipídios, é
considerado como a principal estratégia para
prevenção das complicações diabéticas
microvasculares e deve ser objetivado em todos os
diabéticos.
FISIOPATOLOGIA
Acúmulo de AGEs:
Morbimortalidade Produtos avançados da glicosilação;
Incapacitações no trabalho Ligam-se ao colágeno dos vasos, contribuindo para a
lesão endotelial da microvasculatura, levando à
Custo para os serviços de saúde
fragilidade capilar e à obstrução microvascular, pela
Prevalência de acordo com o tipo de diabetes
formação de microtrombos.
Relação do controle glicêmico e o desenvolvimento das
complicações
Aumento do estresse oxidativo (ROS)
Complicações microvasculares:
Alteração: Permeabilidade vascular; Função celular;
Retinopatia
Apoptose
Nefropatia
Neuropatia
Complicações macrovasculares:
Doença coronariana
Doença cerebrovascular
Doença arterial periférica
Pé diabético
FATORES DE RISCO
Duração da DM e mal controle glicêmico
Dislipidemias
Obesidade
Tabagismo
HAS descontrolada
Puberdade RESUMO VILAR
Gravidez As complicações crônicas do diabetes melito, sejam elas
micro ou macrovasculares, são as principais causas de
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS morbimortalidade relacionadas à doença. Elas também
MICROVASCULARES têm um grande impacto socioeconômico pelo
comprometimento da produtividade, da qualidade de
Acompanhamento/seguimento
vida e da sobrevida dos diabéticos. Diversos mecanismos
DM tipo 1: 5 anos após o diagnóstico
estão envolvidos na patogênese das complicações
DM tipo 2: Logo após o diagnóstico
microvasculares, incluindo fatores genéticos, mas a
hiperglicemia crônica é o principal mecanismo. De fato, a
A microalbuminúria é uma fase precoce da nefropatia diabética que, se for tratada, pode prevenir a evolução para
nefropatia manifesta (proteinúria franca).
Os fatores determinantes para essa progressão são a hiperglicemia e a hipertensão arterial
TRATAMENTO
Baseia-se no:
1. Controle glicêmico rígido;
2. Controle da hipertensão arterial com uso preferencial dos IECA (captopril, enalapril, lisinopril) ou dos
antagonistas da angio II (losartan, ibesartan, candesartan).
3. Controle da dislipidemia (LDL-c < 100).
INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO
IECAs
Fármacos que atuam no BRAs
SRAA Antagonistas dos receptores da aldosterona
Inibidores diretos da renina
Restrição moderada de proteínas: 0,8 g/kg por peso/dia em casos de progressão da DRD
Restrição proteica
e redução da TFG
Uso de diuréticos tiazídicos (furosemida, se TFG < 30 mL/min), antagonistas do cálcio
e/ou β-bloqueadores e/ou vasodilatadores
Controle pressórico
Alvo: PA ≤ 140/90 mmHg ou ≤ 130/80 mmHg (situações especiais: jovens, risco elevado
de AVC etc.)
Alvo: HbA1c < 7%
Controle glicêmico
Individualizar de acordo com a presença de comorbidades
Paciente não dialítico
≥ 50 anos de idade: uso de estatina
< 50 anos de idade e presença de doença cardiovascular estabelecida ou risco
Controle de lipídios cardiovascular em 10 anos > 10%: uso de estatina
(Estatinas) Paciente dialítico
Manter hipolipemiante se introduzido antes da diálise
Indicar início de estatina apenas em situações especiais (como infarto do miocárdio
etc.)
Bloqueio do SRAA: em todos os casos, mesmo em Instalada a insuficiência renal (TFG < 15
normotensos → Usar IECA* ou BRA ml/min/1,73m2 e/ou creatinina plasmática > 1,5
Não associar! mg/dl):
Evitar em gestantes e lactentes Nefrologista: ClCr < 70ml/min/1,73m2, ou
Monitorizar Cr e K creatinina sérica > 2mg/dl, ou aumento de potássio.
Reavaliar albuminúria para checar se a droga está Para ClCr < 25ml/min/1,73m2 = diálise ou
sendo eficaz transplante renal
Os diuréticos tiazídicos e os BCC não O transplante renal é a terapia de escolha para esta
diidropiridínicos podem potencializar o efeito fase da doença.
antiproteinúrico do IECA.
RESUMO VILAR
A doença renal do diabetes (DRD) ou nefropatia diabética
é uma das mais frequentes complicações
microvasculares do diabetes melito (DM), acometendo
entre 25 e 40% dos pacientes, e geralmente começa a se
manifestar após 5 a 10 anos do início da doença. A FATORES DE RISCO PARA NEUROPATIA DIABÉTICA
elevada prevalência do DM na população contribui para Idade avançada,
que a DRD seja a principal causa de doença renal crônica Duração do DM,
no mundo, responsável por aproximadamente metade Susceptibilidade genética,
dos casos de falência renal nos países desenvolvidos. Glico/lipotoxicidade, inflamação e estresse oxidativo.
Tipicamente, a doença se manifesta inicialmente
como aumento persistente da excreção urinária de CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DAS NEUROPATIAS
albuminúria (EUA) que, na ausência de tratamento, tende Polineuropatias simétricas generalizadas:
a se exacerbar e a evoluir com redução progressiva da Sensitivomotora periférica (polineuropatia
taxa de filtração glomerular (TFG). No entanto, simétrica distal);
particularmente no DM tipo 2, a queda da TFG pode Sensitiva aguda;
anteceder o aumento da EUA. O principal fator de risco Autonômica.
para o surgimento da DRD é o controle glicêmico Neuropatias focais e multifocais:
inadequado, mas fatores ambientais adicionais Cranianas;
(sobretudo, hipertensão) e fatores genéticos também De membros (nervos mediano, ulnar, peroneal,
desempenham um papel importante. lateral da coxa; compressivas: túnel do carpo e do
tarso);
Truncal – toracoabdominal;
NEUROPATIA DIABÉTICA Proximal motora (femoral, amiotrofia);
Complicação crônica comum (afeta mais de 50% dos Coexistente neuropatia desmielinizante
diabéticos) inflamatória crônica.
Afetando até 50% dos DM do tipo 2 e DM tipo 1 em
NEUROPATIA PERIFÉRICA
menor proporção
Polineuropatia Distal Simétrica (PNDS)
Atinge grande número de órgãos e sistemas
Compromete tanto o sistema nervoso somático como o Mais comum (25 a 50%)
autonômico → ampla gama de apresentações e de
sintomatologias, a depender do órgão acometido. A base fisiopatológica é a lesão das fibras axonais
O risco tem relação estreita com a duração do diabetes grossas mielinizadas ou fibras A (que conduzem a
e o nível de controle glicêmico. sensibilidade vibratória e proprioceptiva) e de fibras
Pode estar presente já no momento do diagnóstico do finas não mielinizadas ou fibras C (que conduzem a
DM2, inclusive em indivíduos pré-diabéticos com graus sensibilidade térmica, dolorosa e tátil).
discretos de hiperglicemia.
Estes pacientes são propensos a ter úlceras plantares
No DM1, costuma surgir a partir de 5 anos do início da indolores, que podem infectar, acarretando gangrena
doença. úmida (pé diabético)
Causas não diabéticas que devem ser excluídas para manejo da dor.
Metabólicas: doenças tireoidiana e renal; sistêmicas: vasculite sistêmica, vasculite não
Doenças metabólicas,
sistêmica, disproteinemias e amiloidose; infecciosas: HIV, hepatite B, doença de Lyme
sistêmicas, infecciosas e
e hanseníase; inflamatórias: polirradiculoneuropatia inflamatória desmielinizante
inflamatórias
crônica.
Deficiência de vitamina B12, pós-gastroplastia e deficiência de piridoxina, tiamina e
Aspectos nutricionais
tocoferol.
Intoxicação por agentes industriais (acrilamida, organofosforados etc.), por drogas
Intoxicação (álcool, amiodarona, colchicina, dapsona, alcaloides da vinca, platina, taxol etc.) e por
metais (arsênico e mercúrio).
Hereditariedade Causas hereditárias motora, sensitiva e autonômica.
Controle da dor:
Abordagem inicial: pregabalina ou a duloxetina
Fatores intrínsecos
Neuropatia diabética:
Perda de sensibilidade protetora plantar e motora →
atrofia mm. e deformidades → áreas de pressão
anormais + alteração de marcha → calos → ulceras
Alteração autonômica simpática: redução ou
ausência de sudorese → ressecamento da pele →
rachaduras e fissuras.
CLASSIFICAÇÃO
TRATAMENTO
Cuidados locais: limpeza e curativos
Antibioticoterapia
Leves Gram (+): amoxicilina com clavunalato
Graves (amplo espectro): ampicilina/sulbactam,
ceftriaxona + clindamicina, ...
Tratamento da dor neuropática
Alívio de pressão: muletas, bengalas, gesso contato
total, ...
Repouso
Desbridamento cirúrgico
Amputação: para os graus IV e V (gangrena) e em
casos de osteomielite grave e/ou refratária
Úlceras vasculares: avaliar revascularização
PROFILAXIA (CUIDADO COM O PÉ) fase terminal. Úlceras são o resultado de uma
Uso de sapatos com solado macio, cuidado ao cortar combinação de componentes que, em conjunto, levam à
unhas (reta), higienização, examinar interior do ruptura do tecido. Os caminhos causais mais
sapato, uso de palmilhas, cuidado com exposição ao frequentemente observados para o desenvolvimento de
frio ou ao calor intenso (não fazer escalda pés), evitar úlceras do pé incluem neuropatia periférica e doença
deambular descalço, autoinspeção diária dos pés, vascular, deformidade do pé ou traumatismo. A doença
inspeção no consultório médico vascular periférica, muitas vezes, não é diagnosticada em
pacientes com DM até que a perda de tecido seja
evidente, geralmente sob a forma de uma úlcera não
cicatrizante. Identificação de pacientes com DM que
estão em alto risco de ulceração é importante e pode ser
alcançada por meio de rastreio anual do pé com
subsequentes intervenções multidisciplinares para os
cuidados com os pés. Compreender os fatores que põem
os pacientes com DM em alto risco de ulceração e
valorizar as ligações entre os diferentes aspectos do
processo da doença é essencial para a prevenção e o
tratamento das complicações do pé diabético.
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS
MACROVASCULARES
DEFORMIDADE (CHARCOT) Complicações microvasculares são mais comuns, mas as
Orientações de cuidados e utilizações de calcados macrovasculares levam mais a óbito (mortalidade 2 a 4x
adequados (fechado para não machucar) maior que não diabéticos)
Calçado ortopédico, mais profundos protegendo o pé, Aterosclerose: DAC-IAM, AVC e DAP
palmilhas mais espessas podendo customizá-las, Aterosclerose difusa e extensa, com placas mais instáveis,
alem da alteração de fluxo (vasodilatação x vasoconstrição).
pedindo a retirada de carga que o paciente precisa,
Diabético tem risco para evento cardiovascular semelhante
região fica livre de pressão
ao de indivíduos não diabéticos com DCV estabelecida
Obs.: Úlcera (mal perfurante plantar): só o calcado não Diabetes elimina o fator protetor feminino
é suficiente, vou utilizar medidas para diminuir a carga
de maneira mais efetiva. Posso imobilizar o pé com MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS
uma tala, ou com a botinha, tirando a pressão da pisada Hiperinsulinismo:
do pé para a perna Ativação da via MAP cinase è crescimento e proliferação
celulas endoteliais
RESUMO VILAR 2016 Inativação da via PI-3-cinase è reduz liberação de NO è
O diabetes melito (DM) representa a causa mais comum aumenta vasoconstrição e pró-inflamação (NF-κβ e PCR)
de amputação não traumática de membros inferiores na Hiperglicemia: semelhante as alterações microvasculares
Sistema renina-angiotensina-aldosterona (A II):
população geral. Está associado a uma série de alterações
Inibe via PI-3-cinase; Ativa via MAP cinase; Estimula
macro e microvasculares que podem se manifestar com aumento PA
uma grande variedade de complicações. Ulcerações do pé Disfunção endotelial; DLP; Hipercoagulabilidade; Estresse
afetam cerca de 2 a 4% dos pacientes com DM. Os fatores oxidativo; Neuropatia autonômica; Inflamação subclinica
de risco para as lesões do pé incluem neuropatia
periférica e autonômica, doença vascular e prévia
ulceração do pé, bem como outras complicações
microvasculares, tais como retinopatia e doença renal em