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NASCER E CRESCER

revista do hospital de crianças maria pia


ano 2010, vol XIX, n.º 1

Espasmos de Choro:
Problema de Comportamento?
Sara Melo1, Rui Chorão2

RESUMO Palavras Chave: Espasmos de de conduta, sendo muitas vezes avalia-


Os espasmos de choro são uma en- choro, Perturbação de Comportamento, das em consulta de Pedopsiquiatria por
tidade clínica frequente que, no entanto, Epilepsia, este motivo.
assusta os pais e são motivo de consulta Este trabalho faz uma revisão teóri-
para grande número de crianças. A sua Nascer e Crescer 2010; 19(1): 20-24 ca acerca da apresentação clínica, diag-
apresentação clínica, apesar de típica, nóstico e diagnósticos diferenciais dos
pode não ser suficiente para um diagnós- espasmos de choro através da consulta
tico correcto, sendo importante o diag- INTRODUÇÃO de bibliografia actualizada. Pretende ac-
nóstico diferencial com outras patologias. Os espasmos de choro são uma en- tualizar os conhecimentos em relação à
Os espasmos de choro têm sido associa- tidade clínica comum, ocorrendo em cer- fisiopatologia e aos factores de risco já
dos a perturbações do comportamento, ca de 5% das crianças com idade igual conhecidos e, sobretudo, esclarecer a
mas esta relação não está completamen- ou inferior a 8 anos1,2. Levam um grande associação entre espasmos de choro e
te esclarecida. número de crianças a recorrer ao Serviço perturbações de comportamento.
Com esta revisão procura-se escla- de Urgência e a frequentar consultas de
recer a associação entre espasmos de Neuropediatria ou Pediatria. EPIDEMIOLOGIA
choro e perturbações de comportamento. Consistem numa sequência típica Ocorrem em cerca de 4-5% das
Apresenta-se uma revisão biblio- de eventos que se iniciam de modo re- crianças com idade igual ou inferior a 8
gráfica actual versando a fisiopatologia, flexo em resposta a um factor desenca- anos, com igual distribuição por rapazes
apresentação clínica, diagnósticos dife- deante (medo, susto, frustração ou dor e raparigas.1,2,3 Apresentam um pico de
renciais, complicações e tratamento dos súbita) e podem levar à apneia e perda incidência aos 2-3 anos, sendo que um
espasmos de choro e faz-se uma apre- de consciência, esporadicamente com estudo de cohorte3 identificou um pico de
ciação da influência destes no comporta- crise convulsiva secundária. São involun- incidência ligeiramente mais precoce nos
mento dos pais e a sua associação com tários, auto-limitados e geralmente não rapazes (13-18 meses) do que nas rapa-
alterações do desenvolvimento psico- causam complicações sérias.1,2,3,4,5 Têm rigas (19-24 meses).
afectivo da criança. uma apresentação clínica variável com O primeiro episódio ocorre mais fre-
Conclui-se que os espasmos de três formas clássicas descritas: cianótica, quentemente entre os 6-18 meses, em-
choro podem conduzir, nos pais e cuida- pálida e mista. Obrigam, geralmente, a bora haja registo de casos antes dessa
dores, a comportamentos desajustados diagnósticos diferenciais com etiologias idade; geralmente desaparecem no início
que condicionam muitas vezes perturba- mais graves, como a epilepsia ou a sín- da idade escolar.7 A frequência dos epi-
ções do comportamento nestas crianças. drome do QT longo. São fonte de grande sódios pode variar entre múltiplos por dia
É importante diagnosticar atempadamen- angústia para os pais, que não entendem até um por ano e a apresentação clínica é
te esta situação para orientar os pais na estes eventos e se sentem confrontados variável, como a seguir se descreve.
sua conduta, evitando o desenrolar des- com uma situação de ansiedade, dúvida
ses comportamentos, assim contribuindo e medo, sem que disponham de fárma- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
para uma promoção da saúde mental da cos ou qualquer outro método para “con- Após um estímulo com conotação
criança e cuidadores. trolar” e evitar as “crises” dos seus filhos. negativa a criança começa a chorar. Após
Vários estudos demonstraram a expiração, a respiração pára, involunta-
maior incidência de problemas de com- riamente, com consequente alteração da
portamento nas crianças com espasmos coloração da pele e do tónus muscular. A
de choro.4,6 De facto, estas crianças pa- presença ou ausência de perda de cons-
__________
recem ser mais impulsivas e manipula- ciência, na sequência de apneia, definem
1
Serviços de Pedopsiquiatria, CHPorto, Hos-
doras, apresentam grande intolerância à a sua gravidade.
pital de Maria Pia
2
Serviços de Neuropediatria, CHPorto, Hospi- frustração e podem sofrer de perturbação Existem dois tipos de espasmos de
tal de Maria Pia de oposição e desafio e de perturbação choro, de acordo com a coloração da pele:

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cianóticos e pálidos; a maioria das crianças a um risco aumentado de espasmos de - Síndrome de Münchausen by proxy
apresenta apenas um dos tipos, embora al- choro. Destes, os mais estudados e com - Obstrução nasal (infecção, malfor-
gumas apresentem episódios mistos. dados mais consistentes parecem ser: mação congénita, massa, medica-
O evento é de curta duração (geral- - Predisposição genética – autossó- ção)
mente inferior a um minuto) e tem resolu- mica dominante com penetrância - Obstrução respiratória (infecção,
ção espontânea. Pode ser acompanhado incompleta (20-35% das crianças malformação congénita, broncoes-
de crise convulsiva devido a hipóxia pro- têm história familiar positiva)3 pasmo, embolia, edema pulmonar)
longada (ocorrendo em menos de 15% - Anemia ferropénica3 – parece estar - Doenças neuromusculares (miaste-
das crianças) 3. associada a um aumento da fre- nia gravis, poliomielite)
quência dos espasmos de choro, - Patologia gastrointestinal (refluxo
FISIOPATOLOGIA sendo que o suplemento de sulfato gastroesofágico, hérnia do hiato)
Parece haver uma desregulação ferroso (5 mg/kg/dia) poderá estar - Outras patologias cardiovasculares
autonómica na base destes acontecimen- indicado nestes doentes11 (malformações, arritmias, pericardi-
tos, com aumento de resposta simpática - Disautonomia familiar – doença te, policitemia, mixoma auricular)
nos episódios cianóticos e aumento da do sistema nervoso periférico, au- - Fármacos
resposta parassimpática nos episódios tossómica recessiva. Na infância
pálidos. De um modo geral, são crianças manifesta-se por dificuldades em COMPLICAÇÕES E TRATAMENTO
que respondem exageradamente aos es- mamar e deglutir, podendo ocorrer Trata-se de uma situação geralmen-
tímulos negativos.8 episódios de pneumonia de aspi- te benigna, sem morbilidade associada,
ração. Em crianças mais velhas é apesar de estarem descritos raros casos
Cianóticos frequente encontrar-se insensibili- de morte por complicações respiratórias
Mais comum em crianças enérgi- dade à dor, perturbações da mar- ou convulsões.
cas, activas, coléricas, opositivas e em cha, incontinência urinária, arritmias A sua presença numa idade pre-
crianças com frequência cardíaca mais cardíacas e atraso pubertário. Nos coce parece estar associada a um maior
elevada e tensão arterial diastólica em primeiros cinco anos de vida são risco de síncope na idade adulta1,3,4, pro-
ortostatismo inferior ao esperado para comuns os espasmos de choro se- vavelmente pelo aumento da resposta
a idade. São precipitados por estímulos guidos de síncope.12 vagal que estará na génese de alguns
como frustração, raiva ou medo, que - Síndrome de Rett – parece estar as- destes episódios.
levam a um choro violento, seguido de sociado a uma maior frequência de Dado o carácter auto-limitado e
uma paragem respiratória na expiração. espasmos de choro.11 o curso benigno, não se justifica o uso
A coloração cianótica da pele surge rapi- de medicação antiepiléptica na grande
damente e pode anteceder uma perda de DIAGNÓSTICO maioria dos casos e não há medicação
consciência.9 Uma história clínica com uma se- preventiva ou de emergência conheci-
quência de eventos típica associada a das. No entanto, estudos recentes de-
Pálidos um exame neurológico normal é, geral- monstraram uma diminuição do número
Mais comum em crianças passivas, mente, suficiente para o diagnóstico. de episódios em crianças tratadas com
inibidas, impressionáveis e que apresen- No entanto, se a história não é tí- ferro, independentemente da presença
tam sinais de resposta vagal aumentada. pica ou suficientemente clara ou se os de anemia1,2,3,11.
Neste caso, o estímulo precipitante cos- sintomas são muito exuberantes, deve
tuma ser uma dor ou um susto súbitos, a pedir-se: filme do episódio paroxístico, PROBLEMA DE COMPORTAMENTO
que se seguem palidez cutânea e perda electrocardiograma (sobretudo nos páli- OU COMPORTAMENTO PROBLEMA?
de consciência.9 dos, para exclusão de arritmia), electro- Na década de 1960, os estudos
Foi proposta uma via explicativa dos encefalograma (EEG) (normal em 88% demonstravam maior incidência de pro-
fenómenos fisiopatológicos responsáveis dos casos) e hemograma. 1,9,11 blemas de comportamento, nestas crian-
por este tipo de espasmos de choro10: ças - hipercinésia, agressividade, com-
Dor, susto → choro ténue → isque- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL portamento opositivo e enurese.5, Mais
mia cerebral hipocápnica → apneia e Os diagnósticos que mais vezes ne- recentemente, alguns estudos têm de-
hipoxemia → espasmo respiratório com cessitam de ser excluídos são a epilepsia monstrado o contrário. De facto, Di Mario
aumento da pressão intra-torácica → di- (nomeadamente quando há convulsão e Burleson6, com a ajuda da Achenbach
minuição do débito cardíaco → compro- na sequência de apneia) e a síndrome do Child Behavior Checklist e da Revised
misso da circulação cerebral QT longo (pela síncope). (Tabela 1) Child Behavior Profile estudaram crian-
No entanto, embora menos prová- ças com espasmos de choro e compa-
FACTORES PREDISPONENTES veis, outros diagnósticos poderão ser raram-nas com crianças sem patologia,
Têm vindo a ser identificados alguns considerados, caso a caso, na avaliação não encontrando diferenças no perfil de
factores que parecem estar associados destes episódios9, 10,11: comportamentos. Recentemente, alguns

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estudos têm demonstrado que estas dios. Por outro lado, estes episódios são COMO AJUDAR?
crianças apresentam, de facto, maior in- muitas vezes atribuídos a “problemas Os clínicos que lidam com estas
tolerância à frustração e piores mecanis- de comportamento / educação”. Deste crianças podem ter um papel importan-
mos de adaptação, mas a causa destas modo, surge uma antecipação do receio te na prevenção deste ciclo de compor-
alterações não depende da patologia em face às crises e emergem sentimentos de tamentos disfuncionais que levam a um
si. A que se deve, então esta associação? incompetência e culpabilidade. 13,14 aumento do risco de psicopatologia da
Importa recordar que os espasmos de Apesar de inofensivos, os espas- criança. De facto, a maioria das mães
choro têm, a maior parte das vezes, início mos de choro assustam os pais. As- afirma sentir-se tanto menos ansiosa
durante a fase anal de desenvolvimento sim, as mães destas crianças sentem quanto mais informação tiver acerca des-
psico-afectivo, marcada pelo desejo de os filhos como menos compensadores, tes eventos e se lhe forem fornecidas,
autonomia e individuação da criança face mais exigentes, mais distraídos, menos por um profissional seguro na matéria,
às figuras parentais. Deste modo, são fre- adaptados ao meio e sentem-se mais indicações precisas de como actuar.5
quentes, nesta altura, conflitos de autori- deprimidas, mais isoladas socialmente Deve estabelecer-se uma relação em-
dade entre pais e criança, necessários ao e menos competentes como esposas e pática, desprovida de qualquer atitude
estabelecimento de limites consistentes, como mães.15 Ao mesmo tempo, os pais crítica, que possa servir como base se-
propícios ao desenvolvimento de meca- destas crianças apresentam mais proble- gura de aconselhamento para estes pais.
nismos adaptativos de tolerância à frus- mas conjugais e maiores preocupações A atitude terapêutica deve abranger, não
tração. Nestas crianças, o aparecimento com a sua própria saúde. Num clima de só a própria criança, como ser também
deste tipo de sintomatologia, assusta os ansiedade, isto pode levar à demissão centrada na promoção da saúde mental
pais e gera uma ambivalência entre a educativa, com o fim de evitar qualquer dos pais, valorizando actividades que
necessidade de impor regras e o medo frustração para impedir o retorno das estimulem a sua autonomia em relação
de uma nova “crise”.10 Neste sentido, os crises. De facto, ainda que totalmente à criança e favoreçam a sua auto-estima.
espasmos de choro podem ser incluídos involuntários, são percebidos pela crian- Deve transmitir-se, de forma clara, toda
numa série de comportamentos enten- ça como um meio de manipulação, uma a informação acerca do mecanismo e do
didos como de oposição (não chegando vez que provocam nos pais uma resposta curso natural dos espasmos de choro.
a ser um verdadeiro comportamento de de satisfação imediata do desejo ou um Além disso, torna-se necessário promo-
desafio), muito comuns a partir dos dois evitamento da frustração que faz sofrer. ver atitudes consistentes em ambos os
anos de idade. Assim sendo, se os espasmos de cho- pais, bem como a necessidade de regras
Pensa-se que os pais das crianças ro não forem compreendidos e aceites de conduta que não reforcem estes com-
com espasmos de choro sofrem de mais pelos pais como uma situação benigna, portamentos na criança.
stress do que pais de crianças com epi- auto-limitada e sem consequências gra- É fundamental que os pais perce-
lepsia.6 Isto parece dever-se à ausência ves, podem desencadear-se estratégias bam que, para evitar estes episódios,
de alterações nos exames efectuados relacionais pouco adaptativas e favorece- bem como os comportamentos de opo-
e de medicação farmacológica específi- doras de perturbações do comportamen- sição, devem actuar antes que a criança
ca que previna ou controle estes episó- to a longo prazo. (Tabela 2) esteja em stress. Reconhecendo os si-

Tabela 1. Diferenças entre convulsões generalizadas, síncope e espasmos de choro


Adaptado de Mackay M.9

Crise convulsiva
Síncope Espasmos de Choro
tónico-clónica generalizada

Factores precipitantes Privação de sono Dor, ortostatismo, susto Dor, alteração emocional súbita

Sintomas prodrómicos Habitualmente não Náuseas, visão turva, palidez cutânea, diaforese Não

Duração da perda de consciência Minutos Segundos Segundos

Movimentos clónicos Sim Por vezes Por vezes

Recuperação Demorada Rápida Rápida

Não (pode ocorrer quando houver crise


Sedação pós-ictal Sim Não
convulsiva associada)

EEG Alterado / normal Normal Normal

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Tabela 2 - Sequência de comportamentos disfuncionais que se podem associar


a Psicopatologia nas crianças com Espasmos de Choro

ESPASMO DE CHORO

Pais
Dificuldade em entender o problema, preocupação constante
Diagnóstico “atrasado”
Conotação com problema de comportamento
Ausência de medicação preventiva

Maior stress
Culpabilidade, baixa auto-estima, frustração
Sentimentos de auto-desvalorização e de incompetência parental
Filhos sentidos como mais “difíceis”
Problemas conjugais
Dificuldade em deixar a criança com outro cuidador
Dificuldade em manter a sua independência e identidade
e em conciliar o trabalho com a maternidade / paternidade
Perturbação emocional

Protecção, tentativa de evitar as causas precipitantes
Ausência de limites e regras consistentes

Crianças
Intolerantes à frustração
Opositivas, desafiadoras, agressivas, impulsivas, manipuladoras

Maior susceptibilidade a ansiedade, depressão e perturbação de conduta

nais mais precoces de oposição, devem (por exemplo, auto ou heteroagressivi- A melhor forma de ajudar estes pais será
colocar a criança em local sossegado, por dade, isolamento, alterações do padrão reconhecendo o problema atempada-
exemplo na sua própria cama, durante de jogo, irritabilidade ou “head banging”), mente, sem ambiguidade no diagnóstico,
2-3 minutos e esperar que a criança acal- deve orientar-se esta família para uma não o desvalorizando excessivamente
me por ela mesma, sem lhe pegar e sem consulta de Psiquiatria da Infância. nem lhes atribuindo a culpa pelos episó-
brincar com ela. Por outro lado, os pais dios. Deve-se, antes, ajudá-los a perce-
devem, eles próprios, aprender a gerir os CONCLUSÃO ber o seu filho como uma criança “nor-
seus próprios sentimentos de raiva e zan- Os espasmos de choro são uma mal” que precisa de regras e limites para
ga, de modo a evitar perdas de controlo entidade comum que surge em crianças um desenvolvimento adequado e uma
súbitas. Como modelo de actuação para previamente saudáveis e em idades pre- melhor adaptação às exigências da ida-
os seus filhos, a capacidade de controlo coces. Parecem ter na sua génese uma de adulta - mais paciente, capaz de adiar
interno e a consistência da sua actuação, desregulação autonómica, mas não es- gratificações, mais tolerante à frustração.
irão ajudar à organização de um sistema tão associados a morbilidade significati- Quando os pais não são capazes de gerir
de controlo interno na própria criança. va. São auto-limitados e não necessitam estes episódios ou quando surge outro
Podem, ainda, ser dadas referências de de nenhuma medicação preventiva ou tipo de sintomatologia acompanhante,
apoios locais considerados competen- de crise. a família deverá ser encaminhada para
tes e seguros (infantários, serviços de A sua associação a problemas de uma consulta de Psiquiatria da Infância.
babysitting, programas de ocupação de comportamento, empiricamente observa- É, assim, necessário que os mé-
tempos livres). Se, além dos espasmos da na clínica, parece ser real. No entanto, dicos que observam estas crianças es-
de choro, a criança apresentar outros esta associação não se deve à patologia tejam adequadamente informados para
comportamentos de oposição e desafio em si, mas aos comportamentos que des- reconhecer, diagnosticar e lidar com esta
ou outros sinais de sofrimento psíquico perta nos pais ou cuidadores da criança. patologia de forma eficaz.

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