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Educação Especial e Inclusiva

Pequeno Dicionário de Patologias e Distúrbios

Autismo

O Autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner,
trabalhando no Johns Hopkins Hospital, em seu artigo Autistic disturbance of affective contact,
na revista "Nervous Child". No mesmo ano, o também austríaco Hans Asperger descreveu, em
sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância. Embora ambos fossem austríacos,
devido à II Guerra Mundial, não se conheciam. A palavra "autismo" foi cunhada por Eugene
Bleuler, em 1911, para descrever um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo uma
"fuga da realidade". Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que
observavam em seus pacientes. O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecido nos
anos 1970, quando a médica inglesa Lorna Wing traduziu seu trabalho para o inglês. Foi a
partir daí que um tipo de autismo de alto desempenho passou a ser denominado síndrome de
Asperger.

Nos anos 1950 e 1960, o psicólogo Bruno Bettelheim afirmou que a causa do autismo
seria a indiferença da mãe, que denominou de "mãe-geladeira'". Nos anos 1970 essa teoria foi
posta por terra e passou-se a pesquisar as causas do autismo. Hoje, acredita-se que o autismo
esteja ligado a causas genéticas associadas a causas ambientais. Dentre possíveis causas
ambientais, a contaminação por mercúrio tem sido apontada por militantes da causa do
autismo como forte candidata, assim como problemas na gestação. Apesar do grande número
de pesquisas e investigações clínicas realizadas em diferentes áreas e abordagens de
trabalho, não se pode dizer que o autismo é um transtorno claramente definido. Há correntes
teóricas que apontam as alterações comportamentais nos primeiros anos de vida como
relevantes para definir o transtorno. Entretanto, grupos de especialistas, principalmente os que
trabalham com uma abordagem psicanalítica, discordam desta concepção, por considerar
impossível definir-se o que uma criança será para o resto de sua vida, a partir de dificuldades
apresentadas no desenvolvimento psicoafetivo nos primeiros anos de vida de um indivíduo.
Isto, entretanto, não desconsidera o fato de que, há de se cuidar destas crianças o quanto
antes, inserindo-as num tratamento que leve em consideração sua subjetividade, seus afetos e
sentimentos, e não apenas o aspecto comportamental. Uma equipe, pioneira no trabalho com
estas crianças 'ditas autistas' no cenário nacional, o CPPL (Centro de Pesquisa em Psicanálise
e Linguagem) - Recife/PE/Brasil, interroga acerca do diagnóstico e sua repercussão na vida
destas crianças e seus familiares. Têm uma experiência clínica vasta, com mais de 1.000
crianças já tendo passado por tratamento nesta instituição, muitas delas tendo seu quadro de
transtorno completamente revertido e outras tantas, puderam construir futuros mais agradáveis
para suas vidas. Donald Winnicott , importante pediatra e psicanalista inglês, contribuiu com
suas formulações a partir da prática clínica, para interrogar se o autismo de fato existe
enquanto quadro nosográfico.

 Dificuldade na interação social:


o Dificuldade acentuada no uso de comportamentos não-verbais (contato visual,
expressão facial, gestos);
o Dificuldade em fazer amigos;
o Apresenta dificuldade em compartilhar suas emoções;
o Dificuldade em demonstrar reciprocidade social ou emocional.

 Prejuízos na comunicação:
o Atraso ou falta de linguagem verbal;
o Para aqueles onde a fala é presente, verifica-se uma grande dificuldade em
iniciar ou manter uma conversa;
o Uso estereotipado e repetitivo da linguagem;
o Falta ou dificuldade em brincadeiras de "faz de conta".
Há alguns anos, as alterações de linguagem apresentadas por autistas foram consideradas
apenas uma característica do transtorno, porém, atualmente as questões de linguagem são
consideradas como um dos principais problemas do Autismo.

 Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades:


o Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados;
o assumir de forma inflexível rotinas ou rituais (ter "manias" ou focalizar-se em
um único assunto de interesse);
o maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos, por exemplo);
o preocupação insistente com partes de objetos, em vez do todo (fixação na roda
de um carrinho, por exemplo).

Síndrome de Down

Síndrome de Down ou trissomia do cromossomo 21 é um distúrbio genético


causado pela presença de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente. Recebe o nome em
homenagem a John Langdon Down, médico britânico que descreveu a doença em 1866. A
síndrome é caracterizada por uma combinação de diferenças maiores e menores na estrutura
corporal. Geralmente a síndrome de Down está associada a algumas dificuldades de
habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial. A síndrome de
Down é geralmente identificada no nascimento. Portadores de síndrome de Down podem ter
uma habilidade cognitiva abaixo da média, geralmente variando de retardo mental leve a
moderado. Um pequeno número de afetados possui retardo mental profundo. A incidência da
síndrome de Down é estimada em 1 a cada 800 ou 1000 nascimentos.

Muitas das características comuns da síndrome de Down também estão presentes em


pessoas com um padrão cromossômico normal. Elas incluem a prega palmar transversa (uma
única prega, ao invés de duas), olhos com formas diferenciadas devido às pregas nas
pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa. Os afetados pela
síndrome de Down possuem maior risco de sofrer defeitos cardíacos congênitos, doença do
refluxo gastroesofágico, otites recorrentes, apnéia de sono obstrutiva e disfunções da glândula
tireóide. Indivíduos com síndrome de Down podem ter algumas ou todas as seguintes
características físicas: fissuras palpebrais oblíquas, hipotonia muscular, a flat nasal bridge, uma
prega palmar transversal única (também conhecida como prega simiesca), uma língua protrusa
(devido à pequena cavidade oral), pescoço curto, pontos brancos nas íris conhecidos como
[1]
manchas de Brushfield, flexibilidade excessiva nas articulações, defeitos cardíacos
congênitos, espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé. As crianças com
síndrome de Down encontram-se em desvantagem em níveis variáveis face a crianças sem a
síndrome, já que a maioria dos indivíduos com síndrome de Down possuem retardo mental de
[2]
leve (QI 50-70) a moderado (QI 35-50), com os escores do QI de crianças possuindo
[3]
síndrome de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos
com síndrome de Down podem ter sérias anomalias afetando qualquer sistema corporal.

Outra característica freqüente é a microcefalia, um reduzido peso e tamanho do


cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente afetado por doenças e
deficiências motoras, como doenças infecciosas recorrentes, problemas no coração, problemas
na visão (miopia, astigmatismo ou estrabismo) e na audição. Efeito da idade materna: quanto
maior a idade da mãe, maior o risco da ocorrência da síndrome. Estima-se que a incidência da
Síndrome de Down seja de um em cada 660 nascimentos, o que torna esta deficiência uma
das mais comuns de nível genético. A idade da mãe influencia bastante o risco de concepção
de bebê com esta síndrome: em idades compreendidas entre os 20-24 anos é de apenas
1/1490, enquanto que aos 40 anos é de 1/106 e aos 49 de 1/11 (Fonte: Hook EB. Rates of
chromosomal abnormalities at different maternal ages.). As grávidas com risco elevado de ter
um filho afetado por esta síndrome devem ser encaminhadas para consultas de
aconselhamento genético, no âmbito das quais poderão realizar testes genéticos (como a
amniocentese).

O termo foi referido pela primeira vez pelo editor do The Lancet, em 1961 [1]. Era, até à
data, denominado como mongolismo pela semelhança observada por Down na expressão
facial de alguns pacientes seus e os indivíduos oriundos da Mongólia. Porém, a designação
mongol ou mongolóide dada aos portadores da síndrome ganhou um sentido pejorativo e até
ofensivo, pelo que se tornou banida no seio científico.

Saúde

 As cardiopatias congénitas afectam 40% (30-60%) destas crianças (defeitos do septo e


tetralogia de Fallot). São as principais causas de morte das crianças com esta
síndrome. No entanto, se forem corrigidas, a esperança de vida destas crianças é
bastante elevada.
 A afecção do foro gastroenterológico mais freqüente é a atrésia duodenal, mas também
aparecem a estenose pilórica, a doença de Hirschsprung e as fístulas traqueo-
esofágicas. A incidência total de malformações gastroenterológicas é de 12%.
 3% destas crianças têm cataratas congênitas importantes que devem ser extraídas
precocemente. Também são mais freqüentes os glaucomas.
 A hipotonia é muito freqüente no recém-nascido, o que pode interferir com a
alimentação ao peito. Normalmente a alimentação demora mais tempo e apresenta
mais problemas devidos à protrusão da língua. A obstipação é mais freqüente devido à
hipotonia da musculatura intestinal.
 O hipotireoidismo congênito é mais freqüente nas crianças com trissomia 21.
 A laxidão das articulações e a hipotonia combinadas podem aumentar a incidência de
luxação congênita da anca embora esta alteração seja rara.
 As convulsões são mais freqüentes, com incidência de 10%.
 A imunidade celular está diminuída, pelo que são mais freqüentes determinadas
infecções, como as respiratórias. Habitualmente têm hipertrofia dos adenóides e das
amídalas. Há uma maior incidência de leucemias.
 São muito freqüentes as alterações auditivas nestas crianças devido a otites serosas
crônicas e os defeitos da condução neurosensorial.
 Há uma grande controvérsia sobre a instabilidade atlantoaxial. Radiologicamente, 15%
ou mais dos casos apresentam evidência deste fato, mas há muito poucas crianças
com problemas neurológicos associados.
 Há um atraso no crescimento com tendência para a obesidade.
 Os dentes tendem a ser pequenos e espaçados irregularmente.

Dislexia

Dislexia (do grego: dus = difícil, dificuldade; lexis = palavra) é um distúrbio ou


transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de
maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que cerca
de 10 a 15% da população mundial é disléxica. Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia
não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica
ou baixa inteligência. Ela tem sido vista como uma condição hereditária devido a alterações
genéticas, mas tal só acontece numa pequena percentagem de casos. Ela também é
caracterizada por apresentar alterações no padrão neurológico. Por esses múltiplos fatores é
que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação
dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico,
direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.

Sintomas

Haverá sempre:

 dificuldades com a linguagem e escrita ;


 dificuldades em escrever;
 dificuldades com a ortografia;
 lentidão na aprendizagem da leitura;
Haverá muitas vezes:

 disgrafia (letra feia);


 discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de
decorar tabuada;
 dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização’;
 dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas
complexas;
 dificuldades para compreender textos escritos;
 dificuldades em aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes:

 dificuldades com a linguagem falada;


 dificuldade com a percepção espacial;
 confusão entre direita e esquerda.

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só


indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não pára por aí, os
mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc. Identificado
o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola
ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada. Uma equipe multidisciplinar,
formada por Psicóloga(o), Fonoaudióloga(o), Psicopedagoga(o) e Neurologista deve iniciar
uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência
do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como
Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso. A equipe de profissionais deve verificar
todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que
chamamos de AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSÃO.

Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou


deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas
anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá
apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia). Neste
processo ainda é muito importante tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico
familiar e de evolução do paciente. Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades
apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de
um relatório por escrito. Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o
acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja
mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um
tempo, para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.

São considerados sintomas da dislexia relativos à leitura e escrita os seguintes erros: *


erros por confusões na proximidade especial: a) confusão de letras simétricas, b) confusão por
rotação e c) inversão de sílabas; *Confusões por proximidade articulatória e seqüelas de
distúrbios de fala: a) confusões por proximidade articulatória, b) omissões de grafemas e c)
omissões de sílabas.

As características lingüísticas, envolvendo as habilidades de leitura e escrita, mais


marcantes das crianças disléxicas, são:

* A acumulação e persistência de seus erros de soletração ao ler e de ortografia ao escrever

* Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-
n; i-j; m-n; v-u etc
* Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação
no espaço: b-d; b-p; d-b; d-p; d-q; n-u; w-m; a-e

* Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e, cujos sons são
acusticamente próximos: d-t; j-x;c-g;m-b-p; v-f

* Inversões parciais ou totais de silabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla

Segundo Mabel Condemarín (1987, p.23), outras perturbações da aprendizagem podem


acompanhar os disléxicos:

 Alterações na memória
 Alterações na memória de séries e seqüências
 Orientação direita-esquerda
 Linguagem escrita
 Dificuldades em matemática
 Confusão com relação às tarefas escolares
 Pobreza de vocabulário
 Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)

Tomando por base a proposta de Mabel Condemarín (l989, p. 55), a dificuldade de


aprendizagem relacionada com a linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser inicial e
informalmente (um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolingüista)
diagnosticada pelo professor de língua materna, com formação na área de Letras e com
habilitação em Pedagogia, que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da
criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a
serem prontamente respondidas:

A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler?

A criança movimenta a cabeça ao longo da linha?

Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?

A criança segue a linha com o dedo?

A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?

A criança demonstra excessiva tensão ao ler?

A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?

Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque um
espelho do lado posto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição
pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança. O cloze, que consiste em pedir à
criança para completar certas palavras omitidas no texto, pode ser importante, também, aliado
para o professor de língua materna determinar o nível de compreensibilidade do material de
leitura (ALLIENDE: 1987, p.144)

Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma doença, ou


melhor, um transtorno neurobiológico, inicialmente vinculado a uma lesão cerebral mínima. Nos
anos 60, devido à dificuldade de comprovação da lesão, sua definição adquiriu uma
perspectiva mais funcional, caracterizando-se como uma síndrome de conduta, tendo como
sintoma primordial a atividade motora excessiva. Ela nasce com o indivíduo; aparece já na
pequena infância e quase sempre acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se
caracteriza por sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo
quando o paciente tenta não mostrá-lo. Existem vários graus de manifestação do TDAH, os
mais caracterizados são tratados com medicamentos, como o cloridrato de metilfenidato
(Ritalina em sua versão comercial). Recebe às vezes o nome DDA (Distúrbio do Déficit de
Atenção) ou SDA (Síndrome do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD,
as iniciais de Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD.)

Na década de 80, a partir de novas investigações, passou-se a ressaltar aspectos


cognitivos da definição de síndrome, principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou
falta de controle, considerando-se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do
alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é
submetida. É uma doença reconhecida pela OMS (Organização Mudial da Saúde), tendo
inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos que têm este
transtorno ou distúrbios quanto aos seus familiares. Há muita controvérsia sobre o assunto. Há
especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que, por tratar-se de um
Transtorno Social, o indivíduo deve aprender a lidar com ele sem a utilização de
medicamentos. Segundo Rohde e Benczick o TDAH é um problema de saúde mental que tem
como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade,
podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como a baixo desempenho
escolar; podendo ser acompanhado de outros problemas de saúde mental. Os autores Rohde
e Benczich, caracterizam o TDAH em dois grupos de sintomas.

Sintomas relacionados à desatenção:

 não prestar atenção a detalhes;


 ter dificuldade para concentrar-se;
 não prestar atenção ao que lhe é dito;
 ter dificuldade em seguir regras e instruções;
 desvia a atenção com outras atividade;
 não terminar o que começa;
 ser desorganizado;
 evitar atividades que exijam um esforço mental continuado;
 perder coisas importantes;
 distrair-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo;
 esquecer compromissos e tarefas.
 nao lembrar de sua refeição da manhã

Os sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade

 ficar remexendo as mãos e/ou os pés quando sentado;


 não permanecer sentado por muito tempo;
 pular, correr excessivamente em situações inadequadas;
 sensação interna de inquietude;
 ser barulhento em atividades lúdicas;
 ser muito agitado;
 falar em demasia;
 responder às perguntas antes de concluídas;
 ter dificuldade de esperar sua vez;
 intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.

Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão


apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de
hiperatividade; além disso, os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes
diferentes e por um período superior a seis meses.

Causas
As pesquisas têm apresentado como possíveis causas de TDAH a hereditariedade,
problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias (chumbo) ou
problemas familiares. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações,
podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante
nas crianças. Segundo Goldstein, alguns fatores podem propiciar o aparecimento do TDAH
quando em condições favoráveis, por isso as causas do TDAH são de uma vulnerabilidade
herdada ao transtorno que vai se manifestar de acordo com a presença de desencadeadores
ambientais. A ansiedade, frustração, depressão ou criação imprópria podem levar ao
comportamento hiperativo.

Discalculia

Discalculia (não confundir com acalculia) é definido como uma desordem neurológica
específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. A
discalculia pode ser causada por um déficit de percepção visual. O termo Discalculia é usado
frequentemente ao consultar especificamente à inabilidade de executar operações
matemáticas ou aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma
inabilidade mais fundamental para conceituar números como um conceito abstrato de
quantidades comparativas. É uma inabilidade menos conhecida, bem como e potencialmente
relacionada à dislexia e a dispraxia. A discalculia ocorre em pessoas de qualquer nível de QI,
mas significa que têm frequentemente problemas específicos com matemática, tempo, medida,
etc. Discalculia (em sua definição mais geral) não é rara. Muitas daquelas com dislexia ou
dispraxia tem discalculia também. Há também alguma evidência para sugerir que este tipo de
distúrbio é parcialmente hereditário.

A palavra discalculia vem de grego (dis, mal) e do Latin (calculare, contar) formando:
contando mal. Essa palavra calculare vem, por sua vez, de cálculo, que significa o seixo ou um
dos contadores em um ábaco. Discalculia é um impedimento da matemática que vá adiante
junto com um número de outras limitações, tais como a introspecção espacial, o tempo, a
memória pobre, e os problemas de ortografia. Há indicações de que é um impedimento
congenito ou hereditário, com um contexto neurológico. Discalculia atinge crianças e adultos.
Discalculia pode ser detectada em uma idade nova e medidas podem ser tomadas para facilitar
o enfrentamento dos problemas. O problema principal está compreendendo que a matemática
da maneira que é ensinada às crianças. O modo que a dislexia pode ser tratada de usar uma
aproximação ligeiramente diferente a ensinar. Entretanto, a discalculia é o menos conhecido
destes tipos de desordem de aprendizagem e assim não é reconhecido frequentemente.

Sintomas potenciais

 Dificuldades freqüentes com os números, confundindo os sinais: +, -, ÷ e x.


 Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.
 Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter
dificuldade com um compasso.
 A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
 Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.
 Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais
que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário.
 Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.
 Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos.
 A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento, por
exemplo, estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras.
 Tendo a dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância (por
exemplo, se algo está afastado 10 ou 20 metros).
 Inabilidade apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e
seqüências matemáticas.
 Dificuldade de manter a contagem durante jogos.
 Dificuldade nas atividades que requerem processar seqüências, do exame (tal como
etapas de dança) ao sumário (leitura, escrita e coisas sinalizar na ordem direita). Pode
ter o problema mesmo com uma calculadora devido às dificuldades no processo da
alimentação nas variáveis.
 A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de
dispositivos matemáticos (números).

Causas potenciais

Os cientistas procuram ainda compreender as causas da discalculia, e para isso têm


investigado em diversos domínios.

 Neurológico: Discalculia foi associado com os lesões ao supramarginal e os giros


angulares na junção entre os lóbulos temporal e parietal do cortex cerebral.
 Déficits na memória trabalhando: Adams e Hitch discutem que a memória trabalhando
é um fator principal na adição mental. Desta base, Geary conduziu um estudo que
sugerisse que era um déficit de memória para aqueles que sofreram de discalculia.
Entretanto, os problemas trabalhando da memória são confundidos com dificuldades
de aprendizagem gerais, assim os resultados de Geary não podem ser específicos ao
discalculia mas podem refletir um deficit de aprendizagem maiores.

Os estudos de estudantes de matemática mostraram aumento da atividade de EEG no


hemisfério direito durante o processo de cálculo algorítmico. Há alguma evidência de déficits
direitos do hemisfério na discalculia. Outras causas podem ser:

 Um quociente de inteligência baixo (menos de 70, embora as pessoas com o IQ normal


ou elevado possam também ter discalculia).
 Um estudante que tem um instrutor cujo método de ensinar a matemática seja duro
compreender para o estudante.
 Memória a curto prazo que está sendo perturbada ou reduzida, fazendo-a difícil de
recordar cálculos.
 Desordem congênita ou hereditária. Uma combinação destes fatores.

Disortografia

Disortografia é a dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da


linguagem escrita expressiva.Esta dificuldade pode ocorrer associada ou não a dificuldade de
leitura, isto é, a dislexia.Considera-se que 90% das disortografias têm como causa um atraso
de linguagem; estas são consideradas disortografias verdadeiras. Os 10% restantes têm como
causa uma disfunção neuro-fisiológica.

Características das Disortografias

1. .Troca de grafemas: Geralmente as trocas de grafemas que representam fonemas


homorgânicos acontecem por problemas de discriminação auditiva. Quando a criança
troca fonemas na fala, a tendência é que ela escreva apresentando as mesmas trocas,
mesmo que os fonemas não sejam auditivamente semelhantes;
2. Falta de vontade de escrever;
3. Dificuldade em perceber as sinalizações gráficas (parágrafos, travessão, pontuação e
acentuação);
4. Dificuldade no uso de coordenação/subordinação das orações;
5. Textos muito reduzidos;
6. Aglutinação ou separação indevida das palavras.
Psicose

A Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual


existe uma "perda de contacto com a realidade". Ao experienciar um episódio psicótico, um
indivíduo pode ter alucinações ou delírios, assim como mudanças de personalidade e
pensamento desorganizado. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou
de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o caráter estranho ou bizarro do
seu comportamento. Desta forma surgem também dificuldades de interação social e em
cumprir normalmente as atividades de vida diária. Uma grande variedade de stressores do
sistema nervoso, tanto orgânicos como funcionais, podem causar uma reação psicótica. Muitos
indivíduos têm experiências fora do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da
realidade em alguma altura da sua vida sem necessariamente sofrerem conseqüências para a
sua vida. Em alguns casos, as pessoas adaptam-se a estas experiências; por exemplo, depois
de ter alucinações uma pessoa pode encontrar inspiração ou senti-la como uma revelação
religiosa. Como tal, alguns autores afirmam que não se pode separar a psicose da consciência
normal, mas deve-se encará-la como fazendo parte de um continuum de consciência.

A psicose pode ser causada por predisposição genética, fatores exógenos orgânicos,
mas desencadeados por fatores ambientais, psicossociais, com acentuadas falhas no
desempenho de papéis, na comunicação, no autocontrole, no comportamento da afetividade,
na sensopercepção, na memória, no raciocínio, no pensamento e linguagem. Há perda do
senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos extremos, do auto-conhecimento,
deixando o paciente de cuidar-se nos aspectos mais triviais, como a alimentação e a higiene
pessoal.

Transtorno Afetivo Bipolar

PMD (Psicose Maníaco Depressiva) ou, atualmente, Transtorno Afetivo Bipolar


(TAB), é uma enfermidade dentro dos chamados transtornos de humor, que incluem as
depressões. O TAB (ainda com a designação PMD) foi descrito por Kraeplin nos primórdios da
história da psicopatologia e da psicanálise, enfatizando nesta época os estados maníacos e
psicóticos. Hoje em dia existe uma série de medicamentos denominados estabilizadores do
humor e antipsicóticos que trazem grandes melhoras às pessoas acometidas, podendo ter, na
maioria das vezes, bom curso e prognóstico. Existem indicativos de fatores genéticos, e o
estresse é o principal desencadeante, podendo ocorrem em qualquer faixa etária, mas a média
de aparecimento é por volta dos trinta anos. As pessoas alternam ciclos mais ou menos graves
de depressão e humor exaltado (mania ou hipomania). Podem existir ou não características
psicóticas, dependendo da intensidade do distúrbio, tratamento e evolução.

Surdocegueira

A surdocegueira é a incapacidade total ou parcial de audição e visão,


simultaneamente. Assim como no caso da surdez, a surdocegueira pode ser identificada com a
cultura das pessoas que pertencem a este grupo. Em termos de senso comum, ao falar de
alguém surdo-cego, lembramos Helen Keller e sua professora Anne Sullivan, como história de
sucesso ao desafio de viver sem visão e audição. A maior parte das pessoas com
surdocegueira tem ainda limitações noutros domínios. A surdocegueira é a deficiência, em
diversos graus, dos sentidos de audição e visão; isto é, o surdocego pode ver ou ouvir em
pequenos níveis, dependendo do caso.

Com base nos estudos de McInnes, a fim de classificarmos alguém de surdocego é


preciso que esse indivíduo não tenha suficiente visão para compensar a perda auditiva, ou
vice-versa, que não possua audição suficiente para compensar a falta de visão. Vários autores
(tais como Writer, Freeman, Wheeler & Griffin, McInnes) defendem a surdocegueira como
única, não como a soma de dois comprometimentos sensoriais. Segundo o ponto de vista
sensorial de Miles e Riggio, surdocegos podem ser:

 indivíduos surdos profundos e cegos;


 indivíduos surdos e têm pouca visão;
 indivíduos com baixa audição e que são cegos;
 indivíduos com alguma visão e audição.

Ser surdocego

Acredita-se que cerca de 80 a 90% da informação é recebida pelo ser humano visual
ou auditivamente; assim sendo, a privação destas duas capacidades provoca alterações
drásticas no acesso da pessoa à informação e no seu desenvolvimento. A dependência do
surdocego aos outros é total, quer para aceder a objetos e a pessoas, quer para obter ajuda
quanto à organização e à compreensão da informação acerca do meio que o rodeia, com o
objetivo de se relacionar com o mundo, quebrando assim o isolamento. O tato desempenha um
papel crucial na comunicação e desenvolvimento com estes indivíduos.

Deficiência mental

É o nome dado à caracterização dos problemas que ocorrem no cérebro, e leva a um


baixo rendimento cognitivo, mas que não afetam outras regiões ou funções cerebrais. A
Deficiência mental pode ter várias etiologias, entre as principais estão os: fatores genéticos,
perinatais (ocorridos durante a gestação e o parto) e pós-natais. Os portadores de
necessidades especiais (já denominados Excepcionais ou (Deficientes) necessitam de
atendimento multiprofissional (incluindo: médico, fisioterapeuta/ terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, psicólogo, pedagogo entre outros) a fim de minimizar os problemas decorrentes
da deficiência. Quanto mais cedo houver um diagnóstico e mais precoce for a intervenção
melhores serão os resultados. As técnicas exercidas por diversos profissionais de reabilitação
e puericultura para identificar precocemente lesões e intervir são denominadas Avaliação do
Desenvolvimento e Estimulação Precoce.

A criança com deficiência mental tem as funções intelectuais situadas abaixo dos
padrões considerados normais para sua idade, e em conseqüência, pode apresentar
dificuldades no desenvolvimento e comportamento adaptativo. A deficiência mental resulta,
quase sempre, de uma alteração na estrutura cerebral, provocada por fatores genéticos, na
vida intra-uterina, ao nascimento ou na vida pós-natal. O grande desafio para os estudiosos
dessa característica humana é que em quase metade dos casos estudos essa alteração não é
conhecida ou identificada e quando analisamos o espectro de patologias que tem a deficiência
mental como expressão de seu dano nos deparamos com um conjunto de mais de 200
doenças.

Problemas da definição de deficiência mental

As clássicas definições da deficiência mental, a exemplo da Associação Americana


Deficiência Mental têm como referência a limitação da atividade intelectual (leia-se
praticamente habilidades lógico-matemáticas) e a capacidade de adaptação (leia-se
socialização), contudo, ambos os conceitos aqui referidos podem ser ampliados em função das
suas distintas aplicações. Para Piaget a inteligência é um prolongamento da adaptação
orgânica, o progresso da razão consiste numa conscientização da atividade organizadora da
própria vida. Essa definição, uma das muitas possibilidades de definir lógica e inteligência em
seus estudos, revelam sua opção de pesquisa a partir de um conceito básico da biologia
moderna, a adaptação, sem o qual não poderíamos compreender as relações entre forma e
função e/ou a teoria da evolução.

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