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Autismo: Aspectos de Interesse

ao

Tratamento Odontológico

Aluna: Maria Fernanda Soares Torga


História
 O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 por Leo Kanner, um psiquiatra
infantil americano. Kanner suspeitou que elas possuíssem uma característica congênita
que as impedia de estabelecer contatos sociais regulares.

 Segundo Baumann, é resultado de uma desordem orgânica caracterizada por


anormalidades cerebrais, especialmente no sistema límbico e cerebelo.

 Entretanto de acordo com Klein e Nowak e Armstrong e Matt sua etiologia permanece
indeterminada, podendo estar relacionada com anormalidades cromossômicas, infecções
virais ou desordens metabólicas durante o período intra-uterino.

Atualmente, o autismo é definido como sendo um Transtorno Invasivo do


Desenvolvimento.
Epidemiologia
 Segundo a ASA (Autism Society of
American), o indivíduo autista apresenta
lentidão ou falhas no desenvolvimento de
habilidades físicas, sociais e de
aprendizado; ritmos imaturos de fala com
limitação na compreensão de idéias ;
respostas anormais dos sentidos, com
alterações de visão, audição, tato, dor,
equilíbrio, olfato,gosto e postura, e
maneiras anormais de relacionamento com
pessoas, objetos ou eventos.

Cars é o teste que se observa o grau de


autismo.
Epidemiologia
 Prevalência:

 Ocorrência em uma taxa de 2 a


5:10.000(KAPLAN et al,1997; LOTTER,1966).

 Comumente começa antes dos 36


meses,mas pode não ser evidente aos pais,
dependendo da conscientização e da
gravidade da doença.

 Os pais são extremamente importantes


no diagnóstico do Transtorno autista(TA).

 Devido as dificuldades de um diagnóstico


precoce preciso, um quadro de autismo só é
fechado com segurança em fases mais
avançadas.
Epidemiologia
 Distribuição entre sexos:

 O transtorno autista é encontrado com


maior frequência em meninos( o que
sugere um mecanismo de herança
ligado ao cromossomo X).

 Contudo as meninas autistas tendem a


ser mais seriamente afetadas e a ter
uma história familiar de
comprometimento cognitivo maior.

 Não há predileção por raça, classe social


e etnia.
Epidemiologia
 Fatores psicodinâmicos e familiares:

 Não há comprovação de influência do ambiente


psicológico familiar da criança como causadora do
autismo; KAPLAN et al.,(1997);

 O transtorno autista pode ocorrer em associação com


outros distúrbios de funcionamento do cérebro (Espectro
autista. Ex: Deficiente mental severo que tem
comportamentos autistas);

 Em formas mais suaves o TA assemelha-se a um distúrbio


de aprendizado;

 Aproximadamente 3% apresentam auto-agressão severa


e comportamento agressivo altamente incomum e
repetitivo.( KAPLAN et al.1997).
Epidemiologia
 Anormalidades orgânicas-neurológicas-biológicas:

 O TA e os seus sintomas podem estar associados com condições que tem lesões
neurológicas,notoriamente rubéola congênita, fenilcetonúria, esclerose
tuberosa,síndrome de Rett; Anormalidades cromossômicas, exposição química na
gravidez ou desordens metabólicas;

 Em torno de 32% dos indivíduos autistas tem convulsões;

 Causas possíveis como desequilíbrio bioquímico e predisposição genética ainda


estão sendo levantadas.
Epidemiologia
 Fatores Genéticos:
 Vários estudos relatam que entre 2 e 4% dos irmãos de
indivíduos autistas são afetados por TA.

 Relatos e estudos clínicos sugerem que membros não-


autistas das famílias compartilham vários problemas de
linguagem e cognitivos com a pessoa autista, porém de
forma atenuada.

 Fatores Imunológicos:
 Os linfócitos de algumas células autistas reagem com os
anticorpos das mães, levando a possibilidade de os
tecidos neurais embrionários ou extra embrionários
estarem danificados durante a gestação.
Epidemiologia
 Fatores pré natais:

 Sangramento materno após o primeiro


trimestre;

 Presença de mecônio no líquido amniótico


foram relatados em crianças autistas com maior
frequência do que na população em geral;

 Alta incidência do uso de medicamentos


durante a gravidez nas mães de crianças
autistas.
 Curiosidade:
*O Transtorno autista (TA) está para se tornar Síndrome autista,
pois pesquisadores encontraram uma série de variações no material
genético de pessoas autistas.

*Pesquisadores acreditam que um gene chamado NEUREXIM 1 pode


estar ligado a doença.

* O problema está localizado no cromossomo 11


(p12-p13).

* Observou-se que uma translocação genética ,no cromossomo


11,provocou o rompimento de um gene, chamado TRPC-6, que atua
em um canal de cálcio no cérebro, controlando o funcionamento
dos neurônios, em particular, das sinapses neuronais .
 Fatores peri natais:

 Há uma alta incidência de síndrome de aflição respiratória;

 Anemia neonatal.

 Achados Bioquímicos:

 Pelo menos um terço dos pacientes com autismo tem serotonina plasmática
elevada.

 Aumento do ácido homovanílico (HVA, o principal metabólito dopamínico) no


licor está associado com maior retraimento e esteriotipias.
 Limiar de dor:
 Alterações no limiar de dor;

 Os autistas reagem á doença de maneira diferente, reflexo de um sistema nervoso


autônomo ou maturo;

 Podem,ainda, não desenvolver febre com doenças infecciosas;

 Podem não se queixar de dor tanto verbalmente como através de gestos, e não
demonstrar a indisposição de uma criança doente;

 Comportamentos e relações podem melhorar notavelmente quando enfermas


( indicador de doença física).
 Funcionamento intelectual:

 Cerca de 40% das crianças tem Q.I abaixo


de 50 a 55( retardo mental de moderado a
profundo);

 Cerca de 30% tem escores de 50-70


( retardo leve) e 30% escores de 70 ou mais ;

 O risco de TA aumenta á medida que o Q.I


diminui. ( KAPLAN et.al 1997).
 Características comportamentais:

 O contato visual anormal está presente em grande parte


dos indivíduos;
 O desenvolvimento social caracteriza-se por uma falta(mas
nem sempre pela ausência total)de um comportamento de
apego e por um fracasso em vincular-se a uma pessoa
específica;
 Isola-se;
 Podem ser agressivos e destrutivos;
 Age como surdo, mesmo quando ouve( Perturbação da
comunicação);
 Dificilmente demonstra sentimentos de
alegria,tristeza,medo ou dor;
 Fala com atraso ou não fala( Perturbação da linguagem);
 Gestos e brincadeiras pouco comunicativos ou imaturos;
 Repete sempre os mesmos sons ou palavras sem
sentido( linguagem ecoláquica).
 Manifesta interesse exagerado e
persistente por objetos e temas
específicos;
 Explora de forma inadequada objetos e
brinquedos;
 Reage violentamente a mudanças de
rotina;
 Gestos, movimentos e expressões
corporais e faciais estranhos;
 Acentuada agitação;
 Vários comportamentos esteriotipados;
 Atividades e jogos rígidos,repetitivos e
monótonos;
 Fenômenos ritualísticos e compulsivos;
 Instabilidade de humor e afeto;
 Respostas a estímulos sensoriais.
 Linguagem:
 Prejuízo de comunicação e linguagem e envolvem tanto um desvio quanto um
atraso;
 Crianças autistas q são verbais apresentam dificuldade de compreensão da fala e
fazem pouco uso do significado em suas memórias e processos de pensamentos;
 Linguagem de forma ecolalia, imediata ou postergada e com frases esteriotipadas
sem qualquer relação com o contexto.

 Diagnóstico:
 Apenas clínico;
 Atualmente é possível identificar sinais precoces( 18 meses ou menos), tais como:
déficit em prestar atenção a outros( manter contato visual e orientar-se quando é
chamado); dificuldade em responder afetivamente e compartilhar atenção
(apontar e mostrar objetos); déficit na imitação de ações de outras pessoas.
* Importante: O desenvolvimento motor não é afetado e nenhuma alteração
bioquímica ou de neuroimagem se mostrou eficaz para a sua confirmação.
 Tratamento:

 Objetivos: diminuir os sintomas e auxiliar no desenvolvimento de funções em


atraso ou inexistentes, como linguagem e habilidades de autonomia.

• Os pais podem precisar de apoio ou aconselhamento.


• Embora nenhuma droga tenha se mostrado específica para o autismo, a
psicofarmacoterapia é um coadjuvante valioso aos programas de tratamento
abrangentes.
 Medicações utilizadas:

 Haloperidol: Reduz os sintomas comportamentais( hiperatividade, estereotipias,


retraimento,inquietação,relações com objetos anormais, irritabilidade e afeto
instável) e acelera o aprendizado.
 Fenfluramina: Reduz níveis sanquíneos de serotonina(Contudo a melhora não
parece estar associada com uma redução desta).
 Naltrezona : Antagonista dos opiáceos( ainda esta sendo investigado)
 Lítio : Utilizado para comportamentos agressivos ou autodestrutivos(quando
outros medicamentos fracassam).
 Risperidona: Antipsicótico; neuroléptico

* Observação: Muitos autistas possuem epilepsia associada. Logo fazemos a


utilização do protocolo de epilepsia.( ex: utilizamos anestésicos sem cafeína)
 Diagnóstico diferencial:

 Os principais diagnósticos diferenciais são:


*esquizofrenia de aparecimento na infância,
*retardo mental com sintomas comportamentais,
*transtornos mistos da linguagem receptivo-expressiva ,
*surdez congênita ou transtorno severo da audição,
* privação psicossocial, e
* psicoses desintegrativas(regressiva).

 Sobrevida:

 Tempo de vida normal.

 Como alguns sintomas podem mudar ou desaparecer com o tempo, os autistas devem ser
reavaliados periodicamente e seu tratamento ajustado.
Transtorno de Asperger:

 1944 : Hans Asperger descrever uma síndrome a qual chamou de “ psicopatia autista”.

 Descrição original: Pessoas com inteligência normal, que exibem um comportamento


qualitativo da interação social recíproca e estranhezas comportamentais sem atrasos no
desenvolvimento da linguagem.

 Etiologia: Desconhecida, mas estudos familiares sugerem uma possível relação com o
transtorno autista.
A semelhança do Transtorno de Asperger com o transtorno autista leva a
hipóteses genéticas, metabólicas, infecciosas e perinatais.

 Diagnóstico e Características Clínicas:


 Gestos comunicativos não verbais acentuadamente anormais;
 Falta de envolvimento emocional;
 Falta de reciprocidade social ou emocional;
 Capacidade prejudicada para expressas prazer;
 Interesses restritos e padrões limitados de comportamento estão quase sempre presentes.
 Prognóstico:
 Cursos e prognósticos variáveis.

 Tratamento:
 Depende do nível de funcionamento adaptativo do paciente.
 Para aqueles com severo prejuízo social: são usadas as mesmas técnicas do
transtorno autista, oque tendem a ser benéficas no transtorno Asperger ,
adicionadas a Vitamina C e Ludoterapia.

 Características Bucais:
 Não há pesquisas que relatem estas condições.
O Autismo e a Odontologia
 Programa Nacional de Assistência
Odontológica Integrada ao paciente especial
que foi idealizado pelo Ministério da Saúde,
em 1992:

 Enfatiza o uso de medicação sedativa para


o tratamento odontológico dos autistas;
 Apresenta sugestões reduzidas de como
lidar com os comportamentos que causam
problemas durante os procedimentos no
consultório e nenhuma descrição dos
aspectos bucais;

 Segundo esse mesmo manual, ter


diagnóstico de Autismo é critério suficiente
para a realização de anestesia geral.
 Características bucais do Paciente Autista:

 Índice alto de cárie( C.P.O);(MAREGA & AIELLO,2001);


 Má higiene bucal;

OBS: * Alguns pacientes, apesar da idade, ainda fazem uso de chupeta e


mamadeira.
* A maioria dos autistas rangem os dentes( possível causa do baixo índice
de cárie).
* Cerca de 25% destes pacientes não sabem mastigar ou mastigam bem
pouco antes de engolir( arcadas dentais pouco estimuladas)
* A maioria não sabe bochechar e cuspir.
* Normalmente o tratamento odontológico é realizado sob anestesia geral
ou sob contenção física. Quando o exame clínico é realizado no domicílio, há uma
menor resistência e maior colaboração do paciente
 10 coisas que você precisa saber sobre o autismo:
1) Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, melhor. Inclusive os bebês podem receber
tratamento a partir de brincadeiras.
2) É preciso “ensinar a criança autista a aprender”. Ela aprende com a repetição.
3) Crianças autistas tendem a não focar o olhar. Estimule-a a seguir pessoas e objetos; assim,
seu aprendizado será mais acelerado.
4) Agressões podem ser formas de se comunicar e podem significar vontade de ir ao banheiro
ou comer.
5) É preciso prestar atenção no que o autista quer dizer com gestos, balbucios ou gritos. Isso
tornará o tratamento mais eficaz.
6) No caso de a criança não falar, é importante criar uma forma de se comunicar com ela. Isso
pode ser feito por meio de acenos e gestos.
7) A criança com distúrbio autista também reage ao meio em que vive. Se ela parecer
agitada, tente notar em quais momentos isso ocorre. Ela pode não estar gostando da cor da
sua camisa.
8) Irmãos de crianças diagnosticadas com autismo têm até 10% de chances de desenvolver a
doença. Os pais precisam observar possíveis riscos.
9) Para assegurar a integridade física dos filhos, os pais não devem hesitar em intervir.
10) Busque profissionais especializados.
• E a melhor de todas as medicação: o Amor!

OBRIGADA!
Referências:
1. Aguiar AS, Santos Pinto R. Assistência odontológica a autistas.Rev Gaúcha Odontol
1992;40:345;
2. http://adrianazink.blogspot.com;
3.
http://www.deficienteciente.com.br/2011/08/autismo-e-odontologia-novo-metodo-de atend
imento-de-paciente-autista
;
4. Bosa CA. Autismo: intervenções psicoeduacionais. Rev BrasPsiquiatr 2006;28:547-553.
5. Abordagem psicológica do paciente autista durante o atendimento odontológicoTornisiello
Katz, C.R., et al;
6. MAREGA E AIELLO,2001;
7. KAPLAN et al.,(1997);
8. Silva Bezerra Assed, Raquel, Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 7 (3): 191-196, jul/set., 2008

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