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ETIOLOGIA
Existem diferentes hipóteses para a síndrome de Down, todas associadas com a base
genética. Podemos citar:
Região crítica: são algumas regiões cromossómicas que estão mais associadas à trissomia
parcial de Has21. A DSCR em 21q21.22 é responsável por muitas características clínicas da
síndrome de Down. Acredita-se que um único gene de região crítica não pode causar todas
as características fenotípicas associadas à trissomia do cromossomo 21. É mais provável
que várias regiões críticas atuam juntas neste evento.
FISIOPATOLOGIA
No Brasil nasce uma criança com SD a cada 600 e 800 nascimentos, independente de etnia,
gênero ou classe social.
DOENÇAS E COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
DEFEITOS CARDÍACOS CONGÊNITOS
Estima-se que quase metade dos bebés com síndrome de Down têm doenças cardíacas
congénitas (CHD). É de longe a causa mais comum associada à morbilidade e mortalidade de
pessoas com síndrome de Down, especialmente nos primeiros 2 anos de vida. Essas doenças
cardíacas podem aumentar a tensão arterial nos pulmões e deixar o coração incapaz de
bombear o sangue de forma eficaz. Devido a esta prevalência tão elevada de CHD em pessoas
com síndrome de Down, foi recomendado que todos os doentes recebessem um
ecocardiograma nas primeiras semanas de vida. Os testes após o nascimento são mais
precisos, se bem que os defeitos cardíacos, muitas vezes, podem ser detectados antes do
nascimento.
Estas anormalidades podem variar desde defeitos estruturais até problemas de digestão. Às
vezes se restringem a dificuldades de absorção de certos alimentos, como o glúten. Alguns
defeitos estruturais requerem cirurgia. Algumas pessoas com síndrome de Down têm de fazer
uma dieta especial durante toda a sua vida. Dentre as doenças digestivas podemos citar a
doença celíaca como uma das mais comuns nestes pacientes. Por isso se recomenda testar as
crianças com 2 anos de idade, ou antes, se apresentarem sintomas relacionados.
COMPLICAÇÕES VISUAIS
Podemos citar: blefarite (2-7%), catarata (25% a 85%), glaucoma (menos de 1%), nistagmo (5%
a 30%), anomalias da retina (0% a 38%), estrabismo (23% a 44%), ceratocone (5-8%),
ambliopia (10% a 26%), erros de refração (18% a 58%), anomalias da íris (38% a 90%). Essa
predisposição à doenças visuais leva à indicação de um exame oftalmológico para todos os
pacientes com síndrome de Down nos primeiros 6 meses e, depois, anualmente.
HIPOTIREOIDISMO
Pode ser congênito ou adquirido. O rastreio de rotina dos recém-nascidos pode detectar o
hipotiroidismo no nascimento. Este rastreio deve buscar tanto os níveis de T4 sérico como os
níveis de TSH, pois muitos pacientes apresentam níveis de T4 normal.
COMPLICAÇÕES COM A AUDIÇÃO
Até 70% das crianças com Síndrome de Down sofrem com algum déficit auditivo. Muitas vezes
é por alguma alteração estrutural do ouvido. Muitos problemas auditivos herdados podem ser
corrigidos. As crianças com síndrome de Down também tendem a ter muitas infecções
auditivas. Por estas razões se recomenda um screening para problemas auditivos ainda no
período neonatal.
DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
EPILEPSIA
O risco de epilepsia aumenta com a idade, mas as convulsões ocorrem geralmente durante os
primeiros 2 anos de vida ou após a terceira década de vida. Quase metade das pessoas com
síndrome de Down, com mais de 50 anos de idade, têm epilepsia. As convulsões podem
normalmente ser tratadas e controladas bem com medicação. As crianças com síndrome de
Down respondem melhor aos antiepilépticos em comparação com outras crianças e, portanto,
a intervenção e o tratamento precoces melhoram o resultado do desenvolvimento.
HIPOTONIA
Pessoas com síndrome de Down tem um maior risco de padecerem de hipotonia muscular e
consequente frouxidão dos ligamentos. Isso pode levar a um atraso no aprendizado de
habilidades motoras e até mesmo luxação articular. Como já mencionado, devido à doença
celíaca, crianças com esta síndrome apresentam déficit na absorção e ativação de vitamina D.
Isso também diminui a massa óssea e as predispõe a fraturas recorrentes.
DISTÚRBIOS DO SONO
Frequentemente as pessoas com síndrome de Down têm apneia obstrutiva do sono. Às vezes é
necessário remover as amígdalas para criar um fluxo de ar contínuo durante o sono.
INFECÇÕES
Crianças com SD possuem essas anormalidades citadas como as alterações do fluxo de ar,
apneias obstrutivas, refluxo gastroesofágico e defeitos anatômicos no aparelho auditivo. Tudo
isso traz comorbidades que enfraquecem as barreiras mucosas predispondo a infecções.
Associado a isso sabe-se que há defeitos intrínsecos do sistema imune de tais pessoas. Estes
incluem linfopenia de células T e B leve a moderada, com acentuada diminuição de linfócitos,
proliferação celular T, redução das respostas de anticorpos específicos às imunizações e
defeitos da quimiotaxia de neutrófilos. Mesmo infecções aparentemente menores devem ser
tratadas rapidamente e monitoradas continuamente, com ênfase nas infecções do trato
respiratório.
COMPLICAÇÕES COM A AUDIÇÃO
Até 70% das crianças com Síndrome de Down sofrem com algum déficit auditivo. Muitas vezes
é por alguma alteração estrutural do ouvido. Muitos problemas auditivos herdados podem ser
corrigidos. As crianças com síndrome de Down também tendem a ter muitas infecções
auditivas. Por estas razões se recomenda um screening para problemas auditivos ainda no
período neonatal.
DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
À medida que a idade avança, nota-se que, em pacientes com SD, ocorre envelhecimento
precoce e um processo em que os órgãos e sistema imune tornam-se senis, podendo
potencializar os efeitos que a própria trissomia já causa, como cardiopatias e perdas
cognitivas notáveis, reduzindo a autonomia desse indivíduo. Além disso, uma das
manifestações típicas notadas nesse processo de envelhecimento nos pacientes com SD é a
doença de Alzheimer.
Estudos recentes ressaltam que a trissomia do cromossomo 21 causa degenerações que levam
à neuropatologia do Alzheimer, devido a uma maior afinidade do gene, digamos assim, para a
proteína precursora amiloide (APP). Esse peptídeo atua sob a proteína beta-amiloide,
promovendo a agregação de placas amiloides de início precoce, formação de emaranhados
neurofibrilares, dano oxidativos, neuroinflamação, degradação cerebrovascular e degeneração
de neurônios, mecanismos estes característicos da doença de Alzheimer. Desse modo,
indivíduos com síndrome de Down estão mais propensos a desenvolver a doença de Alzheimer,
devido à maior exposição cerebral ao acúmulo de substâncias tóxicas.
Para prevenir ou mesmo retardar o desenvolvimento precoce de DA em indivíduos com SD, é
necessária a intervenção com medidas terapêuticas que impeçam o declínio mitocondrial do
estresse oxidativo com uso de antioxidantes, regulação do sono, acompanhamento da dieta,
inserção de uma suplementação vitamínica, prática de exercícios físicos, bem como
ferramentas sociais para estimulação cognitiva, como estimulação para a autonomia e
socialização, entre outros.
PROGNÓSTICO
São escassas as pesquisas sobre a qualidade de vida, doenças associadas e complicações dos
indivíduos com síndrome de Down. Ainda há pouca interação da comunidade em geral com
estas pessoas, seja por estigmas ou barreiras culturais. Indivíduos com síndrome de Down
podem viver de maneira bastante independente. Apenas necessitam um bom e adequado
apoio durante a infância e juventude.
Embora a vida dos indivíduos com DS tenha sido muito melhorada pela evolução dos cuidados
médicos e os benefícios das mudanças sociais, não há atualmente nenhum tratamento para a
SD que se baseie na atual compreensão da fisiopatologia molecular da doença.
CLASSIFICAÇÃO
TRISSOMIA SIMPLES
Causada por não disjunção cromossômica (separação dos cromossomos que não ocorre de
maneira correta e os dois cromossomos 21 permanecem unidos e isso quer dizer a não
disjunção) geralmente de origem meiótica, ocorre em 95% dos casos de SD, é de ocorrência
casual e caracteriza-se pela pela presença de um cromossomo 21 extra livre, descrito da
seguinte forma no exame de cariótipo: 47, XX + 21 para o sexo feminino e 47, XY + 21 para o sexo
masculino. Quando a Síndrome de Down é causada pela trissomia simples, sua origem é um
defeito cromossômico ocorrido na linguagem das células reprodutivas de um dos progenitores
(não disjunção pré-zigótica) ou então na própria célula inicial do afetado que é o zigoto (não
disjunção pós zigotica).
TRANSLOCAÇÃO
MOSAICO
Detecta-se entre 1 a 2% dos casos de SD, é também de ocorrência casual e caracteriza-se pela
presença de um duas linhagens celulares, uma normal com 46 cromossomos e outra trissômica
com 47 cromossomos sendo o cromossomo 21 extra livre. Ocorre quando a pessoa tem as
células normais que são os 46 cromossomos e as células trissômicas, ou seja, 47 cromossomos e
ocorre em 2% dos casos de Síndrome de Down.
CONHECER E ENTENDER A IMPORTÂNCIA DAS ENTIDADES DE APOIO NA VIDA
COMO SE DÁ O DIAGNÓSTICO?
Após o nascimento: O diagnóstico da síndrome poderá ser feito clinicamente (por meio da
análise das características comuns as pessoas com trissomia do cromossomo 21), ou, por meio
de exame laboratorial denominado de cariótipo.
ATENÇÃO A PESSOA COM SD
Por inclusão entende-se a adaptação da sociedade para inserir pessoas com necessidades
especiais em seus sistemas gerais que as prepara para assumir seus papéis, ou seja, “inserção
total e incondicional” da pessoa com deficiência na sociedade, enquanto que na integração “a
inserção é parcial e incondicionada às possibilidades de cada pessoa”
Recomenda-se que o cuidado com a saúde da pessoa com SD seja norteado pelas políticas
públicas do Ministério da Saúde como a Política Nacional de Humanização, Política Nacional da
Atenção Básica, Programas de Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde da Mulher, do Homem,
do Idoso, Saúde Mental e no Relatório Mundial sobre a Deficiência. E ainda, que utilize os
pressupostos teóricos da clínica ampliada, da integralidade e do cuidado compartilhado, com
vistas à humanização, autonomia e protagonismo dos sujeitos nas práticas de saúde.
A saúde da pessoa com SD está diretamente relacionada aos seus hábitos de vida, portanto, o
trabalho dos profissionais da saúde deve se direcionar à promoção de estilos de vida saudáveis
no núcleo familiar. Para isto utilizando a estratégia de educação em saúde junto à família,
apostando no seu protagonismo e autonomia para compartilhar o cuidado com a pessoa com
SD, desta forma estaremos indiretamente promovendo também a saúde da família.
A educação precisa estar preparada para promover a inclusão através de uma aprendizagem de
boa qualidade para todos. Sendo assim, a equipe multiprofissional e pedagógica, formada por
especialistas em Educação Especial, realiza o trabalho de orientação aos professores atuantes
com esses estudantes, promovendo a inclusão escolar, a flexibilização do currículo, o plano
educacional individualizado (PEI), além e orientar sobre os direitos e deveres do estudante e de
sua família
(PERNAMBUCO)
É um órgão governamental vinculado à Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos -
SEJUDH, na equipe da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos -
SEDSDH – PE. A SEAD é responsável por coordenar, articular, propor, assessorar e avaliar a
implementação e execução de políticas e ações governamentais e não governamentais relativas
às pessoas com deficiência no âmbito do Estado (Lei nº 11.743, de 20 de janeiro de 2000). Seu
objetivo principal é valorizar a pluralidade e a singularidade das pessoas, assegurar direitos e
criar oportunidades para o cidadão com deficiência.
A atuação da SEAD é pautada na Política Estadual da Pessoa com Deficiência tem com focos
assistência social, desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia e direitos humanos;
planejamento e acessibilidade; educação, esportes, cultura e lazer; saúde, habilitação e
reabilitação.
Os serviços oferecidos em todo estado abrangem assistência social, desenvolvimento
econômico, ciência e tecnologia e direitos humanos. Nesse sentido, a SEAD presta orientações,
esclarecimentos sobre a concessão de benefícios, potencializando a busca ativa para a inclusão
da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Também são realizados workshops com
empresas, visitas técnicas para mapeamento laboral, orientação profissional com candidatos e
candidatas a emprego e encaminhamentos a entrevistas.
RECIFE:
Aspade – Associação de Pais e Amigos de Portadores de Síndrome de Down
Associação Novo Rumo
APABB – Associação de Pais, amigos e Pessoas com deficiência do Banco do Brasil e da
Comunidade
SÃO LUIS:
Projeto Ludic - Em São Luís, idealizado pela terapeuta ocupacional Rose Cristina Bello, existe o
projeto Ludic, que abraça e oferece atendimento gratuito a crianças com Síndrome de Down ou
com algum tipo de deficiência. Atende crianças e pré-adolescentes não só de São Luís, mas de
todas as regiões do Maranhão. Com sua rede de parceiros e equipe multiprofissional, o projeto
proporciona acompanhamento e cuidados especiais com aqueles pacientes de famílias
humildes.
PL 150/2022 dispõe sobre a adoção do Sistema de Inclusão Escolar, baseado na técnica ABA -
Análise do Comportamento Aplicada para crianças e jovens com Síndrome de Down nas escolas
da rede pública estadual de ensino. Já o PL 151/2022 trata da inclusão e reserva de vagas na rede
pública e privada de educação para crianças e jovens com Síndrome de Down.
PL 152/2022, que prevê a gratuidade de entrada nos estádios, ginásios esportivos e parques
aquáticos às pessoas com Síndrome de Down e seu acompanhante; e o 153/2022, que obriga as
instituições públicas e privadas de ensino a disponibilizarem cadeiras em locais determinados
nas salas de aula às pessoas com a síndrome.
PL 154/2022, que dispõe sobre as diretrizes para a implantação do Programa Censo de Pessoas
com Síndrome de Down e de seus familiares, além do de número 155/2022, que cria o 'Vale T21 –
Síndrome de Down', como transferência de renda para famílias que possuem filhos com a
síndrome e em situação de vulnerabilidade social.
ACONSELHAMENTO GENÉTICO
O aconselhamento genético é um procedimento relacionado a especialidade de genética
medica/clinica e se refere a todo o processo que envolve o atendimento de uma pessoa ou
família sob suspeita de uma desordem geneticamente determinada, desde o diagnostico a
informação sobre a etiologia daquela alteração, curso clinico, prognóstico e medidas
terapêuticas e o entendimento sobre os riscos de ocorrência e recorrência da alteração
especifica na família. Trata-se do processo de comunicação que lida com problemas humanos
associados com a ocorrência, ou risco de ocorrência, de uma doença genética em uma família,
envolvendo a participação de uma ou mais pessoas treinadas para ajudar o indivíduo ou sua
família a:
Compreender os fatos médicos, incluindo o diagnóstico, provável curso da doença e as
condutas disponíveis;
Apreciar o modo como a hereditariedade contribui para a doença e o risco de recorrência
para parentes específicos;
Entender as alternativas para lidar com o risco de recorrência;
Escolher o curso de ação que pareça apropriado em virtude do seu risco, objetivos familiares,
padrões éticos e religiosos, atuando de acordo com essa decisão;
Ajustar-se, da melhor maneira possível, à situação imposta pela ocorrência do distúrbio na
família, bem como à perspectiva de recorrência do mesmo.
ESTUDAR OS IMPACTOS BIOPSICOSSOCIAIS DO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME
DE DOWN
MOMENTO DA NOTÍCIA
É recomendável que algumas diretrizes sejam levadas em conta para a comunicação da
suspeita ou do diagnóstico da SD à família:
A comunicação quanto a suspeita diagnóstica ou quanto o diagnostico de SD deve ser feita
quando sinais e sintoma característicos sejam identificados por mais de um membro da
equipe;
A comunicação à mãe deve ser feita preferencialmente na presença do pai, ou na sua
ausência, de outro membro da família que represente um relacionamento significativo;
Antes da noticia é importante que a mãe e o pai tenham tido a oportunidade de ver,
acariciar e amamentar o recém-nascido criando o vinculo com o bebe e evitando idéias
fantasiosas após o diagnóstico;
O local deve ser reservado e protegido de interrupções;
O pediatra deve ter tempo disponível para comunicar o diagnóstico ou a suspeita de SD,
informar o que isso significa e orientar quanto aos exames e encaminhamentos
necessários;
Durante o exame físico, mostrar para os pais quais as características fenotípicas da SD que
levaram ao diagnóstico clínico;
Recomenda-se que desde o primeiro contato, parabenizar os pais, chamar o bebê e os pais
pelos respectivos nomes;
As informações, ainda na maternidade, devem ser apenas as essenciais para que a família
crie o vinculo com o bebe e compreenda a necessidade dos exames e procedimentos
solicitados. O encaminhamento para os profissionais que darão continuidade ao
acompanhamento do bebe deve ser reforçado e esclarecer a família que este profissional
irá complementar as informações gradualmente.
Recomendamos ainda evitar a palavra “portador”, pois SD não é algo que se leva junto a si,
como uma mochila, mas sim é um jeito diferente de estar na vida, ou seja, é uma condição
de vida, nos referimos a pessoa com SD.
A etiologia deve ser abordada de forma simples, buscando o entendimento da família e
pode ser necessário mostrar um cariótipo e explicar o que ele significa.
Explicar que aquele conjunto de cromossomos traz as informações genéticas de cada
indivíduo, e quando está alterado para mais ou para menos, caracteriza uma síndrome
genética cromossômica e que este material genético está presente em todas as células do
organismo.
Salientar que existe tratamento e que ele é fundamental para que a pessoa com SD possa
conquistar maior autonomia e qualidade de vida no futuro.
Enfatizar que o cuidado com o bebê e com a criança será compartilhado entre a família e a
equipe multiprofissional, e que a família não estará sozinha e sem apoio neste processo. Por
se tratar de uma alteração de origem genética, pode ser necessário o encaminhamento a
uma consulta de Aconselhamento Genético com medico geneticista.
DISCUTIR OS TIPOS DE ABORTO E A LEGISLAÇÃO VIGENTE NO BRASIL.
No Brasil, o aborto é considerado crime, previsto nos artigos 124 a 126 do Código Penal, que data
de 1940. A lei fixa que uma mulher que provocar aborto em si mesma ou consentir que outra
pessoa lhe provoque – um médico, por exemplo – pode ser condenada a um até três anos de
prisão.
Caso uma pessoa provoque aborto em uma gestante sem que ela autorize, também é
considerado crime, com pena de um a quatro anos de prisão. Como é considerado um crime
contra a vida, o aborto deve ser julgado pelo tribunal do Júri.
As únicas exceções previstas na lei são nos casos em que o aborto é necessário para salvar a
vida da grávida, ou quando a gestação é fruto de um estupro. Nestes casos, o aborto é
permitido e o Sistema Único de Saúde (SUS) deve disponibilizar o procedimento.
Uma terceira exceção é quando o feto é anencéfalo. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo não pode ser criminalizada.
Ela foi arquivada em 2018, mas em fevereiro de 2019 foi desarquivada e voltou a tramitar e
chegou a ser debatida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Entretanto, não
chegou a avançar: está parada desde maio de 2020 aguardando um novo relator.
Há dezenas de projetos de lei na Câmara e no Senado sobre o aborto, tanto visando restringir
ainda mais a interrupção da gravidez no país – inclusive em casos de estupro – quanto para
descriminalizar a prática. Entretanto, nenhum avançou de fato nas últimas décadas.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) já foi provocado sobre o tema – mas nunca se
posicionou, à espera de que eventual mudança venha do Congresso.
Em 2017, o Psol protocolou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442,
que questiona os artigos 124 e 126 do Código Penal e visa descriminalizar o aborto até o terceiro
mês de gestação.
Em 2018, a ministra Rosa Weber, relatora, realizou uma audiência pública que ouviu autoridades,
entidades e membros da sociedade civil sobre o tema. Até hoje, porém, o processo sequer foi
liberado para entrar em pauta e não tem previsão para ser julgado.
Não é crime e não se pune: o abortamento praticado por médico(a), se: a) não há outro meio de
salvar a vida da mulher (Art. 128, I); b) a gravidez é resultante de estupro (ou outra forma de
violência sexual), com o consentimento da mulher ou, se incapaz, de seu representante legal
(Art. 128, II)
A jurisprudência brasileira tem autorizado a interrupção de gravidez nos casos de malformação
fetal com inviabilidade de vida extrauterina, com o consentimento da mulher. Nesses casos, o
abortamento é um direito da mulher.
O Código Penal não exige qualquer documento para a prática do abortamento nesses casos, e a
mulher violentada sexualmente não tem o dever legal de noticiar o fato à polícia. Deve-se
orientá-la a tomar as providências policiais e judiciais cabíveis, mas caso ela não o faça, não lhe
pode ser negado o abortamento. O(a) médico(a) e demais profissionais de saúde não devem
temer possíveis consequências jurídicas, caso revele-se posteriormente que a gravidez não foi
resultado de violência sexual, pois “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima” (Código
Penal, Art. 20, § 1º).
SOUSA, ELIANE MARIA DE. POLÍTICAS PÚBLICAS E A INCLUSÃO SOCIAL DA SÍNDROME DE DOWN.
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO CONHECIMENTO. EDIÇÃO 05. ANO 02, VOL.
01. PP 987-1050, JULHO DE 2017. ISSN:2448-0959
BALDAN, B. A.;G OMES, G. F. MA. IMPORTÂNCIA DAS APAE’S NA INCLUSÃO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.