Transtornos invasivos do desenvolvimento:
autismo
O autismo não pode ser concebido como
um quadro único, mas definido como um
transtorno complexo do desenvolvimento,
definido de um ponto de vista
comportamental, com etiologias múltiplas
que se manifesta em graus variados de
gravidade
Essa definição de autismo está sendo
utilizada como sinônimo de transtorno
global do desenvolvimento (TGD) e
transtorno do espectro do autismo (TEA) e
não somente como transtorno autista (TA),
conforme estritamente definido no DSM e
na CID.
Epidemiologia
O autismo se manifesta de forma universal,
independente da região geográfica, etnia,
classe social ou cultural.
Já foi raro, na década de 1960 e 1990,
afetando 4 a 5 crianças em cada 10 mil.
Atualmente ocupa o terceiro lugar entre os
transtornos do desenvolvimento, onde as
taxas são de 16 crianças a cada 10 mil para
casos do transtornos autistas definidos de
forma restrita e de 20 a 50 a cada 10 mil
para crianças diagnosticada com espetro
autista.
Porém, esse aumento não significa
necessariamente que houve um crescimento
no número de pessoas com autismo, mas é
um reflexo do aumento de estudos e assim
um maior reconhecimento dos casos.
Classificação DSM-IV
O Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM –IV-TR) da
Associação Americana de Psiquiatria, onde
fornece os critérios diagnósticos para o
autismo.
De acordo com o DSM -IV -TR, os
transtornos globais do desenvolvimento se
caracterizam pelo comprometimento grave
e invasivo em três áreas do
desenvolvimento: habilidades de interação
social recíproca, habilidades de
comunicação e incidência de
comportamentos, interesses e atividades
estereotipadas
Avaliação Diagnóstica
Os critérios diagnósticos para o autismo são
baseados na tríade de comprometimentos
 Interação social
 Comunicação
 Comportamentos restritos e
esteriotipados.
Tem como foco os comportamentos
desviantes do que se espera no
desenvolvimento infantil., então os
profissionais que avaliam devem ter
conhecimento a respeito do
desenvolvimento infantil típico.
Avaliação de habilidades de interação
social – A palavra central parece ser a
noção de “Espontaneidade” na busca de
interação.
No desenvolvimento típico o rosto e as
expressões faciais colaboram como
estímulos poderosos no engajamento social,
mas no autismo esse comportamento tende
a não ocorrer de forma espontânea.,
mostrando que o processamento de rosto
tem uma deficiência.
O comportamento da criança não atender
quando é chamada pelo nome tem sido um
importante preditor nas crianças de dois
anos.
As crianças com autismo tendem a focar
nos objetos a sua volta, tendo preferência
por eles. Um estudo mostrou que ao
observar fotos de pessoas, a criança com
autismo identifica as pessoas pelos objetos
que estão com ela, com exemplo de um
chapéu e não pela expressão fácil, a idade
ou gênero.
Crianças com autismo, em todas as faixas
etárias, tendem a apresentar graus variados
de dificuldades na sintonia e no
engajamento emocional em ações sociais.
Habilidade de atenção compartilhada-
Antes de completar 1 ano crianças com
desenvolvimento típico passam aos poucos
não apenas a se aproximar ou se direcionar
às pessoas, mas também a tomar iniciativas
no sentido de direcioná -las e engajá -las no
compartilhamento de um foco comum de
atenção externo, comportamento conhecido
como habilidades de atenção compartilhada
Como olhar entre a mãe e objeto do seu
interesse, apontando e direcionando.
Comprometimento da comunicação –
Envolve habilidades verbais e não verbais.
Enquanto uma parcela das crianças autistas
podem nunca falar, outras tem uma forma
imatura de linguagem, os défcits de fala
podem se fazer presente até a vida adulta.
A maior dificuldade se faz presente na
reciprocidade, ou seja, no iniciar e manter
uma conversa e isso acarreta um dpeficts
no comportamento social como um todo,
inclusive no uso da linguagem.
Pessoas com autismos apresentam
comportamentos restritos, repetitivos e
esteriotipados de atividades e interesses.
Crianças que desenvolvem a linguagem –
Obseva-se interesses e preocupações
limitadas em uma ou duas áreas (linhas de
ônibus, datas, estações de rádio, etc).
Crianças menores – Pode apresentar
rigidez e pouca criatividade nas
brincadeiras, enfileirando, alinhado ou
girando objetos sempre da mesma forma,
em vez de usá-los para sua finalidade
simbólica.
Há, às vezes, resistência a mudanças na
rotina pessoal e/ou na disposição de objetos
a sua volta, o que ocasiona crises de
comportamento quando ocorrem mudanças
não antecipadas.
Esteriotipias motoras - São
comportamentos mais comumente
associados ao autismo, embora não sejam
exclusivos deste, pois estão presentes
também em outras condições que envolvem
alterações sensoriais, como esquizofrenia,
deficiências auditivas ou visuais.
Etiologia
A causa do autismo durante mais de 20
anos foi ligada a existência de pais
emocionalmente não responsivos
O autismo é um dos transtornos de maior
hereditariedade (torno de 90%) prevalência
quatro vezes maior em meninos do que
meninas.
Mesmo com vários estudos ainda não foi
identificada alguma alteração exclusiva do
autismo nas estruturas cerebrais.
Outras hipóteses têm sido aventadas, como
a possibilidade de ser uma condição
genética ligada ao cromossomo x, um
transtorno metabólico causado por vacinas
ou conservantes utilizados em programas de
imunização, porém ainda são dados
limitados para validar uma conclusão.
A associação do autismo com outras
condições clínicas tem apoiado as hipóteses
neurobiológicas desse transtorno. A
epilepsia é muito associada ao autismo,
com tendência a se manifestar na primeira
infância ou na adolescência, com taxas de
prevalência de até 25%. As alterações
eletroencefalográficas (EEG) ocorrem em
13 a 83% dos casos. A deficiência mental
está presente em 75% das pessoas com
autismo, porém as duas condições devem
ser consideradas de forma distinta. Entre
outras condições potencialmente associadas
ao autismo estão doenças infecciosas (p.ex.,
rubéola, toxoplasmose, sífilis, varicela,
caxumba, herpes simplex), metabólicas
(p.ex., fenilcetonúria) e genéticas (p.ex., X -
frágil, esclerose tuberosa).
Curso e Prognóstico
Os pais trazem que seus filhos autistas
apresentam desde o seu nascimento
alterações no seu desenvolvimento., porém,
tem se mostrado contraditória essa
informação.
O mesmo parece não ocorrer no segundo
semestre de vida, em especial após os 9
meses, onde a criança inicia uma busca
ativa por um compartilhamento de
experiências com os outros.
A criança autista comparada a outras
crianças sem alterações no seu
desenvolvimento fazem menos contato com
o olhar, sorissos, orientação para face,
balbucios e respostas ao ser chamado pelo
nome.
Ainda no segundo semestre, é comum a
criança com autismo ter dificuldade em “se
aninhar” no colo de adultos, adotando uma
postura rígida e desconfortável, ainda que
isso não seja identificado por todos os pais.
No entanto, alguns estudos também
mostram que algumas crianças autistas
demonstram comportamento de apego em
relação a seus pais. Podem também exibir
hipo ou hiper- reatividade a estímulos
sensoriais e anormalidades no
desenvolvimento motor, ou seja, andar
antes de engatinhar.
Entre o segundo e terceiro ano a criança
pode se mostrar refratária a esimulos
sensoriais, dirigindo -se diretamente aos
objetos de seu interesse sem a consulta ou
solicitação de ajuda de adultos.
Estimulações sensoriais como:
 Ranger os dentes
 Esfregar ou arranhar as superfícies
 Fitar fixamente detalhes visuais (as
próprias mãos em movimento ou
objetos com movi,entos circulares
são comuns nessa idade).
 Andar na ponta dos pés.
 Esteriotipias envolvendo membros
superiores
 Ou movimentos complexos do
corpo (girar em torno de si).
Entre quatro e cinco anos a aquisição da
linguagem pode estar ausente, limitada ou
com características típicas.
Tem dificuldades em jogos de pares, uma
vez que necessita de imaginação e fantasia
e esses aspectos são limitados.
Ao final do quinto ano há uma tendência à
diminuição da intensidade das
características antes apresentadas, como se
ocorresse um retorno do interesse pelo uso
da fala e comunicação interpessoal.
Na adolescência os sintomas podem se
tornar menos evidentes. Apesar de ter
algumas melhoras, como a resposta a
estímulos sensoriais, alguns pontos devem
ter ainda mais atenção. Com as mudanças
no organismo, provocadas pela maturação
biológica típicas dessa fase de
desenvolvimento, acontecem algumas
alterações de humor e um quadro
depressivos pode ser observado,
principalmente naqueles com um bom
funcionamento cognitivo, por começar a se
perceber de forma clara as diferenças em
comparação aos outros
Mesmo com algumas mudanças positivas
de acordo com seu desenvolvimento, a área
que continua sendo afetada é a
sociabilidade. Estudos mostram que apenas
uma pequena parte dos indivíduos consegue
ter uma vida normal, de forma
independente.
Tratamentos: Psicoterapia
e/ou medicamentoso
O tratamento para o autismo envolve uma
ação transdisciplinar.
Como o autismo é um transtorno amplo,
necessita de intervenções de diferentes
áreas do conhecimento que incluam todos
os comprometimentos da criança, mas que,
sobretudo, focalizem suas potencialidades.
A intervenção a ser utilizada no tratamento
do autismo deve ser selecionada com base
na avaliação do perfil que a criança
apresenta naquele momento e nos pontos
fortes e fracos das áreas social,
comportamental e lingüística
O apoio aos familiares tem se mostrado
essencial na busca de melhorias para a
criança com autismo. As preocupações dos
pais sobre os comprometimentos
específicos do filho e o curso do
desenvolvimento futuro contribuem para
um aumento do estresse familiar, o que
afeta o desenvolvimento da criança.

Para isso, as abordagens mais utilizadas têm

sido as intervenções psicoeducacionais e
farmacológicas.

Intervenções psicoeducacionais - têm

como foco o desenvolvimento de
comportamentos que as crianças típicas
adquirem naturalmente, mas mesmo assim
necessitam de um ensino especial.

A intervenção de Análise Aplicada do

Comportamento (ABA) - A partir das
teorias de aprendizagem social, entende -se
que os comportamentos dessas crianças
dependem de suas consequências, logo, são
mantidos por relações de contingência e
passíveis de modificação.

Ex: crianças que fazem uso de gritos ou

autoagressões como forma de obter atenção
geralmente a conseguem, mesmo que a
atenção dispensada ocorra sob a forma de
repreensões.

.As técnicas a fim de modificá -los visam

eliminar os reforços contingentes e passam
a reforçar apenas os comportamentos -alvo
mais adaptativos.

Dentro do tratamento farmacológico não

disponibilizadas medicação específica para
os principais sintomas do autismo, ele
minimiza a intensidade dos sintomas -alvo.

Ainda que a administração de

medicamentos ofereça uma melhora na
qualidade de vida aos pacientes com
autismo, é difícil predizer quais pacientes
responderão bem a qual medicamento,
ocasionando inevitavelmente a ocorrência
de efeitos colaterais indesejados como
insônia, impregnação ou crises convulsivas.