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EXAME FÍSICO NEONATAL

 Adaptado do capítulo do Livro ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO DE


RISCO, Editado por Paulo R. Margotto, Editora Pórfiro, Brasília, 2002.
 Referenciado também do livro CUIDADO INTEGRAL DO RECÉM-
NASCIDO- Prevenção e Condutas terapêuticas. Autor Breno Fauth de Araújo e
Silvana Salgado Nader. Editora. Rubio. Sociedade de Pediatria do RS. Ano
2015.

Antes de receber o RN, o profissional de saúde (enfermeiro/médico) deve


preencher a História Materna para avaliar o grau de risco da gravidez e parto.
Acompanhar a evolução do parto (ficar atento às manobras obstétricas e o uso de
medicamentos), oferecer apoio emocional e efetivo à parturiente e seus familiares se
presente na sala de parto.
Logo após a assistência imediata o RN deverá ser mantido em ambiente
aquecido até a estabilização da temperatura. Diminuir o máximo possível o período de
separação mãe – filho, liberando o RN para o Alojamento Conjunto, tão logo as
condições clínicas permitam. O objetivo é que o bebê vá direto da sala de parto para o
Alojamento Conjunto.
Neste período inicial, observar rigorosamente o RN (o ritmo respiratório,
palidez, cianose, tremores, gemidos, hipotermia ou hipertonia, mal formações, tipo de
choro, etc.). Avaliar a idade gestacional, pesar e classificar, assim como a placenta,
estimando o risco patologias (monitorização da glicemia com fitas reagentes para RN
PIG- Pequeno para Idade Gestacional, GIG- Grande para Idade Gestacional, sorologia
para infecção congênita, etc..).
Aplicar 1 mg IM de vitamina K1 (Kanakion) para prevenção da doença
hemorrágica do RN. Instilar uma gota de nitrato de prata a 1% em cada um dos olhos
tanto no RN de parto normal como cesariana e 2 gotas na vagina para a prevenção da
gonococcia neonatal. Aplicar o Engerix B (0,5 ml IM) para todos os RN na prevenção
da Hepatite pelo vírus B. Recomendo seguir a rotina do ambiente de trabalho e
Manual do Parto Humanizado.
Fazer o exame físico completo após o nascimento. Este exame deverá ser
minucioso e tem como objetivo:
- Detectar anormalidades anatômicas;
- Determinar estado de saúde do RN.
Histórico materno
Paridade, antecedentes maternos (uso de drogas, tabagismo, álcool),
informações sobre gestações, trabalho de parto e partos anteriores, intercorrências no
pré-natal.
Histórico familiar
Enfermidades atuais e significantes em membros da família, consangüinidade.
Histórico neonatal
Ocorrências no pré-parto e sala de parto, Boletim de Apgar, necessidade de
reanimação, amamentação.
Placenta
Peso, coloração, odor, relação do peso da placenta com peso do
RN( classificação da placenta e do RN ), cordão umbilical.
Avaliação da idade gestacional.
Medidas ao Nascer- Registrar todos os dados na caderneta da
criança.
* Peso- utilizado balança digital que deve ser tarada e zerada antes de pesar. Não
utilizar nenhuma vestimenta ou adereço, RN sem roupa. Registrar no dia do
nascimento, antes da alta hospitalar deve ser pesado também.
* Comprimento: RN deitado sobre a régua e a medida feita do calcanhar à
protuberância occipital, usa o estandiômetro para medir estatura.
* Perímetro cefálico: Verificado até os 2 anos de idade, dá preferência para usar a
mesma fita métrica em todas as medições para evitar valores distintos. Perímetro
cefálico (PC) pode ser medido passando-se uma fita métrica pela
glabela e pelo ponto mais saliente do occipital. Esta medida reflete o
crescimento cerebral, principalmente no primeiro ano de vida.
EXAME FÍSICO
* Iluminação e aquecimentos adequados
* Inspeção cuidadosa do RN e avaliar sempre: estado geral, fácies, atitude
espontânea, postura e choro.
Coloração da pele: palidez, icterícia, cianose e pletora (Aumento considerável de
sangue no organismo; turgescência vascular).
- .
- Esforço respiratório: ritmo, profundidade, utilização de músculos acessórios,
Batimento de Asa de Nariz (BAN), sons emitidos. Caso necessário determinar o
Boletim de Silverman Anderson (em anexo no final do texto).
- Sinais vitais: temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória, pressão
arterial (utilizar manguito adequado para neonata).
Pele
Textura, cianose, icterícia (Zonas de Krammer- relaciona os níveis de bilirrubina
indireta- BI), palidez.
Descamação fisiológica em pós maturos (pés e mãos) e escamas endurecidas na
ictiose congênita.
O nome ictiose deriva do grego Ichtys, que significa peixe, numa comparação entre o
aspecto da pele dos portadores desta doença e as escamas de um peixe.

Trata-se de um grupo heterogéneo de doenças que possuem em comum a presença de


uma pele escamosa, em muitos casos separada por fissuras, enquanto que a pele é ao
mesmo tempo frágil, podendo mesmo ferir-se com maior facilidade.

A Ictiose é o resultado de uma mutação genética passada de pais para filhos. Em alguns
casos raros, a mutação ocorre de forma espontânea na geração afectada.

Nevos pigmentosus (mancha mongólica): assemelha-se à pequena equimose.


Mais comum na região sacra. Desaparece na segunda infância. Presente em neonatos de
pele morena ou negra, descendente familiar.
Linfomas císticos: presentes em qualquer parte do corpo.
Escleredema: edema endurecido, mais freqüentemente visto em infecções
neonatais graves e cardiopatias com débito cardíaco diminuído. Não depressível.
Petéquias e púrpuras: não desaparecem a digito-pressão. São de etiologia
mecânica (tocotraumatismo), fragilidade capilar (infecção) e plaquetopenia.
Localização ao nível do pescoço e cabeça não têm maiores repercussões; em tronco e
membros deve-se investigar.
Uma petéquia é um pequeno ponto vermelho no corpo (na pele ou mucosas), causado por
uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos[1]. Em contraste com outras manchas na
pele, as petéquias não somem ou clareiam quando são pressionadas.
Púrpura é conjunto de doenças que se caracterizam pelo
aparecimento na pele e nas mucosas de manchas com típica
coloração avermelhada ou violeta, de diferente tamanho,
provocadas por hemorragias nos tecidos subjacentes.
Hemangioma: são manchas vermelho-violáceas mais comumente observadas na
nuca, região frontal e pálpebras superiores. Desaparecem em alguns meses.
Crânio
Medida e classificação nos gráficos
Pode ocorrer micro, macro, hidro, e hidranencefalia ( é uma condição pouco
comum na qual os hemisférios cerebrais não estão presentes e são substituídos por sacos
cheios de líquido cerebroespinhal.).
Craniossinostose: fechamento precoce das suturas.
Céfalo-hematoma: consistência mais elástica aparece em horas e desaparece em
meses. Localização parietal.
Bossa serossanguínea: cacifo positivo, limites imprecisos, involução rápida.
Fontanelas: anterior mede de um a quatro cm. A posterior está presente em 3%
dos RN normais e deve medir até 0,5 cm. Abaulamentos estão presentes na meningite,
hipertensão intracraniana, hemorragia intracraniana, hidrocefalia, edema cerebral e
insuficiência cardíaca congestiva.
Crânio-tabes: diminuição da consistência dos ossos do crânio. A palpação
assemelha-se a uma bola de ping-pong.
Ruídos intracranianos: raros em RN, mesmo quando há sopro cardíaco audível.
Se presentes sugerem fístulas arteriovenosas.
Encefalocele: exteriorização de tecido nervoso por defeito nos ossos crânio,
mais comum a nível occipital.
Face
Observar simetria, aparência sindrômica, implantação das orelhas, distância
entre os olhos (hiper ou hipotelorismo – aumento ou diminuição da distância), tamanho
do queixo, nariz e língua.
Olhos
Abrir as pálpebras, palpar globo ocular, pregas epicânticas, verificar o reflexo
vermelho normal usando oftalmoscópio, hemorragia subconjuntival, estrabismo
(freqüente no RN), pupila branca (catarata congênita, retinoblastoma, fibroplasia
retrolental), opacificação da córnea (glaucoma congênito, rubéola congênita, rutura
membrana de Descement), secreção ocular: até 48 horas (credeização- uso do nitrato de
prata na sala de parto) e após, infecção.
Ouvidos
Forma, tamanho, implantação da orelha, audição, apêndice pré-auriculares.
Alterações na forma e implantação da orelha se relacionam à agenesia renal.

Agenesia é a ausência completa ou parcial de um órgão e seu primórdio embriológico.


Exemplo de agenesia: agenesia renal bilateral. Em alguns casos, a agenesia de algum
órgão pode não ser compatível com a vida (anencefalia). Entre outros exemplos se
encontra a Agenesia pulmonar unilateral.

Nariz
Forma, tamanho, permeabilidade, canal nasolacrimal, secreção nasal (se
serossanguinolenta, pensar em sífilis congênita). Desvio de septo pode ser causado
devido o uso de drogas na gestação.
Boca
Coloração dos lábios, integridade (lábio leporino), palato (fenda palatina),
língua (Macroglossia- indicativo de síndromes), dentes congênitos, rânula (tumoração
cística no assoalho da boca, sem indicação de exéreses imediata), pérolas de Epstein
(pontos brancos no palato), úvula bífida (A úvula bífida é o estado quando a
úvula é apresentada em forma de uma estrutura bifurcada) . A posição da
mandíbula (retrognatia) e o arqueamento do palato (ogival) dependem da não atividade
motora na vida intra-uterina da língua contra o palato e o relaxamento da mandíbula.
Pescoço
Pesquisar massas, fístulas, mobilidade, excesso de pele.
Torcicolo congênito: contratura do músculo esternocleidomastóideo na segunda
semana de vida. Resolução espontânea na maioria dos casos podendo evoluir para
assimetria facial e posição viciosa da cabeça.
Teratoma cervical: grande tumoração cervical na parte mediana do pescoço.
Possibilidade de malignização. Pode causar obstrução respiratória.
Higroma cístico: tumoração cística de tamanho variado. Crescimento rápido.
Invade o assoalho da boca, o mediastino a as axilas. Pode causar obstrução respiratória.
Bócio congênito: causa idiopática ou filho de mãe que recebe iodo na gestação.
Consistência elástica em forma de colar cervical, pouco móvel, podendo causar
obstrução respiratória.
Tórax
Perímetro torácico em RN a termo é em média de 1 a 2cm menor que o cefálico.
Simetria, maior dimensão é a antero-posterior. Discretas retrações sub e intercostais
são comuns em RN sadios pela elasticidade das paredes torácicas. Retrações
supraclaviculares são sempre patológicas.
Clavículas
Ausência de clavículas, disostose cleido craniana (cleidocrâniodisostose), ou
fraturas (a maioria e do tipo galho-verde, que podem causar pseudoparalisia do plexo
braquial). A conduta é conservadora (não requer imobilização, atadura) a não ser nos
casos de fratura completa com diminuição ou ausência de movimentação do braço no
lado afetado.
Mamas
Verificar assimetria e distância intermamilar. Ao nascer é comum o aumento
das glândulas mamárias com a secreção leitosa (chamado leite das bruxas) ou
sanguinolenta, relacionado ao número elevado de hormônios materno espera-se que dias
após o nascimento não haja eliminação da secreção mamária. Podem observar a
presença de mamilos extranumerários.
Aréola e glândula mamária: tamanho, diâmetro e coloração.
Exame cardiovascular
Inspeção: cianose, padrão respiratório (taquipnéia, dispnéia, amplitude
respiratória), abaulamento precordial, turgência jugular, ictus (mais propulsivo em
sobrecarga de volume e persistência do canal arterial (PCA)).
Turgência é um termo que faz referência à característica do turgente. Este adjectivo, por sua
vez, refere-se a algo volumoso ou firme. No âmbito da medicina, por outro lado, é qualifica como
turgente aquele fluido que produz um inchaço numa determinada região do organismo.

Palpação: pulsos nos quatro membros, comparação dos superiores com os inferiores
(sincronia, ritmo e intensidade). Palpação do precórdio (ictus, sua impulsividade,
frêmitos).
Pressão arterial: Pressão pulsátil (pressão arterial sistólica - diastólica): normal
em RN a termo de 25 a 30 mmHg e em RN prematuro de 15 a 25 mmHg. Se estiver
estreitada significa falência miocárdica ou colapso vascular. Se alargada, malformação
arteriovenosa, truncus arteriosus, PCA. Aguardar queda da pressão arterial pulmonar
para avaliação.
Ausculta:
Identificar B1:
 bordo esternal esquerdo superior (BEE). Definir sua intensidade e presença de
desdobramento (Anomalia de Ebstein). Sua intensidade diminui na
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e condução atrioventricular prolongada.
 bordo esternal esquerdo inferior. Aumenta de intensidade com o aumento de
fluxo pela valva atrio-ventricular, PCA, insuficiência mitral, retorno venoso
pulmonar totalmente anômalo (RVPTA) etc.
Identificar B2: no bordo external esquerdo BEE superior.
 Hiperfonese sugere hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar. Desdobramento
amplo, pensar em estenose pulmonar, anomalia de Ebstein, RVPTA e Tetralogia
de Fallot (T4F).
Identificar B3 e B4: na base ou ápice.
 O B3 surge com o aumento de fluxo pela valva átrio-vantricular, PCA e ICC. O
B4 surge em miocardiopatias com menor elasticidade do ventrículo esquerdo
(VE).
Estalido: é patológico após a fase de transição. Audível em dilatações de grandes
vasos: truncus arteriosus, T4F, obstrução na saída do ventrículo esquerdo (VE) ou
ventrículo direito (VD).
Sopro: identificar como sendo sistólico, diastólico ou contínuo. Quantificar de 1+ a 6+.
Identificar se é proto, meso, telessistólico ou diastólico. Quanto ao timbre, informar se
suave, rude ou aspirativo. Poderão estar ausentes ao nascimento mesmo em
cardiopatias graves; 60% dos RN normais terão sopro nas primeiras 48 h de vida
Exame pulmonar
Inspeção: é o ítem semiológico de maior valor no exame pulmonar. Avaliar o padrão
respiratório quanto à freqüência, amplitude dos movimentos, tiragem, retração
xifoidiana, batimentos de asas do nariz, estridor expiratório, gemido. Utilizar o Boletim
de Silverman-Anderson.
Sinal da “dançarina do ventre” – avalia paralisia diafragmática unilateral. Na expiração
completa o umbigo deve tocar uma caneta situada sobre o mesmo. Na inspiração o
umbigo se deslocará para cima e para o lado paralisado.
Ausculta: deve ser bilateral e comparativa. Auscultar as regiões axilares. Avaliar a
presença de creptos roncos e diminuição do murmúrio vesicular.
Abdome
Inspeção: observar a forma do abdome; se escavado (hérnia diafragmática), se houver
abaulamento supra umbilical (atresia duodenal ou distensão gástrica ), abaulamento infra-
umbilical (distensão de bexiga e graves retardos de crescimento intra- uterino –
RCIU - ), circulação colateral, ondas peristálticas.
Palpação: diastáse de músculos reto abdominais, ascite, fígado, baço, rins, bexiga e
massas. São 3 as principais causas de distensão abdominal no RN: ascite,
visceromegalias e distensão gasosa.
- Massas abdominais: cerca de metade são de origem genitourinárias. Nos rins podem
ocorrer hidronefrose, nefroblastoma, cisto solitário, rins policísticos e trombose de veia
renal. No fígado, hematoma, hemangioma, cisto hepático, de colédoco, de ovário. No
trato gastrointestinal, duplicação de duodeno, de jejuno, ou de íleo, volvo, teratoma e
neuroblastoma.
-Técnicas para palpação de rins: 1-) com o braço esquerdo, coloque o RN em posição
semi-sentada e com a mão direita, palpar o hipocôndrio, estendendo o polegar
anteriormente e os dedos na face posterior. 2-) eleve os membros inferiores do RN com
a mão esquerda e com a direita palpe o hipocôndrio com os dedos posteriormente e o
polegar anteriormente realizando movimentos de báscula.
Ausculta: procurar ruídos hidroaéreos. Sua ausência é significativa para íleo paralítico.

Genitália
Masculina: comprimento do pênis, orifício uretral (hipo ou epispádia), prepúcio,
testículos (na bolsa escrotal ou canal inguinal), presença de hérnias e hidroceles
(transiluminação).
Fimose: é comum no RN a aderência do prepúcio à glande.
Hidrocele: aumento dos testículos com transiluminação positiva e não redução com as
manobras habituais.
Hipospádia: meato uretral na face perineo-escrotal do pênis; excesso de pele dorsal.
Associam-se a alterações dos testículos como criptorquidia.
Epispádia: falha no fechamento da uretra na parede dorsal. Pode acometer toda a
uretra, inclusive com extrofia vesical.
Ectopia testicular: 5% dos RN apresentam testículos não palpáveis ao nascimento.
Verificar os canais inguinais.
Feminina: tamanho do clitóris, fusão dos grandes lábios, orifício da vagina e uretra,
distância anovulvar e fístulas. Quase 100% dos RN apresentam excesso de tecido
himenal ao nascimento que desaparece em semanas.
Imperfuração himenal: pode levar à retenção de secreções uterinas e vaginais, causar
abaulamento himenal e às vezes retenção urinária por compressão extrínseca.
Genitália ambígua
Anomalias anonetais: estenose anal, ânus perineal anterior, fístula anocutânea, ânus
vulvar, fístula anovulvar, fístula anovestibular, fístula retrovestibular, atresia retal,
imperfuração anal, estenose anal membranosa.
Coluna
Colocar RN em decúbito ventral. Procurar tumores, hipertricose, manchas
hipercrômicas, seio pilonidal. Correr os dedos pela coluna.
Meningomielocele e mielocele: tumorações planas ou pedunculadas decorrentes de
falha óssea no canal raquidiano (espinha bífida). Mais comum na região sacral e
lombar. Fazer avaliação do nível de sensibilidade, avaliação motora e esfincteriana.
Fossetas ou hipertricose podem indicar espinha bífida oculta.
Teratoma sacrococcígeo: tumorações arredondadas, de tamanho variado
podendo ser gigante. Pele que o recobre é, em geral, íntegra. Passíveis de
malignização.
Membros
Realizar com o RN em decúbito dorsal.
Verificar simetria e proporções, examinar articulações à procura de luxações.
Possível fratura decorrente do parto, diante de distorcia.
Paralisias: as paralisias braquiais podem ser de 3 tipos – total, da parte superior
do braço (Duchenne) e do antebraço (Klumke). O braço permanece em adução
(encostado no tórax). Na paralisia de Erb-Duchenne as perturbações sensitivas são
pequenas e localizadas na parte superior do ombro.
Paralisia de membros inferiores é rara e se deve a tocotraumatismos graves ou
anomalia congênita da medula espinhal.
Artrogripose (imobilidade articular): pode ser congênita ou devido a déficits
neurológicos, déficits musculares, compressão fetal por oligoidrâmnio. Problemas
neurológicos parecem ser a causa mais comum: meningomielocele, deficiência das
células motoras da medula anterior, espasticidade pré-natal, anencefalia, hidranencefalia
e holoprosencefalia. Na história, verificar movimentos fetais, oligohidrâmnios e
exames radiológicos.
A holoprosencefalia é um transtorno caracterizado pela ausência do
desenvolvimento do prosencéfalo (o lóbulo frontal do cérebro do embrião).
Pé torto congênito: é a anomalia congênita de membros mais comum.
Diferenciar entre pé torto congênito e posicional.
Prega palmar única: uni ou bilateral, está presente em 2,5% dos nascimentos
normais.
Osteocondrodisplasia: evidente encurtamento dos membros (nanismo
diastrófico).
Luxação congênita do quadril: o diagnóstico deve ser o mais precoce possível,
pela boa resposta ao tratamento. Pesquisá-lo em todas as oportunidades do exame
físico do RN, pois poderá estar ausente em alguns momentos. Verificar simetria das
pregas cutâneas. Solicitar Raio X, quando necessário para confirmação.
Manobra de Ortolani: articulações coxo-femurais em flexão e joelhos em flexão.
Seguram-se as pernas e as coxas com as mãos, colocando-se os dedos sobre o grande
trocanter e realizando-se a adução a abdução da articulação. Positivo quando se
percebe um click com os movimentos.
Manobra de Barlow: flexionar joelhos e quadris. Seguram-se pernas e coxas
coma as mãos colocando-se os dedos sobre o grande trocanter, mantendo as articulações
em abdução média, realizando-se movimentos pressionando o grande trocanter
anteriormente e sentindo-se o deslocamento da articulação.
Mecônio e Urina
99% dos RN urinam nas primeiras 48 h de vida, sendo que 23% o fazem na sala
de parto. O volume urinário nas primeiras 24 h de vida é de cerca de 15 ml. RN que
não apresentou diurese e/ou evacuação não pode receber alta hospitalar.
As causas mais comuns de incapacidade de urinar nas primeiras 24 h são:
prepúcio imperfurado, estenose de uretra, valva de uretra posterior, bexiga neurogênica,
ureterocele, tumores renais, rins multicísticos, hipovolemia, baixa ingesta, agenesia
renal bilateral (Síndrome de Potter), necrose tubular (secundária a hipóxia), trombose
de veia renal, síndrome nefrótica congênita e pielonefrite congênita; 90% dos RN tem a
primeira eliminação de mecônio nas primeiras 24 h de vida. Causas de atraso na
eliminação são: obstrução intestinal, mucoviscidose, hipermagnesemia, doença de
Hirsprung.
Hipermagnesemia é o distúrbio eletrolítico onde a concentração
do magnésio no sangue está acima do valor normal, ou seja, acima de 2,5 mEq/L. [1] As
principais causas de hipermagnesemia são insuficiência renal aguda ou crônica e uso
de medicamentos contendo magnésio.
Exame Neurológico
Exame do crânio e da face: fontanelas, suturas, edema em couro cabeludo,
alterações no perímetro cefálico e paralisias faciais.
Comportamento: realizar o exame físico com o neonato despido, acordado.
Verificar a postura, reação à luz, nistagmo e estrabismo constante. “Sinal do sol poente”
pode ser manifestação transitória sem qualquer correlação com patologias ou sinal de
hipertensão intracraniana. Pupilas (tamanho e forma), reflexo cócleo-palpebral (frente a
um estímulo sonoro verificar o piscar –resposta normal). Observar a movimentação
espontânea, paralisias, tremores, abalos, convulsões, movimentos contínuos de sucção e
mastigação.
Tremores: geralmente são de causa metabólica – hipoglicemia, hipocalcemia,
hipo ou hipernatremia, deficiência de piridoxina, aminoacidopatias-hemorragia
intracraniana (HIC), hipóxia, dependência de drogas. Cessam ao se segurar o membro
do RN.
Crises convulsivas: são atípicas. As causas mais comuns são: as metabólicas,
HIC, encefalopatia hipóxico-isquêmica, meningite e dependência de drogas.
Letargia: presente na hipotermia, hipóxia e infecções.
Postura: a postura normal do RN é a de flexão dos 4 membros. Poderá ocorrer
hipo ou hipertonia. Hipotonia pode ser secundária a prematuridade, anestesiam materna
e drogas utilizadas na mãe, hipóxia, tocotraumatismo, infecções e HIC.
Ângulo calcanhar-orelha: decúbito dorsal elevam-se os membros inferiores em
direção à cabeça sem retirar o quadril da mesa. Normal de 80 a 100 graus. No pré-termo
é maior.
Ângulo poplíteo: decúbito dorsal, flexione as coxas sobre o quadril até que o
joelho toque o tórax. Mantendo esta posição, eleve apenas as pernas e observe o ângulo
entre a coxa e a panturrilha. Normal entre 80 e 100 graus.
Manobra do cachecol: decúbito dorsal, flexione o braço sobre o antebraço e leve
o cotovelo ao lado oposto. Hipotonia, quando o cotovelo ultrapassa a linha axilar
anterior contralateral (normal no pré-termo).
Tônus ativo
1) retificação do corpo: segurando-se o RN verticalmente pelas axilas, ele flexiona as
pernas e ao se apoiar seus pés há uma extensão das pernas tronco e cabeça.
2) sustentação da cabeça: suspensão do RN pelas mãos e pulsos até a posição
sentada. O RN é capaz de segurar a cabeça por alguns segundos e após ela cai
para frente.
Reflexos:
 Reflexo da sucção e deglutição: sincronia, força e rítmo.
 Reflexo de Piper (pontos cardinais): ao se tocar as comissuras labiais e os lábios
superior e inferior o RN move a cabeça na tentativa de sugar.
 Reflexo da prensão palmar e plantar: o RN é capaz de segurar firme o dedo do
examinador a ponto de poder ser elevado do plano horizontal, e ao se tocar os
pés há uma flexão dos dedos e pés.
 Reflexo de Moro: assemelha-se a um abraço espasmódico.
 Reflexo de extensão cruzada: extensão passiva de uma das pernas faz-se um
estímulo doloroso no pé. Deverá haver ligeira flexão seguida de extensão
contralateral. Este reflexo estará ausente nos partos pélvicos e espinha bífida.
 Reflexo de Galant: decúbito ventral, cabeça centrada, faz-se um estímulo
paravertebral de cima para baixo e como resposta espera-se um encurtamento do
tronco no lado estimulado. Deverá ser pesquisado bilateralmente.
 Engatinhamento: espontâneo ou após apoio na planta dos pés.
 Reflexo da marcha: sustentando-se o RN pelas axilas, ao se tocar os pés na
mesa, ele reage com passos.
 Reflexo da colocação: RN seguro pelas axilas, ao se tocar o dorso dos pés na
mesa, ele suspenderá o pé sobre a mesa como se subisse degraus.

Maturidade neuromuscular:
 Janela quadrada: flexão do pulso, avalia-se o ângulo mínimo entre a palma da
mão e a superfície dos músculos flexores do antebraço. O ângulo diminui com
o progredir da gestação.
 Prova da gravata: avaliação do tônus superior axial e escapular. Avalia-se
puxando a mão do RN em frente ao tórax, envolvendo o pescoço, semelhante a
uma gravata. Cuidado em RN pré-termo, em fratura de clavículas, úmero curto
e lesão do plexo braquial.
 Recuo do braço: decúbito dorsal dobra-se o cotovelo sobre o braço por 2 a 5
segundos, e após avalia-se o recuo do braço à posição de flexão.
 Angulo poplíteo: já descrito.
 Calcanhar-orelha: seguram-se as duas pernas juntas em direção à orelha sem
retirar a pelvis da mesa. Avalia-se o ângulo entre a superfície da mesa e o
calcanhar. Maturidade física
Com o desenvolvimento a pele torna-se espessa, opaca e queratinizada. Avalia-se a
visibilidade dos vasos e sulcos.
 Lanugem: são pelos finos sobre o corpo, estão em menor proporção em região
de atrito. Surgem por volta da 19ª a 20ª semana e têm máxima aparição entre 27ª
a 28ª semana de vida intra-uterina.
 Superfície plantar: avaliam-se as rugas que se dirigem dos dedos para o
calcanhar. Quando há oligoidrânmio, acentuam-se as rugas.
 Cartilagem da orelha e pálpebras: a cartilagem da orelha torna-se mais firme
com o decorrer da gestação. O descolamento da pálpebra tem inicio na 22ª
semana e sua abertura completa por volta da 28ª semana. Genitália externa: a
descida testicular para a bolsa escrotal ocorre por volta do 3º trimestre e a bolsa
escrotal se toma mais enrrugada próximo ao termo. O tamanho final do clítoris é
adquirido bem antes da deposição de gordura nas estruturas vizinhas e por isso
aparenta falsamente hipertrofiado.
Boletim de Silverman - Anderson:

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