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EXAME FÍSICO DO RN

PROFESSOR ENFERMEIRO ROGÉRIO XAVIER


ESPECIALISTA EM CC/CME/AUDITORIA/DOCÊNCIA EM ENFERMAGEM
EXAME FÍSICO RN

No exame físico do recém-nascido (RN), tendo em vista que o choro é um evento comum, é importante
salientar que a sequência que será apresentada poderá ser alterada de acordo com o comportamento da
criança no decorrer da consulta.

Assim, deve-se priorizar as etapas que seriam prejudicadas pelo choro, como a frequência cardíaca (FC), a
ausculta cardíaca (AC), a frequência respiratória (FR) e o pulso.

A primeira consulta do recém-nascido deve ter uma avaliação minuciosa, visto que é por meio dela que é
avaliada as condições físicas da criança, servindo, assim, como base para o possível diagnóstico de alguma
patologia (congênita ou não), além de orientar aos familiares as condutas corretas e as possíveis
intercorrências comuns no decorrer do crescimento do bebê.
POSTURA

O tônus é classificado como normal se apresentar


semiflexão dos quatros membros e resistência a
abdução da coxa.

Caso apresente hipotonia com flacidez de membros,


uma causa deverá ser investigada.
SINAIS VITAIS

Frequência cardíaca e respiratória

A FR máxima do recém-nascido é de 60 irpm e a FC tem média de 145


bpm, mas pode variar em uma faixa de 90 bpm a 180 bpm.

Vale ressaltar também que arritmia sinusal ou respiratória é comum


que aconteça nessa faixa etária e, geralmente, a FC aumenta na
inspiração e diminui na expiração.
TEMPERATURA

As variações normais de temperatura de acordo com o


local.

Considera-se hipertermia, se durante aferição, os valores


obtidos estejam acima de 37ºC e pode-se classificar essa
hipertermia de acordo com sua intensidade:
CRÂNIO

Exame das fontanelas

Observar o diâmetro e suas tensões:

Fontanelas com diâmetro aumentado podem estar relacionadas com hipotireoidismo ou


osteogênese imperfeita;

Em caso das tensões tiverem aumentadas (abauladas) ou diminuídas (retraídas) pode ser
sinal de Hipertensão intracraniana e desidratação respectivamente.
CRÂNIO

Deve-se ainda observar o tempo de fechamento:

Fontanela anterior (bregmática) deve estar sempre aberta ao nascer e


seu fechamento deve ocorrer entre 9 e 18 meses de idade;

A fontanela posterior, ao nascer, pode estar fechada ou aberta e seu


processo de calcificação deve ocorrer até o quarto mês de vida.
PERÍMETRO CEFÁLICO

Sua medida serve como marcador para o desenvolvimento do sistema neural e a


medição deve ser feita com a fita métrica passando pela glabela até a protuberância
occipital, definindo assim:

Macrocefalia: se tiver desvio 2 pontos acima do percentil 50.

Microcefalia: dois pontos abaixo do percentil 50.


FORMATO DO CRÂNIO

O Crânio apresenta grande variabilidade de formatos devido a presença de fontanelas


e a moldagem que pode sofrer ao passar pelo canal do parto.
É importante observar se há presença de:

Bossa serossanguinolenta: trata-se de um edema do couro cabeludo que não respeita


o limite das suturas e é causado por trabalho de parto prolongado, no qual o RN fica
muito tempo na descida do canal do parto e extravasa líquido para o subcutâneo. Na
palpação, a consistência é amolecida e é comum a presença de cacifo positivo.
FORMATO DO CRÂNIO

Cefalo-hematoma: é um extravasamento sanguíneo que respeita


as suturas cranianas devido a localização entre o osso e o
periósteo. Na palpação, a consistência é firme e o cacifo é
negativo.

Encefalocele: classifica-se por ser tumoração grave devido a


herniação do parênquima cerebral, geralmente no lobo occipital e
frontal.
FORMATO DO CRÂNIO

Craniossinostose: Está relacionada ao fechamento precoce das suturas cranianas.

O formato do crânio vai depender da sutura envolvida, sendo o mais comum o fechamento
da sutura sagital, impedindo o crescimento lateral da cabeça (escafocefalia).

É válido pontuar ainda a braquicefalia (fechamento da sutura coronal), a trigonocefalia


(fechamento da sutura metópica), a plagiocefalia (fechamento da sutura escamosa) e a
oxicefalia (fechamento de todas as suturas).
CRANIOSSINOSTOSE
PESCOÇO

Inspeção

Simetria do pescoço: pode ter a presença de assincletismo, decorrente de postura viciosa do


feto na vida intrauterina e se trata de uma assimetria com depressão para um dos lados do
pescoço;
Presença de tumorações: posterior ao músculo esternocleidomastoideo, que pode sugerir o
diagnóstico de higroma cístico;
Presença de excesso de pele: trata-se de pescoço alado, comum nas síndromes genéticas, como
na síndrome de Turner;

Presença de cicatrizes: busca por ostomias (traqueostomia e esofagostomia);


PALPAÇÃO

Palpar o músculo esternocleidomastoideo: a ausência parcial ou total do musculo


está relacionada ao torcicolo congênito;

Testar a mobilidade do pescoço: a mobilidade para um dos lados pode estar


comprometida no torcicolo congênito e em ambos os lados na síndrome de
Klippel-Feil (fusão ou redução no número de vertebras cervicais), para testar a
mobilidade estabilizar a cabeça com uma das mãos e tentar movê-la para os
lados.
FACE

Na face, é comum a procura de evidências de


síndromes genéticas que podem se manifestar com
características como fonte proeminente,
micro/macrocania, alterações do dorso nasal, das
pregas epicânticas, das orelhas de baixa
implementação, da micrognatia, da protusão da língua
e do pescoço alado(Sindrome de turner).
micrognatia
OLHOS

Observar o alinhamento, formato e distância dos olhos, bem


como a presença de pregas epicânticas – essas observações
podem fornecer dados para alguma síndrome genética;

Investigar a integridade da abertura ocular e reflexos


pupilares presentes/reagentes;
OLHOS

Observar se há presença de edema conjuntival e secreção purulenta: sinais


sugestivos de infecção bacteriana (conjuntivite bacteriana), relacionados a
infecção por gonorreia na mãe;

Coloração esbranquiçada da íris e da pupila: sugere a catarata congênita,


relacionada a infecção congênita pelo vírus da rubéola;

Presença de secreção serosa, geralmente, unilateral sem edema pode ser um


sinal de obstrução nasolacrimal (blefaroestenose).
NARIZ

Inspeção que revele ausência de septo nasal ou ponte nasal achatada (nariz em
sela) é mandatória da pesquisa de sífilis congênita;

A pesquisa de uma via aérea pérvia deve ser feita nesses casos, introduzindo
um cateter para analisar a permeabilidade das coanas e se não há atresia
unilateral ou bilateral delas;

Observar se há presença de secreções, bem como batimento de asa do nariz


(esse último pode indicar desconforto respiratório no recém-nascido).
ORELHAS

Na inspeção, observar a baixa implantação das


orelhas, de modo que, se a extremidade superior do
pavilhão auricular está na altura dos olhos a
implantação, estará correta, mas, se estiver abaixo,
pode ser sugestiva de diversas síndromes
cromossômicas, como síndrome de Down ou de
Edwards.
BOCA

Na inspeção da boca, é mandatório investigar a presença


de fendas orofaciais (Fenda labial, fenda labiopalatina e
fenda palatina);

Observar a anatomia da língua e do freio lingual, pois


pode ter a presença de anquiloglossia parcial ou “língua
presa”.
PELE

No exame da pele, analisar


a presença de edema,
cianose, palidez e icterícia.
NEUROLÓGICO

Tônus

Recém-nascido a termo apresenta hipertonia geral.


Dessa forma, sendo o tônus de caráter flexor, a postura adotada pelo RN é
determinada pela realização de semiflexão dos quatro membros com
resistência à abdução das coxas.
REFLEXOS PRIMITIVOS

Sucção reflexa: pode ser avaliada de forma natural pelo


aleitamento ou colocando a mão da criança em sua boca.
Esse reflexo deve desaparecer até o sexto mês;

Busca: ao tocar no lábio superior em um dos lados com o


seio materno, o RN vira sua cabeça para o lado que recebeu
o estímulo em busca da mama e, logo em seguida, irá abrir a
boca;
REFLEXO PRIMITIVO

Preensão palmar: ao estimular a região palmar do RN, haverá flexão dos dedos para a
preensão. Esse reflexo deve desaparecer até o sexto mês, quando aparece o reflexo
apenas voluntário da preensão;

Reflexo cutâneo plantar: obtido pelo estímulo da região plantar lateral do pé. A
resposta esperada é a dorsiflexão do hálux acompanhada da separação dos demais
dedos. A partir do 13º mês, a criança deve apresentar a flexão plantar do hálux, pois,
a partir desse momento, o reflexo da dorsiflexão se torna patológico (sinal de
Babinski);
REFLEXO PRIMITIVO

Reflexo de marcha: apoiar as axilas do RN nas mãos do examinador e levantá-lo na posição vertical,
deixando seus pés encostarem a mesa de exame de maneira que cause uma pequena pressão.
O corpo do recém-nascido fica ereto como reação ao apoio;

Reflexo de Moro: com a criança em decúbito dorsal, fazer extensão ao mesmo tempo dos membros
superiores, distendo-os e soltando-os bruscamente.
A resposta esperada é a extensão brusca inicial e adução dos membros superiores, seguida de flexão
simétrica e bilateral (simulando um abraço). A assimetria do reflexo de Moro pode indicar lesão do
plexo braquial ou paresia por lesão do sistema nervoso central;
REFLEXO PRIMITIVO

Reflexo de Galant: suspender o recém-nascido em posição de pronação e estimular a


musculatura paravertebral no sentido craniocaudal.
A resposta esperada é a curvatura do tronco para a área estimulada;

Reflexo tônico-cervical: fazer a rotação da cabeça da criança para um dos lados.


Essa manobra produz a extensão dos membros superior e inferior do lado em que a cabeça foi
rotacionada e flexão dos membros contralaterais.
A manobra deve ser executada bilateralmente para verificar a simetria. O reflexo tônico-
cervical desaparece até o terceiro mês.
TÓRAX

O exame do tórax consiste na avaliação cardíaca e pulmonar,


seguindo as mesmas etapas de inspeção, ausculta e palpação.

A percussão do tórax no recém-nascido não traz relevância ao


exame, além de acarretar riscos ao paciente.

A palpação de clavícula deve ser realizada, visto que é o osso mais


frequentemente fraturado em toracotraumas.
TÓRAX -INSPEÇÃO

Simetria: o tórax deve ter forma de barril com um diâmetro ântero-posterior igual ou
maior ao diâmetro látero-lateral sem retrações ou abaulamentos visíveis.

Caso haja abaulamento associado a um abdome escavado, existe a possibilidade de hérnia


diafragmática, causando grave insuficiência respiratória;

Pesquisa de ginecomastia: pode surgir com mamas ingurgitadas ou associadas à secreção


leitosa (causada pela passagem de hormônios maternos).

Assim, deve-se orientar a família que o tratamento é expectante, ou seja, ocorre involução
espontânea das mamas.
APARELHO RESPIRATÓRIO

Observar o padrão respiratório da criança:


Batimento de asa de nariz;
Uso de musculatura acessória;
Retração xifoidiana;
Presença de tiragem subcostal, intercostal ou fúrcula;
Gemidos e estridor.
APARELHO RESPIRATÓRIO

É comum que o ritmo respiratório do RN, principalmente de prematuros, seja periódico,


com pausas entre 5 e 10 segundos. A apneia seria o prolongamento desse período, assim,
sendo considerada patológica.

A frequência respiratória comum no recém-nascido está entre 40 e 60 respirações por


minuto e deve ser avaliada com a mão do profissional entre o abdome e o tórax.

Já a ausculta respiratória deve ser realizada em focos paraesternais e paravertebrais na


parede anterior e posterior do tórax respectivamente.
APARELHO CARDIOVASCULAR

A avaliação cardiovascular consiste na:

Palpação dos pulsos axilares, braquiais, femorais e pediosos, a fim de verificar a


amplitude, simetria e ritmo;

Verificação da frequência cardíaca: varia entre 120 e 160 batimentos por minuto;

Avaliação do precórdio: pode ser perceptível a presença do ictus cordis, região em que o
ápice do coração toca na parede torácica, devendo estar localizado entre o 4º e o 5º espaço
intercostal à esquerda;
APARELHO CARDIOVASCULAR

Avaliação das bulhas: normofonéticas ou alteradas, em alguns casos,


é comum ocorrer desdobramento da segunda bulha, sendo
considerado fisiológico.

Sopros cardíacos: a presença de sopros cardíacos no neonato é


comum e pode ser transitório, entretanto, a partir do grau IV (sopro
alto e com vibração presente) recomenda-se que realize um
ecocardiograma.
APARELHO CARDIOVASCULAR

Teste do coraçãozinho:

é um método de triagem neonatal, realizado através da oximetria de pulso, que visa


detectar cardiopatias congênitas que levam à hipoxemia (redução da saturação periférica
de O2).
Deve ser realizado em todo recém-nascido entre as 24 e 48 horas de vida.

O resultado normal do teste consiste em SpO2 maior ou igual a 95% e com uma diferença
menor do que 3% entre as medidas do membro superior direito e um dos membros
inferiores.
ABDÔMEN - INSPEÇÃO

Avaliação do coto umbilical

Anatomia: o cordão umbilical deve possuir duas artérias e uma veia. Achado de artéria
umbilical única pode indicar má formação congênita.

Sinais flogísticos: Se a região apresentar sinais de inflamação, o achado indica onfalite


(stafilococus aureus) e, portanto, há necessidade de encaminhamento da criança para
emergência.
Tempo de involução: O coto umbilical cai normalmente entre 1 e 2 semanas. Após a
queda, avaliar a presença de granuloma umbilical, cuja resolução é a cauterização com
nitrato de prata.
FORMATO DO ABDÔMEN

O abdome do RN deve ser globoso, entretanto pode apresentar diástase


dos retos abdominais, originando, assim, hérnias umbilicais que
raramente evoluem para complicações, além de desaparecer
naturalmente até a idade pré-escolar.

Se o abdome estiver dilatado, pode ser indicação de algumas


intercorrências como a presença de líquido, visceromegalias ou
distensão gasosa, se a distensão for significativa pode indicar
perfuração ou obstrução abdominal.
ABDÔMEN

Nesses casos, a inspeção da região anal é necessária para a exclusão de uma possível
imperfuração anal.

Caso seja observado abdome escavado, como já citado no exame físico de tórax, pode
sugerir hérnia diafragmática.

Alguns achados necessitam de intervenção cirúrgica precoce como as hérnias inguinais,


pelo risco de encarceramento e estrangulamento, e casos em que há exteriorização de alças
intestinais (gastrosquise e onfalocele).
GENITÁLIA MASCULINA

Criptorquidia: deve ser avaliado se há ausência ou retração de testículos.

Quando esses não forem palpáveis, os pais devem ser tranquilizados de que é uma situação
comum, com conduta expectante até os 6 meses de idade. Em grande parte dos casos ocorre
unilateralmente;
Hidrocele: presença de líquido peritoneal na bolsa escrotal.

Possui resolução espontânea até os 2 anos de idade. É importante fazer diagnóstico diferencial
com hérnia inguinal, caso a hidrocele for comunicante.

O exame é realizado com transiluminação da bolsa escrotal com uma lanterna;


GENITÁLIA MASCULINA

Hipospadia: localização do meato urinário na face ventral do pênis;

Epispadia: localização do meato urinário na face dorsal do pênis;

Fimose: fisiológica ao nascimento. Indicação cirúrgica a partir dos 5 anos de


idade, a depender da escolha da família;

Micropênis: quando o tamanho do pênis se encontra abaixo dos 2,5 desvios


padrão para a idade.
GENITÁLIA FEMININA

Pode ocorrer proeminência dos lábios vaginais, além da


possibilidade da saída de secreção esbranquiçada ou
sanguinolenta, que se resolve espontaneamente;

Sinéquia: aderência entre os pequenos lábios vaginais.


OSTEOARTICULAR

Membros superiores e inferiores

Avaliar a resistência dos membros aos movimentos e o tônus


muscular para o rastreamento de flacidez ou paralisia.

Pesquisar possível luxação congênita de quadril ou displasia do


desenvolvimento do quadril por meio da manobra de Ortolani e da
manobra de Barlow.
MANOBRA DE ORTOLANI E BARLOW

 https://www.youtube.com/watch?v=mEUqxUjU_Cw
COLUNA VERTEBRAL

A coluna deve ser inspecionada e palpada percorrendo toda a linha


média, principalmente na região lombo-sacral, para pesquisa de
intercorrências como a herniação das meninges (mielomeningocele)
MAPA MENTAL EXAME FISICO RN
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