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PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 1

Exame físico Cabeça e Pescoço


BATES  O fechamento tardio das fontanelas
(fontículos) costuma ser uma variante
LACTENTE normal, mas pode ser consequente a
CABEÇA hipotireoidismo, megalocefalia, aumento
da pressão intracraniana ou raquitismo.
A cabeça do recém-nascido pode parecer muito  A fontanela anterior deprimida é um sinal
grande; na verdade, ela representa 25% do de desidratação.
comprimento do corpo e um terço de seu peso.
Essas proporções mudam, de modo que, ao As fontanelas (fontículos) devem ser
atingir a idade adulta, a cabeça representa 1/8 do cuidadosamente examinadas, pois sua
comprimento do corpo e cerca de 1/10 do peso plenitude reflete a pressão intracraniana.
corporal.  A fontanela deve ser palpada enquanto o
Suturas e fontanelas: recém-nascido ou o lactente estiver
tranquilamente sentado ou sendo
Espaços de tecido membranáceo, denominados segurado em posição ereta.
suturas, separam os ossos do crânio uns dos  Os pediatras experientes costumam
outros. As áreas onde as principais suturas fazem palpar a fontanela no início do exame.
intersecção nas porções anterior e posterior do  Nos recém-nascido e lactentes normais, a
crânio são conhecidas como fontanelas fontanela anterior é macia e plana.
(fontículos). É essencial o exame cuidadoso  A fontanela anterior pode estar distendida
das suturas e fontanelas. por causa de aumento da pressão
 As suturas aparecem, à palpação, como intracraniana quando o recém-nascido ou
chanfraduras, enquanto as fontanelas o lactente chora ou vomita.
seriam como concavidades moles.  As pulsações da fontanela refletem o
 Ao nascimento a fontanela anterior pulso periférico.
(fontículo anterior) 4 a 6 cm de diâmetro e As veias do couro cabeludo devem ser
costuma fechar entre 4 e 26 meses de inspecionadas cuidadosamente à procura de
idade (90% entre 7 e 19 meses). dilatação.
 A fontanela posterior (fontículo posterior)
tem 1 a 2 cm de diâmetro ao nascimento  Veias dilatadas no couro cabeludo são
e costuma fechar até os 2 meses de vida. indicativas de pressão intracraniana
aumentada de longa data.
 A fontanela posterior aumentada pode ser Simetria do crânio e circunferência craniana
observada no hipotireoidismo congênito.
 A sobreposição dos ossos cranianos nas Diversas condições podem provocar assimetria.
suturas ao nascimento, denominada Algumas condições são benignas, enquanto
acavalgamento (molding), resulta da outras refletem uma patologia subjacente.
passagem da cabeça do feto pelo canal
 Um tipo comum de aumento volumétrico
do parto; desaparece no prazo de 2 dias.
localizado do couro cabeludo é o
 A fontanela tensa e abaulada é observada
cefalematoma, causado por hemorragia
em lactentes com aumento da pressão
subperiosteal pelo tocotraumatismo.
intracraniana e pode ser provocada por
 Esse abaulamento não cruza as linhas de
infecções do sistema nervoso central,
sutura e regride no prazo de 3 semanas.
doença neoplásica ou hidrocefalia
(obstrução da circulação do líquido
cerebrospinal nos ventrículos cerebrais).
 O fechamento precoce das fontanelas
(fontículos) pode ser consequente a
microcefalia, a craniossinostose ou a
algumas anormalidades metabólicas.
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 2

Circunferência craniana

 Com a resolução da hemorragia e sua


calcificação, restam às vezes
chanfraduras ósseas palpáveis com um
centro amolecido.
Deve-se, também, procurar tumefações Deve ser medida durante os primeiros 2 anos
assimétricas na cabeça do recém-nascido. de vida, mas essa medida pode ser útil em
 O couro cabeludo do recém-nascido pode qualquer idade para avaliar o crescimento da
estar tumefeito na região occipitoparietal. cabeça. Nos lactentes, reflete a velocidade de
Este fenômeno é denominado caput crescimento do crânio e do cérebro.
succedaneum (bossa  É medida para que se detectem cabeças
serossanguinolenta) e deve-se a anormalmente grandes (macrocefalia) ou
distensão capilar e extravasamento de pequenas (microcefalia) – que podem
sangue e líquido como consequência do implicar um transtorno encefálico
efeito de vácuo da ruptura do saco subjacente.
amniótico. Essa tumefação cruza
 Palpe, então, as linhas de sutura.
tipicamente as linhas de sutura e regride
 Uma chanfradura óssea elevada na linha
em 1 a 2 dias.
de sutura sugere craniossinostose.
 A cabeça do prematuro ao nascimento é
 O crânio do recém-nascido deve ser
relativamente longa no diâmetro
palpado com cuidado.
occipitofrontal e estreita no diâmetro
 À palpação os ossos do crânio têm
bitemporal (dolicocefalia). O formato do
consistência “amolecida” ou elástica;
crânio normaliza-se, em geral, em 1 a 2
normalmente a consistência se torna mais
anos. Essa condição pode ser prevenida
firme com o aumento da idade
pela mudança frequente da posição da
gestacional.
cabeça do recém-nascido (lembrando de
colocar o lactente em decúbito ventral
enquanto ele estiver acordado).
 Assimetria da calota craniana
(plagiocefalia posicional) pode ocorrer
quando o lactente passa a maior parte do
tempo deitado de um só lado, provocando
o achatamento da região parieto-occipital
do lado de baixo e proeminência da região
frontal no lado oposto. Essa proeminência
desaparece quando o lactente torna-se
mais ativo e passa a despender tempo  O fechamento prematuro das suturas
menor em uma única posição. Quase cranianas provoca craniossinostose, com
sempre a simetria é restaurada. um crânio de formato anormal.
 É interessante mencionar que a tendência  A sinostose da sutura sagital provoca
atual de os recém-nascidos dormirem em estreitamento da cabeça, por ausência de
decúbito dorsal para reduzir o risco de crescimento dos ossos parietais.
síndrome da morte súbita do lactente  Na craniotabes, os ossos cranianos são
provocou um aumento dos casos de muito maleáveis. A craniotabes pode ser
plagiocefalia posicional. secundária a aumento de pressão
 Plagiocefalia também pode refletir intracraniana, como na hidrocefalia,
doenças como torcicolo por lesão do distúrbios metabólicos, como raquitismo, e
músculo esternocleidomastoideo ao infecção, como sífilis congênita.
nascimento ou ausência de estimulação
Simetria facial
do recém-nascido ou do lactente.
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 3

A face dos recém-nascidos e dos lactentes fazem os lactentes piscarem. Por isso, deve-se
deve ser examinada à procura de assimetrias. usar uma iluminação tênue. Se o examinador
acordar o recém-nascido delicadamente, diminuir
 O posicionamento in utero pode provocar a intensidade da luz ambiente e segurá-lo em
assimetrias faciais transitórias. posição sentada, com frequência o recém-
 Se a cabeça estava flexionada sobre o nascido abrirá os olhos espontaneamente.
esterno, pode ocorrer encurtamento do
queixo (micrognatia). É preciso ser astuto para examinar os olhos de
 A compressão do ombro sobre a lactentes e crianças pequenas. Muitas vezes,
mandíbula pode provocar deslocamento vale a pena usar truques para que eles
lateral temporário desta. cooperem. Pequenos brinquedos coloridos são
 Examine cuidadosamente o rosto do úteis como recursos de fixação ao examinar os
recém-nascido para obter uma impressão olhos.
geral da fácies; vale a pena comparar com  Os recém-nascidos olham para o rosto do
o rosto dos pais. examinador e seguem uma luz brilhante
 A avaliação sistemática de crianças com se estiverem acordados.
fácies de aparência anormal consegue  Alguns recém-nascidos conseguem
identificar síndromes específicas. acompanhar os movimentos do rosto do
examinador e giram a cabeça 90° para a
 Micrognatia também pode ser parte de direita e para a esquerda.
uma síndrome, como a síndrome de  Os movimentos oculares do recém-
Pierre Robin. nascido devem ser observados.
 A maioria das síndromes do  Segure-o em posição ereta, dando
desenvolvimento e genéticas com fácies suporte para a cabeça.
anormais também se acompanham de
 Gire o corpo dele lentamente em uma
outras anormalidades.
direção. Isso em geral provoca a abertura
 Um recém-nascido com hipotireoidismo
dos olhos do recém-nascido,
congênito pode ter traços faciais possibilitando o exame das escleróticas
grosseiros e outros tipos de fácies (escleras), das pupilas, da íris e dos
anormal movimentos oculares.
 Criança com formato ou comprimento  O recém-nascido volta os olhos na
anormal das fissuras palpebrais direção que você está girando.
Sinal de Chvostek  Quando a rotação é interrompida, ele olha
na direção oposta após alguns
Percuta a bochecha para pesquisar o sinal de movimentos nistagmoides.
Chvostek, encontrado em alguns transtornos
metabólicos e, às vezes, em lactentes normais.
Percuta com a extremidade do dedo indicador ou
 O recém-nascido que não consegue abrir
do dedo médio a parte de cima da bochecha,
um dos olhos (mesmo quando acordado
logo abaixo do osso zigomático à frente da
ou alerta) pode ser portador de ptose
orelha.
congênita. As causas incluem
 Consiste em caretas causadas por tocotraumatismo, paralisia do terceiro
contração repetida dos músculos faciais. nervo craniano (NC III) e problemas
 Positivo é detectado em casos de tetania mecânicos.
hipocalcêmica, tétano e tetania por  Hemorragias subconjuntivais são um
hiperventilação. achado comum em recém-nascidos em
caso de parto por via vaginal.
OLHOS  Persistência do nistagmo (movimentos de
Inspeção oscilação ou desvios persistentes dos
olhos) após alguns dias de vida ou após a
Os recém-nascidos mantêm os olhos fechados, realização da manobra à esquerda pode
salvo durante seus breves períodos de despertar. indicar déficit visual ou doença do sistema
Se alguém tentar separar as pálpebras, elas nervoso central.
serão ainda mais contraídas. As luzes brilhantes
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 4

 Se o recém-nascido não fitar diretamente crianças normais, porém são fortemente


o examinador nem acompanhar o rosto sugestivas de síndrome de Down.
dele nos períodos em que estiver  Secreção ocular e lacrimejamento
acordado, é preciso dar atenção especial persistentes desde o nascimento podem
ao restante do exame ocular. A criança ser devidos a dacriocistite ou obstrução
pode ser normal, porém apresentar déficit do ducto nasolacrimal.
visual.
Não é possível determinar a acuidade visual
Nos primeiros 10 dias de vida, os olhos da em recém-nascidos ou lactentes. Pode-se
criança podem ficar fixos, fitando uma única usar os reflexos visuais para avaliar
direção, se a cabeça dela for girada sem indiretamente a visão: constrição pupilar direta
movimentar o corpo (reflexo de olhos de e consensual como resposta à luz, piscada como
boneca). resposta à luz brilhante (reflexo de piscadela) e
piscada como resposta à movimentação rápida
 A persistência de estrabismo alternante de um objeto em direção do olho.
(convergente) ou divergente além de 3
meses ou de qualquer tipo de estrabismo No primeiro ano de vida, a acuidade visual torna-
pode indicar paresia motora ocular ou se mais aguçada e a capacidade de foco
outra anormalidade do sistema visual. melhora. Os lactentes atingem os seguintes
marcos do desenvolvimento visuais:
Nos primeiros meses de vida, alguns
lactentes apresentam estrabismo intermitente
(estrabismo convergente alternante
intermitente ou exotropia) ou desvio lateral
dos olhos (estrabismo divergente alternante
intermitente ou exotropia).

 Pesquise anormalidades ou problemas


congênitos nas escleróticas e nas pupilas. Exame oftalmoscópico
 As hemorragias subconjuntivais são
comuns em recém-nascidos. No exame oftalmoscópico, realizado com o bebê
acordado e de olhos abertos, examine o reflexo
 Os olhos de muitos recém-nascidos estão
vermelho da retina (fundo de olho) ajustando o
edemaciados por causa do parto.
oftalmoscópio para 0 dioptria e fazendo a
 Observe reações pupilares pela resposta
avaliação da pupila a uma distância de 2,5 cm.
à luz ou cubra um olho por vez e, depois,
descubra-o.  Normalmente, existe um reflexo vermelho
 Embora exista assimetria inicial nas ou alaranjado que emana do fundo de
dimensões das pupilas, com o tempo elas olho através da pupila.
tendem a apresentar tamanho e reação  O exame oftalmoscópico minucioso de
fotomotora equivalentes. crianças pequenas é muito difícil, porém
 Pesquise meticulosamente anormalidades pode ser necessário se forem observadas
na íris. anormalidades oculares ou neurológicas.
 Examine as conjuntivas, pesquisando  Em geral, é possível observar a córnea
edema ou eritema. com +20 dioptrias, o cristalino com +15
 Na maioria dos berçários de recém- dioptrias e o fundo de olho com 0 dioptria.
nascidos é aplicada pomada oftálmica de  Examine a região do disco óptico como o
antibiótico para prevenir infecção faria em um adulto.
oftalmológica gonocócica.  Nos lactentes, o disco óptico apresenta
cor mais clara, com menos pigmentação
 Os colobomas são observados mesmo macular.
sem aparelhos e representam defeitos da  O reflexo luminoso da fóvea pode não ser
íris. visível.
 Manchas de Brushfield são um anel de  Verifique cuidadosamente se há
pontilhado branco na íris (veja o Quadro hemorragia retiniana.
18.7). Às vezes, são observadas em  O papiledema é raro em lactentes, pois as
fontanelas e as suturas abertas
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acomodam eventuais aumentos de infecções congênitas, hiperbilirrubinemia


pressão intracraniana, poupando os grave e meningite.
discos ópticos.
O reflexo acústico é a piscadela do recém-
nascido e do lactente como resposta a um
 Glaucoma congênito também pode
som agudo súbito.
provocar turvação da córnea.
 Um reflexo luminoso escuro pode ser  Pode-se provocar esse reflexo estalando
consequência de catarata, retinopatia da os dedos ou usando uma campanhia,
prematuridade ou outras doenças. buzina ou outro dispositivo que produza
 Um reflexo retiniano branco (leucocoria) barulho a uma distância de cerca de 30
não é normal, e deve-se suspeitar de cm da orelha do recém-nascido ou do
catarata, descolamento de retina, lactente. É preciso ter cuidado para não
coriorretinite ou retinoblastoma. produzir deslocamentos de ar que possam
 Podem ocorrer pequenas hemorragias provocar a piscadela no lactente.
retinianas em recém-nascidos normais.  Pode ser difícil desencadear esse reflexo
 Hemorragias extensas podem sugerir nos primeiros 2 a 3 dias de vida. Após ele
anoxia grave, hematoma subdural, ser desencadeado várias vezes durante
hemorragia subaracnóidea ou um curto período, desaparece. Esse é um
traumatismo. fenômeno conhecido como habituação.
 Este teste grosseiro da audição
ORELHAS certamente não é diagnóstico.
Os principais objetivos são a determinação da  A tendência atual é pela realização de
posição, do formato e das características das rastreamento auditivo universal em todos
orelhas para detectar anormalidades. os recém-nascidos, e não apenas nos de
alto risco para problemas auditivos.
 Observe a posição da orelha em relação
aos olhos.
 Uma linha imaginária traçada dos cantos
internos e externos dos olhos deve
atravessar a orelha externa.
 Se a orelha externa estiver abaixo dessa
linha imaginária, a implantação das
orelhas desse recém-nascido é baixa.
 Para treinar, trace essa linha imaginária
através da face do recém-nascido;
observe que ela cruza a orelha externa. NARIZ E SEIOS PARANASAIS
 O exame otoscópico do recém-nascido só
O componente mais importante do exame do
consegue detectar se o meato acústico
nariz dos recém-nascidos é o teste de
está desobstruído, porque o vérnix
desobstrução das fossas nasais.
caseoso acumulado ofusca a membrana
timpânica nos primeiros dias de vida.  Ele pode ser realizado mediante a oclusão
cuidadosa de cada uma das narinas, de
 Orelhas externas pequenas, deformadas modo alternado, enquanto o recém-
e de implantação baixa indicam defeitos nascido/lactente é mantido com a boca
congênitos associados, especialmente fechada.
nefropatia.  Isso normalmente não provoca angústia,
 Um pequeno acrocórdon, uma fenda ou porque a maioria dos lactentes respira
uma depressão detectado logo à frente do pelo nariz.
trago corresponde a um resquício da  Na verdade, alguns lactentes são
primeira fenda branquial e não costuma respiradores nasais obrigatórios e têm
ser importante. dificuldade de respirar pela boca. Não se
 Problemas perinatais que elevam o risco deve ocluir as duas narinas
de defeitos auditivos incluem peso ao simultaneamente – isso causará um
nascimento < 1.500 g, anoxia, tratamento transtorno considerável!
com medicação potencialmente ototóxica,
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 6

 Inspecione o nariz para assegurar-se de produzem bastante saliva e babam com muita
que o septo nasal se encontra na linha frequência. Inspecione a língua.
média.
 O frênulo da língua tem tamanho variável
 Um espéculo nasal calibroso do otoscópio
e, às vezes, estende-se quase até a ponta
pode ser inserido delicadamente no nariz
da língua; em outros casos, é grosso e
do recém-nascido e/ou do lactente.
curto, restringindo a protrusão da língua
 Quando o bebê nasce, apenas as células
(anquiloglossia, ou língua presa); essas
etmoidais e o seio maxilar encontram-se
variações dificilmente interferem na fala
desenvolvidos; portanto, a palpação dos
ou na funcionalidade da língua.
seios paranasais nos recém-nascidos não
 É muito frequente observar uma camada
tem utilidade.
esbranquiçada sobre a língua.
 Se essa cobertura for consequência de
 As vias nasais dos recém-nascidos
leite, é fácil removê-la raspando-a e
podem estar obstruídas na atresia de
enxugando-a.
cóanos. Nos casos graves, a obstrução
 A melhor maneira de observar a faringe
nasal pode ser avaliada pela tentativa de
do bebê é durante o choro.
introduzir um tubo de alimentação nº 8
pelas narinas até a parte posterior da  É provável que você tenha dificuldade
faringe. para usar o abaixador de língua, pois este
provoca um forte reflexo faríngeo (do
BOCA E FARINGE vômito).
 Não espere conseguir visualizar as
Inspecione com abaixador de língua e
tonsilas.
lanterna, e palpe para examinar a boca e a
 Lactentes não têm tecido linfoide
faringe.
proeminente.
 A boca do recém-nascido não tem dentes  O tamanho das tonsilas aumenta à
e a mucosa alveolar é lisa, com bordas medida que a criança cresce.
finamente serrilhadas.  Ouça o choro do bebê e suas
 Às vezes, observam-se cistos de retenção características.
peroláceos acompanhando as  Os lactentes normais têm um choro forte e
chanfraduras alveolares, que são vigoroso. ]
facilmente confundidos com dentes –
esses costumam desaparecer no prazo de  Embora não seja comum, língua
1 a 2 meses. proeminente protrusa pode indicar
 As petéquias também são achados hipotireoidismo congênito ou síndrome de
comuns no palato mole após o Down.
nascimento.  A candidíase oral (sapinho) é comum nos
 Palpe o palato duro superior para verificar lactentes. As lesões são difíceis de
sua integridade. remover e têm uma base muito
 As pérolas de Epstein, cistos de retenção eritematosa
mucosos arredondados minúsculos de cor  A macroglossia está associada a doenças
branca ou amarela, localizam-se na linha sistêmicas graves.
média posterior do palato duro e  Quando associada a hipoglicemia e
desaparecem em alguns meses. onfalocele, o diagnóstico provável é de
síndrome de Beckwith-Wiedemann.
 Raramente são observados dentes  Fístula palatina é uma fístula congênita na
supranumerários. Eles em geral são linha mediana do palato.
dismórficos e caem em alguns dias, mas  Dentes natais são encontrados na
são extraídos para evitar aspiração. cavidade bucal por ocasião do
 Cistos podem ser observados na língua nascimento. Geralmente são apenas
ou na boca. Cistos de ducto tireoglosso dentes normais que irromperam
podem desembocar sob a língua. precocemente, mas podem fazer parte de
algumas síndromes.
Os lactentes produzem pouca saliva nos
primeiros 3 meses de vida. Depois dessa idade,
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 7

O padrão de erupção dos dentes é previsível,  Uma massa fibrosa firme é palpada no
mas variável. interior do músculo 2 a 3 semanas após o
nascimento, e costuma desaparecer em
 Como regra geral, uma criança ganha
alguns meses.
um dente por mês entre os 6 e 26
meses de vida, compondo um total de Palpe as clavículas e pesquise evidências de
20 dentes primários. fratura nos recém-nascidos.

PESCOÇO  Se houver, será possível sentir


descontinuidade no contorno do osso,
Palpe os linfonodos do pescoço e avalie se há hipersensibilidade, crepitação no local de
massas adicionais, como cistos congênitos. fratura e restrição dos movimentos do
 Como os pescoços de lactentes são braço no lado afetado.
curtos, o ideal é palpar os pescoços de
lactentes em decúbito dorsal, enquanto  Durante o parto pode ocorrer fratura de
crianças mais velhas podem ser clavícula, principalmente quando a
examinadas sentadas. liberação de um braço for difícil ou na
 Verifique a posição da cartilagem tireóidea extração do ombro.
e da traqueia.
PRÉ-ESCOLARES E ESCOLARES

 Primeira infância | De 1 a 4 anos


 Escolar | De 5 a 10 anos
A ordem do exame, agora, segue a empregada
em adultos. Examine áreas dolorosas por último
e avise à criança com antecedência as regiões a
serem examinadas. Se a criança resistir a uma
parte do exame, você pode voltar para esta parte
no final.

CABEÇA
 Cistos de fenda branquial têm o aspecto
de pequenos pontos ou aberturas No exame da cabeça e do pescoço, ajuste o
situados à frente da porção média do exame ao estágio de crescimento e
músculo esternocleidomastóideo. desenvolvimento da criança.
 Podem estar associados a trajetos
fistulosos.  Mesmo antes de tocar a criança, observe
 Cistos e seios pré-auriculares são com cuidado o formato da cabeça, sua
depressões comuns, do tamanho de simetria e se existe fácies anormal.
cabeças de alfinete e, em geral, situadas  A fácies anormal pode só ficar evidente
à frente da hélice da orelha. em uma fase mais adiantada da infância.
 Costumam ser bilaterais e às vezes estão Portanto, é essencial o exame cuidadoso
associados a déficit de audição. do rosto e da cabeça de qualquer criança.
 Cistos do ducto tireoglosso ficam  Existem fácies diagnósticas na infância
localizados na linha média do pescoço, que refletem anormalidades
logo acima da cartilagem tireóidea. cromossômicas, defeitos endócrinos,
Apresentam-se como massas firmes, doença crônica e outros distúrbios.
pequenas e móveis que se deslocam para
cima com a protrusão da língua ou com a  Na síndrome alcoólica fetal podem ser
deglutição. encontradas fácies anormal e
 Esses cistos costumam ser detectados microcefalia, assim como retardamento do
após os 2 anos. desenvolvimento.
 Torcicolo congênito é secundário ao  O estrabismo nas crianças exige
sangramento para o músculo tratamento por oftalmologista. Tanto o
esternocleidomastóideo por estiramento estrabismo quanto a anisometropia ocular
durante o trabalho de parto. (olhos com erros de refração
significativamente diferentes) podem
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 8

provocar ambliopia ou redução da visão  Em todos os testes de acuidade visual, é


em olhos sem outros problemas. importante que os dois olhos mostrem o
 A ambliopia pode induzir o surgimento de mesmo resultado.
“olho preguiçoso”, com redução  A acuidade visual em crianças com 3 anos
permanente da acuidade visual quando ou mais em geral pode ser testada
não é realizada a correção precoce (em formalmente com uma cartela para exame
geral até os 6 anos). com um de diversos optótipos (caracteres
 As formas comuns de estrabismo nas ou símbolos).
crianças envolvem desvio horizontal:  Uma criança que não conheça as letras
nasal (“eso”) ou temporal (“exo”). ou os números de modo confiável pode
 Estrabismo latente (“foria”) ocorre quando ser testada usando figuras, símbolos ou a
a pessoa rompe a fixação, estrabismo cartela de “E”.
manifesto (“tropia”) ocorre sem  Com o uso das cartelas de “E” a maioria
interrupção e é detectado pelo teste de das crianças coopera dizendo a você em
cobertura (cover test) dos olhos. que direção o E está apontando.
OLHOS
 A redução da acuidade visual tem maior
Os dois componentes mais importantes do probabilidade de ocorrer em crianças
exame ocular em crianças pequenas nascidas prematuras e naquelas com
determinam se existe olhar conjugado ou outros transtornos neurológicos ou de
simétrico, ou testam acuidade visual em cada desenvolvimento.
olho.
Olhar conjugado:

 Empregue os métodos descritos no


Capítulo 7 para adultos para avaliar o
olhar conjugado ou a posição e o
alinhamento dos olhos, e a função da
musculatura extraocular. O teste do
reflexo luminoso da córnea e o teste de  Algumas crianças desenvolvem
cobertura são especialmente úteis nos anormalidades na visão de perto, que
pré-escolares. podem resultar em dificuldade de leitura,
 O teste de cobertura (cover test) dos cefaleia e problemas escolares, assim
olhos pode ser feito como um jogo como diplopia (visão dupla).
solicitando ao pré-escolar para olhar para
Campos visuais:
o nariz do examinador e dizer se ele está
rindo ou não, mantendo coberto um dos Podem ser examinados em lactentes e pré-
olhos da criança. escolares pequenos com a criança sentada no
colo do pai ou da mãe.
Acuidade visual:
 Os olhos devem ser testados um por vez
 Pode não ser possível determinar a
com o outro olho recoberto.
acuidade visual em crianças com menos
 Mantenha a cabeça da criança na linha
de 3 anos que não consigam identificar
desenhos em uma cartela para exame média e traga o objeto, como um
brinquedo, para o campo visual a partir da
ocular.
parte de trás da criança.
 Nessas crianças, o exame mais simples
 O método no geral é idêntico ao usado em
consiste em avaliar a preferência de
adultos, exceto pelo fato de você ter que
fixação recobrindo de forma alternada
cada um dos olhos; a criança com visão fazer o exame parecer uma brincadeira
para seu paciente.
normal não fará objeção, mas uma
criança com visão ruim em um dos olhos ORELHAS
fará objeção à oclusão do olho bom.
O exame do meato acústico e do tímpano
(membrana timpânica) pode ser difícil em
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 9

crianças pequenas que ficam com medo por não externa. Com a outra mão, posicione o
conseguirem observar o procedimento. Com um otoscópio.
pouco de prática é possível dominar esta técnica.
Infelizmente, muitos pré-escolares precisam
ser contidos durante este exame, e este é o
motivo pelo qual ele deve ser deixado para o
final.

 As orelhas podem ser examinadas com a


criança sentada no colo de um dos pais,
se a criança não estiver muito temerosa.
 Vale a pena transformar o exame
otoscópico em uma brincadeira; por
exemplo, fingir que está tentando localizar
um objeto imaginário na orelha da criança
ou conversar de maneira brincalhona para
diminuir o medo.
 Pode valer a pena posicionar com cuidado
o espéculo do otoscópio no meato
acústico externo de uma das orelhas e,
depois, retirá-lo para que a criança se
Existem dois modos de segurar o otoscópio,
acostume com o procedimento, antes de
como ilustram as fotografias a seguir:
começar de fato a realizar o exame.
 Pergunte ao pai ou à mãe qual seria a  1º: costuma ser usado nos adultos, com o
preferência em relação ao posicionamento cabo do otoscópio apontando para cima
da criança para exame. ou lateralmente enquanto se traciona a
 Existem duas posições comuns – com a orelha externa. A parte lateral da mão que
criança deitada e contida e com a criança segura o otoscópio deve ser apoiada na
sentada no colo do pai ou da mãe. cabeça da criança para fornecer proteção
 Se a criança for mantida em decúbito contra a movimentação súbita do paciente
dorsal, solicite ao pai, ou à mãe, para  2º: é usada por muitos pediatras em
manter os braços esticados ou próximos função do ângulo diferente do meato
às laterais da criança para restringir os acústico nas crianças. Segure o otoscópio
movimentos. com o cabo apontando para baixo na
 Segure a cabeça e afaste o trago com direção dos pés da criança e,
uma das mãos e, com a outra, segure o simultaneamente, tracione a aurícula.
otoscópio. Segure a cabeça e tracione a aurícula
 Se a criança estiver no colo do pai ou da para cima com uma das mãos e
mãe, as pernas dela devem ser contidas mantenha o otoscópio na outra mão.
entre as pernas do pai ou da mãe.
 Os pais podem ajudar envolvendo o corpo
da criança com um dos braços e usando
outro braço para segurar a cabeça.
Membranas timpânicas:

 Nos pré-escolares, o meato acústico


externo é direcionado para cima e para
trás a partir da parte externa, sendo
preciso puxar a orelha externa para cima,
para fora e para trás para obter a melhor
visão.
 Segure a cabeça da criança com uma das  A otite média aguda é um quadro comum
mãos (a mão esquerda se você for destro) na infância.
e com a mesma mão puxe a orelha  Uma criança sintomática apresenta,
tipicamente, membrana timpânica
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 10

vermelha e abaulada, com reflexo tópicos otológicos, traumatismo e algumas


luminoso fosco ou ausente e redução do infecções, como meningite.
movimento com uso da otoscopia
pneumática. NARIZ E SEIOS PARANASAIS
 Observa-se também material purulento Inspecione a porção anterior do nariz com um
por trás da membrana timpânica. espéculo grande do otoscópio. Inspecione as
 O sintoma mais útil para realizar o mucosas nasais, observando sua cor e
diagnóstico é a dor, caso esteja associada condição. Verifique se há desvio do septo
aos sinais acima. nasal e pólipos.
 Às vezes, ocorre ruptura da membrana
timpânica, durante otite média aguda, com  Mucosas nasais pálidas e edemaciadas
saída de pus pelo meato acústico. são observadas em crianças com rinite
 Nesses casos, não é possível, em geral, alérgica crônica (perene).
visualizar a membrana timpânica.  A rinite purulenta é comum nas viroses,
 A membrana timpânica não se move mas pode integrar o conjunto de sinais e
quando existe líquido na orelha média sintomas da sinusite.
(otite média associada a derrame).  Secreção nasal purulenta, unilateral e de
odor fétido pode ser devida a um corpo
Teste de audição formal: estranho nasal. Esse quadro é
especialmente comum em pré-escolares,
Embora seja necessário um teste formal de
que tendem a colocar objetos em
audição para detectar com precisão defeitos
qualquer orifício do corpo.
auditivos em pré-escolares, você pode realizar
um teste grosseiro de audição com um teste da  Pólipos nasais são crescimentos com
voz sussurrada. Para fazê-lo, fique de pé por trás coloração de carne observados no interior
da criança (para que ela não consiga ler seus das narinas. Costumam ser achados
lábios), cubra um dos meatos acústicos da isolados, porém, em alguns casos,
criança e mobilize o trago, usando um movimento integram uma síndrome.
circular. Sussurre letras, números ou uma palavra  Crianças com rinorreia purulenta (em
e peça à criança para repeti-las; em seguida, geral unilateral) e que também
teste a outra orelha. Essa técnica tem apresentem cefaleia, dor de garganta e
sensibilidade e especificidade relativamente altas hipersensibilidade sobre os seios
quando comparada ao teste formal. paranasais podem ter sinusite.

 Pré-escolares que não passam nesses Os seios maxilares são observados nas
testes de rastreamento ou apresentam radiografias aos 4 anos de idade. Os seios
atraso da fala devem ser submetidos a esfenoidais aos 6 e os seios frontais entre 6 e
testes audiométricos. Essas crianças 7.
podem ter déficits de audição ou  Os seios paranasais de crianças
transtornos centrais do processamento escolares podem ser palpados como o
auditivo. dos adultos, à procura de dor localizada.
 Até 15% das crianças em idade escolar  A transiluminação dos seios paranasais
apresentam perda auditiva pelo menos de pré-escolares tem sensibilidade e
leve, o que enfatiza a importância do especificidade baixas para o diagnóstico
rastreamento auditivo antes do ingresso de sinusite ou de líquido nos seios
na escola. paranasais.
 Os dois tipos de perda auditiva que
ocorrem na infância são neurossensorial e BOCA E FARINGE
de condução.
No caso de crianças ansiosas ou muito
 As causas de perda auditiva de condução
pequenas, é melhor deixar esta parte do
incluem anormalidades congênitas, exame para o final, pois ela pode exigir
traumatismo, otite média recorrente e contenção da criança pelos pais.
perfuração da membrana timpânica
 As causas de perda auditiva  A criança pequena e cooperativa pode
neurossensorial incluem infecções sentir-se mais à vontade sentada no colo
congênitas hereditárias, uso de fármacos
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 11

do pai ou da mãe, como mostrado  Elas são especialmente prevalentes em


adiante. populações pobres e podem provocar
 É mais provável que crianças saudáveis problemas a curto e longo prazos. São
cooperem com esta parte do exame físico facilmente tratáveis.
do que as crianças adoentadas, sobretudo  Cáries dentárias são provocadas por
se elas virem o abaixador de língua ou já atividade bacteriana. Tendem a ocorrer
tiverem experiência com coleta de mais em crianças pequenas alimentados
material para cultura de orofaringe por mamadeira por muito tempo (“cáries
 A criança é capaz de dizer “ahhh” em da mamadeira”).
geral oferece uma visão suficiente
Inspecione com cuidado os dentes da arcada
(embora breve) da parte posterior da
superior, como mostrado na foto. Essa é uma
faringe, o que torna desnecessário o uso
localização comum de cáries causadas pelo uso
do abaixador de língua.
da mamadeira. A técnica mostrada na foto,
 Se for necessário usar o abaixador de
denominada “levantamento do lábio”, facilita a
língua, empurre-o para baixo e puxe um
visualização das cáries dentárias.
pouco para frente na sua própria direção
enquanto a criança diz “ahhh”. Visualize a parte interna dos dentes
 Tenha cuidado para não posicionar o superiores solicitando à criança que olhe para
abaixador de língua muito para dentro e o teto com a boca bem aberta.
provocar o reflexo faríngeo (de vômito).
 Às vezes, crianças pequenas e ansiosas  Manchas nos dentes podem ser
precisam ser contidas e cerram os dentes intrínsecas ou extrínsecas.
e fecham a boca.  As manchas intrínsecas podem ser
 Nesses casos, deslize com cuidado o secundárias ao uso de tetraciclina antes
abaixador de língua entre os dentes na dos 8 anos (manchas amarelas, cinza ou
direção da língua. Isso permitirá que você castanhas).
empurre a língua para baixo ou  As formulações contendo ferro (manchas
desencadeie o reflexo de vômito, o que pretas) e o flúor (mancha branca) são
permitirá uma breve olhada na parte exemplos de manchas extrínsecas.
posterior da faringe e nas tonsilas.  As manchas extrínsecas podem ser
 Lembre-se de que uma abordagem frontal retiradas; já as intrínsecas não podem.
direta sem planejamento nos dentes da Pesquise as anormalidades da posição dos
frente só pode terminar em fracasso e um dentes. Estas incluem má oclusão, protrusão
abaixador de língua quebrado; são maxilar (sobremordida) e protrusão
necessários planejamento cuidadoso e a mandibular (submordida).
ajuda dos pais.
 Examine os dentes quanto à sequência e  As duas últimas podem ser demonstradas
à cronologia de erupção, quantidade, pedindo-se à criança que morda com
características, situação e posição. força, enquanto você ou a criança afasta
 As anormalidades do esmalte podem os lábios. Observe a mordida verdadeira.
refletir doença local ou geral.  Em crianças normais, os dentes inferiores
ficam contidos no arco formado pelos
superiores. Inspecione com cuidado a
língua, inclusive a parte de baixo.
 A maioria das crianças coloca
alegremente a língua para fora, move-a
de um lado para outro e mostra a cor da
língua (a cor azul da língua mostrada
adiante é decorrente das balas chupadas
pela criança!).

 Má oclusão e desalinhamento dos dentes


podem ser devidos à prática de chupar o
 Cáries dentárias são o problema de saúde polegar, podem ser hereditários ou
mais comum nas crianças.
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 12

secundários à perda prematura de dentes a mucosa está íntegra, é fácil não perceber o
primários. defeito subjacente.
 Anormalidades comuns incluem língua
 A faringite estreptocócica provoca
saburrosa nas viroses, língua geográfica
tipicamente o aparecimento de “língua em
congênita e língua em framboesa,
framboesa”, exsudatos brancos ou
encontrada na escarlatina.
amarelados nas tonsilas ou na parte
 Alguns pré-escolares apresentam frênulo
posterior da faringe posterior, úvula
da língua encurtado.
vermelho-viva e petéquias no palato.
 As crianças que têm “língua presa” grave
 O diagnóstico de abscesso peritonsilar é
podem ter dificuldades de fala.
sugerido pelo aumento assimétrico das
 Solicita-se à criança que toque com a
tonsilas e deslocamento lateral da úvula.
língua o palato duro para diagnosticar
 A epiglotite aguda é atualmente rara nos
esse quadro, que costuma ser fácil de
EUA, em função da imunização contra
tratar.
Haemophilus influenzae tipo B.
 A língua geográfica (glossite migratória) é
 É uma contraindicação ao exame da
uma condição benigna, mas permanente,
faringe, em função do potencial de
na qual uma parte da língua tem aspecto
engasgo e obstrução laríngea.
incomum.
Muito raramente, examina-se uma criança com
dor de garganta e dificuldade para engolir a
saliva e que fica sentada rigidamente em uma
posição “de tripé” por causa da obstrução da
garganta. Não se deve abrir a boca dessa
criança, pois é possível que ela tenha epiglotite
aguda ou obstrução de outra etiologia.
Preste atenção nas características da voz da
criança. Determinadas anormalidades podem
mudar a tonalidade e as características da
voz.
Observe o tamanho, a posição, a simetria e a  Tonsilite pode ser provocada por bactérias
aparência das tonsilas. O pico de crescimento como Streptococcus ou por vírus. A voz
do tecido das tonsilas é entre 8 e 16 anos. de “ovo na boca” é acompanhada por
aumento das tonsilas e exsudato.
 As dimensões das tonsilas variam
consideravelmente entre as crianças e  Coma epidemia de obesidade na infância,
muitas vezes são classificadas em uma há muitascrianças que roncame
escala de 1+ a 4+, com 1+ denotando fácil têmapneia do sono.
visibilidade e o espaço entre as tonsilas e
4+ tonsilas que se tocam na linha média
quando a boca fica bem aberta.
 As tonsilas nas crianças muitas vezes têm
um aspecto mais obstrutivo do que de fato
são.
 As tonsilas infantis costumam apresentar
criptas profundas em suas superfícies e
estas frequentemente têm concreções Um hálito anormal pode ajudar a conduzir a
brancas ou partículas de alimento em um diagnóstico específico.
suas profundezas. Isso não indica
 Halitose em uma criança pode ser
doença.
causada por infecção das vias
Pesquise indícios de fenda palatina respiratórias superiores, da faringe ou da
submucosa, como chanfraduras na margem cavidade oral; corpo estranho no nariz;
posterior do palato duro ou úvula bífida. Como doença dentária e refluxo gastresofágico.

PESCOÇO
PEDIATRIA – BLOCO 1 – HAB IV 13

Finda a fase de lactente, as técnicas usadas quase sempre são anormais e levantam a
para examinar o pescoço são as mesmas que suspeita de doença maligna).
as do adulto.
Nas crianças, a rigidez de nuca constitui um
 Linfadenopatia é incomum no lactente, indicador mais confiável de irritação
porém é muito comum na infância. meníngea do que o sinal de Brudzinsky ou o
 O sistema linfático da criança atinge seu sinal de Kernig.
ápice de crescimento aos 12 anos e os
 Para detectar rigidez de nuca em
linfonodos cervicais ou amigdalianos
escolares, solicita-se à criança que sente
atingem um pico entre 8 e 16 anos.
com os membros inferiores esticados na
 A grande maioria das linfadenopatias em
mesa de exame.
crianças deve-se a infecções (em geral
 Normalmente, as crianças devem ser
virais, mas com frequência bacterianas) e
capazes de sentar com as costas
a doença maligna, embora a doença
retificadas e tocar o queixo no tórax.
maligna seja motivo de preocupação para
 Os pré-escolares podem ser persuadidos
muitos pais.
a flexionar o pescoço quando se pede a
 É importante diferenciar linfonodos
eles para acompanhar um brinquedo ou
normais de linfonodos anormais ou de
feixe de luz.
cistos congênitos do pescoço.
 Também se pode testar rigidez de nuca
 Verifique se há mobilidade cervical.
com a criança deitada na mesa de exame,
 É importante assegurar-se, em qualquer
como mostrado ao lado.
criança, de que a nuca esteja livre e seja
 Quase todas as crianças com rigidez de
facilmente movimentada em todas as
nuca estarão extremamente doentes,
direções.
irritáveis e difíceis de examinar. Em
 Isso tem especial importância quando o
países desenvolvidos, a incidência de
paciente mantém a cabeça sustentada de
meningite bacteriana caiu enormemente
maneira assimétrica e quando há suspeita
por causa da vacinação.
de doença do sistema nervoso central,
 Rigidez de nuca é a resistência acentuada
como meningite.
à movimentação da cabeça em qualquer
direção.
 Linfadenopatia é, em geral, secundária a
 Sugere irritação meníngea por meningite,
infecções virais ou bacterianas
sangramento, tumor ou outras causas.
 A probabilidade de doença maligna
 Essas crianças são extremamente
aumenta quando o linfonodo tem mais de
irritáveis e difíceis de acalmar e podem
2 cm, é duro ou fixado à pele ou ao tecido
evidenciar “irritabilidade paradoxal” –
subjacente (ou seja, não é móvel) e
aumento da irritabilidade quando ficam no
acompanha-se de sinais sistêmicos
colo.
graves, como perda de peso.
 Havendo irritação meníngea, a criança
 Em pré-escolares com pescoços
adota uma posição de tripé e não
pequenos pode ser difícil diferenciar os
consegue assumir uma posição ereta
linfonodos cervicais posteriores baixos
plena para realizar a manobra queixo-
dos linfonodos supraclaviculares (que
tórax.

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