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Após esse tubo de fechar, alguns genes começam a ser expressos em certas localidades
do SNC produzindo fatores de transcrição que vão levar um crescimento
desproporcional de umas áreas em detrimento de outras. Isso leva a uma diferenciação
no eixo anteroposterior e no eixo dorsoventral do encéfalo, de maneira que com essa
diferenciação nós chegaremos ao ponto no qual serão originados o prosencéfalo, mais
ventral (que dará origem posterior ao encéfalo e o diencéfalo), o mesencéfalo (que dará
origem como diz o nome, ao mesencéfalo) e rombencéfalo (que dará origem ao
metencéfalo e ao mielencéfalo, sendo que o metencéfalo dará origem à ponte e o
mielencéfalo ao bulbo e medula). O cerebelo tem origem embriológica do metencéfalo e
do mielencéfalo. O rombencéfalo é divido em rombomeros que são estruturas
embriológicas mais especializadas nessa divisão.
- Como dito anteriormente, a placa neural se dobre si mesmo, formando o tubo neural e
as últimas partes a se fechar são próximas ao neuropóro anterior e posterior. Quando um
dos dois não se fecha de maneira completa, nós temos uma solução de continuidade.
Essa solução de continuidade será um distúrbio do fechamento do tubo neural.
- Esse distúrbio pode ser basicamente uma cefalocele ou uma malformação de
Chiari.
- 01.1 – Cefaloceles
Exemplos de cefalocele:
01 – Occipital (mais comum, respondendo por até 75% dos casos).
01.1 - Occipital inferior
- Defeito ósseo occipital inferior da linha média com protrusão do cerebelo,
principalmente o vermis. O sistema ventricular é proeminente. Os hemisférios cerebrais
e tronco cerebral parecem normais.
A – Fronto nasal;
B – Naso-etmoidal;
C – Trans orbital ou Orbito-etmoidal
D – Trans etmoidal
E – Esfenoetmoidal
F – Trans esfenoidal.
- Um caso de cefalocele anterior, Fronto-nasal, onde observamos o conteúdo meníngeo
e o parênquima encefálico protruindo pelo defeito, que se apresenta com um aspecto um
pouco atrófico. Em uma ressonância, esse parênquima teria um sinal um pouco mais
alto, e isso é normal/esperado nesses casos. Essa estrutura se torna malácia, ela se
degenera com o passar do tempo. Inclusive depois que você corrige a cefalocele, esse
parênquima se mantém dessa forma. Você consegue identificar a área de malácia em
estudos subsequentes.
- Aqui neste outro caso, um paciente com uma cefalocele trans etmoidal, com
parênquima encefálico herniando por essa Encefalocele. Quando tem parênquima, é
mais fácil de avaliar pela tomografia, mas normalmente o estudo de ressonância
magnética é importante para confirmar essa hipótese diagnóstica. O estudo de TC é
mais útil para avaliar as estruturas ósseas comprometidas.
- Aqui nós temos uma Encefalocele trans etmoidal ou Naso etmoidal, com uma
protrusão para o interior da cavidade nasal, com um grande defeito ósseo no teto
etmoidal. Na TC a gente não consegue distinguir isso muito claramente de um pólipo ou
mesmo de um estesioneuroblastoma (neuroblastoma olfatório). Já na RM a gente vê
bem que isso é no caso uma cefalocele, com conteúdo meníngeo e um pouco de
parênquima herniado.
- Esse outro caso já uma cefalocele um pouco mais posterior, uma cefalocele trans
esfenoidal, que nesse caso é um subtipo caracterizado pela persistência do recesso
infundibular que se estende até a nasofaringe, ou seja, é uma persistência do canal
crânio faríngeo levando a cefalocele trans esfenoidal. Também observamos que esse
paciente tem um lipoma curvilíneo do corpo caloso que está associado a esses distúrbios
de linha mediana
02 – Malformações de Chiari
- Na imagem da esquerda, após traçar a linha de McRae, vemos que o cerebelo não
ultrapassa a linha, sendo então normal. Na imagem à direita, vemos uma herniação da
tonsila, ou seja, uma malformação de Chiari tipo I.
- Aqui em outros planos também podemos observar as herniações das tonsilas pelo
forame magno. Na imagem à esquerda (coronal), observamos a tonsila herniando e na
imagem à direita (axial) podemos observas as tonsilas abraçando a transição bulbo-
medular.
- Nesta outra imagem podemos ver outras malformações associadas ao Chiari tipo I, que
por esse hipodesenvolvimento do osso occipital acaba se associando a outras
malformações ósseas como a Platibasia (crânio de aspecto achatado), invaginação
vertebrobasilar (traçando uma linha do palato ao occipito, observamos uma protrusão do
dente de C2 para o interior da fossa posterior).
- Nesta imagem podemos ver complicações associadas ao Chiari tipo I. Na primeira
imagem, temos uma estenose do canal ependimário pela compressão da tonsila, na
imagem do meio vemos hidrosiringomielia e na última imagem, vemos uma
complicação mais séria, que seria um infarto da artéria cerebelar póstero-inferior-lateral
devido à compressão tonsilar.
- Aqui nós temos no USG um aspecto típico de Dandy-Walker. Fossa posterior muito
alargada, com o cerebelo hipoplásico, rodado no sentido contralateral. A torcula
(confluência de alguns seios cerebrais da dura-mater, na face interna da protuberância
occipita) lá em cima.
- Na RNM axial T2, temos uma imagem correlata desse USG, com fossa posterior
muito alargada, as estruturas venosas deslocadas superiormente, o verme rodado e
hipoplásico. Um aspecto típico de malformação de Dandy-Walker.
- No corte axial nós observamos que há agenesia do verme cerebelar e mesmo o restante
do cerebelo está pequeno. A fossa posterior está muito aumentada.
- No sagital T1 pós gadolínio a gente vê a confluência dos seios (torcula) muito elevada
com o cerebelo hipoplásico e rodado.
- Aqui nós observamos que é diferente do caso anterior, com uma hipoplasia mais
discreta do verme cerebelar. O cerebelo está rodado, mas pouco rodado. A torcula está
em nível normal. A fossa posterior e o IV ventrículo estão aumentados. No corte axial
T2 vemos a hipoplasia do verme cerebelar de modo mais claro, o que ajuda na
diferenciação com a persistência da bolsa de blake. IV ventrículo e fossa posterior um
pouco aumentada.
- Existe uma membrana que durante o período embrionário tem que perfurar e formar o
forame de Magendie, que é a via de saída do IV ventrículo. Quando ele não se rompe,
essa bolsa de Blake cresce fazendo com que o cerebelo rode, com aumento da fossa
posterior e do IV ventrículo desse paciente.
- Aqui nós temos alguns achados de imagem bem típicos. A gente observa que ele tem a
fossa posterior e IV ventrículo um pouco aumentados, dilatação supra tentorial, ou seja,
ele tem hidrocefalia. A gente observa na sequência sagital T2 que esse paciente tem um
fluxo hiperdinâmico. Essa alteração de sinal entre o tronco e cerebelo indica isso. Esse
fluxo chega do III ventrículo, passa no aqueduto mesencefálico, cai no IV ventrículo e
para exatamente onde fica a persistência da bolsa de Blake.